quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Oferta

Não gostei que, em nome da gestão, tivéssemos oferecido a final da Taça da Liga ao Braga. Não gostei da equipa apresentada - em particular da dupla escolhida para o meio campo - pois não me parece que fosse um mero jogo a mais (a final) no nosso calendário que fizesse tanta diferença assim para nos obrigar a apresentar um onze sem sete dos titulares mais habituais. Não gostei do jogo que a equipa fez, tendo sido praticamente inofensiva no ataque. Contei apenas uma oportunidade digna desse nome, em que o Rodrigo se encarregou de cabecear para o sítio mais difícil: à figura do guarda-redes. Não gostei da quantidade absurda de passes falhados, nem da competição acérrima entre o Cardozo, o Carlos Martins e o Aimar para ver quem conseguia perder mais bolas no ataque. Não gostei da escolha do Roderick e do Luisão para marcadores de penáltis. Não gostei que não fosse marcado penálti sobre o Gaitán, ou que o guarda-redes do Braga estivesse uns dois metros adiantado quando defendeu o último penálti. Fico sempre particularmente mal disposto quando sinto que não fizemos tudo o que é possível para ganhar um jogo. Claramente, foi o que se passou hoje. E assim sendo a eliminação acaba por ser natural. E justa.

domingo, fevereiro 24, 2013

Fácil

Terá sido bem mais fácil do que se antevia a vitória do Benfica sobre o Paços de Ferreira, terceiro classificado na Liga e uma das equipas que melhor futebol tem praticado esta época. A fórmula foi entrar forte, marcar cedo, e depois gerir o jogo e controlar o adversário com tranquilidade.


O Luisinho foi a única alteração ao que se pode considerar o onze base esta época. O Benfica entrou bem no jogo, forte, pressionante e a jogar rápido. Durante os primeiros minutos a bola andou a rondar a área do Paços, enquanto o Benfica tentava encontrar forma de ultrapassar a boa organização adversária, e a consequência disso foi o golo que surgiu logo após oito minutos. Um passe do Salvio solicitou a entrada do Enzo pelo meio, que em frente ao guarda-redes não perdoou. Em vantagem, o Benfica continuou a controlar o jogo e a insistir no ataque, mesmo parecendo não se esforçar em demasia. O Paços mostrou sempre uma boa atitude, nunca perdeu a organização e, quando de posse da bola, trocava-a bem entre os seus jogadores. Por volta da meia hora de jogo o Benfica pareceu abrandar um pouco, e o Paços, que quase abdicou do ataque pelas faixas e apostou num sobrepovoamento da zona central do meio campo, onde punha quatro jogadores contra apenas dois nossos, conseguiu alguma superioridade nessa zona e passou a ter mais posse de bola. No entanto o Benfica soube controlar sempre o adversário, que consequentemente quase nunca conseguiu transformar essa posse de bola numa oportunidade real de golo. Pelo contrário, a melhor oportunidade de golo pertenceu ao Benfica, num remate do Cardozo ao poste. A vantagem do Benfica ao intervalo era por isso justa, restando agora tentar ampliar a vantagem de forma a colocarmo-nos a salvo de algum azar.


Quase que repetindo a fórmula utilizada contra o Setúbal, o Benfica (que regressou como Carlos Martins no lugar do Enzo) reentrou muito forte no jogo, e com resultados imediatos. No primeiro minuto o Cardozo esteve pertíssimo de marcar, com o golo a ser-lhe negado por uma grande defesa do Cássio. No consequente canto, o Luisão cabeceou ao poste e o Cardozo aproveitou para fazer uma recarga fácil e aumentar o resultado. Com dois golos de vantagem a gestão do jogo e do esforço foi feita de forma aparentemente fácil. O Paços continuou a não conseguir mostrar capacidade para criar perigo, e o Benfica aproveitava as recuperações de bola para, atacando pelos flancos, criar situações de algum perigo. A troca do Cardozo pelo Gaitán, com pouco menos de meia hora para jogar, trouxe mais alguma velocidade às nossas saídas para o ataque, e houve ainda oportunidade para ver vinte minutos de Aimar em campo. O terceiro golo do Benfica adivinhava-se como bastante mais provável do que um eventual golo do Paços que relançasse a discussão do resultado, pois o Artur foi quase um mero espectador - recordo-me apenas de uma defesa, naquele que terá sido o único remate do Paços na direcção da baliza, e que lhe foi directamente à figura. Esse terceiro golo apareceu a seis minutos do final, numa jogada em que o Aimar assiste o Lima, e este tentou marcar de peito. Há um defesa do Paços que tenta evitar o golo - pareceu-me que não terá conseguido evitar que a bola ultrapassasse a linha - mas de qualquer forma, e por via das dúvidas, o Salvio estava lá para confirmar e fechar o marcador.


