quinta-feira, agosto 27, 2009

Fraco

Fraco o jogo, e fraca a atitude da nossa equipa. É certo que a eliminatória já estava praticamente decidida à partida, mas eu nunca gosto de ver o Benfica perder, e muito menos perder contra uma equipa que sabemos ser inferior à nossa, e que parecia estar a jogar num terminal de camionetas, tamanha era a chinfrineira que saía dos altifalantes do estádio com o jogo a decorrer. As alterações no onze não explicam tudo, e sobretudo não servem de justificação para a atitude passiva que tivemos durante a maior parte do jogo (particularmente irritante quando estávamos a perder). Não estávamos a lutar pelo desfecho da eliminatória, mas deveríamos ter o brio suficiente para lutar pela vitória no jogo.

Foram sete as alterações no onze relativamente ao jogo de Guimarães. 'Sobreviveram' apenas o Luisão, David Luiz (desta vez a jogar novamente à esquerda), Javi Garcia e Ramires. O jogo iniciou-se na toada esperada, ou seja, calmíssima. Ao Benfica não interessava aumentar o ritmo, e o Vorskla também não sabia muito mais. Durante a primeira parte o Benfica teve o controlo completo do jogo. Sem nunca forçar, construímos ainda assim as maiores (ou melhor, as únicas) oportunidades para marcar. Em particular, pelo Keirrison (permitiu a defesa ao guarda-redes) e pelo César Peixoto (cabeceamento a passar perto do poste, e noutra ocasião, isolado, a falhar quando tentou levantar a bola sobre o guarda-redes). Do outro lado, o Moreira foi um mero espectador, já que não me lembro de ter que fazer uma única defesa, sendo apenas chamado para pontapear bolas atrasadas pelos colegas. O nulo ao intervalo até se aceitava, mas tudo indicava que, a alterar-se a situação, seria da parte do Benfica.

Para a segunda parte veio o Saviola no lugar do desinspirado Nuno Gomes, e tudo parecia que iria continuar na mesma, mas num contra-ataque o Vorskla chegou cedo ao golo, no primeiro remate que fez à nossa baliza. Culpas do Moreira no lance, que saiu ao cruzamento vindo da esquerda e não o conseguiu interceptar, deixando um golo fácil para o único avançado ucraniano. Este golo mexeu com o jogo, que passou a ser disputado a uma velocidade maior, embora a qualidade não tenha aumentado, antes pelo contrário, piorou, já que com as duas equipas a tentar fazer tudo mais depressa multiplicaram-se os passes errados e as perdas de bola. Logo na jogada seguinte, num lance de que só tivemos a repetição, o Saviola, isolado, rematou fraco para a defesa do guarda-redes. O mesmo Saviola, aos quinze minutos desta segunda parte, aproveitou um mau corte de um defesa adversário para, completamente só, dominar e rematar para o golo. E depois disto o jogo pareceu acalmar um pouco, e quase voltar ao cenário da primeira parte. Mas a quinze minutos do final, para aí na centésima tentativa de desmarcarem o extremo direito, este conseguiu mesmo o cruzamento e na área, após um ressalto no Luisão, surgiu o extremo esquerdo russo do Vorskla, perante alguma passividade do Luís Filipe, a rematar para o golo (dois remates, dois golos). A partir daqui os ucranianos empolgaram-se, e tentaram, da forma atabalhoada que lhes era possível, voltar a marcar. Já o Benfica, salvo algumas honrosas excepções, pareceu satisfeito em tentar voltar a controlar e adormecer o jogo, trocando a bola cá atrás e tentando poucas saídas para o ataque. O apito final chegou, vencemos a eliminatória, e perdemos o jogo para os felicíssimos ucranianos.

A equipa esteve num todo discreta, mas escolhendo alguém para destacar, então são o David Luiz e o Javi García. O primeiro teve o azar de levar com um dos melhores jogadores do Vorskla do seu lado, o extremo Kulakov, e ainda por cima o Vorskla praticamente só atacava por ali. Se é verdade que os dois cruzamentos para os golos saíram do seu lado, também é verdade que foram inúmeros os cortes e recuperações de bola que efectuou, para além de ser um dos poucos jogadores que sempre se mostrou mais decidido a tentar levar a bola para o ataque (e esteve perto de marcar numa jogada individual). O segundo lutou muito no meio campo, e foi também responsável por cortar inúmeros lances de ataque do Vorskla. Para ele este jogo de certeza que não serviu para descansar. Dos 'novos', Keirrison mais uma vez muito apagado, Luís Filipe do costume, e o César alternou uma primeira parte bastante aceitável (bonito passe de calcanhar a isolar o Keirrison, por exemplo) com uma segunda parte fraquíssima.

