domingo, janeiro 30, 2011

Fácil

Vitória muito fácil e obrigação cumprida num jogo em que o desequilíbrio de forças foi evidente, e no qual a nossa segunda linha conseguiu golear, mesmo jogando quase a passo.

A equipa com que o Benfica iniciou hoje o jogo contra o Aves deve ter sido a mais 'secundária' que apresentámos num jogo oficial esta época. Apenas dois dos habituais titulares no onze: Javi e Aimar. Curiosidade nas estreias do Jardel e do Fernandez. Julgo que também terá sido a estreia do Luís Filipe em jogos oficiais esta época - e tendo em conta a lesão do Rúben, creio que será importante que ele vá ganhando ritmo, visto ser a única alternativa ao Maxi que temos no plantel. O jogo em si não tem grande história. A primeira parte foi geralmente mal jogada, e a um ritmo lento, como convinha ao Benfica, a quem o empate bastaria para garantir o apuramento. Apenas o Jara parecia destoar dos colegas, insistindo em jogar a um ritmo mais elevado. O único facto digno de realce acaba mesmo por ser o golo marcado de cabeça pelo Javi García, quando faltavam dez minutos para o intervalo, aproveitando da melhor forma uma má saída do guarda-redes a um cruzamento largo do Fernandez.

A segunda parte trouxe mais do mesmo, estando o jogo a ser mesmo aborrecido de ver. O Benfica não precisava de acelerar, e o Aves não tinha capacidade para fazê-lo mesmo que quisesse. Pouco antes de decorridos quinze minutos entrou o Salvio, e velocidade extra que ele veio trazer ao jogo pareceu ser suficiente para acabar de vez com o Aves, que durante este período já mal conseguia passar do meio campo. Mesmo as nossas segundas escolhas pareceram ter um ritmo muito superior ao do Aves. Três golos acabaram por construir a goleada. Aos sessenta e nove minutos, um merecido golo do Jara, que aproveitou um corte deficiente de um defesa após um boa jogada entre o Sídnei e o Salvio na direita. Sete minutos depois, o terceiro golo, da autoria do Nuno Gomes, que teve uma finalização simples à entrada da pequena área depois de um remate do Salvio que desviou num defesa. E mesmo sobre o final, um bom golo do Felipe Meneses, que encheu o pé esquerdo de fora da área depois de uma combinação com o Nuno Gomes.

O maior interesse neste jogo seria ver as prestações do Jardel e do Fernandez. Sem ter tido muito trabalho, o primeiro pareceu-me ter estado bem. Fez o que lhe competia sem complicações, e isso bastou. Quando ao Fernandez, não deu para ver grande coisa. Pareceu ser trabalhador, e vi-o várias vezes a ajudar nas tarefas defensivas e a lutar pela bola. Acabou por fazer a assistência para o primeiro golo. Quanto aos outros, pareceu-me que o Jara foi o que esteve melhor, e gostei também do Sidnei.

Com uma goleada fechámos um mês de Janeiro 100% vitorioso, e podemos agora começar a pensar no jogo da próxima quarta-feira. Felizmente, após um jogo que dificilmente poderia ter sido mais apropriado para o anteceder. Fácil, sem exigir grandes esforços, e sem lesões. Convém que os nossos jogadores estejam descansados para conseguirem desviar-se eficazmente das pedras e bolas de golfe que os esperam.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Inquestionável

Vitória inquestionável do Benfica num jogo emocionante e agradável de seguir, e passagem carimbada para as meias finais, onde defrontaremos a quarta equipa da primeira liga neste percurso.

A única alteração inesperada no onze foi a presença do Airton em vez do Javi García, sendo já esperada a alteração na baliza, onde jogou o habitual titular da Taça, Júlio César. O Rio Ave é uma equipa que tem normalmente optado por jogar um estilo de futebol bastante aberto e balanceado para o ataque, e entrou na partida empenhado em demonstrar isso mesmo. Nos primeiros minutos respondeu sempre bem ao Benfica e acercou-se da nossa baliza, acabando por ser recompensado com um penálti ainda antes dos dez minutos de jogo. O Júlio César resolveu a questão defendendo o remate do João Tomás. Este lance pareceu espicaçar a nossa equipa, que a partir desse momento tomou conta do jogo e passou a exibir uma superioridade clara, apesar da constante vontade mostrada pelo Rio Ave em contrariar isto. Logo a seguir ao lance do penálti, o guarda-redes do Rio Ave deu início a uma noite inspirada, evitando o golo ao Maxi Pereira, que lhe apareceu isolado. A dez minutos do intervalo o Benfica teve uma oportunidade soberana para se adiantar no marcador, ao beneficiar de um penálti por mão na bola do Ricardo Chaves dentro da área, mas o Cardozo, insistindo em tentar colocar a bola em vez de fazer aquilo que sabe fazer melhor (marcar em força), permitiu a defesa ao guarda-redes Felgueiras. A inspiração do guarda-redes adversário continuou logo a seguir, negando o golo ao Salvio após mais uma boa jogada no nosso ataque. E quando parecia que sairíamos para intervalo com um nulo frustrante no marcador, houve novo penálti a nosso favor, por empurrão ao Saviola dentro da área. Desta vez o Cardozo marcou em força, e o guarda-redes nem teve tempo para reagir, porque a bola já estava no fundo das redes.

