sexta-feira, março 27, 2009

Farinha

O jornalismo desportivo português está hoje de luto. Faleceu Alfredo Farinha, uma referência incontornável, e um dos últimos representantes de uma grande geração do jornalismo português, e d'A Bola (a verdadeira, não o sucedâneo com que temos que nos contentar hoje em dia). Alfredo Farinha foi um dos nomes que ajudou a criar em mim o gosto em ler sobre futebol e, para além do que escreveu, ficaram também célebres as suas participações no programa Os Donos da Bola (onde o vi disparar ao Serrão uma das respostas mais brutais a que já assisti na televisão). Deixa saudades em todos aqueles que se habituaram a lê-lo, saudades essas que se agudizam quando somos confrontados com o séquito de autênticos avençados que hoje em dia gostam de se intitular 'jornalistas', e que muitas vezes parecem até ter sérias dificuldades no domínio das regras mais básicas da língua portuguesa.

Uma 'estória' sobre Alfredo Farinha: diz-se que, por vezes, em vésperas de jogos europeus importantes do Benfica, pedia para ser ele a fazer a crónica dos jogos da nossa equipa no fim-de-semana anterior. Depois, mesmo que o Benfica tivesse ganho de goleada, desancava a equipa e os jogadores de alto a baixo. Isto para que eles se sentissem espicaçados, e não ficassem demasiado inchados ou confiantes.

Deixou-nos um grande senhor do jornalismo e do desporto português. Que tenha o descanso eterno que merece.

Batotas

Nos últimos dias tem sido notícia o facto do Pedro Silva (neocampeão mundial da recém criada modalidade do arremesso de medalha) liderar destacado a votação para melhor jogador da Taça da Liga, votação essa que tem lugar do site da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Conforme sabemos, o número de adeptos do sportém existentes é ridiculamente pequeno, pelo que o facto do birrento e mal-educado brasileiro continuar a liderar a votação só podia mesmo ser uma aberração.

Pois aparentemente, a explicação é a mais óbvia possível: batota. A falcatrua foi desmascarada no Fórum Ser Benfiquista, que numa operação undercover conseguiu encontrar a admissão da batota que está a ser perpetrada pela lagartagem: hacking ao site da liga, e utilização de scripts para, artificialmente, aumentar a votação no brasileiro brega.

A ser verdade esta situação, há alguns aspectos que saltam desde logo à vista. Em primeiro lugar, mais uma demonstração da hipocrisia que rege o dia a dia da lagartagem fanatizada: acusam tudo e todos de batota por dá cá aquela palha, mas depois não hesitam em recorrer à batota (através de meios criminalmente ilegais) para tentarem vencer uma coisa tão ridícula quanto a votação do melhor jogador da Taça da Liga. Depois, há ainda a salientar o factor de autêntica burrice. Serei só eu a ver o quão irónico é terem escolhido o Pedro Silva para receber o troféu? Depois das cenas que ele fez aquando da entrega da medalha, não será particularmente cruel obrigarem o homem a receber mais um troféu referente à mesma competição? Eu não me importo nada com o resultado da votação, desde que prometam transmitir em directo a cerimónia da entrega do troféu. A que distância conseguirá o Pedro Silva arremessá-lo? Em quantos dos dirigentes que lhe entregarão o troféu conseguirá ele dar peitadas? Até pode ser que, num momento de fúria incontrolada, ele desanque o pessoal utilizando o troféu como arma. Se estiver lá o Lucílio a assistir à cerimónia, não haverá problema. O diálogo entre ele e a polícia será algo do género:

- Então o que é que se passou aqui, Sr.Lucílio?
- Nada, Sr.Guarda. Não me apercebi de nada.
- Tem a certeza? Mas eu vejo sangue por todo o lado...
- Garanto-lhe que não se passou nada de especial.
- Mas o senhor tem os dentes todos partidos, e uma cicatriz na cara com um formato estranhamente semelhante ao do troféu de melhor jogador da Taça da Liga...
- Isso? Já estava assim quando acordei hoje de manhã. Deve ter sido um mau jeito a dormir.
- Então e o troféu que tem cravado no crânio?
- Isto? Olhe, tem piada... Na verdade até me apercebi que o Pedro Silva o agitava freneticamente na minha direcção, mas não dei grande relevância isso. Coisa sem importância. Tudo fino, Sr.Guarda.