Lá estamos na fase de grupos, conforme se exigia, mas esta noite não vou conseguir evitar andar chateado por termos perdido um jogo contra esta equipa do Vorskla. Até porque os pontos fazem sempre falta para o nosso ranking europeu.

domingo, agosto 23, 2009

Sorte

Hoje a sorte do jogo sorriu-nos, já que conseguimos a vitória mesmo ao cair do pano, num jogo que terá sido, na minha opinião, o mais fraco que vi a nossa equipa fazer esta época. Fica o mérito de nunca terem desistido, de terem lutado até ao fim, mas esperava maior capacidade da nossa equipa para se libertar do espartilho que foi armado pelo Vitória. Mas é também com vitórias em jogos destes que se pode chegar a campeão.

No onze inicial a única alteração em relação ao jogo contra o Vorskla foi a entrada do Ramires para o lugar do Coentrão. Apesar da boa exibição do Coentrão no último jogo, era uma alteração esperada, já que num jogo destes o Ramires poderia dar mais força ao meio campo e maior capacidade de recuperação de bolas. O Benfica pareceu entrar no jogo com vontade de pressionar e assumir o controlo, mas após alguns minutos o Vitória soube suster o nosso ímpeto e equilibrar a partdia. Bastaram estes primeiros minutos para nos apercebermos que isto seria um jogo complicado para nós. Isto porque jogadores como o Saviola ou o Aimar não pareciam estar nos seus dias, mostrando-se muito mais estáticos do que o habitual. O Benfica ainda introduziu a bola na baliza adversária pouco depois do primeiro quarto de hora, num cabeceamento do Cardozo a centro do Shaffer, mas o golo foi bem anulado por fora-de-jogo. As coisas definitivamente não funcionavam hoje, já que a meio campo eram demasiados os passes falhados, mesmo quando eram daqueles passes curtos aparentemente fáceis. Por isso não nos foi possível ver aquele futebol que vinha sendo habitual esta época. A grande excepção foi uma jogada entre o Di María e o Aimar, com este último a ficar isolado e a permitir a defesa ao guarda-redes. O nulo ao intervalo apenas confirmava as dificuldades que se previam.

A segunda parte foi ainda mais preocupante, porque o Benfica pareceu ainda mais preso de movimentos e controlado pelo Vitória. As trocas saídas do Saviola e do Aimar não ajudaram muito. Embora estivessem ambos a jogar abaixo do exigível, com as suas saídas perdemos ainda mais mobilidade, pese o esforço do Coentrão que, mais uma vez, entrou bem no jogo. Mas ao fim de um quarto de hora, caído do céu, surgiu um penálti a nosso favor. Foi tão evidente que nem sequer o Pedro Proença conseguiu não o apitar, só que o Cardozo, apesar de o ter marcado em força, voltou a marcar mal (rematou rasteiro para o meio da baliza), e as dificuldades acentuaram-se. A expulsão do Meireles (viu o segundo amarelo no lance do penálti) alterou o figurino do jogo. O Vitória acantonou-se no seu meio campo, procurando sair rapidamente para o contra-ataque, sobretudo através do Assis e do Targino. E o Benfica não soube tirar partido da superioridade numérica. Em vez de fazermos o óbvio, que era circular a bola em velocidade para criar espaços (o que, diga-se de passagem, face à qualidade de passe hoje evidenciada pela nossa equipa seria difícil), irritantemente optámos sobretudo pelos passes longos (em especial feitos pelos dois centrais), o que só beneficiava os dez jogadores do Vitória acantonados no seu meio campo. E só não sofremos um golo porque, após uma defesa incompleta do Quim e um ressalto feliz no Targino, a bola bateu no poste e, pouco depois, foi um corte do David Luiz a impedir o mesmo Targino de marcar. Quando já tudo apontava para um empate, o talismã Coentrão apontou um livre sobre a esquerda, e o Ramires surgiu completamente livre de marcação na área para de cabeça dar-nos a sofrida vitória.

Conforme disse anteriormente, este foi para mim o jogo menos conseguido que fizemos esta época. Muitos dos nossos jogadores mais importantes estiveram bastante abaixo do seu normal. Aimar e Saviola já foram mencionados, mas o Cardozo também esteve apagadíssimo. Com a agravante de ter falhado mais um penálti. O Keirrison não trouxe absolutamente nada de novo ao nosso jogo. O Di María não esteve particularmente inspirado, mas pelo menos louve-se o facto de nunca ter deixado de tentar, não se ter escondido e ter sempre procurado a bola. O Coentrão teve uma boa entrada, como vem sendo costume. David Luiz o melhor na defesa. O mais regular, e aquele que se exibiu a um nível mais aceitável (e mesmo que não tivesse marcado o golo, provavelmente diria o mesmo) foi o Ramires.

