terça-feira, agosto 30, 2011

Justa

Vitória difícil mas inteiramente justa num campo e contra um adversário tradicionalmente complicados para o Benfica.

Apenas uma alteração forçada no onze que nos apurou para a fase de grupos da Champions, com a entrada do Jardel para o lugar do lesionado Garay. Da primeira parte não há muito para dizer, porque na verdade o nevoeiro pouco deixou ver. O Nacional teve uma entrada forte no jogo, e podia ter marcado cedo, não fosse o Artur defender com o pé o remate do isolado Mateus. Aos onze minutos o jogo foi interrompido por falta de visibilidade, e essa interrupção pareceu fazer bem à nossa equipa, que regressou mais concentrada, chegando ao golo à passagem dos vinte minutos, com o Cardozo, bem no centro da área, a corresponder com um cabeceamento exemplar, de cima para baixo, a um centro do Gaitán na direita. Do pouco que se conseguiu ver no resto da primeira parte (o jogo voltou a ser interrompido após a meia hora) realce apenas para um grande remate do Cardozo, a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes do Nacional.

Felizmente o nevoeiro foi-se embora na segunda parte, e permitiu-nos ver o Benfica a controlar perfeitamente o jogo, já com o Bruno César no lugar do Nolito. E de controlar o jogo o Benfica passou a dominá-lo após a expulsão do João Aurélio, por duplo amarelo, permanecendo em campo o Felipe Lopes, que se dedicava e continuou a dedicar afincadamente a distribuir porrada em tudo o que mexia (demonstrando particular afeição pelo Witsel) perante o olhar complacente do Soares Dias. Durante a meia hora que decorreu até ao final do jogo o Benfica desperdiçou várias ocasiões para marcar o golo que sentenciaria o jogo, mantendo-nos nervosos até quase ao final. E só não foi mesmo até ao final porque na última jogada do encontro, quando já passavam quatro minutos da hora, o Bruno César aproveitou a subida da equipa quase toda do Nacional para um canto, agarrou na bola à saída da nossa área e foi por ali fora, direito à baliza do Nacional, correndo uns bons setenta metros com a bola até finalizar sem dar hipóteses ao guarda-redes.

Não consigo escolher um jogador que me tenha impressionado particularmente. Se calhar fiquei condicionado pelo aborrecimento que foi não se conseguir ver quase nada da primeira parte. Fiquei satisfeito sobretudo com a organização que a equipa teve quase sempre (a excepção foram mesmo aqueles minutos iniciais até à primeira interrupção), a forma como ocupou bem os espaços em campo, e garra que os jogadores demonstraram num jogo que foi durinho.

A equipa continua a aparentar estar a crescer em futebol jogado e em confiança em si própria.
Pelo menos já conseguimos melhor este ano do que tínhamos conseguido o ano passado no mesmo campo. Só tenho pena que agora tenhamos que parar por duas semanas para aturar os estarolas da equipa da FPF.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Brilho

O Benfica esta noite massacrou literalmente o Twente e carimbou com distinção e brilho o apuramento para a fase de grupos da Champions League. A vitória tranquila por três a um só peca, e muito, por escassa. E para explicar isto nem sequer seriam necessárias muitas palavras, bastaria apresentar os seguintes números: durante o jogo, o Benfica fez vinte e cinco remates à baliza do Twente, enquanto que os holandeses apenas conseguiram rematar por quatro vezes.