domingo, março 22, 2009

Troféu


Acabei de chegar do Algarve, onde fui ver o Benfica conquistar um troféu. Pode ser uma 'taça da treta'. Com uma organização tão brilhante que marcou a final para um estádio com um relvado que parecia uma manta de retalhos, e onde até as cheerleaders da Carlsberg tiveram que fazer de apanha-bolas. Foi uma taça conquistada muito por culpa de um penálti falso, assinalado surpreendentemente por um árbitro que tem um historial altamente nefasto com o Benfica. Mas no final, a taça é nossa, e é isso que conta. Os derrotados podem agora até dizer que o troféu não vale nada, que depois do escarcéu que fizeram no final não convencem ninguém. É que se não valesse nada, então não se percebe para quê tanta choradeira (ou melhor, percebe-se: foi o Benfica quem ganhou, e isso faz toda a diferença do mundo).

Algo surpreendente o onze inicial do Benfica, arrumado num 4-4-2 com Reyes à direita e Aimar na esquerda, Ruben Amorim no meio ao lado do Katsouranis, e na frente a dupla Nuno Gomes/Suazo. Logo no início do jogo o Benfica criou uma grande oportunidade de golo, na qual o Nuno Gomes, isolado sobre a esquerda, permitiu a defesa ao Tiago. Mas esta oportunidade inicial não significou qualquer tipo de ascendente da nossa equipa, já que o equilíbrio foi sempre a nota dominante durante a primeira parte. Foi sempre um jogo bastante disputado pelas duas equipas mas, ao mesmo tempo, relativamente mal jogado de parte a parte. O futebol apresentado nunca mostrou grande brilhantismo, e as reais oportunidades de golo escassearam. O sportém respondeu à oportunidade do Nuno Gomes com uma grande oportunidade também, sendo o golo negado ao Liedson pelo David Luiz quase em cima da linha, com o Quim já batido. Ficaram assim empatadas as equipas em número de oportunidades, e este empate manter-se-ia até ao intervalo (houve ainda um bom remate do Reyes, a dar a sensação de golo, mas pareceu-me que o guarda-redes adversário tinha a situação mais ou menos controlada, e ainda um remate do Moutinho que o Quim defendeu bem). O sportém fazia algo que já tínhamos previsto antes do jogo (o que, aliás, não era nada difícil de antecipar, já que foi o mesmo que tinham feito, com bom resultado, no último jogo do campeonato), que era atacar quase sempre pelo seu lado direito, tentando explorar a inadaptação do David Luiz ao posto de lateral. Desta vez o David Luiz conseguiu aguentar-se melhor do que no Alvalixo, mas foi quase sempre por esse lado que eles conseguiram criar perigo. Quanto ao Benfica, em termos atacantes vivia sobretudo das iniciativas do Reyes ou do Aimar, já que o Suazo, vindo de uma paragem prolongada, passou praticamente ao lado do jogo. O nulo com que se chegou ao intervalo era o reflexo correcto daquilo que se tinha visto em campo, adivinhando-se que em princípio este seria um jogo em que a equipa que tivesse a felicidade de marcar primeiro, teria via aberta para vencer.

