sábado, setembro 25, 2010

Desperdício

Há dois anos, vencemos nos Barreiros por seis a zero. O ano passado ficámo-nos pelos cinco a zero. Este ano, tendo em conta o que se passou no jogo, o resultado deveria ter sido da mesma ordem de grandeza dos dois anos anteriores, mas com tanto desperdício da nossa parte temos mesmo que nos contentar com uma vitória pela diferença mínima, e sentirmo-nos agradecidos por não termos sido poupados a uma injustiça atroz, caso a vitória não nos tivesse sorrido.

Apenas uma alteração no onze que bateu o sportém - a entrada do Gaitán para o lugar do Aimar. Não foi uma troca directa, porque o Gaitán jogou encostado à direita, pertencendo ao Carlos Martins o papel de organizador de jogo. Após um primeiro quarto de hora aborrecido, o Benfica pegou definitivamente no jogo, e foi à procura do golo. E criou ocasiões mais do que suficientes para o conseguir. Em particular, dois remates do Saviola, que foram defendidos quase que por instinto pelo guarda-redes do Marítimo, mereciam melhor sorte. O Benfica dominava por completo o jogo, e o Marítimo limitava-se a tentar de vez em quando sair em contra-ataque. E contra a corrente do jogo, quase poderia ter-se colocado em vantagem muito perto do intervalo, mas o Roberto acabou por fazer uma grande defesa e, com o pé, negar o golo ao avançado do Marítimo que apareceu na sua cara. Na resposta, mais uma perdida incrível do Benfica, desta vez pelo Gaitán. Isolado pelo Cardozo, rematou muito mal, nem sequer enviando a bola na direcção da baliza. O nulo ao intervalo era injusto, e um castigo para a nossa falta de eficácia.

Se o desperdício da primeira parte já tinha enervado, o início da segunda parte foi ainda pior, porque as oportunidades falhadas pelo Cardozo foram ainda mais escandalosas. Primeiro, completamente isolado e com tempo para tudo, acabou por permitir a defesa do guarda-redes do Marítimo. Logo a seguir, e depois de um grande centro do Coentrão, finalizou de forma desastrada um centro do Coentrão, fazendo a bola bater no relvado e subir para passar por cima da baliza. Ainda antes de fechar o primeiro quarto de hora, finalmente o Benfica conseguiu introduzir a bola na baliza. Foi uma jogada rápida no ataque, com o Saviola a variar o flanco de jogo da direita para a esquerda, onde apareceu o Coentrão, perto da pequena área, a receber e a rematar cruzado com a parte de fora do pé esquerdo (se fosse um certo jogador num certo clube a fazer isto diriam logo que era o génio da trivela) para o poste mais distante. Honestamente, face à produção das duas equipas, o mais lógico seria pensar que naquela altura o jogo ficava resolvido a nosso favor, até porque o Benfica continuou a dominar após o golo e a levar perigo à baliza do Marítimo, sobretudo através de iniciativas do Coentrão, mas no futebol o que não faltam são surpresas. O Cardozo ainda teve mais uma situação em que demonstrou estar em noite não, quando foi mais uma vez isolado, desta vez descaído sobre a direita, e tentou rematar de primeira, fazendo a bola sair torta e devagar. Depois, nos minutos finais, ainda deu para ficar um bocadinho nervoso, mas sobretudo por causa da irritação pelo facto do Marítimo ainda poder sonhar com um empate, quando o resultado certo seria uma vitória folgada do Benfica. Porque a verdade é que o Marítimo não conseguiu ameaçar seriamente a nossa baliza uma única vez - onde o Roberto esteve seguríssimo a sair a todas as bolas despejadas para a nossa área.

Como melhor escolheria o Coentrão, quanto mais não seja por ter marcado o golo que decidiu o jogo. Teve uma primeira parte algo apagada, mas na segunda parte foi dos pés dele que saíram grande parte das nossas iniciativas mais perigosas. Depois, menciono também o Roberto. Não o tenho destacado nos últimos jogos por achar que ele tem andado a fazer precisamente aquilo que se espera dele. Mas é justo mencionar a notória subida de confiança dele. Hoje teve uma defesa daquelas que valem pontos (e momentos antes já tinha feito outra grande defesa, mas a jogada até acabou por ser interrompida por fora-de-jogo), e mostrou-se muito mais seguro e confiante a sair da baliza e aos cruzamentos. Que isto seja para continuar. Gostei também do jogo do Javi e do Saviola, cujas movimentações já começam a fazer mossa nas defesas, mas hoje pecou pela falta de eficácia, algo que nem é muito habitual nele. Quanto ao menos positivo, foi o Cardozo. O herói do jogo com o sportém esteve hoje desastrado na finalização, e mais preso de movimentos do que tinha mostrado a semana passada.