Num jogo calmo, não me pareceu haver exibições de grande fulgor. O Matic não sabe jogar mal, a dupla de centrais esteve em bom nível, o Enzo Pérez jogou bem na primeira parte, e o Salvio, apesar de alguns lances em que complicou demais, esteve uns furos acima das exibições menos conseguidas dos últimos tempos. O Gaitán e o Carlos Martins animaram o nosso jogo e trouxeram-lhe mais velocidade. O Luisinho foi a unidade de menor rendimento.

Foi um jogo quase que ideal, em que o Benfica jogou o quanto bastou para vencer tranquilamente um adversário teoricamente complicado, e aparentemente sem ter que despender demasiada energia. Isto foi importante em mais um mês em que, a exemplo do que se passou durante Janeiro, vamos andar sempre a ter dois jogos por semana. O próximo é em Braga, onde espero que possamos garantir o apuramento para a quinta final consecutiva da Taça da Liga (ouvi sócios que acham que deveríamos deixar cair esta competição, mas para mim isso não faz sentido nenhum - é uma competição oficial e eu desejo que o Benfica a conquiste).

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Feliz

Foi uma vitória bastante feliz a do Benfica esta noite. O Leverkusen mostrou que não é uma equipa qualquer. Controlou o jogo durante largos períodos do mesmo, criou as melhores oportunidades de golo, e honestamente só posso admitir que a vitória por 2-1 acaba por ser um resultado lisonjeiro para o Benfica.



Foi desde o apito inicial que os alemães mostraram vir decididos a não dar esta eliminatória como perdida. Com o pragmatismo habitual, como precisavam de vencer para se apurarem, não estiveram com cautelas e jogaram para vencer, atacando imediatamente a nossa baliza, e forçando o Artur à primeira defesa apertada logo com dois minutos de jogo. Com os laterais extremamente subidos no terreno, depois dois dos avançados (Schürrle e Castro) flectiam para o meio para explorar o espaço entre a defesa e o meio campo, o que fizeram com bastante eficácia, entrando depois muitas vezes entre os centrais e os laterais. No meio campo, a luta também foi ganha pelos alemães, fruto de uma muito boa organização e ocupação eficaz dos espaços, e também porque o Benfica, apesar de em teoria jogar com três médios, na prática jogava quase com um jogador a menos - o Carlos Martins, que seria o terceiro médio, jogou muito quase ao lado do Cardozo, o que o retirou efectivamente do jogo. Depois, os muitos passes falhados na zona do meio campo impediam o Benfica de construir lances de ataque eficazmente, já que poderíamos ter tentado explorar o constante adiantamento dos laterais adversários. Apenas ao fim de quinze minutos, e já depois de ter levado com uma bola no poste, o Benfica deu algum sinal de si, com o Gaitán a ter um cabeceamento perigoso após centro do André Almeida. Este lance teve o condão de acordar um pouco o Benfica, que teve então o seu melhor período na primeira parte, mas com o aproximar dos minutos finais o Leverkusen voltou a ser mais forte, e mais uma vez vimos uma bola a ser devolvida pelo poste da baliza do Artur. O Benfica podia portanto considerar-se feliz com o nulo à saída para o intervalo.