O Rio Ave tentou reagir no início da segunda parte, mas o Benfica não lhe permitiu grandes veleidades, dominando este período de forma ainda mais clara. Foi muito agradável ver o Benfica colocar em prática de forma regular as transições rápidas para o ataque que nos costumam render vários golos, tendo criado várias situações em que os nossos jogadores apareceram em superioridade numérica perante a defesa do Rio Ave. Mas a regularidade com que este tipo de jogadas foram feitas só tem comparação com a regularidade com que as mesmas foram mal finalizadas. Muitos remates tortos, ou um passe a mais, ou demasiado tempo para finalizar a permitir a intervenção de um defesa, ou até mesmo alguma infelicidade (bola do Saviola ao poste) foram arrastando a vantagem mínima no marcador durante muito mais tempo do que seria necessário, e provocando um certo e desnecessário nervosismo nos adeptos. O desperdício foi tal que incluiu mesmo mais um penálti desperdiçado, por mais uma mão na bola dentro da área. Desta vez foi o David Luiz quem, encarregue da marcação, atirou por cima da baliza. Quanto ao Rio Ave, que ia resistindo conforme podia, apenas por uma vez ameaçou seriamente a nossa baliza, quando aos oitenta minutos o Bruno Gama, com um remate cruzado, obrigou o Júlio César a mais uma excelente intervenção. A questão só ficou definitivamente decidida a três minutos do final, com um remate frouxo do Cardozo que desviou num defesa do Rio Ave e acabou no fundo da baliza.

O Cardozo, com os dois golos, acaba por ser o homem do jogo. Mas ele não se limitou a marcar os golos, e neste jogo esteve bem mais activo e participativo no ataque do que tinha estado nos últimos jogos. Muito bem o Júlio César, sempre seguro e com duas enormes defesas. Bem também a dupla de centrais, incluindo o David Luiz, que fez um jogo 'à David Luiz' e só manchando a exibição com o penálti muito mal marcado. Gostei do Saviola, mas esteve pouco inspirado na finalização. Referência também para o Airton: desta vez, e ao contrário do jogo em Coimbra, não notei a falta do Javi.

Estamos nas meias finais, e agora entre nós e o Jamor está o habitual jogo de golfe em ambiente de intifada naquele território sem lei para os lados de Contumil. Teremos que saber ignorar este clima, e continuar a jogar aquilo que temos jogado nos últimos jogos.

domingo, janeiro 23, 2011

Susto

Começámos por tornar fácil um jogo que se antevia difícil. Depois, perto do final, conseguimos complicar um pouco o que estava tínhamos feito fácil, e foi preciso apanharmos um susto para depois respirarmos fundo no último minuto.

Onze sem surpresas, apenas com a obrigatória ausência do David Luiz, que foi substituído naturalmente pelo Sídnei. O Nacional começou o jogo a querer mostrar logo ao que vinha: complicar muito a vida ao Benfica. Com uma boa ocupação dos espaços e exercendo uma pressão muito forte sobre o jogador do Benfica que tinha a bola, os minutos iniciais do jogo pareciam confirmar as dificuldades que se esperava que o Nacional nos causasse. Tiveram mesmo mais posse de bola, e obrigaram o Roberto a uma defesa algo complicada, mas assim que o Benfica fez o primeiro ataque digno desse nome, colocou a bola no fundo da baliza adversária. Foi uma incursão do Salvio (que me pareceu ter sofrido falta para penálti) pelo meio dos defesas adversários, a bola sobrou para o Saviola na direita, perto da linha de fundo, e depois do seu remate ter sido defendido, o Gaitán marcou na recarga. Estavam decorridos oito minutos no jogo, e o golo pareceu encher os nossos jogadores de confiança, já que a partir desse momento nos presentearam com alguns momentos de futebol muito bonito, e um desfilar de oportunidades de golo. Adivinhava-se o segundo golo, que surgiu mesmo aos vinte minutos, num cabeceamento do Sídnei após canto do Aimar. E não abrandou o Benfica, que poderia ter marcado o terceiro imediatamente a seguir, logo na saída de bola a meio-campo do Nacional. A bola foi rapidamente recuperada e o Cardozo acabou isolado em frente ao guarda-redes, permitindo-lhe a defesa. Só dava Benfica nesta fase, e pouco depois foi o Saviola quem falhou o golo de forma incrível, após um desvio de cabeça do Javi. O Nacional não queria baixar os braços, e tínhamos assim um jogo bastante aberto e rápido, que deixava adivinhar mais golos, podendo considerar-se o 2-0 ao intervalo escasso para o caudal ofensivo do Benfica.

