quarta-feira, julho 27, 2011

Paciência

O objectivo principal para este jogo foi conseguido: vencemos por uma margem superior à mínima, e não consentimos golos. Durante vários períodos o jogo ainda pareceu mais um jogo de pré-época de que um jogo a sério, mas o Benfica foi sempre superior, e a sensação que mantive foi que o pior que poderia acontecer era sermos nós a não conseguir ganhar o jogo, porque o Trabzonspor nunca pareceu ter capacidade para alterar o rumo da partida.

O nosso treinador optou por um onze que poderíamos considerar de continuidade, colocando de início quase todos os jogadores que já eram titulares a época passada. Do onze base de então faltaram Roberto, Coentrão, David Luiz e Salvio, que foram agora substituídos pelo Artur, Emerson, Garay e Pérez. Na direita da defesa surgiu o Rúben Amorim, após vários meses de ausência. O Benfica entrou bem no jogo, com os turcos a reagirem mal quando eram pressionados na defesa e a entregarem facilmente a bola. Aos três minutos uma dessas situações poderia ter resultado num grande golo do Gaitán, com o chapéu que tentou ainda de muito longe a ser defendido no limite pelo guarda-redes turco. Mas a pressão mais intensa do Benfica pareceu durar apenas 20-25 minutos. Depois disso os turcos, que nunca esconderam que traziam como única intenção retardar ao máximo um golo do Benfica, conseguiram adormecer o jogo, e passaram a ter alguma liberdade para trocar a bola no seu meio campo defensivo. Apesar do domínio territorial, o Benfica mostrou ainda pouca desenvoltura no ataque. Passes mal medidos, toques a mais na bola e várias hesitações tiveram como resultado muito poucos remates, e sem se rematar à baliza é óbvio que não se pode marcar - ao intervalo creio que o único remate que fizemos que levou a direcção da baliza foi precisamente a tentativa de chapéu do Gaitán.

A segunda parte começou ainda pior para o Benfica. Não sei se foram instruções do Jorge Jesus, ou se foi o próprio Aimar a proteger-se por não se sentir bem fisicamente, mas a verdade é que ele foi-se quase encostar aos avançados, o que resultou numa equipa do Benfica partida ao meio, com um autêntico deserto no meio campo - por diversas vezes os defesas tinham a bola e esperavam em vão que alguém a viesse receber, acabando por ter de optar por passes longos. Paradoxalmente, isto também acabou por ter uma faceta positiva, pois de certa forma convidou os turcos a subir e a estenderem-se mais no campo, deixando de jogar com as linhas tão juntas como tinham feito na primeira parte e dando assim mais espaço para jogarmos à frente da sua área. A entrada do Nolito para o lugar do Pérez (o Gaitán passou para a direita), logo no início da segunda parte, melhorou bastante o jogo do Benfica, pois o espanhol veio dar nova vida e agressividade ao nosso ataque. E pouco depois da hora de jogo, nova alteração que já se impunha, com a saída do Rúben para dar lugar ao Maxi, trouxe ainda mais melhorias ao jogo do Benfica. Coincidência ou não, e já depois de uma bola do Saviola ao poste, o Benfica chegou mesmo ao golo a vinte minutos do final, com o Nolito sobre a esquerda da área a receber um passe do Aimar e a rematar cruzado para o golo. Este era o melhor período do Benfica no jogo, que a entrada do Witsel para o lugar do Aimar pouco depois veio ainda acentuar. O segundo golo poderia ter chegado mais cedo, pois logo a seguir ao primeiro ficou um penálti claríssimo por marcar, após ostensiva mão na bola de um defesa turco, mas a justiça no resultado acabou por chegar ao cair do pano, com um remate em arco do Gaitán que colocou a bola na gaveta.

As substituições feitas pelo Jorge Jesus esta noite resultaram todas em pleno. O Nolito injectou velocidade e agressividade no ataque, o Maxi trouxe profundidade à direita, após render um Rúben Amorim a acusar, com toda a naturalidade, a falta de ritmo após vários meses de ausência, e finalmente o Witsel deu solidez e uma mais eficaz ocupação dos espaços a meio campo. Gostei bastante da exibição do Garay - a qualidade não engana - e também do Luisão, que indiferente ao barulho à sua volta fez aquilo que melhor sabe fazer: defender de forma profissional o nosso emblema dentro do campo. O Emerson mostrou bastante segurança a defender, mas parece-me que o seu estilo não é o de arriscar muito em subidas para o ataque. Com a chegada da defesa titular parece-me que deixámos (com toda a naturalidade) de dar as facilidades que demos durante os jogos de pré-época. No geral, a equipa ainda não parece estar em perfeitas condições físicas, sendo um caso evidente o do Saviola, que praticamente se arrastou em campo durante a última meia hora.

