segunda-feira, abril 28, 2014

Humilhação

Mesmo com uma equipa de segundas escolhas, mesmo a jogar novamente mais de uma hora com dez, uma vez mais o Porto foi incapaz de nos derrotar, e desta vez em casa. Na lotaria dos penáltis, fomos mais felizes, e garantimos a passagem à quinta final da Taça da Liga (em sete edições). Para o Porto, que durante anos desprezou a competição e que nestas últimas semanas lhe deu uma importância inusitada, mais uma humilhação.

Com toda a naturalidade, o Benfica mudou a equipa quase toda, apresentando apenas três habituais titulares de início: Oblak, Siqueira e Lima. As outras opções foram mais ou menos as esperadas, com destaque para o regresso do Rúben e a titularidade do Steven Vitória ao lado do Jardel no centro da defesa. A fase inicial do jogo foi má para nós: notou-se bastante a falta de ritmo do Steven (apenas um jogo disputado esta época, contra o Cinfães na Taça), e o Porto explorou-a bem, causando-nos bastantes problemas, sobretudo pelas movimentações do Herrera, raramente acompanhadas, e do Jackson. Valeu-nos o pouco acerto do Jackson e a atenção do Oblak para ir mantendo o marcador em branco. Por volta da meia hora de jogo deu-se o acontecimento que acabou se calhar por ser decisivo no jogo. O Jackson fugiu mais uma vez ao Steven e ele acabou por derrubá-lo à entrada da área, vendo o cartão vermelho. O livre muito perigoso não foi problema para nós, porque era óbvio que o Quaresma iria exigir marcá-lo. E a expulsão significou a entrada em jogo do Garay e uma muito melhor organização defensiva do Benfica, que a partir daí passou a conseguir controlar melhor os ataques do Porto (ainda com um grande susto logo a seguir à entrada do Garay, quando uma vez mais o Jackson não conseguiu marcar depois de aparecer isolado).

A segunda parte foi muito mais tranquila para nós. Entre a falta de ideias e soluções da parte do Porto para ultrapassar a nossa organização defensiva, e a colaboração do Quaresma a estragar jogadas de ataque, o Porto criou muito poucas ocasiões de verdadeiro perigo - recordo-me apenas de um remate do Herrera, já perto do final, que passou perto da baliza. Um dos momentos mais preocupantes foi quando o Luís Castro decidiu retirar o Quaresma do jogo, porque poderia ser que com isso o Porto se tornasse mais perigoso, mas o momento da substituição do homem foi bastante interessante. Foi uma boa demonstração do quão saudável deve ser ter um tipo daqueles num plantel - espero que o mantenham por lá durante muitos e bons anos. Foi por isso até com a sensação de alguma facilidade que o Benfica levou o jogo para os penáltis. E chegados aqui, a minha impressão era mesmo que a vantagem psicológica já estava do nosso lado - neste momento os fantasmas da última época já foram espantados, e parecem ter-se passado lá para cima. O Siqueira, o Jardel, e o Enzo (que classe!) marcaram, o Garay acertou na trave e o André Gomes permitiu a defesa ao Fabiano. Pelo Porto marcaram o Quintero, o Ghilas e o Varela, com o Jackson a chutar para a bancada e o Oblak a defender o penálti do Maicon. Fomos assim para a 'morte súbita' e aí o Ivan Cavaleiro não tremeu, enquanto o Fernando acertou no poste. Mais uma final para nós, mais uma humilhação para o Porto - não tanto por ter sido eliminado em casa, mas sim por isso ter outra vez acontecido depois de mais de uma hora a jogar contra dez.

Uma vez mais a equipa é o maior destaque: a solidariedade entre os jogadores e a disciplina táctica a defender foram o que nos garantiu este apuramento para a final. O Ivan e o Sulejmani estiveram impecáveis no auxílio aos laterais, e o Rúben fez também um jogo muito bom. O Garay entrou muito bem e o Jardel subiu imenso de produção a partir desse momento. O Oblak foi enorme, e uma das chaves deste resultado.

A motivação e força mental do nosso plantel é neste momento muito grande. A descrença que se instalou no final da época passada foi substituída por uma fé muito grande em si próprios e nas suas capacidades. Hoje, mesmo apresentando um onze menos forte e rotinado, conseguimos ainda assim em casa do maior adversário conquistar o acesso a mais uma final, e temos a oportunidade de lutar por um 'triplete' inédito nas provas nacionais. Mas como mal temos tempo para desfrutar cada vitória, é já altura de começarmos a pensar na tarefa hercúlea de quinta-feira, em Turim. Que poderá ser a diferença entre sonharmos com uma época brilhante, ou uma época inesquecível.

sexta-feira, abril 25, 2014

Aberto

Um jogo de duas partes distintas resultou numa vantagem mínima na eliminatória, que deixa tudo em aberto para a segunda mão. Parece-me no entanto que podemos esperar grandes dificuldades em Turim, face ao que a Juventus mostrou esta noite.


Achei algo surpreendente a titularidade do Cardozo em vez do Lima. Na baliza jogou o Artur, e no lugar do Gaitán o Sulejmani. De resto, a equipa habitual, com o André Gomes a manter a titularidade no meio campo. O início do jogo foi de sonho para o Benfica, porque logo aos dois minutos já festejávamos o primeiro golo. Canto na esquerda apontado pelo Sulejmani (depois de uma arrancada do Enzo com passe para o Sulejmani desaproveitar) e cabeçada vitoriosa do Garay. A entrada do Benfica no jogo foi muito boa: conseguimos bloquear a construção de jogo da Juventus, não demos liberdade ao Pirlo (o Enzo ou o Rodrigo, à vez, caíam sobre ele) e fizemos uma boa posse de bola. Sempre que a Juventus tentava sair a jogar a partir da defesa, a nossa equipa subia muito no campo e bloqueava todas as possibilidades de passe para os três defesas e o médio defensivo, obrigando ao despejo da bola para a frente. Quando a Juventus se adiantava um pouco mais, fomos capazes de a manter em respeito com saídas rápidas para o contra-ataque. Neste particular foi onde se notou mais a ausência do Gaitán, pois o Sulejmani não tem a mesma velocidade com a bola nos pés, e muito menos ainda a técnica dele. Talvez com o argentino em campo tivéssemos conseguido marcar mais um golo na primeira parte. Mas à medida que o jogo foi caminhando para o intervalo a Juventus foi conseguindo assentar o seu jogo, e passou a ter cada vez mais bola. No entanto o Benfica manteve-se sempre organizado, não permitindo que a Juventus fizesse muito mais do que tentar surpreender com bolas longas para as costas da nossa defesa, capítulo em que os italianos estiveram muito pouco inspirados.