Na reentrada no jogo, o pendor do mesmo manteve-se, e nos primeiros minutos o Leverkusen voltou a deixar um sério aviso, pois o Kiessling chegou mesmo a marcar golo, mas este foi anulado por fora-de-jogo. Novamente aos quinze minutos, o Benfica voltou a dar sinal de si, e da melhor forma possível, com um grande golo do Ola John - que até então tinha passado praticamente despercebido no jogo. Já depois de ter passado para a sua posição natural na esquerda - o Carlos Martins, lesionado (que surpresa!), tinha dado o lugar ao Salvio - aproveitou da melhor maneira o adiantamento do lateral e depois de ultrapassar o adversário de ocasião e ganhar um ressalto, colocou a bola em arco para o ângulo mais distante. Mas este golo pouco afectou o ímpeto do Leverkusen, que continuou a procurar o golo e pouco depois obrigou o Artur a uma enorme defesa para canto, logo seguida de nova defesa apertada no seguimento do canto. Claro que, ao lançar-se mais declaradamente ao ataque, o Leverkusen também se expôs mais na defesa, e o Benfica poderia ter tirado partido disso e resolvido a eliminatória de vez mais cedo, quando a quinze minutos do final o Salvio falhou de uma forma algo escandalosa um cabeceamento a um centro do Ola John, quando estava completamente sozinho na área. Não marcou o Benfica, marcou o Leverkusen na resposta. Um alívio da defesa para a zona frontal da área resultou num pequeno toque de cabeça para o remate de primeira do Schürrle, que não deu hipóteses ao Artur. Mas o Benfica voltou a ser feliz no jogo, pois quando se adivinharia um assalto final dos alemães na procura do golo que lhes daria a passagem, foi o Benfica quem marcou praticamente na resposta. Um pontapé longo do Artur apanhou a defesa alemã em contrapé, e depois o Lima (que tinha substituído o Cardozo) teve a calma suficiente para ver bem as movimentações dos colegas antes de centrar com perfeição para a entrada de cabeça do Matic, que colocou a bola com classe junto ao poste mais distante. Este segundo golo partiu literalmente o Leverkusen, que acusou o golpe e foi para o ataque de uma forma muito mais desordenada, correndo imensos riscos atrás. Na fase final do jogo o Benfica poderia ter aproveitado todo o espaço concedido para dilatar o resultado, tendo mesmo falhado uma oportunidade flagrante para o fazer, novamente pelo Salvio. Mas caso tal tivesse acontecido, seria certamente um castigo demasiado pesado para aquilo que o Leverkusen jogou.



Esta noite o Artur foi um dos jogadores em destaque. Defendeu tudo o que havia para defender, não teve hipóteses no golo sofrido, e ainda teve um papel fundamental no segundo golo. Gostei também bastante das exibições do André Almeida, do Luisão (teve diversos cortes providenciais) e do Matic - só foi pena que tenha visto o amarelo que o retira do primeiro jogo da próxima eliminatória.

Com maior ou menor grau de felicidade, conseguimos eliminar um adversário forte e marcar presença nos oitavos-de-final, onde mediremos forças com o Bordéus. A exibição não foi a melhor, mas o resultado foi o mais importante - e a verdade é que na Europa muitas vezes o que nos acontece é o contrário, e somos nós que ficamos a queixar-nos da falta de sorte e a elogiar a eficácia do adversário. De qualquer forma, não devemos ignorar o facto do Benfica já ir no terceiro jogo consecutivo com exibições de menor fulgor. Segue-se um importante jogo contra uma das melhores equipas da Liga, e urge corrigir esta situação.

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Tangente

Foi uma vitória arrancada a ferros e conseguida já na fase de desespero. A justeza da vitória é incontestável, tamanha a supremacia que o Benfica teve no jogo trezentos e cinquenta do nosso capitão com águia ao peito. Mas a contradição entre uma superioridade enorme no jogo e uma imensa dificuldade em ganhá-lo explica-se pela competência - o Benfica foi muito pouco competente a transformar o domínio em futebol bem jogado, e a Académica foi extremamente competente naquilo que veio fazer à Luz: defender e não deixar o adversário jogar.


Não há muito que se possa escrever sobre a primeira parte do jogo. Da parte do Benfica foi mesmo muito fraca. A Académica apresentou-se a jogar com os onze jogadores enfiados no último terço do campo (é que nem sequer deixavam o ponta-de-lança encostado aos nossos centrais), a tapar todos os caminhos para a baliza, e tentou queimar tempo de todas as formas possíveis. Foi uma espécie de viagem até ao passado, que me fez recordar o melhor catenaccio italiano. O Benfica respondeu a isto com uma enorme lentidão de processos , o que obviamente dificultou ainda mais a tarefa de chegar ao golo que desfizesse esta teia defensiva do adversário. Não só a velocidade era pouca, mas também uma boa parte dos nossos jogadores esteve extremamente desinspirada. Passes falhados e sem nexo, incapacidade de ganhar duelos individuais, e uma enorme previsibilidade em quase tudo o que faziam. Apenas em raras ocasiões houve excepções à monotonia: um remate do Maxi à figura do guarda-redes, após uma situação confusa na área, um cabeceamento do Lima também à figura, quando poderia ter feito bem melhor, e um remate do Enzo que obrigou o guarda-redes a uma defesa mais apertada para canto. Com o decorrer do tempo a qualidade do nosso futebol foi aliás ficando cada vez pior, tendo-se atingido o intervalo a um nível suficiente para que o público da Luz manifestasse o seu óbvio descontentamento.