Jogando melhor ou pior, mais ou menos sofridamente, o mais importante foi conseguido, que foi a vitória num campo difícil. Foi preciso sorte, é certo
, e tivemo-la sobretudo por termos conseguido marcar na altura em que o fizemos. Ela faltou-nos a semana passada, e conforme disse, não podemos ter sempre azar. Desta vez calhou-nos a nós.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Nostalgia

Saí esta noite da Luz com uma disposição nostálgica. Porque o que vi foi aquilo a que me habituei, aquilo com que cresci. Chegávamos às noites europeias e ao Benfica saía-lhe ao caminho uma equipa de Leste, daquelas de quem nunca tínhamos ouvido falar. Findos os noventa minutos, do jogo na Luz, já sabíamos que dificilmente voltaríamos a ouvir falar deles, e eles levavam na bagagem uma história para contar, da vez em que visitaram o Benfica e apanharam uma tareia. E no final ainda agradeciam a experiência.

Fábio Coentrão e Shaffer de início foram as alterações relativamente ao jogo com o Marítimo. Esperava uma entrada forte do Benfica no jogo, mas a verdade é que tal não aconteceu. O que pareceu foi que entrámos numa toada um pouco mais cautelosa do que o costume, quase que estudando o adversário. Isto durou até cerca de metade da primeira parte, e durante este período cheguei a pensar que o Benfica se tinha deixado embalar pelo ritmo pausado dos ucranianos, que trocavam bem a bola entre si, mas apenas no seu próprio meio campo, já que pareciam ser incapazes de criar qualquer perigo para a nossa baliza. Depois deste período inicial, e como que acordados por um remate disparatado do David Luiz (quando poderia ter amortecido a bola para o Coentrão), o Benfica terá percebido que pouco haveria a temer, e subindo as linhas entrou num período de domínio completo do jogo, que só terminaria aos noventa minutos. Esta pressão depressa foi recompensada, já que à meia hora de jogo o Di María, aproveitando um passe(?) longo do Fábio Coentrão, ganhou em velocidade aos defesas e, isolado, picou a bola com calma sobre o guarda-redes. Em vez de abrandar com o golo, pelo contrário, o Benfica pressionou ainda mais, e esteve por várias vezes perto do segundo, em particular pelo Saviola, que só não marcou mesmo por mérito do guarda-redes adversário. Face à forma como terminámos a primeira parte, sempre em cima do adversário, o resultado de 1-0 era curto e sabia a pouco.

A segunda parte foi a continuação do final da primeira. O Benfica sempre em cima do adversário, e nós a termos a oportunidade de rever muito daquilo que tanto gostámos de ver na pré-época, nomeadamente a pressão feita sobre o portador da bola praticamente à saída da área adversária, e o jogo colectivo com a bola em constante circulação de pé para pé. Uma falta sobre o Saviola na área passados apenas sete minutos deu ao Cardozo a oportunidade de se redimir do penálti falhado contra o Marítimo, e ele fê-lo marcando o penálti como bem sabe, colocado e em força para a esquerda do guarda-redes. E dois minutos depois, o jogo ficou praticamente sentenciado quando o Cardozo devolveu o obséquio ao Saviola, e após um excelente pormenor assistiu o argentino para um golo à boca da baliza. Com três golos de vantagem seria de esperar que o Benfica abrandasse um pouco, mas nada disso aconteceu. O domínio continuou, e era fácil prever que o resultado se pudesse avolumar ainda mais, o que veio a acontecer já com o Weldon em campo, quando à Mantorras, cerca de dois minutos após ter entrado, ele aproveitou um ressalto para marcar o quarto da noite. Só depois deste golo, e com a entrada do César Peixoto em campo, que colocou o Benfica a jogar num esquema táctico diferente, em que o Weldon era o único avançado, é que as coisas abrandaram um pouco, o que até permitiu ao Vorskla subir um bocadinho, ganhar alguns cantos, e até enviar a bola na direcção da nossa baliza pela primeira e única vez. Nada que colocasse em causa a superioridade incontestável demonstrada esta noite pelo Benfica.