Sem surpresas, o Jorge Jesus fez o Witsel regressar ao onze, voltando o Benfica a jogar com apenas um avançado de raiz, o Cardozo. Quanto ao Twente, sinceramente, não sei se o Adriaanse já se esqueceu dos tempos em que trabalhou em Portugal, ou se é simplesmente lírico, porque a forma como o Twente se apresentou na Luz foi mesmo estar a pedir que algo assim acontecesse. Não há muitas equipas que tenham a capacidade de vir à Luz de peito feito e tentar jogar de igual para igual com o Benfica. E o jogo de hoje mostrou que o Twente, claramente, não é uma delas. Sistematicamente metiam pelo menos quatro jogadores na frente de ataque, deixando o meio campo e defesa bastante desprotegidos face a transições rápidas para o ataque. O resultado disso foi uma primeira parte massacrante do Benfica, e exasperante para os adeptos. Exasperante por vermos o tempo a passar e o Benfica a não ser capaz de aproveitar os muitos lances de ataque e ocasiões criadas, sabendo-se que bastaria ao Twente marcar um golo fortuito para se colocar em vantagem na eliminatória. Até ao intervalo o Twente conseguiu fazer apenas um remate contra quinze do Benfica, o que diz muito sobre o sentido do jogo. Faltou-nos apenas mais calma e alguma pontaria para traduzirmos esta avalanche ofensiva em golos.

Calma é o que nunca parece faltar ao Axel Witsel, e foi ele quem, logo no reinício do jogo, se encarregou de dar mais descanso aos adeptos e começar a colocar a eliminatória completamente fora do alcance do Twente. Logo na primeira jogada o Cardozo sofre uma falta sobre a direita do meio campo, o Gaitán marcou o livre para a área, o Luisão tocou de cabeça e depois surgiu o Witsel, de costas para a baliza, e rematar quase em bicicleta para o golo. Nada mudou com o golo, o Benfica continuou muito por cima no jogo, voltou a falhar (Cardozo, depois de um bom trabalho individual), mas antes de fechar o primeiro quarto de hora conseguimos mesmo dissipar quaisquer ténues dúvidas que ainda restassem sobre o desfecho da eliminatória. O Luisão, que tinha sido homenageado antes do jogo, retribuiu a homenagem surgindo ao primeiro poste para desviar de cabeça para o golo um canto da esquerda do Aimar. A partir daqui o Benfica limitou-se a deixar o jogo correr a seu favor, mantendo-se sólido a defender - apesar do Twente ter posse de bola, não conseguia sequer rematar - e depois aproveitando o muito espaço concedido pelos holandeses para criar perigo em transições rápidas de cada vez que recuperava a bola. Chegou assim ao terceiro golo, numa jogada bonita que começou numa recuperação de bola do Emerson, e continuou com diversos passes até o Cardozo isolar o Witsel, que depois correu quase meio campo sozinho para finalizar com um remate cruzado à saída do guarda-redes. A seguir a este terceiro golo o Benfica talvez tenha relaxado um pouco, e o Twente até conseguiu criar uma grande oportunidade de golo, com o Artur a fazer uma defesa impossível a um cabeceamento do Bryan Ruiz. Defendeu, literalmente, um golo. Já não conseguiu voltar a fazer o mesmo a cinco minutos do final, quando o mesmo Bryan Ruiz de cabeça - e tal como na primeira mão, após cruzamento do Ola John - fez um golo que o Twente não mereceu. Coincidência ou não, o golo aconteceu numa ocasião em que o Luisão estava ausente do centro da defesa, porque tinha ido fazer uma dobra à direita. Mas este golo não colocou em causa a justeza da nossa vitória.

O Witsel marcou dois golos e se calhar é o homem do jogo, mas quem me maravilhou foi mesmo o inigualável Pablo Aimar. É verdadeiramente um orgulho e um privilégio vê-lo jogar no nosso clube. Fez um jogo absolutamente fantástico, sendo o pivot de quase todos os nossos lances de ataque. Pareceu também estar numa forma física muito boa, tendo jogado os noventa minutos, o que nem é muito habitual. Claro que o Witsel é também um dos grandes destaques. É talvez o melhor reforço do Benfica esta época, não menosprezando os outros. Tacticamente é excelente, em qualquer função que lhe entreguem no meio campo. É bom na recuperação de bola e na construção de jogo. Mas o que mais me impressiona mesmo é a calma que revela em todos os momentos de jogo. A bola definitivamente não queima nos seus pés, e é quase impossível desarmá-lo, sendo frequente vê-lo sair a jogar ou entregar a bola jogável a um colega mesmo quando está rodeado de adversários. Grande jogo do Luisão, bem também o Cardozo numa missão de esforço, apesar de não ter estado feliz a finalizar, e talvez tenha sido o melhor jogo que vi o Emerson fazer desde que chegou ao Benfica.