Tal como não devemos entrar em depressão depois de um mau resultado, uma vitória também não deve significar que entremos automaticamente em euforia. O Benfica foi claramente superior ao Trabzonspor esta noite, e mereceu a vitória que conquistou, mas seria exagerado achar que fizemos uma exibição entusiasmante. Mantenho a minha opinião: temos neste plantel muita qualidade, e tenho bastantes expectativas em relação à equipa que poderemos construir. As declarações do Jorge Jesus, dizendo que considera que temos melhor plantel do que nas duas últimas épocas, mas que ainda não temos melhor equipa parecem-me acertadíssimas. Parece-me que deverá valer a pena ter um pouco de paciência para esperar pelo resultado final. A mesma que foi precisa no jogo de hoje.

quarta-feira, julho 20, 2011

Regresso

Finalmente o regresso a 'casa' depois de dois meses da ausência. Já tinha saudades de me sentar no meu lugar para ver as camisolas vermelhas sobre a relva da Luz.

A apresentação frente ao Toulouse terminou numa vitória do Benfica pela margem mínima, graças a um golo ao cair do pano, marcado pelo Jardel depois de uma jogada embrulhada na pequena área. O jogo foi algo morno e o Benfica não fez uma grande exibição, mas controlou sempre os acontecimentos de forma clara, e poderia mesmo ter vencido por uma margem mais folgada. As novidades da noite foram o Eduardo, o Emerson e o Garay, tendo todos eles tido a oportunidade de jogar, com o Emerson a actuar mesmo os noventa minutos. Nenhum deles teve grandes oportunidades para brilhar, mas o Garay ainda conseguiu estar perto de marcar na apresentação, ao cabecear ao poste da baliza francesa. De qualquer maneira, tendo em conta que foram quase directos do aeroporto para o relvado da Luz, estes últimos reforços não deixaram nada má imagem, e tenho expectativas altas para a dupla Luisão/Garay.

Deu para experimentar duas tácticas no jogo: na primeira parte o Benfica ensaiou uma táctica com apenas um avançado (Cardozo), com o apoio do Aimar, Nolito, Bruno César e Urreta, e na segunda parte jogámos numa táctica mais próxima do 4-4-2, com o Witsel a actuar praticamente ao lado do Matic no centro do meio campo. O Matic foi, na minha opinião um dos jogadores que mais se destacaram. Gostei também do Urreta na primeira parte, e na segunda foi o jogador que o substituiu - Enzo Pérez - quem esteve num nível mais alto. A desilusão da noite foi o Bruno César, que teve um jogo infeliz.

Agora mãos ao trabalho, que já só temos mais uma semana para preparar a pré-eliminatória da Champions.

domingo, julho 17, 2011

Desperdício

Empate no jogo com o Anderlecht e vitória final no torneio. O jogo fica marcado, a meu ver, pelo desperdício no ataque e pelas (já habituais nesta pré-época) facilidades concedidas na defesa.

O Anderlecht não foi um adversário fácil, e entrou no jogo com vontade de discutir o resultado, tentando exercer pressão sobre os nossos jogadores. Mas o Benfica, com o Saviola renascido, teve um bom início de jogo e começou a criar oportunidades para marcar, quase sempre com o Saviola nas jogadas. Foi mesmo ele quem inaugurou o marcador, rematando de ângulo apertado depois de ultrapassar o guarda-redes. O jogo parecia estar mais ou menos controlado, mas após vinte e cinco minutos o Miguel Vítor lesionou-se, e a nossa defesa, já de si fragilizada, acusou o golpe. Entrou o David Simão para a esquerda, passando o Fábio Faria para o centro, mas dois minutos depois já o Anderlecht empatava. Seguiu-se um período em que a nossa equipa abanou, mas perto do final voltou a construir novas oportunidades de golo, que o Jara em particular se encarregou de desperdiçar de forma incrível. Na última jogada o Anderlecht colocou-se em vantagem, numa iniciativa individual que voltou a aproveitar as facilidades concedidas do lado direito da nossa defesa.

A segunda parte trouxe as habituais alterações, e a qualidade do jogo ressentiu-se. Mas o Benfica continuou a ter mais iniciativa e a dispor das melhores oportunidades de golo, chegando naturalmente ao empate após decorridos dez minutos, com o Urreta na direita a rematar cruzado após receber um centro do David Simão. O resto do jogo nunca foi particularmente bem jogado, mas estive sempre com a sensação de que poderia haver um golo em qualquer uma das balizas. Na do Anderlecht pela quantidade de jogadas de ataque que o Benfica fazia; e na nossa pela quantidade de buracos que a nossa defesa teimava em abrir - particularmente na direita - quando os belgas resolviam atacar.