Uma grande quota parte da superioridade do Benfica esta noite deve-se aos suspeitos do costume, ou seja, ao trio argentino. O mais exuberante deles todos foi o Di María, mas a mobilidade do Saviola e a capacidade de organização do Aimar (para além do trabalho que fez a meio campo) foram importantes. O Cardozo ainda esteve algo abaixo do que já o vimos produzir na pré-época, mas apareceu decisivamente em vários momentos. O pormenor na assistência para o terceiro golo foi excelente e antes disso, ainda na primeira parte, já tinha com um toque de cabeça deixado o Saviola isolado na cara do guarda-redes. O Javi Garcia continua a mostrar ser fundamental em campo, muito pelo trabalho quase invisível de compensações e dobras que faz. Na defesa, destaco o David Luiz, que por vezes parecia estar em toda a parte, sobrando-lhe ainda vontade para trazer a bola para a frente.
Praticamente perfeito. E uma referência para a boa entrada do Ramires no jogo, parecendo mais solto e mais bem integrado na equipa. Por último, tenho que mencionar aquele que, a continuar neste tom, ameaça tornar-se numa nova coqueluche dos adeptos, o Fábio Coentrão. Voltou a fazer uma exibição muito positiva nos minutos em que esteve em campo, não parecendo afectado pela pancadaria a que foi sujeito pelos defesas ucranianos.

Por falar em pancadaria, uma observação sobre a arbitragem.
O Vorskla veio à Luz com exactamente as mesmas intenções do Marítimo. Ainda vi no início do jogo alguns jogadores ucranianos a deixarem-se cair assim que sentiam a proximidade de um jogador do Benfica e, com o julgamento condicionado pelas arbitragens portuguesas, ficava à espera de ouvir o inevitável apito, ficando depois surpeendido quando tal não acontecia e via o árbitro mandar o jogador em questão levantar-se. A verdade é que após alguns episódios destes os jogadores deixaram de se atirar para o chão, e nunca assistimos ao antijogo vergonhoso com que fomos brindados no fim-de-semana passado. Porque só mesmo um árbitro português (e cá dentro, porque lá fora é outra história) é que permite este tipo de comportamento sistemático. Não sei quem era o árbitro esta noite. Mas coisas tornam-se muito mais fáceis quando um árbitro assinala as faltas que ele julga serem-no, independentemente da zona do terreno onde os lances ocorrem; quando ele manda seguir o jogo quando julga não haver qualquer falta, em vez de interromper o jogo de cada vez que um jogador se deixa cair; quando mostra cartões amarelos pelos motivos correctos, ou seja, faltas duras ou persistência no comportamento faltoso; e ainda quando ordena a entrada de assistência médica por dá cá aquela palha.

A eliminatória está agora praticamente decidida, não só pelo resultado confortável, mas também pela demonstração da enorme diferença de classe que existe entre as duas equipas. Foi muito bom ver o Benfica fazer num jogo oficial o mesmo que o vi fazer durante toda a pré-época.

terça-feira, agosto 18, 2009

Entretenimento

Hoje fiz algo que não é muito habitual: entreti-me a ver um jogo de uma equipa que detesto, a contar para a pré-eliminatória da Champions League. Talvez o termo 'detesto' seja algo forte, mas a verdade é que, por mais boa vontade que tenha, é-me impossível simpatizar com uma equipa que utiliza camisolas que parecem feitas com as lonas das barracas da praia da Figueira. A equipa visitante era à partida a favorita para o jogo. Joga num campeonato com mais qualidade, tem melhores jogadores, e um treinador mais talentoso e experiente.

Mas após ter visto o jogo, tenho que dar o braço a torcer: a equipa visitada, apoiada por um público fantástico que encheu as bancadas do seu estádio, fez das tripas coração e até conseguiu disfarçar as suas fragilidades e falta de talento, equilibrando a partida durante largos períodos, e dando mesmo a ideia de que poderia conseguir uma surpresa no resultado. Para piorar, teve ainda o azar da arbitragem não ter sido nada amiga, com algumas decisões que, a serem tomadas ao contrário, poderiam ter ditado outro resultado. Mas no final, imperou a lei do mais forte, e os visitantes acabaram por sair com um resultado que os coloca em vantagem na eliminatória. De qualquer forma, não tenho problemas em admitir mérito a uma equipa, mesmo que eu a deteste, quando assim lhe é devido. Rendo-me por isso às evidências e admito que a equipa visitada está de parabéns pela raça demonstrada, por terem lutado do primeiro ao último minuto, e por terem contado com um público fantástico que se dedicou exclusivamente a apoiá-los durante todo o jogo.

