segunda-feira, abril 30, 2007

Seca

Nandinho, a sério, se gostas mesmo do Benfica faz-nos um favor a todos: vai-te embora, e não nos obrigues a suportar mais outra época contigo ao leme. Em jogos decisivos esta época o Benfica apenas ganhou um: precisamente contra o clube do avozinho, em Alvalade, e isso não é nenhum feito particularmente meritório, dada a frequência com que ganhamos em casa da lagartagem. De resto o que se vê é quase invariavelmente a equipa entrar mal nos jogos, dar avanço, e depois ter que despender o dobro do esforço para correr atrás do resultado. No final, lá vem o discurso do costume 'Ah, e tal, não fomos felizes, faltou felicidade, etc...'. Será que o Nandinho já pensou que tanta 'infelicidade' junta se calhar não é por acaso? Talvez haja algum factor que cause toda essa 'infelicidade', não? Infeliz é o actual treinador do Benfica, aliás, a infelicidade parece que o persegue para onde quer que vá, e só mesmo o querer dos nossos jogadores esta noite é que mais uma vez acabou por salvá-lo. Epá, se for uma questão de dinheiro eu não me importo de pagar uma quota suplementar para ajudar a pagar a indemnização ao Nandinho. Eu quero é vê-lo pelas costas, a ele e ao seu discurso de desgraçado.

Não consigo fazer uma apreciação muito detalhada ao jogo desta noite. Já o disse antes que este é o jogo que mais me custa ver durante a época: não gosto de receber em minha casa gente que desprezo, de forma que a visão daqueles tipos em nossa casa deixa-me sempre demasiado mal-humorado para que consiga apreciar o jogo. Só quero que os noventa minutos acabem para que eles se ponham a andar dali para fora o mais depressa possível, e assim possa passar mais uns bons seis meses a ignorá-los.

Conforme disse, mais uma vez entrámos muito mal no jogo. Sem Simão, sem Luisão (vai uma aposta que o Simão segue o mesmo caminho do Luisão e não volta a jogar esta época?), com a mesma equipa da semana passada, ao fim de um minuto já tinha havido a primeira falha de marcação, que resultou no Liedson a aparecer à vontade ao segundo poste (onde é que andavam os centrais?) a ganhar de cabeça ao Nélson e a inaugurar o marcador. Para uma equipa que veio à Luz com a intenção principal de jogar para o empate, como o resto do jogo veio a demonstrar, apanhar-se a ganhar logo de início era o melhor que podia acontecer. A perder desde tão cedo, o Benfica demorou a encontrar-se, e as tímidas respostas iam sendo dadas pelo Miccoli e pelo Petit, que tentavam trazer a equipa para a frente. Só ao fim de vinte minutos é que as coisas melhoraram, e foi pouco depois que o Miccoli empatou o jogo. Este empate marcou o início de uma fase de equilíbrio, que durou até ao intervalo. O losango do Benfica tinha, no entanto, o defeito de ser demasiado estreito: todo o jogo pelas alas está praticamente a cargo dos dois laterais, que ou tinham pouca ajuda (no caso do Léo com o Karagounis) ou mesmo nenhuma (o Katsouranis nem sequer se incomodava a correr para acompanhar o Nani). Por isso o nosso jogo era excessivamente feito pelo meio.

Após o intervalo, novamente foi o clube visitante a entrar melhor, mas desta vez esta fase de ascendente não durou tanto tempo. O Benfica conseguiu responder, e devido às acções do Leo, Petit e Miccoli (sobretudo este) ia tentando chegar ao golo. Do outro lado, parecia haver alguma satisfação com o resultado.
O Nandinho no banco fazia o que podia para baralhar as coisas, tirando o Nuno Gomes (é verdade que não jogou nada) para meter o Manu não sei para fazer o quê. Não consegui perceber para que funções é que ele entrou, se para ponta-de-lança, se para extremo, se para médio, e não quero perder tempo a tentar descobrir. Na fase final do jogo começou a ser mais que visível a falência física de todo o nosso meio-campo. O Petit saiu de rastos, mas os que ficaram não estavam em melhor estado. Por isso a equipa ficou-se mais pelo querer, porque a verdade é que já havia pouca lucidez para construir o que quer que fosse, e a única esperança seria que o Miccoli conseguisse inventar qualquer coisa. Os últimos minutos foram por isso bastante mal jogados de parte a parte, com ambas as equipas bastante desorganizadas em campo.

Ficou o empate, e mais uma oportunidade falhada de aproximação ao líder (acho que foi mesmo a última, menos para o Nandinho, que promete continuar a lutar pelo título). Ele lá sabe onde é que estarão esses gigantes que só ele é que vê. Pela parte que me toca, só lá vejo mesmo moinhos de vento. Do outro lado, parece que ficaram muito satisfeitos com o resultado, a julgar pelas manifestações de alegria - cheguei a ouvir carros a buzinar animadamente.
Embora uma vitória neste jogo os deixasse muito bem colocados para discutir o título, convém não esquecer que o 'título' deles não é serem campeões, é acabarem à frente do Benfica, por isso não surpreende tal atitude. Os pequeninos por norma festejam sempre os empates em nossa casa. Quanto a mim, empatar com o clube do Lumiar, seja em que condições for, é humilhante.

Miccoli, Léo, Petit e Rui Costa foram os nossos melhores, e se não em qualidade pelo menos em vontade. O italiano foi nitidamente o mais inconformado, e aquele que mais vezes tentou rematar à baliza adversária. O golo ficou-lhe bem. Pena a ausência do Simão. Hoje foi nítido o défice do nosso jogo pelas alas, já que quando o Simão joga, mesmo na posíção atrás dos avançados, ele cai sempre para as alas e permite atacar mais pelas pontas. Hoje isso só aconteceu a espaços na segunda parte, quando o Léo conseguiu subir mais pelo seu lado.

O Pedro Henriques é o meu árbitro preferido, mas esta noite fez uma má arbitragem. Dualidade de critério disciplinar é algo que me custa sempre a engolir.

Ainda faltam três jogos para a época terminar. Este campeonato tem quatro jogos a menos do que os das últimas épocas, mas está-me a parecer que demora muito mais tempo a acabar. O Nandinho chateia-me tanto que até o tempo parece abrandar. Que seca.

quarta-feira, abril 25, 2007

Camacho

Bem, parece que já nem o facto de ser benfiquista é uma característica que distinga o Nandinho e seja um argumento a favor da sua presença ao leme da nossa equipa ;)

"
Serei sempre um benfiquista, e quero é ver o clube ganhar o próximo jogo e garantir a entrada na Liga dos Campeões na próxima época."

Tenho saudades deste tipo e da sua garra, que conseguia passar para a equipa dentro do campo. Quando as coisas davam para o torto até no Terceiro Anel se ouviam os berros dele para dentro do campo.