A segunda parte foi completamente diferente, e pertenceu à Juventus. A sensação que deu foi que os nossos jogadores acusaram o cansaço do trabalho que fizeram na primeira parte. No meio campo a Juventus ganhou superioridade, pois o Rodrigo deixou de recuar, o Pirlo passou a ter maior liberdade, e o Enzo não dá para tudo. Até porque o André Gomes passou a maior parte do jogo mais preocupado com uma marcação individual ao Pogba, e pouco ajudava no meio. A posse de bola passou a ser claramente favorável à Juventus, que passou a jogar mais no nosso meio campo e cada vez mais próxima da nossa área. O Benfica parecia mais preocupado em defender a magra vantagem, e a Juventus carregou, sendo agora a vez dos italianos exercerem uma pressão muito forte na saída de bola, que conseguiu fazer com que nós praticamente não jogássemos. Cada bola que recuperávamos era praticamente entregue no instante seguinte aos italianos. O cenário certamente não iria dar bons resultados, pelo que era necessário mudar algo. Quando o André Almeida substituiu o Sulejmani, que na altura já pouco mais fazia do que figura de corpo presente, pensei que fosse para passar o Rodrigo para a esquerda e reforçar a zona central, mas numa opção que me pareceu estranha foi o André Gomes quem ficou a fechar o lado esquerdo, ainda e sempre preocupado com o Pogba. Entrou também o Lima para o lugar do Cardozo (mais um jogo apagado), mas esta foi a pior fase do Benfica em todo o jogo. A Juventus era claramente a melhor equipa em campo, e acabou por chegar naturalmente ao golo, através do Tévez, que dentro da área conseguiu ultrapassar o Luisão e rematar à saída do Artur. Faltavam dezoito minutos para o final, e já não esperava que o Benfica conseguisse reagir, mas a entrada do Ivan Cavaleiro espevitou a equipa, e a seis minutos do final voltámos a colocar-nos em vantagem. Foi um golaço do Lima, num remate de primeira à entrada da área após uma simulação (ou um passe falhado, nem sequer percebi bem) do Ivan Cavaleiro a deixar passar a bola. Depois do golo, o jogo ficou mais aberto, e as duas equipas até poderiam ter voltado a marcar nos poucos minutos até ao final do jogo.


No Benfica destaco as exibições dos dois centrais, do Siqueira e do Enzo como as mais positivas. O Lima e o Ivan entraram bem no jogo e foram importantes para evitar a derrota. O André Gomes fez um jogo fraco. Andou demasiado tempo dedicado a funções de marcação para as quais não está claramente talhado, e foi até displicente em ocasiões nas quais tentou sair a jogar quando tal não era indicado. O Sulejmani não fez esquecer o Gaitán e o Cardozo fez aquilo que tem feito nos últimos tempos: quase nada (o jogo também nunca me pareceu, logo à partida, como o mais indicado para ele).

A discussão da eliminatória está em aberto, é certo, mas levamos uma vantagem bastante magra para Itália. Creio portanto que a estratégia do Benfica para a segunda mão deverá passar por tentar marcar em Turim, e não pensar exclusivamente em defender uma vantagem tão escassa (já vi o Benfica perder uma meia final assim, embora nesse caso a expulsão do Mozer à meia hora de jogo pouco mais nos deixasse fazer). Por aquilo que a Juventus mostrou na segunda parte, se formos para Itália apenas para defender parece-me que iremos passar um mau bocado.

P.S.- Acho que começo a perceber porque é que o Proença é tão bem cotado na UEFA.

segunda-feira, abril 21, 2014

Campeões

Não vale muito a pena estar a escrever uma crónica extensa para este jogo. Ganhámo-lo, como se esperava e exigia que o fizéssemos, e garantimos a conquista do título. O único ponto negativo no jogo e na festa foi a lesão do Salvio, que partiu o braço e ao que tudo indica terá terminado a época mais cedo.

O Benfica entrou rápido e decidido a resolver cedo a questão, mas o acerto na hora de finalizar foi pouco, e durante os primeiros minutos de jogo desperdiçámos oportunidades flagrantes suficientes para poder fazer de todo o jogo um imenso e ininterrupto festejo - as oportunidades falhadas pelo Rodrigo (acertou mal na bola) e pelo Lima (atirou por cima com a baliza escancarada) foram particularmente escandalosas. Com o acumular de oportunidades falhadas pareceu-me que algum nervosismo se instalou na equipa, o que eu não esperava que acontecesse - e um exemplo disso foi uma ocasião flagrante (a única durante todo o jogo) de golo do Olhanense, nascida de um mau controlo de bola do Garay. O domínio do jogo por parte do Benfica foi quase total perante um Olhanense quase só preocupado em defender, mas a má finalização determinou que saíssemos para intervalo ainda com o nulo no marcador. 

Na segunda parte nada mudou, e o desacerto na finalização continuava - mais um remate disparatado do Lima por cima quando parecia ter tudo para marcar foi disso exemplo. Mas depois de tanto falhanço, acabou por ser mesmo o Lima a tornar-se no herói do jogo, quando apareceu no sítio certo para fazer a recarga de uma defesa incompleta do guarda-redes a um primeiro remate do Gaitán e inaugurar o marcador. Foi aos cinquenta e sete minutos, e dois minutos depois arrumou de vez o assunto, correndo meio campo com a bola para depois rematar por entre as pernas do guarda-redes, com a bola a viajar muito devagarinho até ultrapassar a linha. Estava tudo resolvido, o Olhanense nada ameaçou, e o tempo até final decorreu em ambiente de festa antecipada, que poderia até ter ficado mais abrilhantada com alguns golos, pois continuámos a desperdiçar ocasiões soberanas para marcar (Rodrigo e Lima, em particular) e ficou um penálti claro sobre o Rodrigo por marcar.