Só para colocar as coisas em perspectiva: o Twente, vencedor da Supertaça da Holanda e líder do campeonato só com vitórias, foi simplesmente vulgarizado esta noite pelo Benfica. Escrevo isto porque sei que alguns, perante o que o Benfica conseguiu, vão agora tentar da forma do costume - desvalorizar o adversário - tirar valor ao que foi feito. O Twente não é uma equipa fraca. Foi o Benfica que o fez fraco.

domingo, agosto 21, 2011

Sofrido

Por culpa exclusivamente nossa, sofremos mais do que seria previsível para levarmos de vencida o Feirense. E as culpas distribuem-se entre o desperdício no ataque - em particular na primeira parte - e a insegurança na defesa a partir do momento em que consentimos o golo do empate.

O Jorge Jesus neste momento parece uma espécie de viciado, incapaz de largar o hábito a que está agarrado. Quando pensamos que já temos provas suficientes sobre qual é o sistema táctico que melhor parece adaptar-se às características do plantel, e que o treinador também já estará convencido, de repente distraímo-nos um pouco e quando damos por isso lá está ele outra vez agarrado aos velhos hábitos e a lançar o 4-1-3-2 para dentro do campo, relegando o Witsel para o banco. Foi o que aconteceu hoje, com o Benfica a apresentar um onze cuja maior novidade foi a presença do Capdevilla na esquerda da defesa. Mesmo sem grande brilho, o Benfica dominou completamente um primeira parte de sentido único, durante a qual o Artur foi um mero espectador. Já depois de uma primeira grande oportunidade de golo desperdiçada, pelo Saviola, o golo chegou relativamente cedo, um pouco antes de atingido o primeiro quarto de hora, e pelo suspeito do costume: Nolito. Depois de um lançamento lateral do Maxi, o Cardozo na zona do primeiro poste tocou de cabeça para trás e o espanhol apareceu solto de marcação para fazer o seu quinto golo em cinco jogos. Daqui para a frente, a descrição da primeira parte quase que se resume às oportunidades falhadas pelo Benfica. Ou por falta de pontaria, ou por inspiração do guarda-redes Paulo Lopes, fomos incapazes de dar maior expressão ao resultado, e vimos o Aimar, o Nolito ou o Gaitán (acertou no poste) desperdiçar boas ocasiões, pelo que a vantagem mínima do Benfica com que se chegou ao intervalo era justa, mas escassa.

A segunda parte iniciou-se sob o mesma tendência do desperdício: depois de um canto do
Aimar, o Luisão apareceu completamente sozinho junto da pequena área a cabecear (nem precisou de saltar) mas conseguiu o mais difícil, não acertando na baliza. Aos oito minuto, o Feirense teve uma rara subida ao ataque, beneficiou de um canto (tavez o primeiro do jogo) e, como não podia deixar de ser, marcou. O Benfica atá teve uma reacção positiva ao golo durante alguns minutos, voltou a criar perigo (teve um fora-de-jogo muito mal tirado ao Saviola, que o deixaria isolado), mas findo o primeiro quarto de hora o jogo ficou completamente aberto, atravessando-se um período em que o próprio Feirense parecia poder aspirar a vencer o jogo. Viu-se aquilo que costuma acontecer muitas vezes quando jogamos com esta táctica, ou seja, assim que a condição física começou a falhar um pouco a equipa ficou praticamente partida ao meio, com metade a defender, outra metade a atacar, e um vazio no meio, que ia sendo preenchido com esforço pelo Aimar. Após quinze minutos nesta indefinição, o Maxi decidiu ir por ali fora, ganhou a linha de fundo, entrou na área e centrou rasteiro para o Cardozo, em esforço, tocar para o golo. O mais difícil estava conseguido, mas o descanso só apareceu já em período de descontos com um grande golo do Bruno César, que tirou vários adversários do caminho, entrou na área pela esquerda, e com um remate cruzado fez um grande golo.