Quanto ao Nandinho, é como falávamos entre benfiquistas no outro dia: se é mesmo benfiquista, então teríamos todo o prazer em tê-lo connosco na bancada, sentado ao pé de nós a ver os jogos e a torcer pelo Benfica :)

domingo, abril 22, 2007

Indiscutível

Foi uma vitória indiscutível do Benfica esta tarde sobre o Marítimo. Aliás, tenho dificuldade em recordar uma vitória nossa tão fácil num estádio onde tradicionalmente passamos por dificuldades. É certo que beneficiámos de algumas decisões favoráveis da arbitragem, mas a superioridade do Benfica sobre o adversário foi por demais evidente durante todo o jogo, o que levou até o próprio treinador do Marítimo a admitir que mesmo com esses erros a nossa vitória não podia ser posta em causa (estas declarações são uma excepção ao habitual, já que normalmente um lançamento marcado ao contrário já é suficiente para que o treinador adversário solte a ladainha do costume e justifique a derrota contra o Benfica com esse lance).

Benfica sem surpresas - saiu o Simão, regressou o Miccoli, e foi ele o titular na vaga do capitão. No Marítimo regressaram ao onze os titulares indiscutíveis Gregory, Marcinho e Douglas, que estranhamente tinham sido preteridos na última jornada. Durante a semana o Nandinho tinha dito que as bolas iam deixar de bater nos postes, e só foi preciso espera um par de minutos para vermos que os dotes mediúnicos do nosso treinador também deixam muito a desejar, porque foi este o tempo que foi necessário esperar até que o Miccoli levasse a bola a bater no poste. Foi uma entrada forte do Benfica, a que o Marítimo demorou alguns minutos a responder. Quando isso aconteceu, assistiu-se a um jogo de parada e resposta, mas em que o Benfica ia criando as melhores oportunidades para marcar e, como vem sendo habitual, ia-as desperdiçando ingloriamente. Miccoli, Nuno Gomes, Rui Costa, todos tiveram oportunidade de marcar, mas os remates saiam com falta de direcção. No Benfica, durante estes primeiros quarenta e cinco minutos, destacava-se sobretudo o Rui Costa, pela forma como jogava e fazia jogar. Podia mesmo ter chegado ao golo por duas vezes, mas numa este foi-lhe negado pelo guarda-redes, e na outra o remate saiu muito perto do poste. A primeira parte terminou com o Benfica em cima do Marítimo, e a mostrar estar perto de poder marcar. Mas o número de oportunidades desperdiçadas, e em especial a bola no poste, faziam-me temer a repetição da história recente dos jogos do Benfica, em que penamos muito para marcar e no final os resultados são-nos sempre desfavoráveis.

A segunda parte começou como tinha terminado a primeira, com o Benfica a carregar mais em busca do golo, que acabou por surgir passados dez minutos, quando a um bom passe do Katsouranis o Miccoli respondeu com uma boa desmarcação, finalizando com um remate rasteiro. Pouco depois, esteve perto o segundo golo, quando um remate do Petit passou muito perto do poste, já com o guarda-redes Marcos batido. Assistiu-se então a uma reacção do Marítimo, que teve o seu melhor período no jogo, ainda que apesar do maior domínio territorial não tenham conseguido criar grandes oportunidades para chegar ao empate. No Benfica o Nuno Gomes (teve algumas boas ocasiões para marcar hoje, mas esteve mal na concretização) deu o lugar ao Derlei, que trouxe a contribuição do costume para o campo - leia-se: absolutamente nada, com excepção de um lance em que foi egoísta e preferiu rematar de fora da área em vez de isolar o Katsouranis mais à direita. A cerca de dez minutos do final, o Benfica arrumou a questão: passe do Rui Costa a isolar o Miccoli, que na cara do guarda-redes finalizou com facilidade. Confesso que a dupla Rui Costa/Miccoli era aquela que eu tinha mais expectativas em ver jogar no início desta época. Infelizmente isso quase nunca aconteceu, já que durante quase toda a época um deles esteve indisponível. É pena que só agora, quase no final, é que possamos ter o prazer de ver estes dois jogadores simultaneamente em campo de uma forma mais consistente. Até final, deu tempo para o Nandinho dar uma oportunidade de ouro ao Manú para que ele mostrasse o seu valor, fazendo-o entrar aos 94 minutos de jogo. Este correspondeu criando um golo, quando após lançado nas costas da defesa do Marítimo, tirou partido da sua velocidade e acabou derrubado dentro da área. A repetição mostra que o defesa do Marítimo até conseguiu tocar ao de leve na bola, mas não me parece um erro grosseiro do árbitro, porque este toque só é visível na repetição. Quando vi o lance em velocidade normal fiquei mesmo convencido que era um penalti claro. Marcou-o o Katsouranis, fazendo o 3-0, mas eu estava a torcer para fosse o Rui Costa a marcar, porque merecia um golo pela exibição que fez.

Já o mencionei, o melhor do Benfica para mim foi o Rui Costa, a jogar na sua posição de 'maestro', bem nas costas dos avançados, e não encostado à esquerda. Se não aguenta os noventa minutos, então não parece, porque não se lhe viram grandes oscilações durante o jogo (embora me tenha parecido que ele esteve mais em jogo durante a primeira parte). Acho que não devem haver grandes dúvidas acerca da sua utilidade para a próxima época. O Miccoli também merece obviamente referência. Gosto quando ele joga ali, no centro do ataque, em vez de andar encostado às alas. Teve quatro oportunidades durante o jogo e marcou dois golos, com finalizações ideais, atirando ainda uma bola ao poste. Gostei também do Karagounis (ainda bem que não viu nenhum amarelo - dos jogadores em risco era aquele em quem eu apostaria mais para ver esse mesmo cartão) e do Petit.

Lá se interrompeu o ciclo negativo de cinco jogos sem ganhar, e logo com uma vitória convincente num campo tradicionalmente difícil, mesmo sem o nosso capitão em campo. Que ao menos isto sirva para levantarmos a cabeça, e acabarmos o campeonato numa onda positiva. Esta vitória sempre acabou por ser uma nota positiva num dia em que a meio da tarde apanhei um enorme susto, ao ser surpreendido com a notícia de que o Eusébio estava no hospital, e em que tive ainda a desilusão de ver a nossa equipa de hóquei ser traída pelos penalties depois de um jogo brilhante em casa do actual pentacampeão nacional.

sexta-feira, abril 20, 2007

Bum!

