terça-feira, maio 31, 2005

Balanço

Começo este post por escrever que não sou fã de Trapattoni. Nunca o fui, mesmo antes de ser treinador do Benfica. Aliás, qualquer pessoa que acompanhe este blog desde o seu início sabe que o meu quase ódio ao treinador italiano foi uma das principais motivações para que começasse um blog. Nem mesmo quando ele treinou uma das minhas equipas estrangeiras preferidas (Internazionale) eu era admirador dele. Sim, ele consegue resultados, e o seu historial fala por si mesmo. Mas como eu considero que o futebol é acima de tudo um espectáculo, gosto de ver equipas que conseguem aliar os resultados às boas exibições, e isso nunca foi possível com Trapattoni. Por isso mesmo, torci logo o nariz assim que soube quem seria o nosso treinador para esta época.


Após um ano, no entanto, tenho que agradecer a Trapattoni a alegria que ele nos deu após 10 épocas sem sermos campeões. Provavelmente um treinador que não fosse tão pragmático como ele não teria sido capaz de guiar esta equipa até ao título. Para além disso, ele sempre teve razão numa coisa: perante a fúria dos adeptos benfiquistas face às paupérrimas exibições da equipa, ele sempre aconselhou calma e afirmou que, face ao que via deste campeonato, ele apenas se iria decidir a partir de Abril. O que veio mesmo a acontecer. Quanto à sua eventual saida ou não, o que eu tenho a dizer é que sou por norma avesso a mudanças. Ele não é o meu treinador preferido, mas ganhou, e eu não gosto de revoluções em equipas que ganham. Normalmente quando o Benfica comete esse erro, acaba por pagar caro as suas consequências. Trapattoni tem também a seu favor a grande união que conseguiu manter no plantel, que foi na minha opinião um dos factores mais importantes na conquista do título. Os jogadores do Benfica parecem realmente adorar o seu treinador. Basta compararmos com o que se passa com o balneário do outro lado da 2ªCircular, ou com o que se passa no Dragão, para a diferença ser evidente. Os jogadores que sairam do Benfica no decorrer da época (Argel, Amoreirinha, Yannick, Zahovic) não disseram uma palavra amarga, nem uma crítica ao Benfica ou aos seus dirigentes. Compare-se com o que tem acontecido nos nossos rivais. Até um quase histórico do FC Porto (Costinha) aproveitou a saída para se queixar. Por isso a minha opinião é que gostaria que ele ficasse.


Mas sinceramente, duvido que tal aconteça. Acho que o Trapattoni passou por momentos muito difíceis esta época, está velho, e já não tem nada a provar a ninguém. Por isso já não deve ter paciência para continuar. Se isto acontecer, vamos ver quem o virá substituir. Por coincidência, os três nomes que mais me agradam, e em quem eu tenho andado a pensar são precisamente aqueles que vêm anunciados hoje na capa do Record: Camacho, Le Guen, e Koeman. O Camacho tem a seu favor o facto de já estar identificado com o Benfica, conhecer bem os jogadores (que sabemos gostarem dele), e ser querido pelos adeptos. Na minha opinião, foi aliás Camacho o responsável por uma mudança na atitude dos jogadores do Benfica, incutindo-lhes uma mentalidade de vitória, e aquele que criou as raízes da união que hoje vemos no plantel. Se ele vier, creio que o Benfica ficará muito bem servido.


Quanto aos outros dois, são ambos técnicos jovens e agressivos. As suas equipas por norma jogam um futebol marcadamente ofensivo e atraente. Em termos de resultados, Le Guen tem mais títulos: é tri-campeão francês, e tem feito óptimas campanhas na Liga dos Campeões com o Lyon. Mas também gostava muito de ver o Ajax do Koeman jogar. Se vier qualquer um destes três treinadores, ao contrário desta época, não vou estar desconfiado ou aborrecido logo de início.

P.S.- Entretanto acabei de saber que Trapattoni já confirmou a saída do Benfica. Como benfiquista, apenas posso dizer: Grazie signor Trapattoni. Mal amado ou não, a verdade é que marcou o seu nome na história do Sport Lisboa e Benfica, e deu aos benfiquistas uma enorme alegria. Por isto mesmo não o esqueceremos.

domingo, maio 29, 2005

Derrota

Perdemos. Infelizmente nem sequer posso dizer que estou surpreendido, porque aconteceu o que eu temia. Sem colocar em causa a justiça da vitória do Setúbal, eu culpo directamente o Benfica por ter perdido a Taça de Portugal. Porque conseguimos perder o jogo contra uma equipa manifestamente inferior, que já tinha sido facilmente derrotada este ano nas duas ocasiões em que os defrontámos para o campeonato.