Para a segunda parte o Benfica trouxe pelo menos um pouco mais de velocidade, mesmo que a qualidade do nosso futebol não tenha melhorado muito. Construímos uma grande oportunidade logo nos primeiros minutos, em que o Ola John rematou ao poste, e pouco depois foi o Rodrigo quem obrigou o Ricardo a nova defesa apertada. O Jorge Jesus foi mexendo na equipa e retirou alguns dos jogadores menos inspirados (Ola John, Rodrigo, André Almeida), fazendo entrar o Kardec, Gaitán e Carlos Martins e a equipa melhorou um pouco, pois o Gaitán deu mais vivacidade ao lado esquerdo do ataque, e o Carlos Martins esteve bem melhor do que o André Almeida na distribuição de jogo - e a equipa também ganhou com o recuo do Enzo. A Académica foi-se encolhendo cada vez mais - confesso que tenho dificuldade em recordar-me de situações em que tenha visto jogadores da Académica no nosso meio campo - e à medida que o tempo de jogo caminhava para o final o Benfica foi, mais com o coração do que com a cabeça, aumentando a velocidade e a pressão, mas sem conseguir criar grandes oportunidades de finalização. O volume de cruzamentos para a área foi cada vez maior, só que os defesas da Académica (que eram basicamente a equipa toda da Académica) davam conta do recado. Até que em período de descontos o Lima ganhou de cabeça uma bola despejada pelo Artur para a área, e o Gaitán foi puxado quando tentava chegar à bola. Penálti e nervos de aço do Lima, que o converteu na perfeição.


Já referi que a qualidade do nosso jogo deixou muito a desejar, e como tal não há grandes destaques individuais a fazer. Ressalvo no entanto a disponibilidade dos jogadores para lutar até ao fim, mesmo quando as coisas não estavam a correr bem - o Maxi é um bom exemplo. A entrada do Gaitán foi importante, até porque o Ola John estava mesmo a ser um dos piores em campo, e o Enzo Pérez pareceu-me ser um dos jogadores num nível mais constante.

Foi mesmo à tangente que nos safámos hoje de deixar escapar dois pontos. Se, por um lado, seria uma injustiça tremenda ver uma equipa que fez o tipo de jogo da Académica ser recompensada com um ponto, por outro lado seria também algum castigo para o mau jogo que o Benfica fez. Aquela primeira parte, sobretudo, é muito difícil de justificar - o factor físico não me parece aceitável, porque terminámos o jogo a correr mais do que quando o começámos. Cada minuto de cada jogo pode ser decisivo neste campeonato, sobretudo frente a adversários que parecem particularmente motivados para roubar pontos ao Benfica. Não podemos portanto dar-nos ao luxo de praticamente oferecer meio jogo.

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Gestão

Mesmo com a prometida gestão do plantel a ter lugar, o Benfica conseguiu arrancar uma preciosa vitória na Alemanha, fruto de uma exibição concentrada e solidária, e que nos coloca numa posição muito vantajosa na eliminatória. E bem mereceram este triunfo os muitos adeptos benfiquistas que esta noite por vezes fizeram BayArena soar como a Luz. Fantástico apoio.