Tenho a impressão de que a trovoada que hoje se faz ouvir em Lisboa não passa de mais uma manifestação da fiel companheira nebulosa da desgraça do Nandinho, pairando inevitavelmente sobre a sua cabeça e descarregando a sua fúria aziaga sobre ele e todos os que o rodeiam. É que só faltava mesmo mais um prego no nosso caixão: a lesão do nosso capitão, que ainda por cima deve ficar em dúvida para o derby - o que em princípio significará uma de duas coisas: ou não joga, ou então joga sem estar em condições, faz uma exibição horrível, e fica indisponível até ao final do campeonato. Entretanto fica a curiosidade de saber qual será o jogador dos 13/14 que compõem o plantel do Nandinho que será adaptado às funções do Simão.

Não existem palavras suficientes na língua portuguesa para descrever o entusiasmo com que encaro estes últimos cinco jogos do campeonato...

quarta-feira, abril 18, 2007

Esperança

Afinal, ainda há esperança. Pelo menos a acreditar nas capas dos desportivos esta manhã, a continuidade do Nandinho não é uma certeza absoluta (gostava de saber de onde virão estas informações... é que parece um bocado de coincidência a mais quando aparecem dois jornais a dar mais ou menos as mesmas notícias, quando a próxima época do Benfica neste momento será um tema mais ou menos especulativo). Sintomático para mim é o facto de ter sentido um certo alívio ao começar a pensar já na próxima época... só me mostrou o quanto eu já estou farto desta, e o quão difícil tem sido suportá-la.

Não consigo aceitar estas especulações quanto ao futuro do Nandinho como uma verdade incontestável, embora sendo óbvio que se eu já sou da opinião que o simples facto de acabarmos em segundo lugar já era motivo para o despedimento do treinador, então no caso de acabarmos em terceiro a sua saída nem sequer seria motivo de qualquer discussão. Mas especulação ou não, o facto é que depois de ter lido isto as eventuais vitórias do nosso clube até final da época passarão a ter um sabor algo agridoce. Não consigo, nem nunca conseguirei desejar um mau resultado do Benfica, mesmo tentando ver as coisas sob um ponto de vista mais alargado, ou seja, pensando que se calhar um par de derrotas hoje poderá significar o melhor para nós amanhã. Para mim o Benfica é sempre para ganhar, nem que essa vitória acarrete consequências nefastas. Mas garanto que daqui até final da época, a seguir à alegria natural após uma vitória do Benfica, haverá sempre um breve momento de apreensão quando me lembrar que essa vitória poderá significar mais um argumento para a continuidade do Nandinho.

Hoje fala-se também, e pela milionésima vez, do tal 'avançado de referência' que o Benfica pretende contratar para a próxima temporada. Todas as épocas é a mesma conversa, e todas as épocas acabamos por nunca ver chegar o tal avançado que seja uma referência na área. Se me perguntassem quem é que seria uma boa escolha para esse papel, acho que não teria grandes dúvidas: Cristiano Lucarelli. Se calhar até pode haver quem torça o nariz face a este nome, por causa da idade do jogador (31 anos), mas que se lixe, o homem é uma máquina. Já no início desta época o seu nome chegou a ser brevemente mencionado como uma possibilidade para reforçar o nosso ataque, mas para minha grande pena nada se concretizou. Agora seria uma boa oportunidade para tentarmos trazê-lo, até porque ele já anunciou a sua decisão de deixar o Livorno no final da época. Ter um avançado como ele no Benfica seria um sonho para mim, mas neste caso até nem parece assim tão difícil concretizá-lo.

terça-feira, abril 17, 2007

Cometa

E cá vamos nós, alegremente, pela tradicional via sacra de fim de campeonato do Nandinho (que era impossível de adivinhar, claro, e qualquer sensação de déjà vu que isto possa provocar não passará de uma alucinação), desperdiçando pontos como um cometa vai largando matéria enquanto se aproxima do sol, rumo a uma colisão final. De certeza que, a cinco jornadas do final, ainda há muita reflexão a fazer, muitas conversas a ter, e sobretudo, muito a conquistar. Ou seja, se por algum acaso do destino ainda acabarmos por conseguir o improvável segundo lugar (o que será um resultado ridículo face às expectativas que tínhamos para esta época), provavelmente ainda terão a lata de tentar apresentar-nos esse facto como se uma espécie de vitória se tratasse.

Face à ausência do Miccoli, o Nandinho recorreu (já estava mesmo à espera disto) a uma solução típica dele, ou seja, em vez de se trocar jogador por jogador, o mais fácil é recorrer à adaptação de um dos membros do grupo de treze/catorze jogadores que contam, e assim calhou ao Simão assumir a pele de avançado. Nem estou a dizer se isto foi bom ou mau, apenas o menciono como mais um exemplo da forma como se transforma um grupo de vinte e cinco jogadores no papel num grupo de treze ou catorze na realidade. Basta adaptar jogadores a novas posições, em vez de se utilizar o outro jogador que existe no plantel para aquela posição. O Braga entrou de rompante no jogo, parecendo apostado em marcar cedo, e nós demorámos uns minutos a assentar. Depois assistiu-se a um jogo equilibrado, relativamente aberto, e disputado a um ritmo um pouco mais elevado do que o habitual. As respostas do Benfica apareciam quase sempre através do Simão, que caía muito sobre a direita, mas as jogadas terminavam quase todas por falta de qualidade no último passe. Assim sendo, chegava-se ao intervalo com o nulo no marcador, e não custava adivinhar que mais cedo ou mais tarde teria que entrar um segundo avançado.

E até foi cedo, já que o Mantorras entrou em campo no regresso dos balneários, sendo no entanto surpreendente a opção de substituir o Léo, recuando o Katsouranis para central e deslocando-se o David Luiz para a lateral esquerda. Não sei se a saída do Léo foi apenas por opção, ou se teve algum problema físico. O que eu sei é que apesar da boa vontade do David Luiz, e do talento dele, a verdade é que ele é um central, e não um lateral, além de que não tem pé esquerdo, pelo que a sua participação nos lances ofensivos da equipa, e nas combinações com o Simão, ressentiu-se disso. No banco estava o Miguelito, que é um lateral-esquerdo de raíz e bastante ofensivo, mas o Miguelito é um dos proscritos e não faz parte do tal grupo de treze ou catorze eleitos, por isso lá ficou a aquecer durante toda a segunda parte sem entrar, enquanto que o defesa-central se ia desembaraçando como podia naquela posição. A verdade é que o Benfica foi mais dono do jogo durante a segunda parte. O Braga também se encolheu, e pareceu mais preocupado em queimar tempo e simular lesões, segurando o nulo com unhas e dentes. E a partir dos setenta minutos de jogo, o Braga abdicou completamente, e a partir daí e até final só deu mesmo Benfica. Começámos a criar oportunidades reais de golo, e, como tem sido costume ultimamente, a desperdiçá-las. A dez minutos do final o Mantorras perdeu a oportunidade de ser novamente herói, ao falhar infantilmente um remate fácil já quase na pequena área, mas daí até final ainda estivémos mais perto de marcar.