A segunda parte iniciou-se um pouco mais lenta, mas com o Benfica a manter a superioridade, que se materializou novamente após sete minutos. foi mais um canto, no qual o Saviola não deu a bola como perdida, recuperando-a em esforço sobre a linha de fundo, e depois o Luisão voltou a tocá-la para que o Cardozo conseguisse fazê-la ultrapassar o guarda-redes e depois, em esforço ainda tocá-la para o fundo da baliza. Com três golos de vantagem no marcador, o jogo parecia resolvido e as facilidades do Benfica eram evidentes, isto apesar da boa atitude do Nacional, que insistiu sempre em procurar o golo. A meia hora do final, o Aimar cedeu o seu lugar ao Carlos Martins e pareceu-me que a partir daí o nosso jogo caiu de qualidade, já que o Carlos Martins não entrou particularmente inspirado. O Nacional passou a ter mais posse de bola, e foi ameaçando um pouco mais a nossa baliza. Mas do nosso lado, ficávamos sempre com a sensação de que seria provavelmente apenas uma questão de tempo até que conseguíssemos aproveitar os espaços concedidos na defesa pelo balanceamento atacante do Nacional.

O jogo parecia continuar sob controlo, mas a quinze minutos do final o Nacional reduziu, após um canto, e o Benfica aparentemente enervou-se com este golo, porque depois disso passámos por cerca de dez minutos que foram claramente o pior período do Benfica no jogo. Pouco depois, foi o Roberto a negar o segundo golo ao Nacional, conseguindo defender o remate de um adversário que apareceu isolado na sua cara. Mas a cinco minutos do final o Nacional conseguiu mesmo fazer o segundo: após um cruzamento largo da esquerda, a bola foi ganha ao segundo poste pelo avançado do Nacional, permitindo uma finalização fácil no lado oposto. Curiosamente, o segundo golo pareceu ter o efeito oposto ao previsto. Em vez de ficar ainda mais nervoso, o Benfica voltou a acordar, e foi em busca do golo da tranquilidade, quando se calhar se pensaria que iríamos tentar preservar a magra vantagem. Esta atitude foi recompensada sobre o final da partida, quando o Saviola teve uma iniciativa individual, ganhou a linha de fundo na esquerda, e cruzou para o poste mais distante onde apareceu o Jara a finalizar de cabeça, colocando o ponto final num jogo muito agradável de seguir e numa vitória justa do Benfica.

Para não variar, o Salvio voltou a ser um dos melhores. Dá uma objectividade muito grande ao jogo de ataque do Benfica, partindo imediatamente para cima dos adversários e em direcção à baliza adversária. Nota-se que está cheio de confiança, e desequilibra quase sempre que tem a bola. O Saviola interrompeu a sua série de jogos consecutivos a marcar, mas esteve também muito bem. Sempre muito activo no ataque, teve intervenção directa em três dos nossos golos, e fez alguns passes absolutamente geniais. Gostei também do jogo que o Javi García fez, dominado quase que por completo a sua zona. Bom jogo também do Luisão. Excepcionalmente, hoje não gostei muito do Coentrão. Teve algumas subidas para apoiar o ataque bastante boas, mas na primeira parte exagerou nas iniciativas individuais, e perdeu a bola em mais do que uma ocasião. Na segunda parte, acabou por ficar directamente ligado aos dois golos do Nacional, já que em ambos os lances foi ele quem perdeu os duelos aéreos. Conforme referi, achei também que o Carlos Martins teve uma entrada no mínimo infeliz no jogo.

Mais um obstáculo ultrapassado, e mesmo considerando o susto perto do final, gostei da maior parte daquilo que vi a equipa fazer esta noite. Houve períodos de jogo que foram brilhantes, e nota-se uma grande confiança na maior parte dos jogadores. Ganhámos doze dos últimos treze jogos para a Liga, e em 2011 estamos 100% vitoriosos. É continuar assim.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Mínimos

Em serviços mínimos e poupando uma boa parte da equipa titular, o Benfica venceu esta noite o Olhanense e deu um passo quase decisivo para vencer o seu grupo e apurar-se para as meias-finais da Taça da Liga, ainda que com alguns sobressaltos, que nos obrigaram a recorrer a alguma 'artilharia pesada'.