Num jogo em que não me pareceu haver grandes motivos de destaque, os melhores do Benfica acabaram por ser, para mim, o Nolito, pelo golo marcado e por estar envolvdo na maioria dos lances de ataque mais perigosos, e o Aimar, cujos esforços para fazer a ligação entre os sectores da equipa chegam a cansar so de ver. O Witsel teve uma boa entrada em jogo e ajudou a trazer mais alguma organização ao nosso meio campo.

Saí da Luz satisfeito com o resultado, mas não muito contente com a exibição. O Benfica não deveria ter que sofrer tanto para levar de vencida o Feirense. Houve, mais uma vez, desperdício no ataque, mas mais preocupante foi o muito espaço que a nossa defesa deu a partir do momento em que sofremos o golo. Além disso isto foi um jogo que, pela forma como correu, me pareceu ter obrigado os nossos jogadores a um esforço mais intenso do que seria desejável antes do playoff da Champions. Esperemos que não haja consequências disto na quarta-feira.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Positivo

O Benfica regressa da Holanda com um resultado positivo, após um jogo muito movimentado e agradável de seguir. No final fico com um sentimento misto de frustração e alívio. Frustração porque me pareceu que poderíamos ter praticamente sentenciado a eliminatória neste jogo, e porque acabámos por consentir o empate num lance irregular, mas alívio também porque as coisas poderiam ter corrido de forma completamente oposta, não fosse a noite inspirada do nosso guarda-redes a evitar um possível resultado negativo.

Benfica de regresso ao 4-3-3 (ou 4-5-1, é conforme preferirem), com o Cardozo na frente, regressos do Maxi e do Luisão na defesa, e entrada do Witsel para o meio campo no lugar de um dos avançados. Logo a abrir, oportunidade soberana para marcarmos, num lance em que o Gaitán misturou talento e sorte em doses iguais e viu-se na cara do guarda-redes, mas permitiu-lhe a defesa. Quase imediatamente a seguir, ficámos em desvantagem, pois o Twente marcou num lance em que o De Jong recuou para fugir à marcação dos centrais, recebeu um passe longo, e rematou cruzado de fora da área. Estar a perder após seis minutos é um cenário bastante desfavorável, mas o Benfica manteve a organização e a calma. O Twente também não complicou muito as coisas, já que eles próprios quase que pareceram surpreendidos com esta vantagem obtida tão cedo, e procuraram fazer posse de bola à saída ou mesmo dentro do seu meio campo, sem arriscarem ou pressionarem muito. Isto resultou no período mais morno de todo o jogo, que foi subitamente interrompido aos vinte minutos, quando o incansável Aimar conseguiu roubar uma dessas bolas que o Twente procurava manter no meio campo, e colocou-a nos pés do Cardozo para o contra-ataque. O paraguaio foi por ali fora sem oposição, olhou para a baliza, e ainda de muito longe nem sequer chutou com a força que lhe é habitual: colocou simplesmente a bola de forma perfeita fora do alcance do guarda-redes, empatando o jogo.