Bum! - trovejou a nuvem negra da desgraça que paira sobre a cabeça do Nandinho, e o acompanha para toda a parte. Pelo menos pareceu-me um trovão, mas também pode ter sido o estrondo do remate do Karagounis a levar a bola à barra da baliza bracarense, depois de uma iniciativa individual do grego pela direita em que deixou para trás vários adversários. Entretanto já tinham entrado o Manú e o Derlei, e o Benfica voltava a apresentar aquela táctica doida com três defesas com que terminou o jogo com o Espanyol. Pouco depois a bola entra mesmo na baliza do Braga, mas nem cheguei a festejar o golo, já que a minha primeira reacção foi olhar para o auxiliar, que fatalmente lá tinha a bandeirola levantada. O Nandinho no banco estava enegrecido pelo raio que saiu da sua fiel companheira nebulosa e o atingiu em cheio na cabeça. Quando o final do jogo chegou, pouco depois, até nem se ouviram assobios ou manifestações de desagrado. Acho que nós andamos demasiado desanimados (apesar do apoio à equipa ter sido bastante grande durante todo o jogo) para manifestações desse tipo. Além disso era justo reconhecer o esforço dos jogadores na procura da vitória, e provavelmente o Nandinho dever-lhes-á agradecer por isso o facto de não ter sido muito contestado no final do quinto resultado negativo consecutivo.

Os melhores esta noite foram, na minha opinião, o Simão, Rui Costa e Karagounis. Bom esforço também do David Luiz, mesmo quando foi obrigado a jogar a lateral esquerdo, e não foi por aí que o Benfica cedeu, apesar de se notarem as suas limitações em subir no terreno. Derlei foi, mais uma vez, zero, e o Manu nos poucos minutos que esteve em campo deve ter conseguido fazer mais do que o brasileiro. Só não percebo porque razão o Derlei continua a ser uma aposta constante... estão assim tão interessados em comprá-lo?

Já só faltam cinco jogos para acabar o campeonato. Eu já os conto, para saber quando é que posso finalmente descansar desta irritação. E ganhar forças para começar a pensar em enfrentar mais uma época de conversas e reflexões.

P.S.- Fiquei muito contente pelo facto do JVP ter sido aplaudido pela grande maioria dos adeptos presentes esta noite na Luz, sobrepondo-se os aplausos aos (poucos) assobios. É da mais elementar justiça.

sexta-feira, abril 13, 2007

Strike two

Confesso que quando escrevi este post na Tertúlia, fi-lo mais como uma forma de desabafar a minha irritação para com o nosso treinador que se tem vindo a acumular, e não como alguma espécie de agoiro para esta noite. Mas parecia que estava a adivinhar. É fácil deixarmo-nos enganar por alguns instantes ou situações de um jogo, e esquecermo-nos que o Benfica teve, esta noite, um desempenho absolutamente horrível durante praticamente oitenta dos noventa minutos de jogo, especialmente sabendo-se que havia uma necessidade imperiosa de vencer este jogo. Até pareceu que o apuramento estava ali mesmo, à mão de semear. Mas bem vistas as coisas, esse apuramento esteve sempre, sempre muito longe.

Entrou o Rui Costa na equipa, saiu o Katsouranis, e bem, porque é por demais evidente a falência física de um dos nossos jogadores mais importantes esta época. Para além disso apenas uma outra pequena alteração, que foi a troca do posicionamento dos centrais, jogando desta vez o Anderson mais sobre a direita e o David Luiz sobre a esquerda. Talvez isto seja uma forma de começar a preparar o regresso do Luisão, rotinando o David Luiz à posição que poderá ocupar quando isso acontecer? Do outro lado o Espanyol apareceu num 4-2-3-1, com o Pandiani como elemento mais avançado, Luis Garcia e Riera nas pontas, e De La Peña nas costas do avançado. E como tem sido hábito ultimamente, não entrou bem o Benfica no jogo. O nosso futebol era lento e previsível, e não parecia haver maneira de furarmos a boa organização defensiva dos espanhóis, sobretudo porque a maior parte dos jogadores ficavam estáticos a olhar para o colega que transportava a bola, e os resultados mais frequentes eram uma excessiva lateralização do jogo, ou então o recurso ao chutão directo da defesa ou do meio-campo defensivo para a frente. Os espanhóis, por sua vez, pareciam ter o jogo relativamente controlado. Trocavam a bola com grande liberdade e facilidade (chegou a ser irritante as vezes que o De La Peña era deixado completamente à vontade para a receber), e iam jogando à velocidade que lhes convinha, ou seja devagarinho, ou até mesmo parados, recorrendo frequentemente à simulação de lesões. No Benfica, a única grande excepção era o Léo, que foi dos poucos que tentava imprimir alguma velocidade ao jogo. Pelo andar da primeira parte, parecia-me difícil que o Benfica conseguisse alguma coisa: houve apenas duas situações de maior emotividade, uma pelo David Luiz na sequência de um canto, e outra pelo Miccoli à beira do intervalo, em que ele não conseguiu ultrapassar o guarda-redes adversário. Muito pouco, portanto, e o suficiente para me deixar bastante apreensivo para a segunda parte. Em conversa com o Gwaihir, ao intervalo, também ele não parecia estar particularmente confiante.

Sem alterações na equipa ao intervalo, pelo menos mudou um pouco a atitude na segunda parte. Os jogadores pareceram pelo menos estarem dispostos a tentar mesmo que, na minha opinião, não mostrassem capacidade para conseguir dominar o jogo. O Espanyol retraiu-se perante a pressão do Benfica, mas apesar de agora o jogo se desenrolar quase todo dentro do meio-campo deles eram poucas as oportunidades reais de golo a serem construídas, e a qualidade do nosso futebol deixava muito a desejar. É que esta noite nem sequer o Simão conseguiu fazer a diferença e, mais preocupante, fiquei com a sensação que também ele mostrava sinais de cansaço, algo que não é nada habitual no nosso capitão. Mas tivemos então aqueles cerca de dez minutos surreais, que poderiam ter decidido o jogo a nosso favor: o Nuno Gomes vê um remate a centímetros da linha de golo ser salvo por uma defesa impossível do guarda-redes espanhol, logo a seguir o Miccoli atira ao poste, e pouco depois é o Rui Costa quem, num livre, volta a colocar a bola no poste. Durante estes dez minutos o Benfica jogou mais e melhor do que em todo o resto do jogo. O público pareceu finalmente acreditar, a equipa motivou-se, e os espanhóis assustaram-se e acantonaram-se perto da sua área tentando sobreviver ao assalto do Benfica.