Dos titulares habituais, apenas quatro no onze inicial: Maxi, David Luiz (a jogar a lateral esquerdo), Javi García e Aimar. Depois, uma série de gente com muito poucos minutos nas pernas esta época, como Moreira, Roderick ou Felipe Meneses, e outros que são presença mais assídua no banco de suplentes: Sídnei, Peixoto, Kardec e Jara. O Benfica entrou da forma mais habitual, jogando a uma velocidade agradável e mostrando vontade de deixar a sua superioridade bem vincada, apesar das várias ausências. Começando desde cedo a ameaçar a baliza do Olhanense, foi também cedo que chegámos ao primeiro golo: treze minutos, com o Javi García a marcar de cabeça, após assistência do Sídnei, também de cabeça. E foi sem abrandar que o Benfica aumentou a vantagem pouco depois: aos vinte e dois minutos o Jara deu a melhor sequência a um cruzamento do Peixoto, e fez um grande golo com um remate de primeira. Atingida esta vantagem algo confortável, e mantendo a superioridade no campo, seria mesmo previsível que o resultado pudesse acabar por avolumar-se ainda mais, a exemplo do que aconteceu a semana passada. Mas perto do intervalo o Olhanense, até aí inofensivo, conseguiu reduzir (num lance ilegal, já que o Djalmir controla claramente a bola com a mão), e ganhou novo fôlego.

Esse novo fôlego foi visível nos minutos iniciais da segunda parte. A própria equipa do Benfica pareceu algo nervosa e complicativa, perdendo demasiadas bolas e permitindo que o Olhanense, através de processos simples, chegasse com alguma facilidade perto da nossa área, sobretudo pelo centro da defesa. Decorridos pouco mais de dez minutos, e num desses lances, o Djalmir conseguiu isolar-se, e depois deu-se o inevitável lance clássico de penálti do guarda-redes sobre o avançado. Penálti convertido e a vantagem do Benfica esfumava-se. O Benfica pareceu então reagir um pouco, e esteve mesmo perto do golo pelo Javi García, mas foi mesmo necessário recorrer ao banco e lançar o Salvio e o Gaitán quando faltavam vinte e cinco minutos para o final. Que se revelaram decisivos, já que o Benfica voltou à mó de cima e dez minutos depois de entrarem o primeiro acabou mesmo por marcar o golo da vitória. Que foi mais um grande golo, num remate de pé esquerdo, em jeito, de fora da área, colocando a bola fora do alcance do guarda-redes. O Olhanense já não revelou força anímica para responder a esta nova vantagem do Benfica, que controlou o jogo até final.

O melhor do Benfica foi, para mim, o Jara. Foi dos mais irrequietos durante o jogo, e pressionou muito a defesa adversária. Marcou um grande golo, e foi de uma iniciativa dele pela direita que acabou por resultar o golo do Salvio. Salvio que, apesar de ter jogado apenas vinte e cinco minutos, ainda foi a tempo de voltar a mostrar o seu grande valor, dinamizando novamente o ataque do Benfica e marcando o golo da vitória. Gostei também do jogo do Sídnei. Quanto aos que não aproveitaram da melhor maneira a oportunidade dada, menciono o Kardec (parece estar claramente sem ritmo), o Meneses (excessivamente complicativo) e o Roderick, que na pior fase do Benfica pareceu estar algo nervoso, falhando passes e sobretudo arriscando em demasia cortes e entradas 'à queima', que falhou.

Basta agora um empate com o Aves (até pode nem ser preciso) para carimbarmos a passagem às meias finais da prova, e apontarmos ao tri nesta competição. Quanto à actuação (mais uma) do árbitro Artur Soares Dias esta noite na luz: vergonhosa dualidade de critérios.

domingo, janeiro 16, 2011

Importante

A vitória foi conquistada, e isso é o mais importante. Com dificuldade, sem grande nota artística, mas foi conseguida, mantendo-nos à mesma distância do primeiro lugar, e aumentando a nossa margem de conforto para o terceiro classificado.