O Lima foi o homem do jogo pelos dois golos que marcou, mas podia ter marcado pelo menos outros tantos. O Salvio estava a ser dos melhores na primeira parte, o Enzo fez aquilo que costuma fazer, e achei que houve muito menos Gaitán do que costuma ser habitual. A entrada do Markovic foi importante.

Somos outra vez campeões nacionais, e com toda a justiça. Somos a melhor equipa, temos o ataque mais concretizador, a defesa menos batida, temos o nosso maior adversário e ex-tricampeão a quinze pontos, e a equipa que nos deu mais luta a sete, mesmo tendo esta há muito tempo que jogar apenas uma vez por semana, e menos dezasseis jogos (são vinte e quatro horas de futebol) nas pernas - e quando os defrontámos vulgarizámo-los de uma forma brutalmente evidente. Hoje festejamos este título, amanhã é tempo de nos concentrarmos já no que ainda há para ganhar. Devemos sentir orgulho nesta conquista, mas não podemos pensar que o trabalho acabou. O Benfica tem que manter o lugar de hegemonia do futebol português que lhe pertence, e para isso é fundamental continuarmos a ganhar, não repetindo os erros de 2010/11.

33


Não jogamos nadinha, vai ser outra época igual. E o Jorge Jejum está comprado pelo PC, enquanto ele estiver no Benfica não vamos ganhar nada. O Cardozo é que tem razão. O PC é que se antecipou e fez bem, foi buscar o Paulo Fonseca quando nós é que devíamos ter aproveitado. À quinta jornada vamos estar afastados do título, e à procura de treinador. Do Natal o Jesus não passa. E a táctica que não presta. E os portugueses, que não jogam. Olhem mas é para o sportém, que com uma equipa de tostões vai ganhar mais do que nós. E perdemos com o PSG, que vergonha, metam o gajo na rua e vão buscar o Marco Silva. Enquanto o Jejum for treinador do Benfica não assino a Benfica TV nem pago quotas. Fiquem com o vosso 'benfiquinha', que este não é o meu Benfica. Somos um clube sem rumo nem liderança. Mas porque é que os portugueses não jogam? Agora vendemos o Matic a preço de saldo, o Vieira é um infiltrado que quer é destruir a equipa. Empatámos com o Gil Vicente, é o princípio do descalabro, fixem bem o que vos digo. E só ganhamos por um ou dois de diferença, que atitude vergonhosa, devíamos golear em todos os jogos. Ressuscitámos o Porto, é um escândalo, já lhes oferecemos a taça. Se o Jesus quer ir para o Porto é deixá-lo. Agora é que isto vai dar para o torto e vamos perder outra vez tudo no final, eu já sabia.


Somos campeões nacionais pela 33ª vez. Eu não disse? Nunca tive dúvidas.

quinta-feira, abril 17, 2014

Épico

Simplesmente épico. Este foi um dos jogos a que assisti na Luz que mais prazer me deu ganhar. Foi um jogo em que o Benfica foi enorme, foi buscar forças onde provavelmente nem imaginávamos que existiriam, foi inteligente e soube reagir a todas as adversidades que lhe apareceram pela frente, e que incluíram uma expulsão madrugadora, e sofrermos um golo no primeiro (e único) remate digno desse nome que o Porto fez na direcção da nossa baliza.


Foram afinal várias as alterações que fizemos (algumas forçadas) no nosso onze habitual: Oblak, Luisão, Fejsa, Markovic e Lima, por um motivo ou outro, ficaram fora da equipa inicial. Como tem sido habitual, quem avançou para os seus lugares cumpriu a missão. Neste caso, Artur, Jardel, André Gomes, Salvio e Cardozo. Em relação ao jogo propriamente dito, começo por dizer que creio que nunca tinha visto um Porto entrar tão medroso na Luz, e já vi muitos jogos entre as duas equipas. O Porto entrou verdadeiramente 'borrado' em campo, encafuado no seu meio campo e procurando desde o apito inicial congelar o jogo e queimar tempo. O Benfica, pelo contrário, entrou como tinha que ser, caindo em cima do adversário e submetendo-o a pressão constante, o que ficou bem evidente quando assistimos a uma situação quase inédita de uma boa meia dúzia de cantos consecutivos a favor do Benfica. Houve jogadores como o Reyes (um jogador que voltou a parecer-me bastante medíocre e que o Porto quer fazer acreditar que nos 'roubou') que tremiam e muito sempre que pressionados, e no ataque o Porto era simplesmente inofensivo. Ou nem chegava lá, ou quando chegava o Quaresma encarregava-se de jogar sozinho e estragar quase todas as jogadas. O corolário lógico da nossa pressão foi o primeiro golo, construído em mais uma bonita jogada de envolvimento da nossa equipa, com o Gaitán a ser lançado na esquerda e depois a encontrar, com um cruzamento largo, o Salvio ao segundo poste, que cabeceou para o golo - a bola ainda bateu no poste antes de entrar. Demorámos dezassete minutos a anular a vantagem do Porto, e agora tínhamos pela frente mais cerca de uma hora e um quarto de futebol para vencer a eliminatória. E a julgar pelo que íamos vendo em campo, não parecia nada difícil conseguir isso. 


Mas o cenário alterou-se abruptamente ainda antes da meia hora, altura em que o Siqueira viu dois amarelos de rajada e nos deixou reduzidos a dez - não sei se o primeiro amarelo foi justo ou não, mas um jogador com um amarelo não podia ter entrado daquela forma, e por isso acho que foi um lance de profunda burrice da parte dele. O Benfica teve obviamente que se reorganizar e o sacrificado foi, naturalmente, o Cardozo, que cedeu o seu lugar ao André Almeida - nos últimos três jogos, contra o AZ jogou a lateral direito, contra o Arouca jogou a trinco, hoje jogou a lateral esquerdo, e em todos eles cumpriu. Só depois do Benfica assumir uma postura mais cautelosa, privilegiando sobretudo a organização defensiva, é que o Porto conseguiu passar a ter um pouco mais de bola e jogar mais no nosso meio campo, mas nunca conseguiu vincar qualquer tipo de superioridade em campo, criar uma oportunidade de golo, ou explorar a vantagem numérica. Apenas numa saída pouco ortodoxa do Artur, na sequência de um (raro) canto conseguiram criar algum tipo de sensação de perigo, mas para ser sincero, continuei sempre com a ideia de que continuavam com demasiado medo do Benfica.