O Nandinho viu isto, deve ter achado que era inadmissível, e resolveu meter as mãos na massa. Mandou o Derlei e o Katsouranis para dentro do campo, o primeiro para aquela posição em que tem rendido como o caraças (extremo-direito) e o segundo para a direita, não sendo nem lateral nem médio, e ficando a equipa disposta numa espécie de 3-3-4, optando pelo estilo de jogo vulgarmente conhecido por 'pontapé para a frente e fé em Deus'. O efeito foi imediato e fulminante: o Benfica morreu ali mesmo. Ficou bem morto e enterrado, e nunca mais, nos quinze minutos que ainda se jogaram, conseguiu voltar sequer a rematar á baliza adversária. O fim do jogo chegou com o nulo no marcador, e com a vitória justa do Espanyol na eliminatória. Num total de cento e oitenta minutos de jogo que esta teve, o Benfica limitou-se a jogar cerca de trinta: vinte na primeira mão e outros dez nesta. Eu sei o que vi hoje, podem vir com as desculpas do 'azar', e tentar resumir o jogo todo àqueles dez minutos e às três oportunidades flagrantes criadas nesse período, que eu continuarei a achar que o Benfica esteve miserável esta noite, quando tinha tudo para, se resolvesse jogar realmente 'à Benfica', atingir as meias-finais da Taça UEFA.

A equipa esteve relativamente mal esta noite. As excepções foram o Léo e o Rui Costa. O tal que, segundo o Nandinho, 'não está ainda em condições de fazer os noventa minutos'. Mas fê-los mesmo, do primeiro ao último segundo. O Nélson esteve muito mal, o David Luiz deve ter feito neste jogo mais passes errados do que nos outros jogos todos juntos, o Miccoli andou por todo o campo menos onde realmente interessava que estivesse, ou seja, junto à área, e nem o Simão escapou à mediania geral. Foi quase sempre batido em antecipação, e pela primeira vez esta época pareceu-me cansado. Também tem direito.

Agora foi-se a Taça UEFA, depois de ter ido a Taça de Portugal, e resta-nos acreditar que estamos a lutar pelo título. O Nandinho assim o disse. Gostava muito que assim fosse, mas por um lado não acredito muito que em seis jogos o FCP falhe duas vezes, e por outro, tendo em conta o que tenho visto na nossa equipa (e não estou sequer a falar apenas dos últimos quatro jogos - que não vencemos - estou também a falar dos jogos anteriores a estes, em que ganhámos mas muito à tangente, e já com a equipa a dar indícios do que poderia vir a acontecer) também me custa a acreditar que não escorreguemos mais algumas vezes. Para me motivar tenho o prazer de ver no banco da minha equipa um 'líder' que vem para a imprensa dizer que tem um jogador gordo (levando logo com a resposta à letra de seguida), outro coxo que não aguenta noventa minutos (que, mostrando o quanto é válida a autoridade do treinador, já veio dizer que não senhor, que pode muito bem jogar os noventa minutos), ainda um outro que, como só jogou metade dos jogos esta época, também não tem ritmo para jogar noventa minutos (depois joga-os mesmo, e se no próximo jogo não estiver em condições a culpa é obviamente do jogador ou, em alternativa, do 'azar'), tem ainda um guarda-redes que se treina pior do que os outros, e que portanto não merece confiança, e ainda consegue ter umas camadas jovens que não servem para nada (é melhor considerar adaptar o Beto a central do que pensar sequer em chamar um jogador jovem, por exemplo). É a eterna nuvem negra da desgraça que paira sobre a cabeça do Nandinho, trovejando e causando-lhe aquele ar que é um misto de enfado, resignação e padecimento. O homem chega a dar-me pena.

Ah, e para me motivar ainda mais, já posso começar a deleitar-me em antecedência com a pespectiva de mais uma época a ver este belíssimo exemplar de treinador a comandar os destinos da equipa de futebol do meu clube. Isto enquanto nas bancadas da Luz esta noite estava a assistir ao jogo um verdadeiro treinador de futebol, que por acaso está desempregado e que, também por acaso, gosta muito do Benfica. Será que o LFV, já que é amigo do Dias da Cunha, não podia ir perguntar-lhe como foi que a lagartagem fez para despedir o Nandinho enquanto ele estava fora do país numa digressão de fim de época? Eu peço desculpa por este desancar do Nandinho, tenho-me contido durante a época por uma questão de 'estabilidade' e por querer dar tempo ao homem de provar que eu estava enganado sobre ele, mas já me é difícil aguentar.
A saída da Taça UEFA aos pés de um Paços de Ferreira do país vizinho é-me demasiado difícil de engolir. Já perdemos as duas taças, a Liga está muito difícil (e pior de tudo, o homem conseguiu fazer-me deixar de acreditar que é possível conquistá-la), e a luta pelo segundo lugar de pouca consolação me serve.

terça-feira, abril 10, 2007

Adeus

E de uma forma idiota, a jogar contra o último classificado, teremos provavelmente dito adeus à possibilidade de conquistarmos o título esta época.

Peço desculpa, mas nem vou escrever muito sobre o jogo, tal a irritação que me deu vê-lo. Não fomos capazes de vencer o último classificado, e perdemos dois pontos para o FCP (que agora até se pode dar ao luxo de perder um jogo, que continuará sempre à nossa frente). Contra uma equipa que se apresenta em campo para jogar para o empate, conseguimos a proeza do costume de os deixar marcar da primeira vez em que se aproximaram da nossa baliza. Se o empate para eles já era bom, então apanhando-se em vantagem as coisas ficaram ainda pior. Ainda na primeira parte já estavam a recorrer ao antijogo. E o Benfica, por mais bola que tivesse, por mais que atacasse, era incapaz de marcar. É impressionante a dificuldade que o Benfica tem para marcar golos, mesmo contra a pior defesa da Liga, como foi hoje o caso. Perdi a conta do número de cruzamentos, cantos e livres que foram directamente para as mãos do guarda-redes adversário. Ainda por cima só se viam ataques parados por foras- de-jogo (existentes ou não, que aquele auxiliar parece que levantava a bandeirola por reflexo).

Na segunda parte lá se recorreu à receita do costume, metendo o Rui Costa, mas a ineficácia manteve-se. Foi preciso entrar o Mantorras para que, no primeiro remate que ele fez, se marcasse finalmente um golo. Só que, quando parecia que ainda poderíamos carregar sobre o adversário em busca da vitória, para cúmulo da idiotice conseguimos sofrer outro golo logo a seguir. Dois jogadores adversários (que os outro nove mal passavam do meio-campo) bastaram para construir um golo. Só escapámos da derrota porque o Simão 'inventou' um penalti (para mim não é penalti) nos últimos segundos de jogo. Nem sequer consegui festejar o golo obtido na transformação do mesmo. Mesmo se considerarmos que possa ter sido uma compensação pelo golo mal anulado ao Nuno Gomes logo no primeiro minuto de jogo, não gosto de ganhar (ou neste caso, de empatar) assim.