A presença do Airton no onze foi natural e era esperada, mas foi com alguma surpresa que vi o Rúben Amorim manter a titularidade, deixando o Maxi no banco. Também o Carlos Martins manteve o seu lugar no onze, em detrimento do Aimar. O jogo iniciou-se algo repartido, com o Benfica a não ser tão dominador quanto tem sido recentemente e a Académica a parecer mesmo a equipa mais esclarecida. Foram precisos dez minutos para que acordássemos, e começássemos então a levar perigo à baliza adversária, sendo o primeiro sinal um bom remate do Carlos Martins, que falhou o alvo por pouco. Depois disto, o Benfica entrou na sua melhor fase no jogo, em que assistimos a uma pressão muito alta e intensa da nossa equipa, com várias recuperações de bola logo à saída da zona defensiva da Académica. Aos vinte minutos de jogo, quando o Benfica já tinha clara supremacia em campo, chegou o golo que acabou por decidir o jogo. Livre a nosso favor já bastante perto da área, a descaído para a direita. Bem ao jeito do Cardozo, que o marcou mesmo, com a bola a tabelar no Saviola (em posição irregular) e a trair o guarda-redes - não faço ideia se o golo . Este golo ilegal, acabámos por pagá-lo com juros no resto do jogo. A Académica teve alguma reacção ao golo sofrido, criando mesmo uma boa oportunidade para marcar, isolando o Miguel Fidalgo na direita da nossa defesa, mas o Roberto fez uma grande defesa e evitou o empate. No geral, o Benfica continuou a mostrar superioridade em campo, e esta acentuou-se com a expulsão de um defesa da Académica, que teve uma entrada de pitons à cara do Cardozo que o Bruto Alves não desdenharia. A vantagem mínima ao intervalo era perfeitamente justificada, face à superioridade do Benfica.

A expulsão do jogador da Académica tornou o jogo muito aberto. A sensação que tinha ao vê-lo era a de que não seria necessário muito esforço para que voltássemos a marcar, dados os espaços que se iam abrindo na defesa adversária. Mas se o Benfica conseguia chegar rapidamente e com facilidade até junto da área adversária, depois as coisas já eram mais complicadas, e o último passe, centro, ou mesmo remate acabavam por não ter o destino mais desejável. Ou aparecia um pé ou uma cabeça de um defesa, ou a finalização era imperfeita. Os minutos finais da primeira parte, após a expulsão, já tinham sido assim, e a segunda parte manteve a tendência. E depois foi-se passando o que costuma ser habitual nestas situações: à medida que o tempo vai passando e não há meio de marcarmos o golo que arrumaria com o jogo, o adversário começa a acreditar que pode ser possível chegar ao empate. A cerca de vinte minutos do final, e no curto espaço de um minuto, o Benfica teve dois sérios avisos do que poderia acontecer, primeiro com um escorregão do David Luiz a permitir um centro muito perigoso, e logo a seguir um remate à entrada da área levou a bola a bater no poste da nossa baliza e a viajar ao longo da linha de golo. Acordou o Benfica, e respondeu pouco depois com um cabeceamento do Luisão ao poste, na sequência de um canto. E o jogo voltou à tendência descrita, ficando-se com a sensação de que o segundo golo podia estar ali tão perto, mas agora também com receio de que a Académica pudesse surpreender (embora este receio fosse, em boa parte, mais resultado de nervosismo, porque a verdade é que depois daqueles dois lances seguidos, a Académica pouco mais conseguiu ameaçar seriamente a nossa baliza, passando os últimos minutos a bombear bolas quase desesperadamente para a nossa área). Mas o Benfica acabou por segurar a vitória com um bocadinho de nervoso miudinho mas sem grandes sobressaltos, e apenas com a irritação de vermos o Fábio ser expulso, por acumulação de amarelos, no último minuto.
Irá assim, mais uma vez, falhar o jogo da Taça da Liga, e continuará à beira do quinto amarelo.

Gostei do Luisão, seguro como sempre na defesa. Gostei também do Fábio Coentrão, sempre muito activo na esquerda, não só a atacar, como a defender alto. Inúmeras foram as vezes em que o vimos a pressionar o lateral adversário logo em cima da área da Académica. O Sálvio, sem ter brilhado tanto como nos últimos jogos, também esteve em bom plano, e teve várias iniciativas do lado direito às quais não foi dada a melhor sequência. Não gostei do Carlos Martins (muitos passes falhados para aquilo que lhe é normal, e pouco empenho na luta do meio campo), do Airton (acima de tudo, continua a mostrar uma diferença enorme para o Javi em termos de posicionamento) e do Cardozo (marcou o livre para o golo, mas pouco mais fez, destacando-se sobretudo por chegar tarde às bolas).

Conforme escrevi no início, o importante era vencer. Conseguimo-lo, e julgo que a justiça da nossa vitória não pode, honestamente, ser posta em causa. Mesmo que desta vez não tenhamos tido uma nota artística alta.