Infelizmente, foi o sportém quem entrou melhor na segunda parte e cedo chegou ao golo. Numa das raras investidas sobre o nosso lado direito, conseguiram fazer o 2x1 sobre o Maxi, tendo o Liedson aproveitado o cruzamento para rematar ao poste, para depois o Pereirinha marcar na recarga. Face à minha previsão anterior, as coisas ficaram mal paradas, e ainda pior ficaram quando me pareceu que a nossa equipa acusou o golo, tendo ficado quase sem reacção durante os minutos que se lhe seguiram. Só passados mais de quinze minutos parecemos espevitar um pouco, tendo a entrada do Di María contribuído para trazer mais alguma velocidade e agressividade no ataque. De qualquer forma, a única maneira consistente que o Benfica encontrava para chegar com algum perigo à área adversária era na sequência de livres do Reyes cruzados para a área, sendo que numa dessas situações chegámos a atirar uma bola à trave. A cerca de quinze minutos do final, uma desconcentração de um defesa do sportém permitiu ao Di María recuperar a bola à entrada da área, e na sequência desse lance o árbitro assinalou penálti a nosso favor. No estádio não consegui ver se a decisão era ou não correcta, mas já sei que foi uma decisão errada do Lucílio, que resultou ainda na expulsão do defesa do sportém (que depois deu uma peitada no Lucílio; estou para ver se isto resultará numa punição deste jogador, embora a seu favor tenha a atenuante de isto já ter acontecido antes sem quaisquer consequências, pese o facto desse outro jogador ser do fóculporto que, como se sabe, joga com outras regras). Indiferente a isto, o Reyes transformou o penálti e igualou o marcador. Depois disto, e durante os cerca de quinze minutos que restavam, apesar de estar em vantagem numérica o Benfica não conseguiu criar um ascendente considerável no jogo, tendo-se chegado ao final com ambas as equipas a parecerem francamente interessadas em levar o jogo para os penáltis.

No desempate, o Quim esteve brilhante, defendendo os penáltis do Rochenbucha, Vanderlei e Postiga, compensando assim os falhanços do Aimar e do Katsouranis. Coube ao Carlos Martins marcar o penálti decisivo, o que ele fez com tranquilidade, assegurando a conquista do troféu.

Por ter defendido três penáltis, obviamente que o Quim merece ser referenciado como um dos jogadores mais decisivos. Durante os noventa minutos, gostei do jogo do Miguel Vítor, que esteve quase sempre seguro, não se deixando intimidar pelas fitas e provocações do palhaço de serviço (Vanderlei). Gostei também do Katsouranis
(embora este tenha estado muito, muito mal no penálti que marcou) e do Aimar, este último porque parece ser dos poucos capazes de receber a bola e pensar minimamente o jogo, tentando jogar com a equipa. No pólo oposto ficou o Suazo, que pareceu um corpo estranho à equipa durante grande parte do jogo, muitas vezes quase alheado do que se passava à sua volta. Teve um par de arrancadas que só foram travadas em falta, resultando em cartões para os adversários que o fizeram, mas ficou-se por aí o arzinho da sua graça que deixou no jogo.

Não gosto de ser hipócrita. Sou benfiquista e não portista, e como tal não considero que seja particularmente agradável ganhar troféus beneficiando de erros dos árbitros. Por isso, quando o jogo terminou, não festejei de forma esfuziante. Mas depois, na viagem de regresso a casa, vim a ouvir na rádio as declarações da lagartagem, e ainda de adeptos seus que telefonavam para um fórum, e apercebi-me que nem que fosse em tronco nu para o Marquês festejar a plenos pulmões a nossa vitória me aproximaria minimamente dos campeões nacionais da hipocrisia que são os nossos adversários desta noite. Gente que fica calada que nem ratazanas enquanto outros clubes são beneficiados (já para não falar deles próprios), quando eles próprios são gamados indecentemente contra esses mesmos clubes ou por eles enganados, quando dirigentes ainda desses mesmos clubes são formalmente acusados de trafulhice e se sentam no banco dos réus. A isso tudo, a resposta é um silêncio cobarde. Gente que se ri alarvemente quando nós somos roubados, ou quando falamos no Apito Dourado. No entanto, assim que o Benfica entra na equação, e do lado dos benefícios, o caso muda logo de figura. Aparecem as indignações, as exigências de pedidos de desculpas, falam até mesmo em 'sistema' (coisa que, noutras ocasiões, já não passa de uma invenção qualquer do Benfica), e soltam baba e lágrimas de crocodilo. Lembrei-me de todas as ocasiões em que já fomos roubados esta época (ocasiões essas que foram encaradas com a maior bonomia e até mesmo celebradas por eles), e o meu sentimento de culpa foi-se desvanecendo.