Agora pode vir o discurso de que 'não desistimos', e que 'ainda há muito campeonato', que sinceramente, já não acredito. Uma equipa que não consegue ganhar ao último classificado não merece ser campeã. Um resultado destes já andava a ameaçar há algum tempo, e hoje, ao contrário de outras vezes, não nos conseguimos safar in extremis. Parece-me que estamos a começar a assistir ao estoiro final que é habitual nas equipas no Nandinho, e temo que esta ponta final do campeonato possa vir a ser penosa para nós. Nem quero pensar no que será se falharmos na próxima quinta-feira.

quinta-feira, abril 05, 2007

Avanço

Durante alguns minutos estivemos fora da Taça UEFA, mas um boa reacção permitiu-nos reduzir uma desvantagem que seria quase inultrapassável, e manter a esperança de dar a volta ao resultado já daqui a uma semana na Luz. Mais uma vez voltámos a dar avanço ao adversário, e mais uma vez lá andámos a correr atrás do resultado. E desta vez no avanço dado ao adversário parece-me que houve dedo do treinador, que de vez em quando (deve depender da fase da lua) insiste em recorrer a uma fórmula que até agora só tem dado mau resultado.

Estavam-nos reservadas surpresas para o início do jogo: primeiro, quando se esperaria que fosse o Rui Costa a ocupar a vaga deixada pela ausência forçada do Katsouranis, foi afinal o João Coimbra quem surgiu a titular; depois, e tal como em Paris, apareceu o Derlei no onze inicial. A surpresa resultante desta última foi a equipa a jogar num esquema mais próximo do 4-3-3, com o Simão e o Derlei a ocuparem os extremos. Conforme disse antes, sempre que se experimentou um esquema semelhante as exibições deixaram muito a desejar (Aves, Paris, Amadora...) e esta noite não houve excepção. O início de jogo do Benfica foi excessivamente lento, e pareceu-me que por culpa própria, já que o Espanyol parecia estar numa posição expectante, deixando que o Benfica tivesse a bola e tentando explorar ataques rápidos sempre que a recuperava. Além disso a nossa equipa parecia incapaz de fazer dois passes certos seguidos, e construir jogadas de ataque dignas desse nome. Não surpreendeu portanto que à passagem do quarto-de-hora o Espanyol marcasse, após recuperar a bola na sequência de um lançamento lateral a nosso favor, e num lance em que o David Luiz não fica isento de culpas, já que permitiu que o Tamudo passasse por ele com excessiva facilidade. Eu até nem acho que o Espanyol merecesse a vantagem, já que pouco ou nada faziam no ataque e aquela foi a primeira situação de golo que criaram. Mas o Benfica merecia estar a perder por tudo aquilo que não fazia em campo.

O primeiro golo não alterou nada na tendência do jogo. O tempo foi passando e o jogo foi-se arrastando irritantemente (cheguei a sentir-me tentado a fazer um zapping para ver um pouco do Sevilha x Tottenham). E para manter a tendência, pouco depois da meia-hora os espanhóis chegaram lá à frente pela segunda vez, e marcaram outra vez. Mal vi o Quim a deixar passar a bola (compreende-se a atrapalhação do homem... já estava dois ou três passos fora da baliza e isso ia contra todas as regras que lhe ensinaram na escola de matrecos) comecei logo a adivinhar que aquilo iria dar para o torto. Depois veio um remate cruzado e o Nélson resolveu meter a cabeça de forma disparatada à bola, acabando por marcar um autogolo. Assim, quase que sem querer, o Espanyol apanhava-se a ganhar por uma margem bastante confortável. Mais uma vez, a sensação que eu tinha era que eles nem mereciam estar a ganhar assim, mas que o resultado era inevitável face ao que o Benfica jogava. Pior ainda, tinha a nítida sensação de que aquilo não ficaria por ali, já que o aproveitamento deles era praticamente de 100%. Só depois do segundo golo é que o Benfica conseguiu criar uma oportunidade real de golo, quando o Simão cabeceou um centro do Nélson para uma boa defesa do guarda-redes adversário. Logo a seguir entrou o Rui Costa (teve mesmo que ser ainda na primeira parte, porque estávamos a jogar mal demais para ser verdade) e o nosso jogo melhorou um pouco. Passámos a jogar mais no meio campo adversário, e pelo menos agora os passes já saíam, a bola circulava, e os remates à baliza começavam a aparecer, mas o guarda-redes adversário foi mantendo a baliza inviolável, e assim se chegou ao intervalo, com o Benfica com um pé fora da Taça UEFA. Neste momento o alvo quase exclusivo do meu ódio era o Derlei, que parecia estar em campo apenas para perder bolas e cometer faltas, pelo que rezava para que ao intervalo entrasse o Miccoli.

Mas não, o Derlei reapareceu para a segunda parte, e o Benfica, apesar de continuar a jogar próximo da baliza adversária, não conseguia criar grande perigo. Era essencial marcarmos pelo menos um golo. Era essencial que entrasse o Miccoli, ou o Mantorras, porque com o Derlei a jogar daquela maneira é que não iríamos lá. O Miccoli entrou passados onze minutos, mas logo no minuto seguinte o Espanyol fez o 3-0. Um centro vindo da esquerda (o Nélson devia ter pressionado mais o extremo adversário, em vez de lhe dar espaço para centrar) e o Pandiani, também acabado de entrar, antecipou-se ao Anderson para marcar. Agora já não era um pé; o Benfica estava com a cabeça, tronco e membros fora, e tornava-se imperativo marcar. Felizmente pareceu que os jogadores constataram isto, e a sua reacção permitiu-nos assistir então ao melhor período do Benfica no jogo. Cinco minutos depois um passe soberbo do David Luiz isolou o Miccoli, e depois a calma e a classe do italiano fizeram o resto, oferecendo um golo fácil ao Nuno Gomes. Um minuto depois foi o talento do Simão (com alguma felicidade) a permitir-nos marcar o segundo golo, e assim de repente de virtualmente eliminados passámos a ter nas mãos um resultado que se pode considerar positivo numa competição europeia a eliminar.

O Benfica não parou por aqui. Agora era o Espanyol quem parecia tremer de cada vez que o Benfica avançava no terreno, e eles raramente conseguiam passar do meio-campo. Remates do Miccoli, Rui Costa e Karagounis estiveram perto de entrar, mas o terceiro golo, que consistiria uma reviravolta histórica, não surgiu. Este remate do Karagounis, a cerca de dez minutos do final, marcou uma mudança na atitude do Benfica. A partir daí pareceu-me que os jogadores recuaram um pouco, e preocuparam-se mais em não voltar a sofrer golos do que em empatar a partida. Como resultado o Espanyol veio para cima de nós, e deve ter rematado mais nesses últimos dez minutos do que o tinha feito durante o resto do jogo. E a verdade é que podia mesmo ter acabado por marcar no último minuto, quando o Pandiani ficou isolado e obrigou o Quim a uma boa defesa. Ficou o 3-2 como resultado final, que nos permite acalentar esperanças legítimas de seguir em frente, e que face ao desenrolar do jogo e o cenário negro que chegou a ser possível, acaba por ser um mal menor.