O jogo animou claramente após este golo, e a resposta do Twente foi imediata, com o Artur a fazer a primeira das suas grandes defesas para negar o golo aos holandeses logo na jogada a seguir ao nosso golo. Com o Twente a arriscar mais no ataque, começaram a ver-se mais espaços de um e de outro lado, e consequentes jogadas a ameaçar perigo para qualquer uma das balizas. Mas jogada mesmo foi a que o Benfica fez para chegar ao segundo golo, quinze minutos após ter feito o empate. Tudo começou num lançamento lateral do Maxi, com a bola depois a passar quase sempre ao primeiro toque pelo Gaitán, Witsel, Cardozo, Gaitán e Witsel outra vez, e finalmente um passe de morte do belga para o inevitável Nolito rematar para uma baliza aberta e marcar o seu quarto golo em quatro jogos oficiais pelo Benfica. Se toda a jogada é fantástica, o pormenor do Witsel, com tudo para rematar à baliza e rodeado de defesas, ter tido a visão e a calma para fazer aquele passe para o Nolito é revelador da qualidade deste jogador. O mais difícil estava feito, mas não foi sem dificuldades que o Benfica conseguiu manter a vantagem até ao intervalo, pois o Artur foi obrigado a mais duas grandes defesas já muito perto do apito, primeiro a um livre do Ruiz, e depois a um remate de primeira do Landzaat que levava selo de golo.

Na segunda parte o Twente resolveu arriscar tudo, colocando logo mais um avançado em campo. O Benfica fechou linhas e encostou-se mais atrás, procurando eventualmente explorar todo o espaço que os holandeses deixavam para o contra-ataque, mas com isto foi sujeito a uma pressão constante, com várias bolas despejadas para a área ou as suas imediações, e algumas delas resultarem em lances de perigo. O primeiro deles até resultou da única falha do Artur no jogo, ao atacar mal uma bola, o que resultou numa confusão dentro da área que felizmente acabou por não dar em golo. O período mais 'louco' do jogo foram os últimos vinte e cinco minutos, depois da troca do Aimar pelo Saviola (a saída do Aimar já se adivinhava, mas esperaria a entrada de outro médio, e não de um segundo avançado). O Saviola não entrou bem, e nunca conseguiu pressionar e incomodar os adversários da mesma forma que o Aimar o estava a fazer. Com os holandeses a darem o tudo por tudo, o Artur foi obrigado a pelo menos mais três defesas de grande dificuldade, mas do lado oposto os espaços eram cada vez maiores, e em mais de uma ocasião o Benfica viu-se em situações de igualdade ou mesmo vantagem numérica perante os defesas do Twente, não tendo sabido aproveitá-las. Foi pena que a dez minutos do final, numa fase em que o Twente já parecia estar a perder o fôlego, tenhamos sofrido o golo do empate. O lance começa numa asneira do Maxi, que se deixou antecipar e perdeu uma bola que devia ser sua, e terminou com um cabeceamento do Ruiz para o golo. Há falta evidente do Ruiz quando salta à bola, empurrando e apoiando-se sobre as costas do Emerson, mas mais uma vez o árbitro de baliza aproveitou para mostrar que não serve para absolutamente nada. O empate pareceu satisfazer o Twente, que quase não pressionou mais até ao apito final, tendo cabido ao Benfica a maior oportunidade para desfazer o empate, com o Nolito, isolado após tabela com o Saviola, a não conseguir bater o guarda-redes Mihaylov.

Melhor jogador do Benfica claramente o Artur. Contei-lhe pelo menos meia dúzia de grandes defesas, a evitarem golos do Twente, e não teve qualquer hipótese nos golos sofridos. Bem o Witsel, o Aimar (pode não aguentar os noventa minutos a correr daquela maneira, mas quando sai do campo já deu tudo o que aquele corpo franzino tem para dar), Nolito e Javi. Hoje não gostei muito do Maxi. Pareceu-me algo lento, e revelou sempre muitas dificuldades a partir do momento em que o número 24 (Ola John) entrou e se foi colar ao lado esquerdo. No lance do segundo golo ele não deveria ter perdido aquela bola a meio campo.