Infelizmente para eles quando se pode, como a equipa visitante, contar com jogadores como Fábregas, Van Persie, Gallas ou Arshavin, a sorte está sempre mais inclinada a sorrir-lhes.

domingo, agosto 16, 2009

Injustíssimo

Foi um duro contacto com a realidade do campeonato português esta noite. Reviver um cenário tantas vezes repetido. Encontrar pela frente uma equipa que apenas quer, a todo custo, evitar a derrota; que nada - nada - faz para vencer o jogo, que desde o primeiro minuto adopta as técnicas mais grosseiras de desperdício de tempo (e tendo em conta a regularidade com que isto acontece quando jogamos contra equipas orientadas por ele, ninguém me consegue convencer que isto não são instruções específicas do merdas do Carvalhal - peço desculpa pelo termo, mas aquele tipo não me merece o mínimo de respeito) e que, por ironia do destino, parece ter toda a sorte do mundo do seu lado. É a bola que bate no poste, é o guarda-redes que arranca uma exibição impossível, é o golo que cai do céu praticamente na primeira e única vez que entram na nossa área, são as oportunidades desperdiçadas em catadupa pelos nossos jogadores, tudo parece estar contra nós. No final saimos do estádio com uma tremenda sensação de injustiça.

Claro que isto não é apenas o destino, o Benfica também se pode queixar de si próprio. A primeira parte foi, comparativamente ao que produzimos na pré-época, mais fraca, sobretudo por falta de velocidade. Houve menos Aimar e Saviola; apesar de bastante activo, menos inspiração do Di María e, sobretudo, muito menos Cardozo, que hoje parecia estar naqueles dias em que se ficasse lá o resto da noite provavelmente não marcaria. Os dois laterais adaptados, David Luiz à esquerda e Rúben Amorim à direita, talvez dêem segurança defensiva mas tiram-nos dinâmica ofensiva. Cedo perdemos o Carlos Martins (num lance em que é ele quem faz uma falta desnecessária à entrada da área adversária), mas não ficámos a perder com a entrada do Coentrão. O Aimar ainda acertou na barra, num livre, mas a
primeira parte, pelo menos nos períodos em que se conseguiu jogar (entre as sucessivas assistências médicas ao guarda-redes do Marítimo) já deixava antever que, perante uma equipa que defendia com unhas e dentes, colocando dez jogadores acantonados num espaço de menos de quarenta metros à frente da sua baliza, a nossa tarefa não seria fácil. Mais difícil ficou quando, caída do céu, a vantagem chegou para o Marítimo, através de um penálti, e até ao intervalo não conseguimos ameaçar a baliza adversária em muitas ocasiões.

A segunda parte pode resumir-se na palavra 'massacre'. O mote foi dado nos primeiros minutos, com o guarda-redes adversário, miraculosamente recuperado da fractura múltipla de vértebras de que parecia padecer, defendeu de forma incrível um cabeceamento do Coentrão. A partir daqui foi um festival de oportunidades criadas e de defesas em catadupa ou de falhanços da nossa parte. O Marítimo foi simplesmente inexistente durante a segunda parte, em que o Benfica tudo tentou para chegar ao golo, mas parecia estar escrito que esta seria uma noite de desilusão. Uma estatística chegou a mostrar o incrível número de 75% de posse de bola para as nossas cores, mas quanto ao que realmente interessa, que é a bola entrar na baliza adversária, nada feito. O Benfica já jogava com o Coentrão a lateral-esquerdo, e com três avançados em campo, mas
nem sequer de penálti lá chegávamos. Até nem me pareceu que o penálti tivesse sido particularmente mal marcado pelo Cardozo, mas o guarda-redes voou e foi lá buscar a bola. Só muito perto do final, a cerca de três minutos, conseguimos evitar aquilo que seria uma injustiça ainda maior quando, tal como tantas vezes aconteceu na pré-época, o Coentrão marcou um livre para a área que proporcionou um cabeceamento vitorioso. Foi do Weldon, que saiu do banco para marcar. E apesar do pouco tempo que restava para o apito final, ainda conseguimos criar pelo menos três oportunidades para vencer o jogo, mas a falta de acerto dos nossos jogadores acabou por ditar o injustíssimo empate final. A equipa saiu do campo sob aplausos; um reconhecimento justo do esforço que fizeram para alcançar o que seria uma merecida vitória.

Do jogo de hoje resulta sobretudo frustração. Se é para escolher alguém para elogiar, digo que gostei do Coentrão e do Javi García. Menos bem o Cardozo, que nem de penálti conseguiu marcar.

Tanta falta de sorte não se pode repetir muitas vezes. Hoje jogámos mais do que o suficiente não para ganhar, mas para golear. Melhores dias, espero, virão.

domingo, agosto 09, 2009

Eusébio Cup


Mais um bom jogo do Benfica na pré-época, e mais um troféu conquistado, embora este tenha talvez sido, na minha opinião, um jogo algo menos exuberante do que outros que vimos anteriormente. Muito por culpa, claro, do adversário, que para além do valor e experiência que tem, nem mesmo num amigável deixou de jogar 'à italiana', conseguindo adormecer o ritmo de jogo e, cinicamente, marcar perto do final o golo de um empate que, face ao que se passou em campo, pouco mereceu. Só lhes faltou mesmo a vitória nos penáltis para que tivesse sido um jogo plenamente à italiana.