A segunda parte não pareceu mostrar grandes diferenças em relação a isto. O Benfica manteve-se organizado, o Porto sem mostrar capacidade para fazer mossa. Foi por isso de forma algo surpreendente que, um pouco caído do céu, surgiu o golo do Porto. Foi uma boa iniciativa individual do Varela, que parecia não ter grande possibilidade de sucesso, mas que aproveitou o que me pareceu alguma passividade do André Almeida, que teve demasiado medo de meter o pé e fazer falta, furou pelo meio da defesa e rematou cruzado para o golo. O Benfica via-se agora em desvantagem numérica e na eliminatória, precisando de marcar dois golos. A resposta do Benfica foi à Benfica. Não houve baixar de braços (nem da equipa, nem do público), houve sim um arregaçar de mangas, ir buscar todas as forças possíveis, e partir para cima do adversário. O mais interessante foi que o Benfica não jogou exclusivamente em contra-ataque; o Benfica, apesar da inferioridade numérica, criava ocasiões de perigo em ataque organizado, em jogadas onde jogadores como o Enzo, Rodrigo, Gaitán, Salvio, Maxi, André Gomes pareciam multiplicar-se em campo e conseguir aparecer em todo o lado. O Porto não tirou qualquer benefício motivacional do golo, e pouco depois do golo já o Rodrigo desperdiçava uma ocasião quase de golo feito, a passe do Gaitán. Mas logo a seguir o Reyes derrubou claramente o Salvio na área, e incrivelmente o Pedro Proença assinalou penálti a nosso favor, que o Enzo transformou com muita calma e a fazer parecer que era fácil. 


A passagem na eliminatória estava agora a um golo de distância, o Porto abanou ainda mais, e não fosse o Rodrigo ter escorregado no último instante (depois de mais uma asneira do inevitável Reyes) e talvez esse golo teria chegado logo a seguir. O jogo foi-se aproximando do final, com o Porto a continuar a ser inofensivo e o Benfica, mesmo estando potencialmente eliminado, a nunca perder a cabeça de cair na tentação de se atirar abertamente ao ataque, o que poderia proporcionar ao Porto a oportunidade de matar o jogo num contra-ataque. Até que, a dez minutos do final, apareceu o momento mágico e decisivo do jogo. Mais uma vez, num lance de ataque organizado, em que o Lima, o Gaitán e o André Gomes andaram a trocar a bola junto ao canto da área do Porto, no lado esquerdo, até que o Gaitán picou a bola para o André. Depois, dentro da área, ele recebeu-a no peito, sem a deixar cair levantou-a sobre o Fernando, e rodou para ficar cara a cara com o guarda-redes, rematando depois para o fundo da baliza para fechar um golo sublime. A Luz explodiu como poucas vezes a vi explodir, e apesar de ainda termos que enfrentar uns longos dez minutos até final, de alguma forma parecia ser quase impossível que o Porto conseguisse voltar a marcar um golo e impedir a nossa festa no final. A verdade é que até final pouco se jogou. Entre substituições, cartões, expulsões (de ambos os treinadores - e não percebo em que raio estava a pensar o Jesus para que de repente aparecesse dentro do campo - e do Quaresma, provavelmente com largos minutos de atraso) e o mero desnorte dos jogadores do Porto, a quem pouco mais ocorria do que enviar balões para a frente, já com o Mangala a avançado, os dezasseis minutos (dez de jogo mais seis de compensação) passaram a correr.


Mais uma vez, o maior destaque tem que ser a equipa. Uma equipa que ao ver-se em inferioridade numérica tão cedo nunca perdeu a cabeça, que soube reagir ao golo indo em busca daquilo que precisava para dar a volta à situação perante um adversário como o Porto, tem obrigatoriamente que ser uma grande equipa (e ainda por cima sabendo nós que nos faltaram jogadores que têm sido importantes esta época). Mas é impossível não ficar maravilhado com aquilo que jogadores como o Gaitán, o Enzo (encheu o campo), o Salvio (está definitivamente a regressar ao que nos habituou) ou o Rodrigo fizeram. Com o jogo enorme, e não, não é pelo golo, do André Gomes - já o elogiei antes e considerei injustas as críticas quase que formatadas que lhe fazem sobre a falta de velocidade ou intensidade: continuo a dizer que acho é um jogador que guarda bem a bola, sabe quase sempre o que vai fazer com ela assim que a recebe, e tem uma inteligência táctica invulgar. Com o pulmão do Maxi, a segurança do Garay, o espírito guerreiro do Jardel, hoje todos foram enormes.

Escreveu-se hoje uma página bonita da nossa história, mas o mais importante foi mesmo os fantasmas que foram exorcizados esta noite. A forma como fomos para cima do Porto, o receio e respeito que eles pareceram sempre ter por nós, até mesmo termos ganho um clássico arbitrado pelo Proença, tudo isto pode significar um passo muito importante para fazer desabar a 'estrutura' bafienta. A nossa Luz não esteve cheia, mas esteve muito bem composta e soube ser o décimo-primeiro jogador de que a equipa precisava, criando um ambiente incrível. Tenho pena de quem poderia ter ido e decidiu ficar em casa, porque perdeu uma noite linda de benfiquismo.

segunda-feira, abril 14, 2014

Quase

Mais uma importante vitória a caminho do título, num jogo que dominámos do primeiro ao último minuto. A nossa exibição foi no entanto em crescendo: não entrámos bem, fizemos uma primeira parte aquém das expectativas, mas depois fomos melhorando, conseguindo uma segunda parte bastante melhor em que até poderíamos ter construído um resultado mais dilatado, pois o guarda-redes do Arouca foi um dos melhores em campo.