Partimos em vantagem para a segunda mão, e sinto-me confiante que, somando essa vantagem ao factor casa, conseguiremos daqui a uma semana confirmar o apuramento para a fase de grupos da Champions. O Twente mostrou alguma qualidade no ataque, mas certamente não é uma equipa fora-de-série, estando perfeitamente ao nosso alcance. Basta que mantenhamos a concentração e soltemos o talento dos jogadores que temos.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Desleixo

Só desleixo ou incompetência pode explicar que o Benfica, depois de uma grande entrada no jogo, e depois de estar a vencer por dois golos de diferença após dezoito minutos de jogo, vá permitir que uma equipa vinda da Liga Orangina consiga recuperar da desvantagem e arrancar um empate.

A surpresa do Jorge Jesus para este jogo foi não ter optado pelo 4-3-3 que vinha dando boa conta de si, preferindo voltar ao 'clássico' 4-1-3-2, com o Jara a fazer companhia ao Saviola na frente. O início de jogo foi promissor, com o Benfica a jogar em velocidade e os seus jogadores a mostrar grande mobilidade em campo, o que permitia encontrar frequentemente espaços na defesa do Gil Vicente. O golo chegou, por isso, cedo, com o Nolito a surgir solto na esquerda após um bom passe do Rúben e a colocar a bola cruzada ao segundo poste, fora do alcance do guarda-redes. O Gil Vicente não se entregou, e tentava pressionar alto, mas isso deixava espaços atrás e o Benfica parecia mostrar alguma competência nas transições para o ataque, pelo que a sensação com que se ficava era a de que não seria complicado ao Benfica voltar a marcar. O que aconteceu aos dezoito minutos, numa bonita jogada em que a bola passou quase sempre ao primeiro toque por vários jogadores, com o passe final do Jara a permitir a finalização do Saviola à boca da baliza.

O jogo nesta altura parecia estar praticamente nas nossas mãos. O problema é que se calhar os jogadores pensaram a mesma coisa, e pareceram abrandar aquela 'fúria' com que entraram em campo, confiantes que mais cedo ou mais tarde novo golo apareceria. E, conforme escrevi antes, o Gil Vicente nunca se entregou. A partir da meia hora de jogo eu comecei a pensar que seria fundamental não sofrermos um golo antes do intervalo, de forma a evitarmos a repetição de uma história que já vimos antes. Tal não foi possível, porque após um corte falhado pelo Rúben Amorim o Gil Vicente chegou mesmo ao golo, num remate cruzado. Vimos então que o Witsel aquecia, e pensei que na segunda parte ele entraria e o Benfica voltaria ao 4-3-3, que provavelmente permitiria ao Benfica estabilizar o jogo - que naquela altura estava completamente aberto, com ambas as equipas a encontraram muitos espaços para atacar.

Surpeendentemente isso não aconteceu, e quem ficou no balneário ao intervalo foi o Aimar. Mas o jogo na verdade mudou bastante, com o Benfica a parecer ter o adversário e o jogo completamente controlados. O Gil Vicente raramente entrava no nosso meio campo, e quase não ameaçava a nossa baliza. Mas apesar do ascendente no jogo, o Benfica não mostrou capacidade para dar a machadada final e sentenciar o resultado. E já estamos fartos de saber que quando isto acontece, estamos sempre expostos a uma qualquer contingência, que foi o que aconteceu. Depois de ter sido mais rematador na primeira parte, foi praticamente no único remate que fez na direcção da baliza na segunda parte que o Gil Vicente chegou ao empate. Foi um grande remate, bem de fora da área, a levar a bola ao ângulo da baliza, e pelo mesmo jogador - Laionel - que já o ano passado, também num remate de longe, deu a vitória à Académica na Luz na primeira jornada. Faltava pouco mais de um quarto de hora para o final, mas o Benfica, mais com o coração do que com a cabeça, não mostrou qualquer competência para voltar a marcar, não tendo praticamente criado uma única ocasião de golo.

