domingo, outubro 27, 2013

Descansada

Deve ter sido uma das vitórias mais descansadas do Benfica esta época, mas o nível exibicional ainda continua longe do desejável. Mas se continuamos sem capacidade para jogar bem, pelo menos valeu a vitória sobre um adversário que no início desta jornada estava no quarto lugar, apenas um ponto atrás de nós, e a forma um pouco mais segura como ela foi obtida.


Factos de maior realce no onze do Benfica foram as presenças do Rodrigo e do Ivan Cavaleiro nos lugares que tinham sido ocupados pelo Lima e pelo Ola John no jogo da passada quarta-feira. A entrada do Benfica no jogo foi boa, a exemplo do que até tem acontecido ultimamente - o problema é que esse ímpeto inicial normalmente dura pouco tempo e depois a equipa parece cair numa estranha inércia. O melhor que nos poderá portanto acontecer será marcar um golo durante esses minutos, e felizmente foi o que aconteceu hoje. Ao fim do primeiro quarto de hora, o Siqueira subiu bem, tabelou na perfeição com o Cardozo, e em frente ao guarda-redes não perdoou. Seria de esperar que um golo motivasse uma equipa, mas o que eu vi foi o contrário. A seguir ao golo marcado pareceu-me que o Benfica atravessou aquele que foi o seu pior período no jogo. Não fomos exactamente pressionados pelo Nacional, que durante os noventa minutos praticamente não criou uma oportunidade de golo (apenas num livre o Artur foi obrigado a uma intervenção mais apertada), mas o nosso adversário passou a ter muito mais posse de bola, e a jogar mais tempo no nosso meio campo, enquanto que o Benfica assumiu uma postura mais expectante e tentava sair em contra-ataque quando recuperava a bola, mas pouco ou nada conseguia produzir em termos atacantes. Vimos mais um jogador nosso sofrer uma lesão muscular (Siqueira), e vimos nos minutos finais da primeira parte o Benfica melhorar um pouco e voltar a aproximar-se da baliza adversária, tendo estado perto de voltar a marcar pelo Cardozo.


Uma boa reentrada para a segunda parte valeu-nos o segundo golo, depois de uma bola recuperada logo à entrada do meio campo ter sido bem trabalhada pelo Gaitán, que deixou o Cardozo com tudo para marcar, e o paraguaio não falhou. Os dois golos de vantagem deram à nossa equipa uma tranquilidade maior, e já passou a ser possível ver a espaços alguns pormenores interessantes dos nossos jogadores. Mas ainda me pareceu haver falta de confiança, porque não é muito habitual ver a nossa equipa jogar com as linhas tão recuadas quando o adversário tem a bola. De qualquer forma esta aposta na segurança - reforçada com a troca do Rodrigo pelo Rúben Amorim, passando a equipa a jogar com mais um homem no meio campo - permitiu-nos manter o jogo sob controlo com relativa facilidade (não me recordo de qualquer oportunidade clara de golo do Nacional), e foi o Benfica quem esteve sempre mais perto de ampliar a vantagem. Foram algumas as ocasiões que criámos para o fazer, quase sempre através de transições rápidas para o ataque após recuperarmos a bola (já tinha algumas saudades de ver a nossa equipa fazer algumas jogadas destas). Foi pena que, numa delas, o Ivan Cavaleiro tenha visto o guarda-redes adversário negar-lhe a oportunidade para assinalar a sua estreia na Liga com um golo. Negativamente, fiquei mais uma vez com a impressão de que os nossos jogadores não andam nas condições físicas ideais. Se até posso achar compreensível que o Ivan Cavaleiro tenha ficado esgotado, houve outros jogadores (como por exemplo o Enzo ou o Gaitán) que me pareceram estar excessivamente fatigados ainda bem antes do jogo chegar ao fim.


O homem do jogo é o Cardozo. Marcou e deu a marcar, e para além disso esteve geralmente bem no ataque a abrir espaços para os colegas e a criar linhas de passe. Depois do jogo desastroso da passada quarta-feira, o Matic esteve bem melhor hoje. Gostei também do Garay, e o André Almeida entrou muito bem no jogo - foi naturalmente muito menos interventivo no ataque do que estava a ser o Siqueira, mas esteve praticamente perfeito a defender. Quanto ao estreante Ivan Cavaleiro, na primeira parte pareceu-me nervoso e a cometer bastantes erros devido à sua inexperiência, mas depois acalmou na segunda parte, ganhou confiança e subiu bastante o nível do seu jogo.

Espero que a nossa equipa tenha capacidade para voltar a acreditar em si própria e brindar-nos com futebol com a qualidade que vimos a época passada. Enquanto tal não é possível, pelo menos é importante que consigamos ganhar jogos e somar pontos. Hoje vi alguma evolução (não muita, é certo) em relação ao passado mais recente. Espero que seja para manter, até porque em breve teremos uma semana com jogos decisivos.