Vencemos esta taça beneficiando de um erro grosseiro do Lucílio Baptista. É um facto inegável, e nem sequer vou adoptar a postura da viscondagem, que quando isto acontece a seu favor começa a procurar outros supostos lances no jogo que, numa lógica distorcida, equilibram os pratos da balança. Mas vencêmo-la, e vou festejar essa vitória, enquanto me comprazo com o espumar e espernear dos hipócritas. Agrada-me o incómodo que a nossa alegria lhes causa. Lucílio Baptista continua a ser um árbitro com um historial de erros grosseiros e actuações prejudiciais ao Benfica que supera em larguíssima escala o que ele fez esta noite, e não é por causa deste penálti que vou mudar a opinião que tenho sobre ele, ou passar a ficar satisfeito se ele for nomeado para um jogo nosso. Teve uma decisão errada, como dezenas de decisões erradas são tomadas todas as semanas nos campos deste país, infelizmente esta época com prejuízo para nós em diversas ocasiões.

Se a lagartagem está convencida que ele hoje fez de propósito para nos dar a Taça da Liga, então tem bom remédio: expulsem-no de sócio.

quinta-feira, março 19, 2009

Lógica

Ontem à noite, um pouco inesperadamente, recebemos a informação de que haveria dois nomes em ponderação pela Comissão de Arbitragem para dirigirem a final de Sábado: Paulo Costa e Lucílio Baptista. Depois da incredulidade inicial (mas será que esta Comissão de Arbitragem vive neste planeta?), trememos. Qual dos dois o pior? Bem, mal por mal, ainda assim preferiria o Paulo Costa. É que quer de um, quer de outro, são de esperar 'asneiras'. Mas com o Paulo Costa até pode pairar no ar a dúvida sobre para que lado poderão cair essas 'asneiras'. Já em relação ao Lucílio, poucas dúvidas existirão nesse sentido, porque sabemos muito bem para que lado as 'asneiras' dele costumam pender.

Hoje conheceu-se a escolha: Lucílio Baptista. Escolha lógica, obviamente. Faz todo o sentido que para dirigir uma final onde o sportém é um dos intervenientes, Vítor Pereira, adepto do sportém com emblema de ouro e tudo, nomeie outro adepto do sportém. Fica tudo em famiglia. Como é que querem ser sérios se não sabem sequer fazer-se passar como tal?

domingo, março 15, 2009

Murro

Não é algo que me apeteça propriamente escrever, mas julgo que o pensamento que neste momento nós, benfiquistas, temos na cabeça é o de que a derrota esta noite, caso se conjugue com uma vitória do clube da ladroagem amanhã, significará o adeus às esperanças fundamentadas de podermos vencer esta Liga. Eu sei que ainda há oito jogos para jogar, e portanto vinte e quatro pontos em disputa, e muita coisa poderá acontecer. E, obviamente, teremos que continuar a lutar para conquistarmos esses pontos. Não vou deixar de apoiar, não vou deixar de ir ao estádio e de seguir a minha equipa, que eu continuarei a amar de igual maneira nas derrotas e nas vitórias. Mas eu não consigo estar a escrever sobre algo em que eu não acredito, e portanto não posso escrever que ainda alimento a esperança de terminar este campeonato em primeiro.