O primeiro facto a destacar é mesmo a casa praticamente cheia: mais de 62.000 benfiquistas acorreram hoje à Luz, para ver e apoiar a sua equipa num jogo amigável de pré-época. Dá para imaginar o que poderá ser se o Benfica mantiver este nível de exibições nos jogos oficiais? O Benfica, que apresentou o David Luiz na esquerda da defesa, o Rúben Amorim na direita, e o Quim na baliza como 'novidades', entrou no jogo a todo o gás, conseguindo rematar e ameaçar a baliza do Milan por várias vezes nos primeiros minutos. A receita foi a do costume: muita pressão sobre o portador da bola, a começar ainda no meio campo adversário, e uma vez recuperada a bola, progressões rápidas com vários passes curtos e ao primeiro toque, ou então sendo o Aimar a tomar a iniciativa de levar ele próprio a bola para o ataque. Mas ao fim do primeiro quarto de hora já o Milan tinha conseguido adormecer o jogo, para um ritmo mais do seu agrado, em que conseguiam guardar um pouco mais a bola. O Benfica deixou-se embalar um pouco nisto, e também diminuiu a velocidade, mas não deixou de ser superior no jogo, e de criar oportunidades para marcar. Em várias delas pareceu-me que faltou até algum egoísmo aos jogadores, já que em vez de rematarem preferiam fazer mais um passe para um colega aparentemente em melhor posição, mas este último passe hoje não saiu tão bem. O intervalo chegou assim com o nulo no marcador.

Na segunda parte, voltámos a ver o Benfica a entrar decidido e com mais velocidade, e depois de algumas ameaças, o Benfica chegou finalmente ao merecido golo. Na esquerda, ainda a alguma distância da área, o Shaffer (entretanto entrado para o lugar do David Luiz) fez um cruzamento fantástico, que só por si já era meio golo, e no centro da área, entre os defesas milaneses, apareceu o inevitável Cardozo a cabecear para as redes. Pouco depois o Benfica começou a fazer diversas substituições, e o nosso jogo perdeu alguma qualidade e velocidade, em particular após a saída do Aimar. Nos últimos dez minutos de jogo o Milan forçou na busca do golo do empate, e a três minutos do final, após uma jogada em que o Alexandre Pato 'sentou' o Patric na direita, o Sídnei acabou por fazer um autogolo, na tentativa de impedir o golo do Borriello à boca da baliza. Com o empate, foi necessário recorrer aos penáltis, e nestes, ao contrário do ano passado contra o Inter, o Benfica foi o mais feliz, com o Quim a adivinhar quatro dos pontapés do Milan, mantendo assim em casa o troféu do 'nosso' Eusébio.

Entre os melhores de hoje queria destacar o jogo feito pelo Javi Garcia. Dadas as tarefas que executa em campo, seria fácil ele passar despercebido, mas a forma como ele se movimenta, compensando os colegas e tapando buracos, é importantíssima. Parece ter um óptimo sentido posicional, e mata inúmeros lances antes mesmo da nossa defesa chegar a ser incomodada. Gostei também dos dois centrais, apesar do autogolo do Sídnei (e de uma escorregadela na primeira parte que provocou arrepios). Estiveram quase sempre seguros, e ganharam praticamente todos os lances que disputaram. O Aimar esteve um pouco mais discreto hoje (tal como o Di María) e menos incisivo no passe, mas é notória a importância que ele tem na qualidade e velocidade do nosso jogo. Menos bem, pareceram-me os dois laterais. O David Luiz conseguiu irritar-me mais nos seus envolvimentos em lances de ataque, já demorou a soltar a bola e perdeu-a inutilmente em algumas ocasiões. Já o Rúben, apesar de esforçado e de ter tido boas intervenções, não me pareceu ter passado com distinção no teste da difícil tarefa de substituir o Maxi. Melhorou um pouco, obviamente, quando subiu para o meio campo, mas ainda assim pareceu-me que esteve algo desleixado no apoio defensivo pelo seu lado. O Patric, quando entrou para esse lado, esteve muito pior, mas conforme disse, também teve pouco apoio do Rúben. Parece-me que neste momento ele estará algo nervoso por as coisas não lhe andarem a correr muito bem (e o penálti que marcou mostrou isso mesmo).