Mas o Benfica hoje foi um concentrado de tudo o que de pior mostrámos esta época. Mal vi que o Luisão não jogaria, fiquei ainda mais apreensivo, porque sempre que ele não joga parece que a equipa perde uma boa parte da motivação. Depois, começámos o jogo praticamente com dois jogadores a menos: o Fyssas e o Nuno Gomes. O lado esquerdo da nossa defesa parecia uma auto-estrada durante a primeira parte, o que era ainda mais incompreensível quando se reparava que o Fyssas nem sequer participava muito nas acções ofensivas da equipa.

Quanto ao Nuno Gomes, eu sei que ele é dos jogadores mais queridos dos adeptos do Benfica, mas eu não sou grande admirador dele, e hoje perdi completamente a cabeça a vê-lo jogar. Como é que se pode chamar ponta-de-lança a um jogador que perde todos os lances divididos por alto, é incapaz de segurar uma bola rasteira de costas para a baliza, tem uma incapacidade atroz de prever sequer onde é que uma bola pelo ar vai cair, recebe e passa mal as bolas que lhe passam quando está à vontade e, pior que tudo isto, tem medo de rematar à baliza! Quando o deixam sozinho, em condições de rematar, em vez de o fazer fica desesperadamente à procura de alguém a quem passar. Durante o jogo, e quando já estava exasperado com ele, estive a seguir a forma como ele se movimenta quando não tem a bola. Cheguei à conclusão que não é o defesa que o marca, mas sim que é ele que faz marcação cerrada ao defesa, seguindo-o para todo o lado, e contrariando assim aquele que deveria ser o instinto natural de um avançado: fugir à marcação. Claro que quando uma bola vem para a zona do defesa, aí sim, muitas vezes ele afasta-se um pouco e evita o choque, ficando à espera que, por algum milagre, o defesa falhe e deixe a bola passar para ele.

O jogo até começou da melhor forma possível: da primeira vez que fomos à área do Setúbal, em lance de contra-ataque, o guarda-redes setubalense fez penalty sobre o Geovanni, que o Simão se encarregou de transformar em golo. Mas depois disso... nada! Nicles, népia, vazio absoluto. O jogo do Benfica limitava-se a chutar bolas para a frente, como se já nem fosse preciso jogar para ganhar. Sofremos o empate num lance pelo lado esquerdo (claro), em que os nossos jogadores revelaram uma cerimónia e incapacidade gritante para aliviar a bola dali para fora, e a reviravolta surgiu após um frango do Moreira, que deveria ter agarrado aquele remate (mas lá está, a fechar a primeira parte o Nuno Gomes teve uma situação igual, em que tinha a oportunidade de rematar, e preferiu lateralizar para o Simão). Depois do segundo golo do Setúbal, foi ainda mais exasperante ver a incapacidade da equipa para reagir, quando ainda tinha cerca de 20 minutos para jogar.

O jogo de hoje voltou também a mostrar um dos pormenores que mais me preocupa no jogo do Benfica: a incapacidade de marcar golos em futebol corrido. A sério, eu não me lembro bem do último golo do Benfica marcado na sequência de uma jogada de futebol corrido. Julgo que terá sido no princípio de Abril, no jogo contra o Marítimo na Luz.

Resumindo, não gostei da atitude dos jogadores no jogo de hoje, não gostei mesmo nada da exibição (terá sido um dos piores jogos que os vi fazer nos últimos meses), e detestei que, como consequência disso, tivessem perdido uma Taça que tiveram tudo para ganhar: um adversário mais fraco, e uma vantagem no marcador logo a começar o jogo. Não se pode pensar 'Missão cumprida' após ganharmos o campeonato. A Taça também faz parte da época futebolística, e nós gostamos de a ganhar. Em contraponto com a grande alegria que esta equipa me deu a semana passada, hoje estou muito desapontado.

Taça

Daqui a pouco está na hora de me pôr a caminho do Jamor, para a festa da Taça. Espero que o Benfica consiga mais uma dobradinha para o seu historial, mas não consigo evitar estar um bocado desconfiado. Lembro-me sempre de uma outra final a que assisti, em 1989, contra o Belenenses. Tal como esta época, o Benfica tinha acabado de se sagrar campeão nacional, e era favoritíssimo à vitória. O Benfica tinha a melhor dupla de centrais do mundo, mais o Valdo, o Magnusson, ou o Paneira. Era impossível perdermos. Mas um pontapé do meio da rua do Juanico, já perto do fim, deixou-me destroçado e o Belenenses levou a Taça.