E se não a consigo alimentar, é por causa do verdadeiro murro no estômago que a derrota e exibição (sobretudo esta) desta noite representaram. 47.102 espectadores este fim de tarde na Luz são um bom exemplo do apoio que nunca, em ocasião alguma, tem faltado a esta equipa durante esta época. E esta fé, este crer benfiquista, foi assim recompensado. Isto só aumenta a minha revolta. Não creio que a entrega dos jogadores mereça ser criticada. Mas a qualidade do nosso jogo, e a quantidade de erros básicos cometidos, no campo e no banco, esses sim, merecem ser criticados, e muito. Quanto à equipa que jogou, nada a assinalar, já que foi o onze mais óbvio. E sinceramente, tendo em conta aquilo a que já nos fomos habituando nas primeiras partes esta época na Luz, até achei que a equipa se apresentou a jogar de uma forma razoavelmente agradável e com um ritmo interessante. Notou-se uma tendência notória para jogar pelos flancos, onde o Di María esteve bastante interventivo. O pior foi que, chegando a bola lá à frente, a inaptidão foi total. É difícil recordar uma intervenção mais difícil do guarda-redes adversário durante toda a primeira parte. Quando ganhávamos a linha de fundo, a maior parte dos cruzamentos eram disparatados. Quando tentávamos entrar pelo meio, havia sempre adornos a mais, demasiados toques e complicações, que acabavam sempre por acumular uma série de gente naquela zona, e as jogadas eram anuladas. Não percebi também qual era a ideia de jogar com o Cardozo tentando que este tabelasse com os colegas ao primeiro toque. E mesmo nos lances de bola parada, saiu-nos tudo mal. Nas poucas ocasiões de remate que surgiram, parecia que eram os nossos próprios jogadores a atrapalharem-se uns aos outros. Depois, à medida que nos fomos aproximando do intervalo, fomos perdendo cada vez mais lucidez, de forma que a primeira parte chegou ao fim dando já indícios de que a segunda seria muito pior.

E foi mesmo, também por culpa do Guimarães, que começou a ser mais agressivo na pressão que fazia sobre os nossos jogadores quando estes tinham a bola, pressionando-os ainda dentro do nosso meio campo. E isto tornou bastante notória a nossa incapacidade para sair para o ataque de forma organizada. Sob pressão, os nossos jogadores mais recuados acabavam por fazer os passes em muito más condições para os jogadores mais avançados, que invariavelmente perdiam quase todas as bolas divididas logo na linha do meio campo. Se durante a primeira parte ainda saímos a jogar algumas vezes, na segunda foi-se progressivamente recorrendo gada vez mais ao chuto para a frente. O Moreira deixou de entregar a bola jogável nos pés de um colega, para passar a chutar também a bola para a frente. Estando nós na fase do chutão para a frente, e empatados a zero, esperava eu (e se calhar quase toda a gente) a entrada do Nuno Gomes. Mas para ser mais um avançado. Incompreensivelmente (pelo menos para mim), o Quique optou pela troca directa de avançados. É certo que o Cardozo estava a ter um jogo muito fraco, até porque, mais uma vez, passou a maior parte do tempo abandonado à sua sorte. Mas fazer entrar o Nuno Gomes para ir ocupar as funções do Cardozo de 'vítima' dos centrais adversários pareceu-me um disparate. Até porque era o único avançado que tínhamos no banco. Pouco tempo depois, sofremos um golo, que me deixou logo a sensação que significava o fim do jogo. Foi, aliás, um golo até algo estúpido da nossa equipa. Mais um balão para a frente, bola recuperada pelo Guimarães, e depois um contra-ataque com apenas três jogadores contra cinco nossos. O David Luíz deixa-se ficar para trás, e os outros quatro jogadores conseguem cair todos sobre o portador da bola. Sobre a esquerda da nossa defesa fica um adversário sozinho, que depois só teve que marcar. Depois, claro, veio o desespero, e sem avançados no banco foi preciso improvisar e acabámos com o Urreta nessa posição. É certo que até poderíamos ter marcado - houve um falhanço clamoroso do Nuno Gomes logo a seguir ao golo adversário, e perto do final Miguel Vítor, Reyes e Balboa tiveram boas oportunidades - mas a falta de sorte ou a inépcia dos nossos jogadores impediram-no. Pena foi que fosse necessário o adversário colocar-se em vantagem para começarmos a criar oportunidades. O apito final chegou, perdemos e, face ao que vi, não me surpreendeu.

Não sei quem terão sido propriamente os melhores. A equipa esteve mal num todo. O Di María esteve bastante activo na primeira parte, mas acabou sempre as jogadas com más decisões ou execuções. Talvez o Katsouranis tenha sido dos mais certinhos. Ao seu lado o Yebda esteve bastante mal. O Cardozo teve uma noite para esquecer, e o David Luiz continua a decepcionar numa posição que não é a sua.