Foram demasiados golos falhados por nós: contei pelo menos cinco ocasiões em que colocámos um jogador na cara do guarda-redes - Saviola, Jara(2), Nolito e Bruno César - e apenas a ocasião do Saviola acabou em golo. E foram muitos os espaços concedidos na defesa, em particular na direita - para mim o André Almeida terá sido o nosso pior jogador esta noite, e custa-me acreditar que o Wass não saiba fazer melhor do que aquilo. Gostei do Saviola na primeira parte, e do Urreta na segunda.

No geral, gostei de ver aquilo que esta equipa consegue fazer no ataque, e também da capacidade para recuperar bolas na zona do meio campo. A defesa continua a ser o factor mais preocupante, mas conforme sabemos, falta muita gente. Neste momento só espero que a lesão do Miguel Vítor não seja grave, que o Garay esteja em Lisboa em breve, e que tenhamos um lateral esquerdo já esta semana. Faltam dez dias para a pré-eliminatória da Champions, e não me parece que a defesa actual nos ofereça garantias suficientes para esse jogo.

sábado, julho 16, 2011

Evolução

Contra o adversário mais forte da pré-época até agora, o Benfica já se mostrou alguns furos acima daquilo que tínhamos visto na Suíça, tendo vencido o PSG por 3-1 com alguma naturalidade.

Apresentando um onze inicial cuja maior novidade era a presença do Gaitán como segundo avançado, o Benfica entrou bem no jogo, mostrando uma boa dinâmica no ataque e conseguindo exercer uma pressão bastante alta ainda no meio campo adversário. Marcámos cedo, pouco depois dos dez minutos, com o Cardozo a aproveitar, já perto da pequena área, um ressalto após uma boa iniciativa individual do Aimar. Infelizmente a defesa comprometeu quatro minutos depois, consentindo o empate numa jogada em que o PSG aproveitou o espaço dado pelo André Almeida, que não acompanhou o seu adversário directo (Nené) quando este fez uma diagonal para o centro. A este golo seguiu-se o pior período do Benfica no jogo, e só no último quarto de hora é que voltámos a subir de rendimento e a empurrar o PSG para a sua defesa.

A segunda parte trouxe as habituais alterações, com uma equipa quase toda diferente do meio campo para a frente: entraram Nolito, Saviola, Jara e Witsel para os lugares do Bruno César, Pérez, Aimar e Cardozo, e minutos depois foi a vez do Urreta substituir o Gaitán, com o Benfica a passar a jogar numa disposição mais próxima do 4-4-2 clássico. O Benfica entrou melhor, e acabou por chegar ao segundo golo pelo Jara, isolado após uma insistência do Nolito, que recuperou a bola na defesa do PSG. Pouco depois deu-se a expulsão de um jogador francês, e os últimos vinte minutos foram quase de sentido único para a baliza do PSG, com o terceiro golo a chegar mesmo no final, quando o Saviola aproveitou mais uma jogada individual do Nolito para rematar com êxito. No 'desempate' por penáltis, o Benfica voltou a vencer, aproveitando a defesa do Artur ao remate final do PSG, e ainda um dos penáltis mais caricatos que vi acabar em golo, marcado pelo Javi.

Destaques do Benfica o Artur, sempre seguro durante todo o jogo, Aimar na primeira parte, e Nolito na segunda. Não gostei muito de ver o Gaitán jogar como segundo avançado; pareceu-me que ficou demasiado ausente do jogo. O Saviola continua a atravessar um momento infeliz, e só no final, com o golo e um passe fantástico para o Jara, é deixou uns lampejos daquilo que sabe fazer. O Matic ainda me causa alguma confusão. Parece ser bastante bom posicionalmente, mas depois fico sempre com a sensação que arrisca demais para o estilo de jogador que é e a posição que ocupa, pois demora algum tempo a libertar-se da bola e nem sempre procura jogar simples. Quanto à estreia do Witsel, não se pode dizer muito. Julgo que se terá preocupado em não complicar. Tacticamente, vi-o muitas vezes preocupado em ajudar a fechar o lado direito, por onde o PSG tinha causado mais problemas na primeira parte, e a verdade é que o André Almeida teve uma segunda parte bem mais tranquila. Mas não podemos ignorar o facto do melhor jogador do PSG (Nené), que jogava naquela zona, já não estar em campo.

O mais importante é mesmo notar-se evolução na equipa. Vi, mesmo que a espaços, o Benfica construir jogadas agradáveis e ser capaz de pressionar de forma eficaz. Temos o problema de ter que jogar com aquela defesa de circunstância, mas por outro lado causa-me bastante expectativa pensar o que é que esta equipa poderá fazer assim que tivermos a defesa completa. Porque para jogar à frente dela julgo que temos muitas e boas soluções.