Duas ausências com alguma surpresa no onze inicial: o Luisão e o Fejsa. Para os seus lugares foram chamados o Jardel e o André Almeida. Perante uma autêntica Luz em miniatura, já que a onda vermelha lotou as bancadas do Municipal de Aveiro, o início do jogo não foi particularmente promissor. O Arouca apresentou-se conforme lhe competia, bem fechado atrás, com os jogadores muito juntos e organizados em frente à sua área e a procurar manter o nulo. O Benfica, ao contrário do que tem acontecido nos últimos jogos, pareceu entrar a jogar com demasiada lentidão. O Rodrigo ainda fez uma primeira ameaça logo nos primeiros minutos, num remate que obrigou o Cássio a uma defesa um pouco mais apertada, mas fomos anormalmente inofensivos durante a maior parte do tempo. Não sei se foi do calor, se do cansaço de alguns jogadores, ou algum excesso de confiança, mas a verdade é que a equipa pareceu-me demasiado estática durante a primeira parte. Até a relva parecia estar demasiado grande e não colaborar, pois a bola não rolava com muita velocidade. O jogo foi sendo animado por algumas iniciativas individuais, mas situações de verdadeiro perigo foram muito poucas. Houve um remate cruzado do Maxi, que não passou muito longe, e já na fase final da primeira parte houve a primeira grande oportunidade de golo para o Benfica (e em dose dupla). Primeiro foi o lima a aproveitar uma má intervenção de um adversário dentro da área para, completamente sozinho, rematar e ver o Cássio defender por instinto; a bola sobrou então para o Rodrigo, que fez a recarga para fora. Mas pouco depois foi a nossa vez de passar por um grande susto, quando o Oblak teve uma má saída até ao limite da área e não conseguiu afastar uma bola que tinha sido despejada para lá. A bola sobrou para um adversário, que em balão a encaminhou para a baliza, valendo-nos uma intervenção no limite do Maxi, que conseguiu afastá-la quase em cima da linha. Quando já se jogava o período de dois minutos de compensação, e parecia que o nulo ao intervalo era uma inevitabilidade, aconteceu o nosso golo. Foi mesmo na última jogada da primeira parte (faltavam quatro segundos para acabar) que o Lima fugiu pela direita, e uma intervenção desastrada de um defesa do Arouca na zona do segundo poste deixou a bola à frente do Rodrigo, que só teve que a empurrar para a baliza.


Depois daquela primeira parte, temi que na segunda o Benfica aproveitasse a vantagem no marcador para baixar ainda mais o ritmo, gerindo o resultado, mas felizmente não foi isso que aconteceu. Ao contrário do que tem sido mais habitual, o Benfica entrou com vontade de ampliar o resultado e conquistar maior tranquilidade no jogo, o que nem demorou muito a conseguir.  Com dez minutos decorridos o Markovic agarrou na bola e arrancou com ela pelo meio, ultrapassando adversários até à entrada da área, onde a deixou para o Gaitán. Depois o argentino limitou-se a picá-la com classe à saída do guarda-redes. No minuto seguinte, quase a repetição do cenário, pois o Makovic voltou a levar a bola até à área e a deixá-la nos pés do Gaitán, em posição privilegiada para marcar, mas desta vez o Cássio conseguiu evitar o golo. Com os dois golos de vantagem o Benfica continuou a controlar perfeitamente o jogo, embora num ritmo mais pausado, mas sem deixar de espreitar a oportunidade de ampliar a vantagem. O momento de maior preocupação foi o da lesão do Oblak, que depois de um choque violento com um adversário perdeu os sentidos e teve que ser substituído - pelos vistos teve mesmo um traumatismo craniano. Depois da lesão do Sílvio, esperemos que não tenhamos agora nova lesão grave num momento tão decisivo da época. Quanto ao jogo, tudo na mesma, com o Benfica a controlar e o Cássio a teimar em negar-nos o terceiro golo. Com mais uma boa defesa, voltou a evitar que o Gaitán marcasse o seu segundo golo, depois de um remate colocado. O jogo caminhou tranquilamente para o final, já com o Cardozo e o Salvio em campo (troca com o Rodrigo e o Markovic), com mais uma defesa enorme do Cássio a tirar-nos o terceiro golo, desta vez a remate do Lima, terminando com o estádio num clima de enorme festa feita pelos nossos adeptos.


Melhor em campo, para mim, mais uma vez o Gaitán. Já nem vale muito a pena estar a elogiar o momento de forma que atravessa - esta é sem dúvida a melhor época que faz desde que está no Benfica. O Jardel e o André Almeida cumpriram os seus papéis, como tem sido norma para qualquer jogador que é chamado a substituir um dos titulares mais habituais. Bom jogo do Siqueira, Enzo e Markovic.

E agora está mesmo quase, porque faltam apenas mais dois pontos. Dependemos só de nós para fazer a festa no dia de Páscoa, e se a nossa equipa mantiver a atitude e concentração, só muito dificilmente isso não acontecerá. Antes disso teremos porém um jogo difícil contra o Porto, para decidir o acesso à final da Taça de Portugal. Temos mais do que capacidade para ultrapassar este adversário e tentar conquistar mais um troféu esta época. Só teremos que ter cuidado com a 'atitude competitiva' do nosso adversário. É que a julgar pelo exemplo do primeiro jogo, ainda nos arriscamos a perder mais alguns jogadores para a fase decisiva da época.

sexta-feira, abril 11, 2014

Paciente

O Benfica soube ser muito paciente esta noite e tranquilamente resolveu a questão da passagem às meias-finais da Liga Europa, num jogo controlado de princípio a fim pela nossa equipa e que apenas ficou manchado pela grave lesão do Sílvio.