Tenho receio de alguma descompressão excessiva da nossa equipa devido a todos estes festejos do título. Para além disso, este é o jogo da época para o Setúbal, que já anda praticamente há dois meses a poupar-se para ele. Esperemos que a nossa equipa consiga manter a concentração apenas por mais 90 minutos esta época, para que logo à noite possamos festejar outra vez. Se não ganharmos, bem, ao menos fica a experiência. É que não há festa do futebol como a final da Taça de Portugal jogada no Jamor.

sexta-feira, maio 27, 2005

QUINJE A JERO!

Os visitantes habituais do Estádio da Luz já conhecem, mas de qualquer maneira fica aqui a homenagem dos nossos amigos do Gato Fedorento ao novo campeão nacional.

quinta-feira, maio 26, 2005

Festa

Bem, se calhar já é um pouco tarde para isto, mas não queria deixar de escrever sobre o jogo que marcou o fim de um triste período de dez anos sem ganharmos o campeonato. Até porque este post já estava preparado desde Domingo à noite.


O Benfica entrou em campo mais uma vez nos braços da incrível onda vermelha que durante as últimas jornadas da Superliga nunca deixou de empurrar a nossa equipa para o título. Apresentando aquele que se pode considerar o nosso onze base, o Benfica começou o jogo com uma grande calma, e para minha grande satisfação, parecendo querer ir à procura da vitória, em vez de jogar para o empate que serviria perfeitamente as nossas aspirações. Fiquei muito confiante com esta entrada no jogo, porque a equipa parecia muito segura e controlada, empurrando o Boavista para a defesa sem no entanto jogar em ataque desenfreado. Todos esperavamos o golo que nos sossegasse um pouco, mas não parecia estar fácil, até porque o Khadim estava inspirado.

O golo surgiu finalmente a apenas sete minutos do intervalo, na transformação de um penalti pelo Simão, a punir um corte com a mão do Cadu. Claro que, fiel ao meu fatalismo, desde o momento em que o Pedro Henriques (que é sem dúvida o meu árbitro português preferido) apitou, até a bola beijar as redes que passei o tempo todo a pensar 'O Simão vai falhar isto'. Mas ele não falhou, teve os nervos de um campeão e atirou o guarda-redes para um lado, e a bola para o outro. A partir daqui o meu pensamento passou a ser 'Não se deixem empatar antes do intervalo!'. Só que estamos mesmo destinados a sofrer, e na sequência de um canto, num dos raríssimos remates que o Boavista conseguiu fazer, uma desatenção da nossa defesa resultou num golo sofrido de forma infantil. Este golo foi um rude golpe na minha confiança, porque estava convencido que chegando ao intervalo a ganhar, tudo seria mais fácil.


Logo no início da segunda parte, o Simão quase marcava, mas o Khadim fez uma defesa incrível, que me fez pensar logo 'Pronto! Agora é que não marcamos de certeza!'. Este lance deu início à parte pior da tarde, em que eu só andava de um lado para o outro à frente da televisão, sem me conseguir sentar, e quase sem coragem para ver o jogo. No Dragão o FC Porto marcava, e na minha óptica o Benfica estava a ceder a iniciativa de jogo ao Boavista. Quando o Trapattoni tirou o Geovanni para meter o João Pereira desesperei, porque me parecia que estávamos a abdicar de lutar pela vitória cedo demais. Em retrospectiva, e agora que tudo está resolvido, parece-me que a minha preocupação era disparatada demais, e fruto sobretudo do nervosismo. A verdade é que não me consigo recordar de uma única oportunidade de golo do Boavista durante a segunda parte, nem sequer de uma defesa mais apertada do Quim.

A partir dos setenta minutos de jogo, o Benfica pareceu querer resolver o assunto de vez. Voltámos a crescer, o apoio da nossa fantástica massa associativa motivava a equipa, e o título estava ali tão perto. Passou-se a jogar mais no meio-campo boavisteiro, mas os minutos pareciam passar tão, tão devagar. Até que, cerca dos 88 minutos de jogo, e durante a eternidade que aqueles últimos cinco minutos demoravam, ouve-se uma explosão de alegria no Bessa. A minha querida Briosa tinha dado uma ajuda, e marcou no Dragão. O Álvaro Magalhães, como sempre com o coração muito perto da boca, começou a festejar, e as lágrimas começaram a aparecer-me nos olhos. Senti que já estava, já ninguém nos tirava este título. O jogo acabou logo a seguir, e comecei imediatamente a ouvir a euforia benfiquista lá fora.