Gostei do Javi, do Saviola e do Witsel na segunda parte. Não gostei do Jara - empenhado mas desastrado - nem do Gaitán, que a partir do segundo golo pareceu novamente interessado em jogar de forma mais bonita do que prática, com alguns tiques de vedeta. Estava a gostar do Aimar na primeira parte, e não compreendi a sua saída, a não ser que tenha sido por motivos físicos. Em relação ao Nolito, que mais uma vez voltou a marcar e fez um bom jogo, julgo que seria útil que por vezes, tendo em conta a posição em que joga, tentasse ganhar a linha de fundo, porque se ele flecte para o centro sempre que recebe a bola, ao fim de algum tempo os adversários já sabem o que vai fazer.

E mais uma vez começamos o campeonato com o pé esquerdo.
Sinceramente, às vezes parece ser escusado tentar meter na cabeça da equipa o quão importante é começar bem e não dar logo a abrir um estímulo psicológico aos rivais, porque já são demasiadas as épocas em que isto acontece. E se a época passada houve razão de queixa de factores externos, esta noite só nos podemos queixar de nós próprios e do nosso desleixo. Os jogos são para se levar a sério contra qualquer adversário, e do primeiro ao último minuto de jogo. Vendo a coisa pela positiva, só mesmo pensando que da última vez que fomos campeões também começámos com um empate.

domingo, agosto 07, 2011

Empolgante

A Eusébio Cup ficou em casa, num jogo com duas partes bem distintas em que fomos presenteados com alguns momentos de futebol que só podem deixar-nos optimistas para esta época.

Na primeira parte o Benfica experimentou um 4-4-2 sem um criativo, optando por colocar o Matic ao lado do Javi no centro do meio campo, cabendo ao Jara a tarefa de tentar fazer a ligação entre o meio campo e o ataque. A experiência não foi muito em sucedida: o Benfica revelou pouca capacidade para fazer posse de bola no meio campo adversário, foi precipitado no ataque, e na defesa mostrou-se permeável, sobretudo pelas laterais, onde os alas Pérez e Bruno César pouco auxiliaram os defesas do seu lado. O Arsenal chegou à vantagem precisamente numa subida não acompanhada do seu lateral esquerdo, ganhou a linha de fundo e centrou para uma finalização fácil do Van Persie na pequena área.

Na segunda parte voltou o esquema utilizado na quarta-feira em Istambul. Não podendo obviamente ignorar-se a saída ao intervalo de jogadores como Arshavin, Van Persie, Sagna e Djourou no Arsenal, a verdade é que
com Witsel, Nolito, Gaitán, Aimar e Saviola em campo a música foi outra. Quinze minutos bastaram para dar a volta ao resultado, com golos de Aimar e Nolito, e momentos de futebol rápido e empolgante que entusiasmaram os mais de quarenta mil presentes na Luz. E até poderiam ter sido mais os golos até ao final, porque oportunidades não faltaram.

Aimar, Nolito e Witsel excelentes, acompanhados pelo Javi ao longo dos noventa minutos, Gaitán bem mais perigoso na direita do que tinha sido o Pérez. Menção para a estreia do Capdevilla, que pouco mostrou à parte de parecer ter maior propensão para atacar do que o Emerson.

Tempo agora para preparar a estreia na Liga, já na próxima sexta-feira. Por aquilo que tenho visto, sinto-me confiante. Cada vez mais confiante.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Passeio

Sem sobressaltos, o Benfica quase que passeou e passou a eliminatória na Turquia, tendo ficado como único amargo de boca a sensação de termos desperdiçado uma boa oportunidade para vencer o jogo. No mínimo, porque na melhor das hipóteses, até teria dado para um resultado robusto.