Uma vez mais meia dúzia de alterações no onze base do Benfica: Oblak, Enzo, Markovic, Lima, Gaitán e Maxi de fora (os dois últimos por castigo), e nos seus lugares Artur, André Gomes, Salvio, Cardozo, Sulejmani e Sílvio. O jogo começou da pior forma possível, já que praticamente na primeira jogada um choque entre o Sílvio e o Luisão resultou numa grave lesão do nosso defesa lateral, que foi substituído pelo André Almeida. O jogo foi, todo ele, a tender para o monótono. A atitude dos holandeses foi algo bizarra, uma vez que praticamente nunca abdicaram de extremas cautelas defensivas, tendo até durante várias ocasiões andado a perder tempo de forma ostensiva. O AZ meteu constantemente dez jogadores atrás da linha da bola, acantonados em frente à sua área, deixando apenas o avançado só na frente. E quando recuperavam a bola, raramente arriscavam vir para a frente com mais do que três ou quatro jogadores. A ideia com que se fica é a de que o maior receio deles era o de serem goleados caso arriscassem jogar olhos nos olhos, e portanto estava contentes a jogar pelo seguro e esperar por um qualquer lance fortuito que lhes pudesse proporcionar o golo que empataria a eliminatória. Como este tipo de postura não era exactamente um incómodo para o Benfica, não nos lançámos num ataque desenfreado, fazendo sim aquilo que tem sido apanágio da equipa este ano: circulação segura da bola e construção paciente das jogadas, na certeza quase absoluta de que a diferença de qualidade entre as duas equipas acabaria por fazer o jogo pender a nosso favor. Evidentemente que as únicas oportunidades que houve foram todas nossas, e a primeira delas até aparece cedo, num remate em arco do Cardozo de fora da área, que o guarda-redes do AZ defendeu bem. As outras oportunidades mais flagrantes tiveram o mesmo denominador comum: Cardozo. Primeiro viu o guarda-redes defender um remate seu perto da marca de penálti depois de um cruzamento do Rodrigo, e depois não conseguiu acertar na baliza quando estava em posição privilegiada para o fazer. Mas logo a seguir a este lance, quando faltavam cerca de cinco minutos para o intervalo, o Benfica chegou ao golo. O lance nasceu numa cavalgada fantástica do Salvio pela direita, junto à linha lateral, em que correu mais de metade do campo e foi deixando tudo e todos para trás, até centrar para a zona do segundo poste onde apareceu o Rodrigo para encostar. O golo dava justiça ao resultado e acrescentava ainda mais tranquilidade ao nosso jogo. Quanto ao AZ, durante toda a primeira parte, foi literalmente inofensivo. Não me recordo de um remate sequer, ou de uma defesa do Artur.


Na segunda parte a atitude dos holandeses continuou sem se alterar, mantendo a solidez defensiva como maior preocupação. O jogo foi por isso bastante monótono, sem qualquer lance digno de registo durante os primeiros minutos. Apenas quando se completou a hora de jogo assisti ao primeiro remate digno desse nome por parte do AZ, que passou fraco e rasteiro ao lado da baliza - cinco minutos depois disso voltaram a rematar, e finalmente o Artur foi obrigado a fazer algo que se podia classificar como defesa, embora o lance não tivesse trazido qualquer perigo à nossa baliza. Entretanto o Enzo foi chamado para o lugar do Fejsa, e assim que entrou começou a arrumar a casa, com efeitos práticos visíveis na qualidade do nosso jogo. O nosso segundo golo até surgiu pouco depois, a vinte minutos do final, mas num lance em que o Enzo não teve participação. Mais uma vez o mérito maior pertence inteirinho ao Salvio, que acreditou e insistiu num balão que parecia que levaria a bola a sair, levou a bola até perto da bandeirola de canto, e pressionado por dois adversários conseguiu cruzar por alto, novamente para a zona do segundo poste, onde o Rodrigo apareceu mais uma vez a encostar facilmente para o golo - a defesa holandesa não ficou nada bem na fotografia. Depois deste segundo golo o AZ (que já desde início não parecia ter grande crença na possibilidade de discutir a eliminatória) pareceu abandonar definitivamente qualquer tipo de esperança e relaxou mais em termos defensivos, o que fez com que até final o terceiro golo do Benfica fosse sempre uma ameaça. Falhou-o o Salvio (e bem teria merecido esse golo), que isolado após um passe do Luisão para as costas da defesa viu o seu remate ser defendido pelo pé do guarda-redes, e falhou-o o Cardozo, que não conseguiu controlar a bola após um passe açucarado do Enzo, depois de mais uma daquelas arrancadas em que foi deixando tudo e todos para trás. Um terceiro golo talvez deixasse a diferença de qualidade entre as duas equipas marcada de forma mais vincada, mas o Benfica também nunca pareceu ter necessidade de acelerar mais, e construiu a vitória de forma muito natural e sem grande esforço aparente.


O Salvio, pelas duas assistências, é o homem do jogo. foi muito bom ver, sobretudo no lance do primeiro golo, o 'velho' Salvio de regresso. Aquele que a complicada lesão nos retirou durante a maior parte da época, e que certamente teria sid muito útil. Mas ainda vem a tempo de ajudar. O Rodrigo teve o mérito de aparecer no lugar certo na altura certa, reforçando a sua confiança - a desmarcação para o primeiro golo é muito boa, e no segundo revelou grande oportunismo. Os centrais estiveram impecáveis, como habitualmente. O Sulejmani baixou muito de rendimento na segunda parte, e o Cardozo continua a revelar ainda muita falta de confiança, mas foi bonito ver e ouvir o apoio do público da Luz ao Tacuara na fase final de um jogo que não lhe correu bem.

A única coisa a lamentar foi mesmo a grave lesão do Sílvio. Nos últimos posts que tenho feito, por mais de uma vez o elogiei e revelei a minha vontade de passarmos a contar com ele no plantel de forma definitiva. Espero que possa recuperar rapidamente da lesão, e que esta não seja um entrave à sua eventual contratação. Para mim é um jogador que tem definitivamente lugar no nosso plantel. Quanto à Liga Europa, chegados a esta fase é óbvio que a possibilidade de conquistar um troféu que nos fugiu de forma tão injusta a época passada tem que ser considerada de forma séria. Vamos esperar pelo sorteio de amanhã e ver o que nos reserva. Gostaria de evitar a Juventus, porque não costumamos ser muito felizes contra equipas italianas. Mas a Liga Europa já passou, e quando regressar preocupar-me-ei com ela. Importante agora, mesmo importante, é ganhar ao Arouca.

terça-feira, abril 08, 2014

Classe

Não demos sequer hipótese de haver dúvidas. Na sequência daquilo que temos feito nos últimos jogos em casa para o campeonato marcámos cedo, praticamente resolvemos o jogo ainda na primeira parte, e depois limitámo-nos a gerir e a controlar um adversário que acabou por ser talvez a segunda equipa menos incómoda que passou pela Luz neste campeonato - acho que só mesmo o Sporting conseguiu ser ainda mais inofensivo - deixando a tarefa de animar a segunda parte às pinceladas de classe dos nossos jogadores.