Uma vitória conseguida de forma mais sofrida do que merecíamos, mas que nos mantém no caminho certo. Apesar do resultado escasso, o Benfica hoje voltou a mostrar evolução, criando diversas oportunidades para marcar. Criou também mais um lance para penálti que, sem surpresas, o árbitro decidiu não assinalar. Se calhar nove pontos ainda não são suficientes para se sentirem completamente tranquilos.

8 Comments:

At 9/26/2010 10:24 da manhã, Anonymous Carlos said...

E o Martins? Para mim foi o melhor.

 
At 9/26/2010 1:50 da tarde, Anonymous Filipe said...

Exactamente, o Martins também merecia um destaque teu. O homem anda a jogar muito.
Uma palavra também para o Gaitan, cujo valor na minha opinião anda a ser desperdiçado nas alas. O homem sabe jogar à bola...apenas não rende a extremo...não é esse o seu lugar.

 
At 9/26/2010 2:36 da tarde, Anonymous Filipe said...

O passe que antecedeu o centro da Saviola, no golo do Benfica também foi muito bom...

 
At 9/27/2010 11:37 da manhã, Blogger Tasqueiro Emigrante said...

Penalti também por marcar ao Benfica por falta de Maxi Pereira sobre Djalma na 1ª parte e fora-de-jogo mal assinalado ao maritimo com o jogador isolado frente ao Roberto com o resultado ainda em 0-0.
Honestidade e bom senso de vossa parte era bom para admitir não só o penalti sobre o Saviola mas também estes 2 erros a vosso favor!

 
At 9/27/2010 11:56 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Palavra correcta,... Desperdício

Como é que jogadores profissionais, que não fazem mais nada na vida, com vasta experiência, conseguem falhar tanto ?

É evidente que todos os seres humanos falham, mas falhar tantas vezes e de forma clamorosa, poucos o fazem.

O problema é que as continuas falhas destes elementos, ora da defesa, ora do ataque, colocam em causa projectos globais com elevado investimento e, actualmente, traduzem-se num péssimo aforro desportivo, com um atraso de 9 pontos para o primeiro classificado e uma Supertaça entregue ao adversário.

 
At 9/27/2010 7:55 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais uma boa crónica.

Em resposta a essa coisa que apareceu por aqui dizer que o lance do Maxi é penaltie é patético, é verdade que o Maxi encosta a mão no adversário mas o corpo dele não sofre qualquer desvio sem ser o intencional do jogador para chegar á bola, depois o jogador não esboçou qualquer protesto sobre a alegada falta, não que isto seja prova de alguma coisa apenas serve para corroborar o principal argumento, no fora de jogo existe erro mas penso que já estava 0-1, de qualquer modo descontem nos que nos devem.

Anonymous só por se ser profissional e não se fazer mais nada não é garantia de não existirem erros, o porquê de tantas falhas, contrariamente ao que se diz acho que o futebol é cinquenta por cento físico e trinta por cento psicológico e o resto talento, e este ano começamos mal fisicamente e psicologicamente ainda não recuperamos deste desastroso inicio de época com tantas derrotas.

 
At 9/27/2010 10:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Repetindo o que afirmei,...

É evidente que todos os seres humanos falham, mas falhar tantas vezes e de forma clamorosa, poucos o fazem.

Lembro que este conjunto de jogadores é o mais caro da história do Benfica (palavras do Presidente).
Têm obrigação de falhar muito, muito, muito menos.

 
At 9/29/2010 2:13 da manhã, Blogger D'Arcy said...

A coisa já atingiu tais proporções que agora, na impossibilidade de negarem os lances evidentes em que o Benfica é prejudicado, inventam lances como o suposto penálti do Maxi para tentarem fazer passar a ideia de que os árbitros erram para os dois lados, e que portanto o Benfica não deveria queixar-se. Se o lance do Maxi com o Djalma é penálti, então neste momento o Benfica não tem sete penáltis que ficaram por marcar a seu favor, são para aí uns trinta.

O barómetro é, mais uma vez, o crápula do Jorge Coroado. Nem este antibenfiquista primário conseguiu ver um penálti naquele lance, e por norma ele decide sempre contra o Benfica em qualquer lance potencialmente polémico. Valham-nos alguns iluminados que conseguem estar ainda mais atentos e descortinarem estes lances. É que de facto, não marcar o penálti sobre o Saviola é em tudo comparável a não assinalar penálti no lance do Maxi com o Djalma. em tudo.

 

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