Depois, ao longo da noite, fui vendo a nossa festa deflagrar um pouco por todo o país, e por esse mundo fora onde existem benfiquistas. Ver esta festa foi uma alegria quase comparável à do próprio título. Vila Real, Bragança, Porto, Aveiro, Covilhã, Castelo Branco, Coimbra, Lisboa, Évora, Faro, Funchal, Açores... por toda a parte a mancha vermelha invadia as ruas, e dava largas à sua alegria. E depois por esse mundo fora: Genève, Paris, Bruxelas, Newark, Maputo, Luanda, Bissau... soube tão bem ver toda esta festa, que foi apenas manchada pela atitude de um punhado de energúmenos (que eu seguramente não confundo com os adeptos portistas em geral) que na escala evolucional do homem estagnou algures na época do Cro Magnon e do Neanderthal (até vinham armados com as tradicionais clavas). Mas as imagens que vi do trajecto do autocarro da nossa equipa, e da chegada ao Aeroporto Sá Carneiro foram por demais evidentes da realidade que estes animais tentavam à força esconder. É que há mesmo muito vermelho no Porto!


E a festa terminou já depois das quatro da manhã, num Estádio da Luz quase cheio (onde eu me incluo), numa demonstração de fervor clubístico como há muito não via. Naqueles momentos, só me vinha à cabeça a frase inicial do nosso hino: "Sou do Benfica, e isso me envaidece!".

domingo, maio 22, 2005

Acabou!

It's coming home
It's coming home
It's coming
Football's coming home!

Não tenho vergonha de admitir que estou com lágrimas nos olhos enquanto escrevo estas linhas e ouço os festejos lá fora. Acabou. Somos campeões e a nação vermelha liberta a alegria que esteve contida durante todos estes anos. Sobre o jogo não vale a pena falar agora. Agora é tempo de festejar.

Obviamente que o título deste blog mudou. Adeus tristeza. É tão bom ser do Benfica!

Longo

Gostava de poder escrever alguma coisa sobre o jogo de logo, mas não tenho cabeça para o fazer. Este é talvez o fim-de-semana mais longo da minha vida de adepto do Benfica. Já assisti a finais da Taça dos Campeões, a muitos outros jogos decisivos, mas nenhum me deu tanta ansiedade. Tenho-me sentido enjoado o dia todo, e nem tenho conseguido ouvir falar do jogo, senão fico uma pilha de nervos. Quando na televisão começam a fazer antevisões, mudo de canal. É em alturas como estas que eu me apercebo do quanto eu amo o meu clube. Estamos tão perto do sonho, que é quase possível tocar-lhe. Eu não quero ganhar contra ninguém, não quero ganhar para que outros fiquem chateados. Quero ganhar para poder ver a nossa alegria nas ruas, para que uma massa associativa que tanto sofre com o clube do seu coração possa, enfim, sorrir.

sexta-feira, maio 20, 2005

Estupefacto

O que é isto? Mas que raio de ideias mesquinhas passam pelas cabecinhas desta gente? Será que têm uma mentalidade tão limitada, que caso não vençam o campeonato querem tirar prazer do facto de intimidarem e tentarem impedir a festa dos adeptos benfiquistas? Se a Juve Leo pensasse assim, se calhar também convocava uma celebração para o Marquês de Pombal, não? Não há quem incuta um bocadinho de bom senso neste pessoal?

quinta-feira, maio 19, 2005

Amigos

Hoje já li algumas notícias que dão conta que os adeptos do CSKA andaram ontem diversas vezes a gritar pelo Benfica. Eu bem que achava que tinha razões para simpatizar com eles. Afinal, até jogam de vermelho.

Ainda assim, a minha simpatia pelo CSKA não vai ao ponto de andar pelas ruas a festejar a vitória deles. Nem eu, nem (que eu saiba) outros adeptos benfiquistas. Ao contrário de certos adeptos de outros clubes, que fazem disso uma tradição de cada vez que perdemos um jogo importante (como bem recorda o meu caro HMémnon neste post). Ele é honesto, e revela aquilo que realmente sente em relação à final de ontem. Eu fico-me mais ou menos como ele, ou seja, pelo meio. Por um lado, e dadas as sucessivas provas de antibenfiquismo que os outros insistem em dar, sinto me parvo se estiver a sofrer pelas outras equipas portuguesas na Europa (quando o FCP ganhou a UEFA estava sozinho num quarto de hotel na Alemanha, e fiz tanto barulho que me vieram bater à porta - isso mudou quando na época seguinte os SD foram receber a Lazio ao aeroporto). Mas ainda me sinto culpado se estiver a torcer pelos adversários. Por isso é que na maior parte das vezes escolho não me chatear, e ficar sem ver o jogo.