A gestão do plantel para o jogo da Académica não foi apenas uma promessa oca, e Maxi Pereira, Enzo Pérez, Salvio e Lima ficaram fora do onze inicial. O Leverkusen entrou forte no jogo, mas o Benfica mostrou sempre bastante frieza e organização, sustendo com alguma facilidade o ímpeto inicial do adversário, e depois conseguindo baixar o ritmo do jogo para um nível mais do seu interesse. Mesmo mantendo um pouco mais da iniciativa no jogo e rematando mais, a verdade é que o Leverkusen por raras vezes conseguiu levar perigo à nossa baliza. O Benfica também não foi particularmente activo no ataque, onde o Cardozo e o Gaitán passaram bastante tempo praticamente afastados do jogo - apenas um remate do André Almeida e um outro lance em que o Ola John demorou demasiado tempo e desperdiçou uma boa ocasião para rematar com perigo animaram um pouco as coisas. Com o decorrer do tempo conseguimos guardar cada vez mais a bola, com trocas sucessivas de passes entre os nossos jogadores, e na fase final da primeira parte o Leverkusen praticamente já nem tentava pressionar-nos para recuperar a bola, visto que essas tentativas eram quase sempre infrutíferas. Perto do final, uma contrariedade para o Benfica na lesão do André Gomes, que teve que ser substituído pelo Enzo.


O Leverkusen voltou a entrar forte na segunda parte, dispondo de uma boa ocasião logo a abrir, e instalou-se depois no nosso meio campo, fruto de uma maior velocidade e agressividade que impôs no jogo. Com maior ou menor dificuldade o Benfica foi controlando os acontecimentos, até que ao fim dos primeiros quinze minutos surgiu o momento decisivo da partida. Primeiro, o Leverkusen quase marcou, valendo a intervenção do Enzo e do Artur para evitar o golo. No canto que se seguiu, o Benfica construiu um lance de contra-ataque bastante rápido que acabou no golo do Cardozo, que com muita calma e classe recebeu a bola do André Almeida (grande simulação do Gaitán a deixar passar a bola), evitou um defesa adversário e depois picou a bola à saída do guarda-redes. O golo motivou uma reacção forte dos alemães, que nos minutos seguintes pressionaram bastante e estiveram perto de empatar, mas a nossa defesa, e em particular o Artur, foi dando resposta adequada aos lances de perigo. E entretanto o progressivo balanceamento para o ataque do Leverkusen ia proporcionando muito mais espaço atrás para os nossos contra-ataques, o que nos dava hipóteses de marcar um segundo golo e praticamente arrumar com a eliminatória. Por duas vezes o Ola John teve essa oportunidade nos pés, mas numa delas o chapéu saiu demasiado alto, e na outra rematou contra o pé do guarda-redes. Fora essas situações, outras houve em que acabámos por não criar perigo devido ao último passe sair mal (algumas vezes de forma inacreditável). No penúltimo lance do jogo quase borrámos a pintura, valendo-nos um corte do Melgarejo sobre a linha de golo para evitar o golo do empate.


Bom jogo colectivo por parte de toda a equipa. O Artur esteve hoje bem, e aproveitou para se redimir do erro na Madeira. O Matic destacou-se mais na primeira parte, e na segunda parte foi o Enzo Pérez quem mais deu nas vistas no meio campo - entrou bem no jogo e teve até um rendimento superior ao que o André Gomes estava a ter. O Gaitán subiu muito de rendimento na segunda parte, quando recuou no terreno para actuar mais como médio (o que não era difícil, dado que na primeira parte praticamente não esteve em jogo). O André Almeida voltou a mostrar que é uma alternativa muito válida ao Maxi. Fez um jogo seguro, subiu no terreno com ponderação, e foi decisivo no lance do golo. Não gostei do Ola John hoje.

Após décadas sem uma única vitória na Alemanha, conseguimos vencer lá nas duas últimas deslocações, sob o comando do Jorge Jesus. Repito uma vez mais aquilo que já escrevi noutras ocasiões: para mim não me passa pela cabeça trocar de treinador no final da época, independentemente daquilo que ainda possa vir a suceder. O jogo de hoje foi mais uma exibição de algumas das qualidades que o Benfica tem tido durante praticamente toda esta época: concentração, disciplina táctica, capacidade de trabalho e humildade. A valia do Leverkusen não permite pensar que esta eliminatória já está resolvida. Mas o resultado de hoje terá facilitado, e muito, a nossa tarefa da próxima semana.

domingo, fevereiro 10, 2013

Claro

É claro que deixámos pontos na Madeira. Há jogos assim, em que muito antes do apito inicial já temos um mau pressentimento. É um campo onde o Benfica costuma ter dificuldades, contra uma equipa treinada por um inimigo do Jorge Jesus que tem muita experiência na Liga. Depois vemos o suposto 'melhor árbitro do mundo', que infelizmente deve ser o aquele com quem o Benfica terá o pior registo de vitórias na Liga, ser nomeado para este jogo e o mau pressentimento adensa-se.