Quique Flores não passou de bestial a besta de um momento para o outro. Mas se calhar seria útil que alguém fechasse o nosso treinador numa sala, e o obrigasse a ver uma série de DVDs sobre a história do Benfica, porque até parece que o discurso dos senhores Eusébio e Coluna na Gala entrou por um ouvido e saiu pelo outro. É que o Benfica só é o Benfica porque, ao longo da sua história, sempre jogou à Benfica. Podíamos não ganhar sempre, mas jogávamos sempre para ganhar
; jogávamos sempre com a crença inabalável na vitória. Jogar pensando primeiro em não perder é uma estranheza com a qual não nos identificamos. É pensar pequeno. Quando jogamos assim e perdemos, é uma dupla derrota. Porque para além da derrota em campo, também a nossa identidade morre um pouco. Eu já vi, no início da época, a nossa equipa jogar como desejamos e ansiamos, e vencer jogos por jogar assim. Porquê este progressivo acabrunhamento? O nosso treinador tem tido, por parte da por norma exigentíssima massa adepta benfiquista, um apoio e uma tolerância jamais vistas nos últimos anos por qualquer treinador que passou pelo nosso banco. De que tem ele medo então?

Enquanto escrevo estas últimas linhas, alegro-me ligeiramente porque me aproximo do ponto em que vou desligar do futebol durante o resto do fim-de-semana, e iniciar o processo de purga deste jogo da minha memória. Conforme disse, esta derrota e exibição foram um autêntico murro no estômago, e não quero voltar a pensar nisto durante os próximos tempos. Agora quero é recuperar deste golpe, e vencer o próximo jogo.

domingo, março 08, 2009

Reacção

Foi uma vitória feliz num jogo em que pelos vistos decidimos jogar apenas durante cerca 50% do tempo, mas que também se pode considerar merecida pela forma como a equipa soube reagir e acordar a tempo de lutar por ela.

Com um onze sem surpresas (em relação à última jornada, o Yebda substituiu o lesionado Ruben Amorim), entrámos bem no jogo. Aliás, entrámos da melhor forma possível, já que aos três minutos já vencíamos, fruto de um remate do Aimar à entrada da área, aproveitando uma bola que ali caiu após uma disputa aérea. Quanto aos quarenta e dois minutos (mais um de descontos) que se seguiram, da parte que nos toca, podem ser descritos de uma forma muito simples: zero. Mas zero mesmo. Já o disse antes: é incompreensível a forma como a nossa equipa se encolhe depois de se apanhar em vantagem no marcador. Sob este ponto de vista, pelos vistos, e paradoxalmente, o pior que nos pode acontecer é marcarmos cedo. O que se passou hoje não foi fruto do acaso, porque isto já se passou diversas vezes esta época. O que me leva a concluir que a culpa não será propriamente exclusiva dos jogadores, mas sim que também haverá dedo da equipa técnica nesta forma de abordar os jogos. É incompreensível que uma equipa como a Naval consiga números à volta de 70% de posse de bola durante a primeira parte. Isto revela uma enorme passividade da nossa parte, e uma atitude expectante que só pode dar mau resultado. Até conseguiria compreender que a equipa tentasse controlar o jogo e imprimir-lhe um ritmo mais pausado uma vez que se apanhasse em vantagem (à Trapattoni, por exemplo), mas para isso é preciso termos bola, e saber mantê-la em nosso poder. Agora, recuar as linhas para junto da nossa área, deixar o adversário ter a bola, e ficar a vê-lo jogar é que não pode dar bom resultado. É verdade que a Naval não conseguiu criar grandes oportunidades de golo, mas dar-lhes tanta bola é estarmos a 'pôr-nos a jeito'. Por isso, apesar do intervalo ter chegado connosco em vantagem, eu quase nem reparei nisso, e estava mais irritado do que já estive em jogos nos quais chegámos ao intervalo em desvantagem. Até porque, a manter-se a atitude, se adivinhava o pior.