E pronto, terminou uma pré-época como há muito não víamos. Vamos esperar que possamos levar este bom momento para os jogos que se seguem. O próximo é daqui a uma semana, e é já a doer. E espero mais uma casa quase cheia a apoiar o nosso Benfica.

domingo, agosto 02, 2009

Guimarães

Na minha opinião, o Benfica fez bem em fazer alinhar de início uma equipa de segundas escolhas contra o Vitória de Guimarães. Só demonstra boa educação para com os anfitriões do torneio, que assim se calhar até pensaram que poderiam vencer; e por outro lado sempre foram quarenta e cinco minutos em que se pouparam as canelas e os queixos de alguns dos nossos jogadores mais importantes às carícias afectuosas do Flávio Meireles. No final, vencemos na mesma, e o facto de termos vencido fazendo alinhar de início esta equipa 'secundária', num jogo arbitrado pelo inefável Jorge Sousa (cuja equipa nos presenteou com várias das idiossincrasias da arbitragem portuguesa, tais como inúmeras interrupções desnecessárias do jogo, foras de jogo incrivelmente mal assinalados, ou critérios para assinalar faltas completamente aleatórios) só reforça os nossos níveis de confiança, porque este jogo terá sido muito semelhante ao que iremos enfrentar no campeonato.

No onze inicial, potenciais titulares só talvez três ou quatro (Moreira, Shaffer, Luisão e David Luiz). De resto, oportunidades para outros jogadores mostrarem o seu valor. Patric na direita da defesa; Yebda, Urreta, Carlos Martins e Coentrão no meio campo; e a dupla de avançados constituída pelo Nuno Gomes e Weldon. O Benfica entrou bem no jogo, criando uma boa oportunidade logo nos minutos iniciais num remate do Weldon, mas o jogo acabou por ficar mais equilibrado nos minutos que se seguiram. Notou-se, no que diz respeito à capacidade para pressionarmos bem junto da área adversária, a ausência de jogadores como Aimar, Saviola e Di María, que têm vindo a fazer esse trabalho. O Benfica ainda assim dispôs de uma oportunidade flagrante para marcar, quando após um pontapé do Moreira o Coentrão conseguiu isolar-se, vendo o seu remate defendido pelo guarda-redes adversário, para depois a recarga do Weldon passar por cima da baliza. Nos minutos finais da primeira parte, o Benfica esteve mais forte, e chegou mesmo ao golo, em mais uma bonita jogada de ataque, onde o Urreta, desmarcado pelo Nuno Gomes, centrou rasteiro para a entrada do Weldon ao segundo poste. Reservas, segundas escolhas, ou seja lá o que lhes chamem, são pelo menos suficientes para bater o Vitória nos primeiros quarenta e cinco minutos.

Para a segunda parte, houve as previsíveis alterações, e voltámos a ver algumas daquelas que têm sido as características do nosso futebol nesta pré-época. Acima de tudo, aquela sensação que tenho de cada vez que passamos do meio campo que aquilo é uma potencial jogada de perigo, e que poderemos marcar. E para mim, a principal diferença é a presença do Aimar em campo. Ele é o cérebro do nosso futebol, e parece aparecer um pouco por toda a parte, a recuperar bolas ainda à entrada da nossa área e a lançar os ataques. Foi aliás ele quem lançou o Saviola pela esquerda (vá lá que não lhe assinalaram fora de jogo), para que este mostrasse mais uma vez não ser nada egoísta, assistindo o Rúben Amorim ao segundo poste para um golo quase tirado a papel químico do primeiro. Ainda poderíamos ter marcado mais até final, em particular em dois remates do Cardozo, mas o dois a zero foi suficiente para vencermos o torneio, e deixar vincada a nossa superioridade.

Na primeira parte gostei do Coentrão e do Weldon. Confesso que torci o nariz à sua contratação, mas se ele veio para fazer aquilo que mostrou hoje (sobretudo a capacidade de movimentação e velocidade com a bola nos pés), então poderá ser um jogador muio útil durante a época. O David Luiz esteve mais uma vez em bom plano, e quanto ao Shaffer, esteve hoje bastante mais comedido a atacar, preocupando-se mais com as tarefas defensivas que, no meu entender, cumpriu bem. Já o Patric, não se saiu particularmente bem na tarefa difícil de substituir o Maxi. Não teve falhas escandalosas, mas nota-se bem a ausência do titular. Na segunda parte, Aimar e Di María foram dos que deram mais nas vistas.

Mais um torneio de pré-época conquistado, mas como diz o treinador, a partir de dia 16 é que conta. Para já, estas vitórias vão-nos dando confiança e alimentando a nossa esperança.

P.S.- Fantástico o apoio que o Benfica teve em Guimarães, isto num jogo a feijões. Só de imaginar o que poderá ser a onda vermelha que acompanhará a nossa equipa, caso o Benfica consiga levar esta boa forma para a época oficial, dá-me vontade de sorrir.