O Benfica também entrou no jogo quase como que a querer confirmar tudo isto. Com a novidade Urreta a titular na esquerda, a equipa entrou quase que a dormir. Nos primeiros cinco minutos o Nacional ameaçou uma vez, ameaçou duas, e à terceira marcou mesmo, num lance em que a nossa defesa fez uma figura ridícula, pois três dos quatro defesas (a excepção foi o Garay) ficaram parados a pedir fora-de-jogo (inexistente) enquanto o Nacional aproveitava para marcar facilmente. Nem o golo pareceu espevitar a equipa, que no entanto acabou por ser bafejada pela sorte, já que aos quinze minutos, e praticamente da primeira vez que subimos à área adversária, o cruzamento do Luisinho foi desviado pelo Mexer para dentro da sua própria baliza. Este golo foi seguido quase de imediato por um lance em que o Lima colocou a bola no poste, e a partir daqui vimos um Benfica transfigurado, que foi imensamente superior ao adversário, dominando em todos os aspectos do jogo. O segundo golo acabou por surgir pois com toda a naturalidade, num grande pontapé do Urreta na marcação de um livre, a cerca de dez minutos do intervalo. O Benfica conseguia assim, no espaço de meia hora, executar a difícil tarefa de inverter uma situação que uma má entrada no jogo tinha provocado, e dada a superioridade que ia demonstrando era de acreditar que seria possível agora partir para um jogo mais descansado.

O início da segunda parte reforçou essa ideia, pois o Benfica entrou no mesmo registo, com domínio no jogo e ameaçando chegar ao terceiro golo. Só que desta vez foi o Nacional a marcar contra a corrente do jogo, com oito minutos decorridos e também praticamente na primeira vez em que chegou à nossa área na segunda parte. O remate foi do Mateus, tendo o Artur ficado mal no lance, pois a sensação com que ficamos é a de que poderia ter feito bastante melhor. O Benfica acusou o golo e perdeu o controlo do jogo, que ficou algo 'partido', com os ataques a sucederem-se de parte a parte em ritmo elevado. Quando o jogo se foi aproximando dos minutos finais o Nacional recuou progressivamente para mais perto da sua área, e o Benfica dispôs de algumas ocasiões para chegar ao golo da vitória, mas este foi-nos negado ou pelo guarda-redes, ou pela falta de pontaria dos nossos jogadores. Os jogadores do Nacional também aproveitaram para tentar queimar tempo e o Cardozo deixou-se levar nisso e fez-se expulsar de forma idiota, pois deu um pontapé no jogador do Nacional que estava a segurar a bola e a atrasar o jogo. Durante o tempo de descontos o peneirento do Proença ainda aproveitou para expulsar o Matic com um vermelho directo e certamente agradar a algumas pessoas (não custa muito lembrarmo-nos de quem, de há umas semanas a esta parte, tem andado a esforçar-se para colar o rótulo de violento a um dos jogadores mais importantes na nossa estratégia). Houve apenas uma repetição do lance, num ângulo pouco esclarecedor, mas custa-me acreditar que tenha havido alguma cotovelada intencional quando o Matic está de costas, sem ter sequer os braços levantados, e é o jogador do Nacional quem parece ser o principal responsável pelo contacto.

Não vi grandes motivos para destaques nos jogadores do Benfica hoje, mas é justo mencionar que o Urreta foi uma agradável surpresa, entendendo a sua substituição apenas se tiver sido devido a algum cansaço por falta de ritmo de jogo.

Concordo com o Jorge Jesus quando diz que este empate não será certamente um passo atrás na luta pelo título - seria ridículo começar a atirar a toalha depois deste resultado (até porque o 'Portelona', acabei de saber, não conseguiu vencer o Olhanense em casa). Mas também não foi um passo em frente. Terá sido quanto muito um passo em falso, porque tenho a convicção de que uma vitória neste jogo, ainda por cima arbitrado pelo Proença, seria uma motivação muito forte para o que resta do campeonato - seria uma demonstração de força e solidez da nossa equipa. Perdemos esta oportunidade, mas o essencial é manter a calma e continuarmos a procurar ser competentes e sérios na abordagem aos nossos jogos. E isso implica não voltar a ter entradas em jogo como a desta tarde.