O Simão acabou por ser um dos melhores do Benfica, sem surpresas. Também gostei do Karagounis, Petit e Nuno Gomes. A entrada do Rui Costa veio melhorar muito o nosso jogo, mas no final teve alguns passes que não são habituais nele. O pior da nossa equipa foi a defesa em geral. Na altura em que o Espanyol chegou ao 3-0, não seriam muito mais de três as vezes que eles tinham conseguido chegar à nossa baliza, conseguindo um aproveitamento de quase 100%. Com excepção do Léo, todos os outros membros da defesa, guarda-redes incluído, tiveram responsabilidades directas em pelo menos um dos golos adversários. E o próprio Léo teve bastantes dificuldades no duelo com o Rufete.

Para a semana há mais. Basta vencer por 1-0 para seguir em frente, mas isso não será propriamente uma tarefa fácil. O Espanyol até agora ainda não perdeu uma única vez nesta campanha da Taça UEFA: em onze jogos tem nove vitórias e dois empates. Vai ser precisa uma noite inspirada por parte do Benfica, e um Estádio da Luz ao seu melhor para o apoiar. Eu lá estarei, como sempre, a juntar a minha voz à da Nação Vermelha.

P.S.- Não costumo falar nisto, mas pareceu-me que ficaram dois penalties por marcar a favor do Benfica: um logo no início do jogo, em que fica a sensação que um cabeceamento do Nuno Gomes foi cortado com a mão por um defesa espanhol; e o outro, este para mim nítido, cometido sobre o Simão pouco antes do terceiro golo deles.

terça-feira, abril 03, 2007

Bichos

Sinceramente, depois de ter lido o inacreditável comunicado da SAD do FCP relativamente aos acontecimentos que envolveram as suas claques no último jogo, já começo a pensar que o comportamento daquela manada não tem nada de extraordinário, pelo menos a avaliar pelas reacções da generalidade dos adeptos do FCP (e não só). Já devem estar habituados a ver aquilo, e tomam-no por moeda corrente. Ainda não vi um único adepto do FCP que tivesse a decência de condenar as atitudes daquela corja danada. Atirar conscientemente (eu sei que 'conscientemente' e SD é uma contradição, mas enfim) petardos e cadeiras para o meio de pessoas, sabendo inclusivamente que lá se encontram crianças não é de pessoa, é de animal. É que uma das características que separam as pessoas dos bichos é uma coisa chamada 'empatia'. Os bichos não a têm. Os SD também não.

Mas condenar as atitudes deles? Nem que fosse apenas uma palavrazinha a dizer que aquilo não se faz? Está quieto. O melhor mesmo é passar o tempo a dizer que a culpa é de quem os colocou no mesmo sítio onde dezenas de claques visitantes já estiveram sem problemas. Ou então ir buscar um episódio lamentável de há onze anos atrás no Jamor, onde uma besta qualquer do nosso lado conseguiu levar a idiotice e inconsciência ao ponto de ceifar uma vida. Isso é que interessa lembrar. Agora criticar as atitudes dos pobres e pacatos meninos dos SD, que não fazem mal a uma mosca e são sem dúvida a claque mais ordeira e cordata em Portugal, isso nem lhes passa pela cabeça.

Numa coisa eu concordo com quem não quer ou não tem coragem de condenar as atitudes da claque do FCP. A culpa é mesmo do Benfica e do LFV. E é-o por permitir que bichos tenham acesso a recintos que foram projectados para receber pessoas. Normalmente o que se faz é deixar os animais à porta. Um simples sinal como o que ilustra este post deveria ser suficiente para mostrar que aquela corja não tem acesso à nossa casa.

segunda-feira, abril 02, 2007

Desperdício

Como é que no jogo que supostamente é o mais importante da época se dão quarenta e cinco minutos de avanço ao adversário, permitindo-lhe uma primeira parte muito descansada e até mesmo a vantagem no marcador? Ainda por cima já na primeira volta no Dragão tínhamos dado uma parte de avanço, e só depois é que nos resolvemos a jogar à bola. Depois passámos a segunda parte a correr atrás do resultado, e no final ficou a sensação de desperdício e de termos perdido uma enorme oportunidade para assumirmos a liderança da Liga. Tivesse o Benfica entrado em campo com a mesma atitude que mostrou na segunda parte e neste momento estaríamos a celebrar a subida ao primeiro lugar.

Estava tudo a nosso favor. Uma casa cheia, um ambiente fantástico (apenas estragado pelo freak show dos animais encurralados no topo da bancada Coca-Cola - não seria melhor e possível pagar a multa à Liga e pura e simplesmente não enviar bilhetes lá para cima? Já sabemos que aqueles animais é que acabam todos por ficar com a maioria dos bilhetes, e tenho pena dos pobres adeptos benfiquistas que tiveram o azar de ficar nas bancadas abaixo daquela que aquela escória ocupou), e uma coreografia como ainda não tinha visto por cá, e que resultou bastante bem. Esperava eu que o Benfica, motivado por isto, fosse para cima do adversário, mas incrivelmente não vi nada disso. O que eu vi foi uma equipa apática, sem chama nenhuma, estupidamente recuada no terreno e sem vontade nenhuma de lutar pela posse da bola. Esta atitude conseguiu rapidamente contagiar as bancadas, perdendo-se a oportunidade de manter vivo o inferno da Luz. O FCP, claro, agradeceu todos estes obséquios e entrou bem no jogo. Logo no primeiro quarto-de-hora criaram uma grande oportunidade de golo, que o regressado Quim negou com uma grande defesa aos pés do Adriano.


Mas a verdade é que o empate até lhes servia, e por isso eles foram controlando os acontecimentos à vontade e sem sequer terem que carregar muito no acelerador,
pelo que apesar de terem muita posse de bola nem iam ameaçando muito a nossa baliza. Era no entanto visível que daquela forma é que de certeza o Benfica não chegaria ao golo. O FCP dominava sobretudo no meio-campo, onde o Katsouranis era uma sombra daquilo que lhe conhecemos, passando grande parte do tempo quase estático. Isto significava que o lateral-esquerdo deles tinha total liberdade para subir no terreno, já que ninguém o acompanhava. E numa dessas subidas, o Katsouranis acabou por chegar atrasado ao lance e cometer uma falta na zona lateral da área. Mantendo o espírito de bom anfitrião, e não contente por oferecer o controlo do jogo, o Benfica resolveu então 'oferecer' um golo ao adversário. A minha primeira reacção ao lance foi ficar furioso com o Quim, que na sua movimentação clássica de guarda-redes de matraquilhos, enquanto a bola cruzada pelo Quaresma viajava por metade da pequena área, se limitou a deslocar-se lateralmente sobre a linha de golo, em vez de dar um par de passos em frente e atacar a bola. Mas claro que há outro grande responsável pela oferta. Um rebuçado para quem adivinhar quem é que era o 'artista' responsável pela marcação ao Pepe, e que meio segundo depois da bola ter saído do pé do Quaresma já o tinha deixado fugir uns três metros, permitindo-lhe aparecer à vontade a cabecear ao segundo poste...