Duas alterações, esperadas, no onze-tipo: André Almeida no lugar do lesionado Fejsa e Sílvio no do castigado Siqueira. Desde o apito inicial que o jogo teve um só sentido. Nem sequer foi uma cavalgada frenética do Benfica na procura do golo, foi sempre algo feito com paciência e método, mas constante, com a bola a rondar a área e a baliza adversária, e sem que o Rio Ave conseguisse praticamente passar do meio campo. Foi portanto com alguma naturalidade que o Benfica marcou o primeiro golo, quando estavam passados dezassete minutos de jogo. Tudo começou num grande passe do Enzo, a levar a bola da direita para a esquerda do campo. O Sílvio amorteceu-a de primeira para o Gaitán à entrada da área, este tirou um adversário do caminho e em vez de rematar descobriu o Rodrigo dentro da área, que controlou e colocou a bola rasteira junto ao poste. Uma jogada muito bonita e fluida. Não entrámos imediatamente em modo de gestão a seguir ao golo: continuámos a procurar de forma paciente a baliza adversária, pressionando alto e impedindo que o adversário conseguisse sair de forma organizada, para depois causar perigo sempre que a bola era recuperada ainda em zonas adiantadas do campo. Logo no minuto seguinte ao do golo, o Gaitán teve oportunidade para aumentar a vantagem depois de uma dessas recuperações, mas se dessa vez o remate dele foi interceptado por um adversário, o mesmo já não se passou um pouco antes da meia hora, altura em que marcou mesmo. Foi depois de um remate do Rodrigo ter embatido num adversário, levando a bola a subir em balão para cair à entrada da área, onde surgiu o Gaitán para fazer um remate rasteiro de primeira que só parou no fundo da baliza. Jogo praticamente resolvido, mas o Benfica manteve o ritmo e com o Gaitán a espalhar classe de cada vez que a bola lhe chegava aos pés, o resultado parecia estar longe de estar feito. O resultado ao intervalo era lisonjeiro para o Rio Ave, porque o Benfica poderia ter feito o marcador funcionar novamente.


A segunda parte iniciou-se numa toada mais tranquila. O Benfica resguardou-se um pouco e o Rio Ave conseguiu ser um bocadinho mais atrevido,embora o Oblak tenha continuado a ser pouco mais do que um mero espectador na partida. Mas depois de uns primeiros vinte minutos algo aborrecidos, os nossos jogadores devem ter começado a sentir-se também aborrecidos e resolveram acelerar um pouco e abrir o livro. E em mais uma jogada colectiva muito bonita, em que a bola voltou a passar pelos pés de vários jogadores (foi quase um minuto e meio com a bola em nosso poder, 33 passes e todos os onze jogadores tocaram na bola), no final o Rodrigo deixou de calcanhar para o Maxi, já dentro da área, e este foi derrubado ara penálti. Oportunidade flagrante para o recém entrado Cardozo (tinha substituído o Lima) regressar aos golos, e desta vez o paraguaio não facilitou, convertendo o penálti ao seu melhor estilo: bola colocadíssima e em força para um lado, guarda-redes para o outro. Aconteceu aos setenta e sete minutos, e daqui até final a nossa equipa jogou de forma descontraída e alegre, mostrando sempre vontade de marcar mais golos e com o Gaitán, bem acompanhado pelo Enzo, a dar espectáculo. O Djuricic já estava em campo, no lugar do Rodrigo, e também ajudou a revitalizar o nosso ataque. Vimos a nossa equipa construir mais jogadas bonitas que só por muito pouco não acabaram em golo, e mesmo com três golos de vantagem parecia que isso nem se ajustava ao que o Benfica produzia em campo. O marcador compôs-se um pouco mais já em período de descontos, quando o Enzo teve uma das suas arrancadas habituais, deixando tudo pelo caminho até ser derrubado em falta já dentro da área. Chamado novamente para converter, o Cardozo voltou a fazê-lo de forma irrepreensível, enviando novamente a bola para um lado e o guarda-redes para o outro.


Não creio que tenha havido uma má exibição no jogo de hoje, mas o homem do jogo é indiscutivelmente o Gaitán. Abriu caminho à vitória com a assistência para o primeiro golo e marcando o segundo. Está numa forma fantástica, e neste momento eu fico antecipadamente entusiasmado quando a bola lhe chega aos pés, porque espero que dali saia sempre algo interessante. Depois do jogo apagado em Braga, o Enzo voltou às boas exibições. A importância dele no nosso jogo é imensa, devido às inúmeras opções de ataque que cria. Quando os colegas estão todos marcados e não tem linhas de passe, tem a capacidade para pegar na bola e ir para cima dos adversários, deixando-os pelo caminho. Nessas altuas torna-se verdadeiramente num extremo a jogar pelo meio, e o lance do último golo é um exemplo disso. O Rodrigo continua num grande momento, e o André Almeida cumpriu na perfeição o papel que lhe foi entregue. Não sei qual terá sido o motivo para o 'castigo' que o fez ficar sem jogar durante tanto tempo, mas é um jogador com o qual podemos contar, e é ali no meio campo que pode render mais. Por último, mais uma menção para o Sílvio. Gosto quase sempre de o ver jogar, e se me parece que o Siqueira é excessivamente caro, gostaria que pelo menos o Benfica fizesse os possíveis para manter o Sílvio no plantel.

Com esta vitória garantimos que na pior das hipóteses poderemos decidir o campeonato nos próximos dois jogos que faremos em casa, contra Olhanense e Setúbal. Na melhor das hipóteses até poderíamos resolver o assunto já na próxima jornada, mas para isso dependemos ainda de terceiros. A cerca de apenas um mês do final da época, a exibição de hoje deixa-nos cheios de confiança para tudo o que ainda há para jogar e decidir.

sexta-feira, abril 04, 2014

Tranquilo

Exibição quase sempre segura, resultado positivo, boas perspectivas de apuramento para as meias-finais, e gestão do plantel mais uma vez conseguida num jogo tranquilo. Pedir mais do que isto, só mesmo que não tivesse havido a infelicidade da lesão do Rúben Amorim - esperemos que não seja demasiado grave.