P.S.- Elmano Santos é um dos piores árbitros da primeira categoria, e voltou a mostrá-lo (ele e a sua equipa) neste jogo. A regra de ouro para esta Liga parece manter-se: penáltis a favor do Benfica, nem vê-los.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Passeio

Nada melhor do que andarmos outra vez com a sensação de que a nossa equipa consegue golear com naturalidade e em ritmo de passeio. Foi o que aconteceu esta noite na Luz, em que aparentemente sem ser necessário um grande esforço, ao intervalo já tínhamos o jogo resolvido, e no final o resultado cifrava-se numa goleada, com bom futebol e golos bonitos à mistura.

Algumas alterações no onze: Júlio César na baliza, Rúben Amorim na direita da defesa, Airton a trinco, e o Carlos Martins a manter a titularidade, com o Aimar no banco. O jogo iniciou-se num ritmo agradável, e o Benfica a criar logo uma grande oportunidade, em que o Cardozo vê um seu cabeceamento, após cruzamento do Salvio da direita, só não resultar em golo devido a uma grande intervenção do guarda-redes. O Olhanense ainda conseguiu dar alguma réplica durante os primeiros minutos, mas a ilusão de algum eventual equilíbrio durou até o Benfica marcar o primeiro golo, aos vinte minutos. Deixado isolado na cara do guarda-redes após um bom passe do Carlos Martins, o Saviola fez o que lhe competia e desfez o nulo, mantendo a sua sequência goleadora. Outro jogador que tem estado em grande forma é o Salvio, e seis minutos depois encarregou-se de o demonstrar, aumentando a vantagem do Benfica, através de um remate cruzado da direita, quando parecia até que já tinha perdido a oportunidade de rematar. Estes dois golos, quase de seguida, arrumaram de vez com o Olhanense, que ainda sofreu o terceiro golo a cinco minutos do intervalo. Um grande golo do Cardozo, que ainda de fora da área e pressionado por um defesa, fez um chapéu perfeito ao guarda-redes (que nem sequer estava muito adiantado).

Com o jogo praticamente decidido, a segunda parte foi de simples gestão do resultado por parte do Benfica, que baixou claramente o ritmo do jogo, e limitou-se a deixar que o talento individual dos seus jogadores resolvesse. Deu para tirar o Saviola para permitir ao aniversariante Kardec participar no jogo, experimentar o Maxi a lateral esquerdo (sem um sucesso por aí além, diga-se de passagem), e ainda assim isto foi suficiente para que o resultado se avolumasse ainda mais, e assumisse contornos de goleada. Aos sessenta e dois minutos o Luisão aproveitou um cruzamento da esquerda do Saviola para dominar a bola e rematar cruzado para o quarto golo. E a dez minutos do final, o Cardozo fechou o resultado com mais um grande golo, rematando de primeira e de forma acrobática uma bola vinda do Salvio. Tudo feito sempre de forma aparentemente fácil, e sem necessidade de grandes esforços, o que até convém no meio de um calendário tão apertado como é o nosso neste mês de Janeiro.

Nem sei se é muito justo estar a fazer grandes destaques. A equipa voltou a estar muito bem num todo, há jogadores que estão a passar por um bom momento de forma e voltaram a demonstrá-lo neste jogo, e no geral, há uma aura positiva em redor da equipa. O Cardozo e os seus dois grandes golos merecem sempre uma menção, mas um coisa que me continua a deixar muito satisfeito é a solidez que a nossa defesa tem vindo a mostrar, e em especial a nossa dupla de centrais.

Passagem aos quartos-de-final confirmada, e agora enfrentaremos mais uma equipa da primeira Liga (a terceira consecutiva) no caminho até ao Jamor. Daqui a duas semanas, em Vila do Conde, teremos mais uma jornada decisiva para tentarmos conquistar um troféu que nos foge há meia dúzia de anos.

domingo, janeiro 09, 2011

Concentração

O jogo era, em teoria, difícil. A União de Leiria está a fazer um bom campeonato, e o nosso desempenho fora de casa até este jogo não era propriamente brilhante (3V 3D). A resposta foi uma das exibições mais conseguidas esta época fora de portas (a par do jogo em Aveiro). A jogar desta forma é difícil, muito difícil mesmo não ganharmos um jogo. Mesmo não tendo uma qualidade constante ao longo de todos os noventa minutos, manter a concentração e disciplina ajuda a ultrapassar mesmo os momentos menos brilhantes sem grandes sobressaltos.