terça-feira, maio 17, 2005

Curtas

- Este fim-de-semana o nosso futsal voltou a dar uma alegria aos benfiquistas, ao conquistar a Taça de Portugal. Começa agora o playoff do campeonato, em que o Benfica parte como principal favorito, após ter vencido a fase regular. Pode ser que, a exemplo do voleibol, consigamos mais uma dobradinha numa das modalidades, o que é um feito de realce se nos recordarmos do estado em que as nossas modalidades se encontravam ainda há bem pouco tempo. Entretanto a direcção do SLB anunciou que na próxima temporada contribuirá com 200.000 euros para o futsal, o que me agrada bastante, dado que desde que foi fundada (graças à dedicação de Luís Moreira), esta modalidade só tem dado alegrias aos benfiquistas.



- Também este fim-de-semana, a nossa equipa B sagrou-se campeã da Série E da 3ª Divisão. Após um péssimo primeiro ano, em que foi despromovida da 2ª Divisão B, a equipa B parece agora ser um projecto bem organizado, que permite uma melhor transição dos jogadores das nossas escolas para o futebol sénior, em vez de ser uma espécie de refugo para os jogadores sem lugar no plantel principal como o era na época de estreia. Julgo que todos os benfiquistas sentem especial prazer em ver jogadores formados nas nossas escolas jogarem na equipa principal (não é por acaso que jogadores como o Moreira ou o Manuel Fernandes são dos mais acarinhados pelos benfiquistas). Julgo que, a manter-se o projecto para os escalões de formação, poderemos passar a ter no plantel principal muitos mais jogadores formados no Benfica. E já há alguns nomes que podemos começar a fixar, como Hélio Roque, João Vilela, Manuel Curto, Vasco Firmino, João Coimbra, ou Tiago Gomes, por exemplo.

- O Labreca resolveu agora lembrar-se que afinal sofreu falta do Luisão no lance do golo do passado Sábado. Foi tão evidente, tão evidente que o desgraçado do rapaz até caiu de costas. Estranhamente, o que ele se lembrou de protestar na altura foi que o Luisão tinha marcado o golo com a mão. Deve ter levado uma pancada tão forte do Luisão que na altura ficou amnésico. Claro que para a grandíssima maioria dos adeptos do Lumiar, foi mesmo falta. Honra seja feita a dirigentes lúcidos como o Filipe Soares Franco, ou o Manolo Vidal, que disseram aquilo que toda a gente viu: o lance é limpo. E o mais giro é que para os adeptos que insistem que foi falta, isto só contribui para os irritar mais. Mas verdade seja dita que pelo menos os adeptos que eu conheço pessoalmente acham todos que o lance foi um enormíssimo frango do Labreca.



Ainda em relação ao jogo, tenho andado a reflectir sobre o facto das claques do Lumiar terem já uma faixa preparada a dizer 'Paraty resolve'. Eu acho que isto diz tudo sobre a mentalidade daquela gente. Mesmo antes do jogo começar, já tinham arranjado uma desculpa para uma eventual derrota da sua equipa. A desculpa nem sequer é original, porque é sempre a mesma: eles nunca perdem por razões normais, é sempre por influência do sistema/árbitro/clima/Deus/Diabo/estado da relva/etc. Esta observação é especialmente dirigida ao meu amigo Harry Lime, que gosta muito de acusar-nos de nos estarmos sempre a desculpar com os árbitros. Sinceramente, nunca na minha vida vi desculpa mais montypythoniana do que acusar o Paulo Paraty de benfiquismo(!).

- Uma dúvida me assalta: amanhã não se joga uma final de uma competição europeia em Portugal? Na qual até participa uma equipa portuguesa? (eu sei que, dada a euforia com que eles costumam festejar as nossas derrotas na Europa*, às vezes até parece que não somos do mesmo país, mas pronto). É que hoje fui comprar o jornal, e a na maioria das capas dos desportivos a notícia de maior destaque é que o Trapattoni vai sair do Benfica no final da temporada, e que existe um grande mal-estar no interior do Benfica por este facto... vá-se lá perceber certos critérios jornalísticos.

- Confesso-me francamente incomodado com os excessos de euforia dos nossos adeptos no passado Sábado, especialmente com os festejos no Marquês. Bem sei que estamos há dez anos à espera, e a vontade de festejar é muita, mas como sou um tipo pessimista, detesto euforias antecipadas. Isto assim começa a assumir contornos de uma tragédia grega, e se alguma hecatombe acontecer no próximo fim-de-semana (knock on wood...), vai doer muito, muito mais.