Como esperado, muitas alterações em relação ao onze-tipo do Benfica. A defesa foi a habitual, mas na baliza jogou o Artur. No meio campo, Rúben Amorim e André Gomes, com o Salvio e o Gaitán nos flancos. E na frente tivemos a dupla Rodrigo/Cardozo. Fiquei um pouco surpreendido com a não titularidade do Djuricic e do Sulejmani. Como ambos os jogadores conhecem bem o campeonato holandês, pensei que o Jorge Jesus apostasse neles, até mesmo para manter a lógica que ele tinha dito estar por detrás da titularidade do Sílvio em Braga. O início de jogo foi complicado para o Benfica, como AZ a ter mais bola e a tentar pressionar bastante, enquanto que nós assumimos uma atitude mais expectante, para tentar manter o jogo num ritmo mais calmo. Os holandeses rondaram mais a nossa baliza, tiveram um cruzamento/remate que deixou a sensação de perigo, e apenas ao fim do primeiro quarto de hora o Benfica deu o primeiro sinal de inconformismo, numa boa acção de toda a equipa que levou a bola a andar durante algum tempo nas imediações da área do AZ, sem que no entanto tivéssemos descobrir uma aberta para o remate. Ficou no entanto a sensação que se o Benfica quisesse apertar um pouco, conseguiria encostar os holandeses atrás. Mas pouco depois disso foram os holandeses quem, no espaço de apenas um minuto, tiveram duas grandes oportunidades para inaugurar o marcador, e nas duas vezes o Artur respondeu da melhor forma. Primeiro ao defender com a perna o remate de um adversário isolado, e depois com uma palmada a afastar um remate que levava muito perigo à nossa baliza. Embora estivesse longe de assim o parecer, a verdade é que essas duas oportunidades foram praticamente o canto do cisne do AZ no jogo, porque a seguir a isso o Benfica espevitou e tomou conta do jogo, não voltando a permitir grandes veleidades ao adversário (apenas à beira do intervalo o Artur foi obrigado a nova intervenção um pouco mais esforçada). A bola passou a aparecer mais vezes junto da baliza holandesa, e os remates começaram a aparecer mais frequentemente, ainda que sem a direcção desejada. Perto do intervalo aconteceu o infortúnio da lesão do Rúben Amorim, que a julgar pela reacção dele (saiu do campo em lágrimas) pode ser grave. Para o seu lugar entrou o André Almeida.


O regresso para a segunda parte foi perfeito. Logo no reinício o Salvio ficou perto de marcar, a passe do Gaitán. E com três minutos decorridos, marcou mesmo. Depois do Cardozo ter aproveitado uma má intervenção de um defesa adversário para se isolar e ver o seu remate defendido pelo guarda-redes, na recarga sobre o limite da área, em pontapé de moinho, o Salvio atirou para a baliza deserta. O golo teve bastante impacto no jogo: o AZ acusou-o imenso e ficou meio perdido em campo, enquanto que o público no estádio ficou praticamente silenciado. Nos minutos que se seguiram o Benfica construiu jogadas e oportunidades para voltar a marcar, tendo sido então a vez do AZ ser salvo pelo seu guarda-redes com algumas intervenções decisivas. Noutras ocasiões foi mesmo por falta de acerto que a bola não entrou (estou a recordar-me da situação em que quase em cima da linha de golo o Rodrigo não conseguiu acertar bem na bola e enviou-a para a bancada) ou por mau aproveitamento de situações que exigiam melhores decisões - uma jogada sobre o final em que fazemos um contra-ataque com três jogadores para dois defesas adversários e acabámos por não conseguir sequer rematar é o melhor exemplo disso. O facto relevante é que durante toda a segunda parte o 2-0 para as nossas cores foi quase sempre uma possibilidade, enquanto que os holandeses tentavam atacar de forma descoordenada e praticamente não conseguiram levar qualquer perigo à nossa baliza. Houve apenas um momento de tensão, já mesmo a acabar o jogo, quando o Artur teve a única falha durante os noventa minutos e após ter saído ao limite da área para agarrar um cruzamento acabou por largar a bola, mas a nossa defesa acabou por resolver o problema.


Apesar desta falha mesmo a acabar, o Artur é um dos destaques da nossa equipa. As defesas que fez no período inicial do jogo, em que o AZ esteve mais perigoso, foram fundamentais, e as coisas poderiam ter-se complicado se os holandeses tivessem chegado ao golo cedo. Para não variar, voltei a gostar dos nossos centrais, e em especial do Garay. O Salvio vai regressando à melhor forma, e hoje para além do golo gostei do trabalho defensivo que fez, até porque o Maxi continua a dar muito espaço atrás sempre que sobe. Bom jogo do Gaitán (continuo extremamente agradado com a evolução táctica dele e a forma como ajuda a defender e a lutar pela recuperação da bola), e estava a gostar de ver o Rúben Amorim. Nada mal também o André Almeida, sobretudo se tivermos em conta que entrou praticamente a frio e há meses que não jogava. O André Gomes é frequentemente criticado por ser 'lento', mas eu honestamente gosto de o ver jogar e irrita-me um bocado essa mania. Nem todos os jogadores têm que jogar de forma eléctrica, e agrada-me que ele pareça sempre já saber o que fazer à bola quando a recebe. Além disso é inteligente na movimentação em campo, e praticamente nunca é desarmado quando tem a bola nos pés.


Foi mesmo uma noite europeia praticamente perfeita para nós, e agora se mantivermos a concentração não deverá ser complicado assegurarmos a passagem às meias-finais, porque temos muito mais futebol do que este AZ. Agora é mais uma vez altura de voltarmos a pensar muito a sério no próximo jogo do campeonato, porque muito do possível sucesso desta época deverá passar pela capacidade para conseguirmos arrumar a questão do título o mais cedo possível. Vou também ficar a torcer para que a lesão do Rúben não seja grave. É um jogador muito útil e que nos faz muita falta.