P.S.- Acho que vou fazer uma t-shirt a dizer 'Eu vi o Ola John correr'.

quinta-feira, outubro 24, 2013

Fraco

Mais um fraco jogo do Benfica valeu-nos um empate sofrido contra o Olympiacos, que nos deixa numa situação bastante desconfortável se por acaso aspiramos ao apuramento para a segunda fase da Champions.


Dois avançados de início, para não variar (Cardozo e Lima), André Almeida a confirmar a condição de titular na Europa, e Ola John também no onze. O Benfica deixou pelo menos a ilusão de uma entrada forte, com um período de ataque constante e cantos consecutivos, mas em poucos minutos isso se desvaneceu. Os gregos jogavam organizados na defesa, e limitavam-se a esperar pelas nossas perdas de bola, para depois contra-atacarem, normalmente utilizando para isso apenas três ou quatro jogadores, e explorando muitas vezes um vazio muito grande que constantemente existia na zona central do meio campo. Quanto ao futebol do Benfica voltou a ser lento, pouco imaginativo e previsível, com a maior parte dos jogadores a exibirem-se a um nível bastante aquém daquilo que sabem e são capazes. Para além disso explorámos muito mal os flancos, não tirando assim partido daquela que sabemos ser a principal lacuna do Roberto, os cruzamentos. O Matic foi um dos jogadores que se exibiu muito abaixo do exigível, e isso ficou evidente no lance do golo grego, que nasceu numa perda de bola disparatada dele à entrada da nossa área. Depois aconteceu aquilo que temos visto ultimamente: a equipa acusou imenso o golo sofrido, e se já pouco vinha jogando até então, durante os cerca de quinze minutos que passaram até ao intervalo não fez rigorosamente mais nada digno de registo.

Do intervalo veio o estreante Ivan Cavaleiro no lugar do inoperante Ola John. A chuva incessante que teimava em cair conseguiu empapar o relvado da Luz, coisa que não é fácil, e durante praticamente metade desta segunda parte foi impossível jogar futebol. Assistimos a um espectáculo mais em linha com aquilo que se costuma ver numa qualquer divisão distrital, e que me fez recordar com alguma nostalgia os tempos em que jogava futebol e assim que tinha a bola nos pés durante mais de dois segundos ouvia os urros do treinador a mandar-me chutar a bola para a frente. Curiosamente, esta impossibilidade de jogar futebol de qualidade pareceu espevitar os nossos jogadores, que se apresentaram com uma atitude mais aguerrida e foram à procura do empate. Isto não evitou, no entanto, que a melhor oportunidade de golo durante este período pertencesse aos gregos, e só mesmo o estado alagado do relvado impediu que fizessem o segundo golo. Quando a chuva finalmente parou, foi possível ver a fantástica capacidade de recuperação do relvado, que em poucos minutos voltou a ficar praticável. O nosso futebol é que não havia forma de recuperar, e continuou em níveis muito pouco recomendáveis, salvando-se apenas mesmo a atitude batalhadora dos jogadores, que foi reconhecida pelo público presente na Luz, incansável no apoio à equipa mesmo quando a qualidade do nosso futebol era tão má. A recompensa veio a sete minutos do final, num cenário algo familiar: canto marcado da esquerda, cruzamento para perto da pequena área, Roberto aos papéis e o Luisão a surgir solto no segundo poste para cabecear, permitindo ao Cardozo marcar quase sobre a linha de golo. Foi mesmo o melhor que conseguimos.

Não consigo fazer destaques muito positivos na nossa equipa. O Enzo foi um dos que mais tentou remar contra a maré enquanto teve pernas, mas no final já se agarrava demasiado á bola e tentava fazer tudo sozinho. Já destaques negativos, sim, e se menciono apenas alguns jogadores é só porque não quero perder tempo a falar de quase toda a equipa. O Matic fez um jogo fraquíssimo, como há muito não o via fazer. Mesmo considerando a má forma que vem apresentando em comparação com a época passada, o jogo de hoje foi ainda pior. O Lima continua a sua senda de maus jogos, parece estar sem confiança nenhuma e, para piorar, o espírito combativo que o caracteriza anda ausente. Sobre o Ola John é melhor nem me alongar, para não ser desagradável.

O Olympiacos não me pareceu ser uma equipa particularmente forte, mas a nossa exibição medíocre impediu que levássemos de vencida este adversário, acabando o empate por ter que ser considerado um mal menor. Parece-me que depois deste resultado apenas uma vitória na Grécia nos permitirá continuar a pensar seriamente no apuramento. Mas para o conseguirmos será necessário jogar mais e melhor do que aquilo que fizemos hoje.