*Tenho, por exemplo, um vizinho que é adepto do clube do Lumiar, mas que assiste a todos os jogos do Benfica, e que quando sofremos um golo nas competições europeias chega a ir para a janela dar urros de satisfação e celebração. Isto é muito mais do que um pet hate. Isto é dedicação pura (OK, isto é apenas um eufemismo para 'loucura').

sábado, maio 14, 2005

Danoninho

Pois é... agora falta-nos só um bocadinho 'assim' para festejarmos o título. Mas hoje demos um passo de gigante na direcção certa.


Desde o início do jogo que fiquei com a impressão que os nossos adversários se apresentaram em campo com o intuito de controlar o jogo, e se possível preservar o empate. Não censuro esta atitude, porque eles têm um jogo importante na quarta-feira, e o empate servir-lhes-ia perfeitamente. Além de que, tendo a defesa do Benfica uma estranha apetência pela auto-flagelação, poderia sempre surgir uma oportunidade de matar o jogo (e o campeonato). O Benfica acabou por ter um ligeiro domínio durante a primeira parte, mas nunca foi avassalador, e as oportunidades de golo foram poucas. Tudo parecia, portanto, estar a correr de acordo com o que eram os planos aparentes do pessoal do Lumiar, até porque o ritmo de jogo não estava a ser muito elevado, e isto permitia-lhes preservar os jogadores para a final da UEFA.

Na segunda parte o Benfica entrou mais decidido, e logo a abrir um passe do Manuel Fernandes colocou o Simão na cara do Ricardo, mas ele atrapalhou-se e acabou por não conseguir marcar. Agora o nosso domínio era mais evidente, mas era importante conseguirmos marcar, o que estava a parecer difícil. Quando o Simão, desta vez após passe do Nuno Assis, voltou a falhar uma oportunidade flagrante confesso que comecei a perder a esperança. Até porque os nossos adversários pareciam agora estar determinados em passar a pressão para o nosso lado, e dispuseram de dois bons remates (Rochenback de livre, e logo a seguir do recém entrado Hugo Viana). O Miguel entretanto já tinha dado um estoiro enorme, e era o Geovanni (grande jogo!) que fazia quase exclusivamente as despesas todas do corredor direito.


Foi já depois de o Trapattoni ter finalmente decidido arriscar mais, com a entrada do Mantorras para o lugar do Miguel e o recuo do Geovanni para lateral direito(!), que o Benfica marcou: livre do Petit para a entrada da pequena área, e o Luisão a chegar com a cabeça onde o Ricardo não chegou com os braços. Pareceu-me um frango do Ricardo, mas ele resolveu reclamar não sei o quê com o árbitro. O que interessa é que o golo valeu, e agora estávamos em vantagem a cinco minutos do fim. O jogo acabou aí, porque o Benfica, da forma mais italiana possível, conseguiu gastar cerca de dez minutos (contando com os descontos) sem que houvesse praticamente um lance de bola corrida que durasse mais de 10 segundos. Para ajudar à festa, o cretino do Beto (quem me conhece sabe bem a opinião que eu tenho sobre este facínora que assombra os campos portugueses - o maior bluff das duas últimas décadas (pelo menos) do futebol português) conseguiu ser expulso. Aliás, ele já tinha tido uma entrada típica das dele sobre o Nuno Assis que me tinha deixado furioso. É nestas alturas que eu sinto umas saudades danadas do Mozer...

Não fizemos uma exibição brilhante, mas julgo que fomos a melhor equipa em campo, e a vitória fica-nos bem, até porque fomos quem mais quis ganhar. Conforme referido, gostei muito da exibição do Geovanni. Ele não é um dos jogadores mais amados na Luz, mas eu nunca consegui criticá-lo, porque sou um admirador dele e acho que é dos jogadores que, quando inspirado, tem mais capacidade para resolver um jogo. Acho que todos os jogadores estiveram bem, incluindo o Quim, que resolveu os lances mais difíceis que teve. O Nuno Assis merece uma referência pela boa segunda parte que fez, e o Simão também esteve bem (pena a má finalização).