Com o Aimar ausente, a única alteração no onze 'base' foi a previsível entrada do Carlos Martins. E desde cedo que o Benfica não deixou quaisquer dúvidas acerca das suas intenções: logo aos dois minutos o Coentrão pegou na bola, foi por ali fora deixando todos pelo caminho, e o seu centro só não resultou em golo porque a cabeçada do Saviola (que se conseguiu antecipar aos três defesas do Leiria) não saiu com a pontaria mais afinada. Este lance deu um pouco o tom para aquilo que seria a primeira parte: domínio do Benfica, algum desperdício, e o Saviola em destaque - incluindo na parte do desperdício - os defesas do Leiria não pareciam encontrar forma de o marcar e anular as suas movimentações no ataque. O Benfica conseguiu jogar com as linhas bastante subidas, exercendo a famosa 'pressão alta', e conseguindo trocar bem a bola entre os seus jogadores, o que resultou num jogo quase de sentido único. As tímidas tentativas de ataque da União esbarravam na intransponibilidade da nossa dupla de centrais, ou então morriam na armadilha do fora-de-jogo, que hoje funcionou na perfeição.

Depois de diversas tentativas, o Saviola conseguiu finalmente marcar, quando estávamos perto da meia hora. E, ironicamente, depois de falhar oportunidades que pareciam mais fáceis, acabou por marcar de forma aparentemente mais complicada, com um pontapé de primeira à meia volta, aproveitando a assistência de cabeça do Salvio após centro do Gaitán na esquerda. No minuto seguinte, novo centro do Gaitán da esquerda e desta vez foi o Salvio quem falhou o golo por centímetros, com a bola cabeceada por si a passar muito perto do poste. Quando o árbitro apitou para o intervalo, a vantagem do Benfica não era apenas inteiramente justa; era também escassa face à superioridade que exibimos nos primeiros quarenta e cinco minutos, onde poderíamos ter construído um resultado que nos deixasse descansados para a segunda parte.

Segunda parte que foi muito diferente da primeira. Acima de tudo, mal jogada. A União de Leiria veio determinada em alterar o estado das coisas, e aumentou a pressão sobre os nossos jogadores, que não pareceram saber lidar com isso. A nossa posse de bola caiu bastante, com os nossos jogadores a falharem mais passes e a não conseguirem aguentar a bola mais do que alguns segundos antes de a entregarem ao adversário. Mas se a inspiração ofensiva não era grande, a concentração na defesa esteve sempre altíssima, e apesar da maior posse de bola e subida no terreno, a União de Leiria não conseguia criar qualquer perigo para a nossa baliza (a única oportunidade que tiveram - nos noventa minutos - foi na sequência de um canto, em que apareceu um jogador solto na pequena área, que cabeceou por cima). Neste período o único lance de realce foi um remate cruzado do Gaitán, a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes adversário.

A vinte minutos do final, o Jorge Jesus fez uma substituição que se impunha, retirando o pouco inspirado Carlos Martins para fazer entrar o Rúben Amorim, que se encostou à esquerda, passando o Gaitán para o centro. Não foi coincidência, para mim, que imediatamente o Benfica voltasse a assumir protagonismo no jogo, e começasse a criar perigo. O Cardozo viu um cabeceamento seu, a centro do Coentrão, ser defendido por instinto pelo guarda-redes, para depois a recarga do Salvio esbarrar no poste. E a dez minutos do final, o Benfica sentenciou o jogo: jogada do Salvio na direita, já dentro da área, centro, e assistência de cabeça do Cardozo, a antecipar-se ao defesa, para a finalização do Gaitán. Este golo deitou a União de Leiria por terra de vez. Desorganizada e sem capacidade física para manter a pressão que tinha exercido durante a primeira fase da segunda parte, os espaços que dava na defesa eram muitos, e era previsível que o Benfica ainda conseguisse ampliar o resultado. Esteve perto o Rúben Amorim, que viu o seu remate ser defendido com o pé do guarda-redes, não perdoou o Cardozo, que finalizou com uma bomba de primeira o centro rasteiro do Jara (tinha entrado para o lugar do Saviola) na esquerda, já em período de descontos
- interrompendo assim uma sequência de onze golos 'argentinos' do Benfica.

Destaques neste jogo são sobretudo para a coesão e concentração da equipa. Souberam brilhar no ataque, e ser sólidos na defesa e uma equipa de combate quando foi necessário. Individualmente, destaco a dupla de centrais, que esteve praticamente intransponível. O Luisão ao seu estilo, e o David Luiz a parecer cada vez mais ter recuperado aquela alegria em jogar que lhe é característica. O Saviola é obviamente outro dos destaques, em especial pela primeira parte, em que foi um diabo à solta. O Salvio (esteve envolvido em dois dos golos) manteve as boas exibições, o Gaitán (criou bastante perigo pelo seu lado, marcou um golo e fez a jogada para outro) e o Cardozo (golo e assistência) também merecem destaque.