O intervalo chegou pouco depois com a vantagem justa dos visitantes. O Benfica na primeira parte ficou-se por um par de momentos de maior emoção, um num livre do Petit e o outro num remate de longe do Karagounis (um dos mais inconformados) logo a seguir ao golo adversário. Muito pouco para quem tinha a maior obrigação de ganhar este jogo.

Na segunda parte entrou o Rui Costa, ficando nos balneários o Katsouranis, sem surpresas. E o que vimos foi um jogo completamente diferente. Com o Rui Costa a fazer circular mais a bola, muito bem ajudado pelo Karagounis, com
alguns dos nossos jogadores a terem uma produção muito melhor na segunda parte quando comparada com o que tinham feito na primeira, e com uma atitude muito mais agressiva por parte da nossa equipa, conseguimos empurrar o adversário para junto da sua baliza (durante largos períodos o FCP defendia com duas linhas de defesa, constituídas por nove jogadores, deixando o Adriano sozinho na frente). Finalmente o Benfica aparecia a rematar mais vezes, e a conquistar cantos e livres nas imediações da área adversária. Mas o golo parecia difícil, muito por culpa do Hélton e, sobretudo, do Pepe, que aparecia em todo o lado a cortar lances uns atrás dos outros. O Porto controlou a primeira parte do jogo. Mas agora o Benfica não se limitava a controlar, o Benfica em vez disso dominava, e o resultado já sabia a injustiça. A entrada do Derlei para o lugar do Nuno Gomes apenas veio acentuar o nosso domínio. Do outro lado, apenas o recurso cada vez mais frequente à simulação de lesões e antijogo.

O golo só surgiu já muito perto do final, e de uma forma improvável, com o Lucho Gonzalez a marcar na própria baliza após um cabeceamento do David Luiz ao poste. Mas apesar do pouco tempo que restava, o jogo esteve longe de ficar decidido aí, e nos dez minutos que se seguiram (contando com os minutos de desconto) houve provavelmente mais emoção do que em todo o jogo até aí. O Porto resolveu sair um pouco lá de trás e arriscar um bocado, enquanto o Benfica continuou a pressionar à procura do golo da vitória. Mas era difícil fazer a bola passar pelo aglomerado de adversários que iam defendendo a sua baliza com unhas e dentes. Ainda assim o Mantorras (que entrou para os últimos cinco minutos) esteve muito perto da glória, ao ver um cabeceamento seu negado por uma defesa incrível do Hélton. Em contrapartida, no último minuto e num lance de contra-ataque, o Porto podia ter marcado pelo seu avançado colombiano, o que seria uma enorme injustiça. No apito final, ficou-me a tal sensação de desperdício. Não se podem deitar fora quarenta e cinco minutos num jogo destes. O Benfica da segunda parte foi o Benfica dominador que nos habituámos a ver em casa este ano. O da primeira parte foi uma caricatura.

Gostei muito do Karagounis neste jogo. Apesar de ter passado metade do tempo a barafustar, foi dos melhores durante o pior período do Benfica, e na segunda parte, em que passou a jogar mais sobre a direita e a ter a companhia do Rui Costa a seu lado, esteve num nível muito bom. O Léo, pelo que jogou na segunda parte, merece também destaque. E claro, tenho que falar do David Luiz. Mesmo tentando não tirar conclusões demasiado precipitadas, sempre que o vejo jogar só consigo pensar mesmo que aquele não engana: está ali um grande jogador em potência, e a calma e lucidez que ele revela são ainda mais impressionantes quando nos lembramos que ele tem apenas dezanove anos. A quantidade de lances que ele ganha em antecipação, e a forma limpa como o faz e depois sai a jogar são fantásticas. Pode soar a exagero, mas o outro jogador que eu me recordo de ver jogar assim na defesa do Benfica dava 'só' pelo nome de Ricardo Gomes. Volto a dizer: será um autêntico crime se quando o Luisão regressar for o David Luiz o sacrificado. Façam o favor de accionar a cláusula de opção e comprar o passe deste miúdo. Já agora, tendo em conta as trombetas do juízo final que tanto soaram durante a semana perante a perspectiva do duelo Nélson/Quaresma:
o Nélson marcou o Quaresma em cima durante todo o jogo. Contaram quantas vezes o Quaresma passou por ele ou conseguiu ganhar a linha para cruzar? ;)

Enfim, perdemos a oportunidade de chegar à liderança e de ganhar vantagem no confronto directo com os nossos adversários desta noite, mas o campeonato continua em aberto, já que basta o Porto empatar um jogo para que os ultrapassemos. Fiquei muito triste com aqueles primeiros quarenta e cinco minutos, e infelizmente nos últimos tempos parece que começa a tornar-se um hábito o Benfica 'dar avanço' aos adversários. Espero que isto não seja um reflexo de alguma falta de capacidade física da nossa equipa para aguentar noventa minutos a carregar sobre o adversário.

domingo, abril 01, 2007

Uff!

Ainda bem que hoje é 1 de Abril, senão ficava mesmo preocupado...

Estamos a horas do jogo, e já começo a sentir um bocadinho de ansiedade. Estive há pouco na Luz, em boa companhia benfiquista, e quando vi a coreografia das bancadas a ser preparada para amanhã fiquei a imaginar como irá ser o ambiente em nossa casa. Gostava que amanhã à noite pudéssemos assistir ao nascimento da grande onda vermelha, que a surgir levará concerteza a equipa até ao desejado título.

Por norma nunca me sinto particularmente optimista nestas ocasiões. O mais normal é eu sentir-me sempre terrivelmente pessimista antes de um jogo decisivo como este. Mas neste momento o que eu me sinto é um pouco desconfiado, porque não estou a sentir nem o nervosismo que costuma ser habitual, nem sequer o pessimismo do costume. Não sei se isto é um sinal de confiança na nossa equipa, ou se apenas uma defesa instintiva, guardando todo o nervosismo para a hora do jogo. O que eu espero mesmo é que o Benfica se limite a fazer aquilo que sabe, e que tem feito esta época em casa. Se o conseguir, nem interessa o que o FCP pode fazer, porque seremos imparáveis.

Força Benfica!