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Evidente

Vitória tranquilíssima do Benfica, num jogo em que a nossa superioridade foi por demais evidente. Apesar do resultado de três a zero, este jogo conseguiu deixar-me um pouco insatisfeito à saída da Luz, pelo facto de ficar com a sensação de que só não marcámos mais golos porque em vez de carregar mais um bocadinho optámos pela poupança de esforço.


De regresso aos dois avançados (Lima e Rodrigo), o André Gomes foi o escolhido para ocupar o lugar do suspenso Matic, e a ala esquerda foi desta vez formada pelo Luisinho e Ola John. A entrada do Benfica foi a todo o gás, e depois de uma primeira ameaça num livre do Rodrigo chegámos ao golo logo aos quatro minutos, numa jogada pela direita entre o Salvio e o Maxi que levou a bola até ao Enzo Pérez. Depois este, à entrada da área, colocou-a literalmente na gaveta. De certeza que os adeptos esperariam que, dada a entrada em jogo e o golo madrugador, a equipa aproveitasse para manter a pressão e arrancar para uma vitória folgada, mas não foi isso que aconteceu. Em vez disso, o Benfica optou mais por uma toada de serviços mínimos, por vezes quase mesmo sobranceira, ciente da sua superioridade e de que a vitória não escaparia. Também é verdade que a ausência do Matic parece retirar alguns metros à equipa no que diz respeito às zonas de pressão - não sou particularmente adepto de ver o André Gomes a jogar na posição mais recuada do meio campo - mas apesar de mesmo neste registo a superioridade do Benfica no jogo ser praticamente absoluta, saímos para intervalo com a impressão de que seria possível fazer mais e melhor. Pelo menos teria ajudado se o Rodrigo não tivesse perdido o segundo golo de uma forma absolutamente inacreditável.


A entrada do Benfica na segunda parte foi outra vez a todo o gás, de forma a deixar o assunto resolvido o mais depressa possível e afastar quaisquer dúvidas. Como que a confirmar a sensação que quase todos tinham de que bastaria o Benfica carregar um pouco mais no acelerador para desbaratar por completo a equipa do Setúbal, os resultados foram imediatos. Bastaram dois minutos para que o Lima, isolado nas costas da defesa por um grande passe do Luisão, fazer o segundo golo. E depois de mais algumas jogadas em que o Setúbal pouco mais fez do que andar a correr atrás da bola, com dez minutos da segunda parte decorridos estava feito o terceiro golo, numa jogada entre os dois avançados que terminou com o Rodrigo - que tinha iniciado a jogada - a empurrar a bola à boca da baliza, após passe do Lima. Este terceiro golo acabou com o jogo. E digo isto no sentido literal da coisa, porque o Benfica pouco mais fez até final - talvez o momento melhor tenha sido uma iniciativa individual do André Gomes, que merecia ter acabado em golo. Limitámo-nos a gerir o jogo e o resultado, sem grandes esforços. De um ponto de vista puramente racional esta opção é compreensível, dado que a equipa vem de uma sequência complicada de vários jogos difíceis  e seguidos num período relativamente curto de tempo (desde o dia 30 de Dezembro que temos estado sempre a jogar dois jogos por semana). Mas por outro lado a diferença de golos pode acabar por ser importante na decisão do campeonato, e custa ver-nos desperdiçar uma oportunidade para melhorarmos esse aspecto. E para além disso parece-me que os quase quarenta mil adeptos que se deslocaram nesta noite fria à Luz talvez merecessem pelo menos mais algum tempo de futebol, e um pouco menos de peladinha.


Para mim o melhor do Benfica foi o Enzo Pérez. Hoje deu obviamente nas vistas pelo golo que marcou, mas para mim foi o melhor por muitos outros motivos. Nem sei se terá feito alguma coisa errada durante o tempo em que esteve em campo. Bem também, como tem sido habitual, o Lima, a dupla de centrais, e o Maxi Pereira. Parece-me que o facto de estar a ter oportunidade para descansar um pouco, já que o André Almeida tem cumprido sempre que é chamado, lhe está a permitir recuperar a boa forma.

Resumindo, foi uma vitória muito fácil do Benfica, obtida com um esforço aparentemente mínimo. Agora acho que até vou estranhar ter que esperar uma semana inteira para voltar a ver um jogo do Benfica.