A nossa equipa está, neste momento, a atravessar talvez a sua melhor fase esta época. Uma fase em que as vitórias parecem surgir sem grande complicação ou dificuldade, e com grande naturalidade. A exemplo do que nos habituaram a época passada. A equipa parece ter encontrado o seu equilíbrio, recuperado a confiança, e os reforços (Salvio e Gaitán) parecem estar integrados no onze. Temos muito trabalho pela frente, mas resta-nos fazer a nossa obrigação: ir ganhando os jogos que se nos deparam. E isso, a manter esta dinâmica, não será muito difícil.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Tranquilo

Vitória normal sobre o Marítimo na estreia da Taça da Liga deste ano, num jogo tranquilo em que as diversas ausências e a presença de jogadores pouco utilizados no onze inicial pouco se fizeram notar.

As maiores novidades na equipa forma as presenças do Moreira, Fábio Faria e Airton, sendo que os dois primeiros ainda não tinham sido utilizados esta época em jogos oficiais. No meio campo apareceu o Carlos Martins na posição do Aimar, e na frente de ataque o Alan Kardec regressou, para forma dupla com o Saviola. O jogo iniciou-se repartido pelas duas equipas, com o Marítimo a mostrar-se algo desinibido e sem particulares cautelas defensivas, pelo que o futebol era jogado de forma aberta e a um ritmo agradável. Ambas as equipas ameaçaram marcar, o Benfica pelo Kardec, que falhou um remate sobre a linha da pequena área, e o Marítimo num cabeceamento de um jogador isolado, que poderia ter causado muito perigo se não tivesse enviado a bola à figura do Moreira. O Benfica foi no entanto aumentando um pouco a pressão, e chegou ao golo por volta dos vinte e cinco minutos de jogo, numa transição ofensiva rápida iniciada no Gaitán, que passou pelo Carlos Martins, e terminou na direita do ataque com um bonito remate cruzado do Salvio. O Marítimo pareceu acusar este golo, e a superioridade do Benfica em campo tornou-se então mais clara. Sempre sem parecer forçar muito, chegámos ao segundo golo a cinco minutos do intervalo. Após um livre do Carlos Martins ser defendido com alguma dificuldade pelo guarda-redes, a bola sobrou para o Gaitán na esquerda, que rematou cruzado e a bola seguiria para fora, mas apareceu o Saviola ao segundo poste para encostar e fazer um golo fácil. Com dois golos de vantagem à saída para o intervalo, dava ideia do jogo estar praticamente resolvido.

E foi na verdade o que se acabou por ver na segunda parte. O Marítimo raramente mostrou capacidade para incomodar o Moreira (apenas nos minutos finais do jogo chegou a ameaçar um pouco), e o Benfica, de forma tranquila, foi gerindo o resultado. Não me consigo recordar de grandes oportunidades de golo criadas na segunda parte, embora tenha gostado de algumas jogadas e trocas de bola que fizemos no ataque, e em particular da velocidade que conseguimos colocar em várias transições ofensivas - o que se acentuou um pouco depois da entrada do Jara, que mostrou vontade mas também alguma precipitação na finalização das jogadas. Houve algumas situações em que poderíamos ter feito melhor na altura do remate, mas não estivemos muito inspirados nesse aspecto particular.

Gostei dos argentinos: depois dos cinco golos argentinos com que fechámos o ano, mais dois para abrir o novo ano. Salvio, Saviola e Gaitán deram bastante dinâmica ao ataque. O Salvio mostrou querer manter a dinâmica do último jogo, e o Saviola, para além da muita movimentação no ataque, manteve a tendência para marcar que tem vindo a demonstrar nos últimos jogos (já o ano passado, por esta altura, ele teve um sequência fantástica de jogos consecutivos a marcar). O Gaitán voltou a mostrar pormenores de classe, e esteve directamente envolvido nos dois golos. O David Luiz parece estar a voltar a mostrar alegria em jogar futebol, e tacticamente gostei de ver o Airton.

Importante ou não, a verdade é que a Taça da Liga tem sido nossa nos dois últimos anos, e gostaria de mantê-la. Foi importante começar a vencer, e ainda mais importante que a equipa, muito desfalcada (meia dúzia de habituais titulares ausentes), mostrasse que os sinais positivos que vinha dando antes da pausa de Natal pareçam manter-se. E não sendo propriamente brilhante, ainda assim gostei que estivessem quase 21.000 benfiquistas na Luz esta noite.