Apesar de ainda não podermos festejar o título, pelo menos o jogo de hoje dá-me dois motivos de satisfação: afastámos definitivamente o clube (e adeptos) mais pedante da discussão do título, e garantimos já a entrada directa na Champions League da próxima época. Mas não consigo juntar-me à euforia que vejo pelas ruas de Lisboa. Nestas coisas sou muito desconfiado. Entretanto, vou fazer a minha boa acção de caridade anual para com o pessoal do Lumiar, e vou ceder o meu bilhete da final da Taça UEFA a um amigo meu que sofre por eles. Sempre é mais uma voz a gritar pelo clube do avozinho, e menos uma a torcer pelo CSKA. Assim não preciso de ver o jogo, e já não me incomodo a sofrer por uma equipa russa.

Como habitualmente, escrevo isto sem ter ainda visto qualquer resumo do jogo, ou repetição de lances polémicos na TV. Mas vai uma apostinha que para o pessoal do Lumiar, o culpado da derrota é o Paraty?

P.S.- Já consegui apanhar um resumo do jogo. Afinal o lance do nosso golo é ainda mais ridículo do que pensava. É que o frango do Ricardo é ainda mais flagrante: ele chegou mesmo lá com as mãos, mas depois deixou escorregar a bola e ela caiu em cima da cabeça do Luisão. Mas o mais engraçado mesmo é ver a repetição em câmara lenta dos protestos do Ricardo. Ainda conseguiria compreender se ele se queixasse de ter sido carregado (não foi, mas neste tipo de lances é fácil os árbitros ficarem com dúvidas). Mas não, reparem na boca dele na repetição. O que ele berra a plenos pulmões para o árbitro é: 'Mão! Foi com a mão!'. Pois é... é o que dá fazer-se a cruzamentos de olhos fechados ;)

terça-feira, maio 10, 2005

Perspectiva

Bem, pelo que acabei de me informar, perdemos em Penafiel, e consequentemente cedemos a liderança na Superliga. Um olhar pelos jornais online mostra-me que o Benfica terá jogado francamente mal no fim-de-semana, e que ficámos a queixar-nos da arbitragem do Pedro Proença. Não tendo visto o jogo ou os lances em questão, apenas posso dizer que não me surpreenderia que o árbitro tivesse feito asneira. É que gostam tanto de fazer um escarcéu sobre o facto do Pedro Proença ser benfiquista, que o homem deve actuar condicionado sempre que nos arbitra. E independentemente de terem havido falhas do árbitro ou não, o que interessa é que uma equipa que quer ser campeã não pode perder com o Penafiel. Ainda assim, nada está perdido. Uma vitória no próximo fim-de-semana volta a colocar tudo em ordem, e se esta acontecer por dois golos de diferença tira todas as possibilidades do pessoal do Lumiar ser campeão.

De qualquer forma, preocupo-me com isso quando regressar. Agora estou a milhares de quilómetros de distância, e neste momento estou mais preocupado em aproveitar esta conferência para aprender o máximo, e em apreciar uma cidade linda, na companhia de uma mulher fantástica. Em face disto, essas preocupações parecem-me todas irrisórias. Sabe-me bem conseguir pôr as coisas em perspectiva.

quinta-feira, maio 05, 2005

Ausência

Por motivos profissionais, amanhã estarei a caminho de uma das cidades que mais adoro no mundo: Viena. Como ficarei por lá durante a próxima semana toda, não poderei acompanhar o importante jogo da nossa equipa este fim-de-semana em Penafiel (vai ser o primeiro jogo do Benfica que não vejo esta época). Provavelmente este espaço deverá ficar sem actualizações durante esta minha ausência. Se não houver imprevistos, estarei de regresso no Sábado, dia 14, a tempo de ir à Luz assistir ao derby que, se tudo correr bem em Penafiel, poderá ser decisivo na corrida ao título.

Até lá, saudações benfiquistas a todos, e força Benfica!

terça-feira, maio 03, 2005

Finalmente

A direcção do nosso clube decidiu assumir uma posição, e avançar com queixas-crime contra dois 'comentadores' desportivos:

"
A Direcção do Sport Lisboa e Benfica informa os Sócios e adeptos do Clube que vai apresentar queixas-crimes contra os comentadores televisivo e radiofónico, respectivamente, José Dias Ferreira e João Braga, por força das declarações proferidas pelos mesmos nos programas “Dia Seguinte”, da Sic Notícias e “Artistas da Bola”, da RDP 1.
José Dias Ferreira afirmou o jogo foi vendido por forma a entregar o mesmo ao Benfica, classificando como “vigarice” a realização do jogo no estádio do Algarve. Já João Braga afirmou que o actual primeiro-ministro disse que o estádio do Sport Lisboa e Benfica custaria oito milhões de contos e, na realidade, acabou por custar vinte e quatro milhões, concluindo que era bom que se investigasse a diferença de valores e associando a mesma a off shores."