Não foi preciso esperar muito. Aos oito minutos da segunda parte a Naval chegou ao empate, aproveitando uma má intervenção do Luisão. E após este golo, foi possível ver que muita (ou quase toda) da culpa do que se passou durante a primeira parte foi nossa. Porque, perdida a vantagem, a equipa acordou imediatamente, e começou a jogar futebol. A reacção foi boa, as linhas subiram e começámos a pressionar os jogadores da Naval no seu próprio meio campo, o que fez com que a Naval passasse a ter grandes dificuldades para armar o jogo, sair com a bola controlada, ou fazer alguns passes seguidos, ficando quase remetida ao seu meio campo. Pouco depois do empate o Di María (foi muito importante a acção dos dois extremos na reacção da equipa ao empate) quase marcou, acertando na barra. Pouco depois foi o Cardozo quem, num remate em jeito, falhou por pouco a baliza. Após a péssima primeira parte, agora voltava a acreditar que era possível vencermos este jogo. E o golo acabou por surgir na sequência de um livre bastante longe da área adversária, com a bola a ser metida pelo Reyes para o segundo poste, onde surgiu o Miguel Vítor de cabeça a assistir a entrada do Katsouranis no poste contrário. Faltavam então cerca de quinze minutos para o final, e temi que voltássemos a cair no erro da primeira parte, remetendo-nos à defesa da vantagem conquistada. Mas desta vez a equipa soube manter a pressão sobre o adversário, de forma que foi possível segurar a vitória sem grandes sobressaltos, sempre com o adversário mantido à distância da nossa baliza.

Uma vez que é raro, destaco a acção do Di María durante a segunda parte, sendo um dos principais responsáveis pela reacção que nos permitiu chegar à vitória. Também o Reyes, depois de uma primeira parte fraquíssima, subiu muito após o empate. E uma menção também para o Katsouranis, não só pelo golo decisivo, mas também pelo bom jogo que acabou por fazer. Quanto aos piores, bem, foi a equipa toda durante praticamente a primeira parte inteira. Aquele futebol, aquela forma de jogar, aquela atitude não são admissíveis no Benfica.

Mais uma vitória suada, como parece que acabam por ser quase todas este ano. Mantemos a esperança viva, mas caramba, será que não dava para jogarem sempre com a atitude demonstrada após o golo sofrido? É que aumentavam-nos a esperança de vida e poupavam-nos alguns cabelos brancos.

quinta-feira, março 05, 2009

Problemas?



terça-feira, março 03, 2009

Sumaríssimos

Já é terça-feira, e no entanto continuo à espera de ver ou ouvir qualquer notícia acerca de eventuais sumaríssimos instaurados ao Lucho González ou à Meretriz Uruguaia, pelos lances que protagonizaram no jogo do fóculporto contra a sua filial do Lumiar. Da parte da filial, não há queixas (obviamente), e quanto à imprensa desportiva, nem toca no assunto, que o amor às rótulas é grande, e portanto o que convém é mesmo deixar o assunto cair rapidamente no esquecimento. As imagens são claras, e falam por si próprias (obrigado ao Antitripa pelas mesmas):





Convém recordar que, já esta época, o Luisão foi suspenso por dois jogos na sequência de um sumaríssimo devido a um lance com o Sapunaru bastante semelhante ao da Meretriz Uruguaia, e no qual é bastante mais discutível a intencionalidade do mesmo (aquele ajuntamento de jogadores aos empurrões que vemos nas imagens deste lance é fóculporto vintage). Mas já se sabe, a diferença está na cor das camisolas: sem camisola vermelha, não há sumaríssimo. É por isso que, por exemplo, o gesto do Katsouranis para o Luisão foi considerado gravíssimo, e merecedor de sumaríssimo, mas o do marroquino do fóculporto no Lumiar, para a Taça da Liga, em que os gestos são dirigidos ao público, já não.

domingo, março 01, 2009

Mística


O Eusébio é o melhor. Mas, para mim, o Senhor Mário Coluna será sempre O Maior.