Portsmouth

Creio que o jogo desta noite, sobretudo durante a primeira parte, esteve perto da perfeição. Por norma não gosto muito de me deixar levar pelo entusiasmo típico da pré-época, para depois não sofrer grandes desilusões, mas face ao que venho vendo o Benfica produzir, é difícil não me deixar contagiar, e alimentar a esperança naquilo que poderemos fazer esta época.

Na constituição da equipa, de notar a colocação do David Luíz na esquerda, a estreia esta época do Sídnei, o Rúben Amorim no lugar que em princípio será do Ramires, e a escolha do Quim para a baliza. Quanto à primeira parte, ela pode resumir-se a um domínio incessante do Benfica. Os jogadores voltaram a pressionar o adversário bem dentro do seu meio campo, o que não apenas os impediu de atacar, mas também de conseguirem ter posse de bola digna desse nome. Os números ao intervalo ilustravam bem isto: 68% de posse de bola para o Benfica, e nem um único remate do Portsmouth. O Benfica começou desde cedo a ameaçar o golo, e acabou por consegui-lo após um quarto de hora de jogo, quando o Cardozo apontou um penálti transformado em livre pelo senhor Paulo Costa de forma exemplar, colocando a bola no ângulo (tomando um simples passo de balanço; não foi preciso mais). O segundo golo até poderia até ter surgido antes, tamanha foi a produção ofensiva do Benfica, mas apareceu aos 36 minutos, em mais uma bonita jogada de ataque. Após mais uma das inúmeras recuperações de bola logo sobre a linha do meio campo, pelo Di María, a bola passou pelos pés do Saviola, Aimar, Di María novamente, e este centrou para o Cardozo aparecer ao segundo poste a marcar, fazendo o resultado com que se saiu para o intervalo.

Para a segunda parte, já sem o Cardozo, o Benfica surgiu num ritmo um pouco mais pausado, o que até acabou por permitir ao Portsmouth passar do meio campo (só não sei se chegaram a conseguir fazer um remate que fosse à nossa baliza, porque eu sinceramente não me consigo recordar de nenhum). Mas o controlo do jogo nunca nos fugiu, e acabámos por marcar mais dois golos. Deu ainda para vermos a estreia do Keirrison, que jogou apenas um quarto de hora e naturalmente não teve oportunidades para mostrar muito. O primeiro golo surgiu em mais uma boa jogada de ataque, feita de uma forma que até pareceu fácil: sempre pela direita, a bola do Rúben para o Saviola, deste para o Carlos Martins, e depois um bom cruzamento para a boa finalização de cabeça do Weldon. E o quarto golo veio novamente da direita, onde o Di María, desmarcado pelo Coentrão, cruzou de letra para um defesa inglês se antecipar ao Weldon e ao Keirrison ao segundo poste, fazendo um autogolo, a cinco minutos do final, e dando ao resultado uma expressão justa para a enorme diferença de qualidade entre as duas equipas que se viu em campo.

Quando se ganha por quatro golos sem resposta, praticamente toda a gente merece elogios. Mas destaco o enorme Di María, mais uma vez, que está numa forma imparável nesta pré-época. Duas assistências e um sem-número de jogadas a esburacar a defesa inglesa. Cardozo a picar o ponto como de costume, e com o agradável pormenor de ter marcado mais um livre à Cardozo, que eu já tinha saudades destes (espero que continuem a deixá-lo marcar os livres, porque a marcar como ele só me lembro mesmo do Van Hooijdonk - e o livre de hoje fez mesmo lembrar os do holandês). Outro dos grandes responsáveis pelo que o Benfica tem feito de bom é o Aimar. Bem fisicamente, não só organiza o jogo como ainda é dos primeiros a lutar pela recuperação da bola e saídas rápidas para o ataque. As combinações dele com o Saviola, que se movimenta no ataque com uma grande inteligência, são bonitas de ver. Gostei de ver o regresso do Sídnei, jogador que muito admiro e que tem uma técnica nada habitual num defesa central. Javi García praticamente perfeito tacticamente - não é jogador para brilhar, mas é daqueles que de certeza notaremos a sua ausência quando não alinhar. Quanto ao menos bom, apenas a lesão do Maxi, que esperemos não seja grave, já que ele é um jogador fundamental.

Amanhã devem haver várias alterações, mas estou curioso para ver como é que nos sairemos contra um adversário do nosso campeonato, que provavelmente, querendo vencer o 'seu' torneio, utilizará as armas a que estamos habituados para nos travar. Então se o Flávio Meireles jogar, espero bem que o Aimar, caso alinhe, se cuide.