A minha opinião: muito bem! Já há algum tempo que me irrita profundamente a impunidade com que estas pessoas difamam o Sport Lisboa e Benfica, aproveitando a sua posição para darem vazão ao seu ódio pelo nosso clube. E não estou a falar de comentários sobre más arbitragens, que esses são e serão sempre normais entre adeptos de futebol; estou a falar de verdadeiras enormidades e acusações graves e descabidas que estas pessoas não têm pejo em fazer ao Benfica. Acusações essas para as quais, obviamente, não têm quaisquer tipos de provas. No fundo, o que parece é que estes senhores, que se julgam impunes, aproveitam quaisquer teorias que lhes ocorram (e com o aproximar do final do campeonato, parece que estas teorias aumentam em quantidade e em teor de disparate), para as anunciar como uma verdade absoluta, e como exemplos do enorme complot que existe neste país para suportar o Sport Lisboa e Benfica. Ao menos com esta decisão, essas pessoas terão que prestar provas daquilo que dizem. Estou curioso para ver como o farão.

Estes dois comentadores não são caso único. Há muitos mais que fazem o mesmo género de acusações. Por exemplo, ainda a semana passada, num programa da RTPN cujo nome não recordo, o Jorge Gabriel (embora considerar o Jorge Gabriel um comentador desportivo seja anedótico) debitava uma teoria absolutamente atroz sobre o facto de o Rui Duarte ter sido jogador do Veiga toda a sua vida, e dever ao Veiga o facto de ser profissional de futebol, sendo por isso estranho, nas suas palavras, que um jogador que apenas tinha visto dois amarelos durante o campeonato visse outros tantos em 25 minutos de jogo contra o Benfica. A teoria seria, portanto, que poderia haver dedo do José Veiga nesta expulsão.
Pode ser que assim algumas pessoas passem a ter um pouco mais de tento na língua antes de debitarem uma atrocidade qualquer sobre o Benfica de que se tenham lembrado naquele momento.

domingo, maio 01, 2005

Mais perto

Vencemos mais um jogo difícil, e assim conseguimos dar mais um pequeno passo na direcção do sonho. O título está agora um pouco mais perto.

Gostei de ver o Benfica jogar. Dominámos e controlámos completamente o jogo frente a uma equipa muito compacta, que sabe cobrir bem os espaços no terreno, e que sabemos ser perigosa no contra-ataque. Para além disso o Benfica soube ser paciente, e lutar pelo resultado sem entrar em ataque desenfreado, o que seria demasiado perigoso contra uma equipa como o Belenenses.


Desde o apito inicial que ficou evidente que só havia uma equipa em campo interessada em ganhar o jogo. O Benfica cedo caiu sobre o adversário, que em termos ofensivos foi inexistente durante toda a primeira parte. As oportunidades de golo foram-se sucedendo, mas pela frente encontrámos, a exemplo do que tem acontecido nas últimas jornadas, um guarda-redes inspirado (embora no caso do Marco Aurélio, dado o valor que lhe conhecemos, isso não seja surpreendente, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com o Costinha). Se, como 'A Bola' dizia a semana passada, 'Foi Deus' quem quis que ganhássemos aquele jogo, ontem parecia o contrário, pois a bola teimava em não entrar (a forma como o cabeceamento do Luisão não deu golo foi incrível).


Na segunda parte pouco se alterou: as oportunidades continuaram a suceder-se apenas para um lado, e a bola não entrava mesmo. Se aquele remate do Petit tem entrado em vez de ir aos ferros da baliza, teria sido um dos golos do campeonato. A resistência belenense foi finalmente vencida a cerca de vinte minutos do final, através de um penalty do Simão, que asim voltou a marcar após um longo jejum. Só após isto é que o Belenenses resolveu sair lá de trás, e dar um ar da sua graça. Mas mesmo assim, não conseguiram sufocar-nos, ou mesmo criar grandes oportunidades de golo (a única de que dispuseram foi-lhes oferecida pelo regressado Quim, que o Lourenço rematou para as nuvens pressionado pelo Ricardo Rocha).


Já só faltam três jogos, que de certeza nos farão sofrer tal como estes últimos. Se, conforme muitos dizem, este é o campeonato mais fraco de sempre (embora eu ache que quem diz isto é já em tom de desculpa para menosprezar uma eventual vitória do Benfica), é também de certeza um dos mais emotivos e disputados dos últimos anos. Vamos esperar que o nosso Benfica tenha força suficiente para ultrapassar os três obstáculos finais que nos separam do sonho.