O Benfica entrou em campo com onze jogadores... do Benfica. E escrevo isto porque à custa de tanto alarido sobre as nacionalidades do onze que iria alinhar, às tantas comecei a ficar com receio que o Benfica acabasse por entrar com menos do que onze jogadores, ou com algum jogador do Trabzonspor lá metido pelo meio. O Jorge Jesus optou por inovar um pouco em termos tácticos, colocando a equipa a jogar com apenas um avançado de raiz, num esquema que na época passada eu achei que tanto jeito nos daria em alguns jogos - mas para o qual não tínhamos jogadores no plantel. O Saviola foi o jogador mais avançado, com apoio directo do Aimar, e o Witsel entrou no onze para dar mais consistência ao meio campo. Natural também a presença do Nolito, no lugar do lesionado Pérez.

Se alguém esperava algum inferno em Istambul, então o que viu foi um inferno muito frio. O estádio estava muito longe de ter os tais cinquenta ou sessenta mil fervorosos adeptos turcos, e logo nos primeiros minutos o Benfica fez questão de arrefecer os ânimos aos que lá estavam, e tranquilizar os benfiquistas, porque depressa se viu que seria muito difícil que deixássemos fugir o controlo do jogo. Começámos por pressionar muito alto - grande esforço do Aimar neste aspecto - raramente permitindo ao Trabzonspor jogadas organizadas e em posse de bola, porque o nosso meio campo reforçado ocupava os espaços e fazia as marcações quase na perfeição. E quando recuperávamos a bola, às vezes até parecia demasiado fácil a forma como conseguíamos abrir buracos na defesa turca. E o golo surgiu com toda a naturalidade, já depois de algumas ameaças, quando estavam decorridos vinte minutos. Num lançamento lateral o Saviola apareceu 'esquecido' na área, e depois passou a bola ao Nolito, que rematou entre dois defesas para o golo. Se dúvidas havia sobre quem passaria, terão terminado todas aqui. O Trabzonspor conseguiu empatar cerca de dez minutos depois, num lance em que explorou um buraco deixado pelo Maxi na direita da defesa, mas foi um lance perfeitamente fortuito e contra a corrente do jogo - foi o único remate que os turcos fizeram à baliza em noventa minutos de jogo, durante os quais o Artur foi pouco mais do que um mero espectador. O Benfica não acusou o golo, continuou com o controlo do jogo, só não chegando ao intervalo em vantagem porque o Gaitán, numa noite muito displicente, conseguiu não acertar com a baliza quando tinha tudo para marcar.

A segunda parte começou com o Benfica a mostrar que nada iria mudar: logo no primeiro minuto o Nolito perdeu mais uma oportunidade soberana para marcar, num lance precedido de penálti sobre o Saviola. Antes de terminado o primeiro quarto de hora, o cenário ficou ainda mais negro para os turcos, que se viram reduzidos a dez após expulsão do Mierzejewsky por cotovelada na cara do Maxi (o maior especialista no uso dos cotovelos, o número dezassete Burak, conseguiu no entanto aguentar-se em campo os noventa minutos sem ver um amarelo sequer). E a partir daqui só foi aumentando a minha irritação por não marcarmos pelo menos mais um golo, que nos daria a vitória no jogo. Oportunidades para isso não faltaram, mesmo com o Benfica a jogar quase em ritmo de treino (e o Gaitán a jogar quase como se estivesse numa peladinha entre amigos). A mais flagrante de todas surgiu a dez minutos do final, com o Witsel a conseguir acertar na trave (o que era mais difícil do que marcar) depois de se ver cara a cara com o guarda-redes após uma boa iniciativa do Matic. Mas a verdade é que depois da expulsão, a sensação com que fiquei é que bastaria o Benfica forçar um bocadinho para desbaratar completamente aquela defesa.

O jogador de que mais gostei foi o Witsel. É tacticamente muito certo, insistente na luta pela posse de bola, e sobretudo não inventa: faz aquilo que deve ser feito, na altura certa, e de forma simples. Merecia claramente que aquela bola que terminou na barra tivesse entrado na baliza. Gostei também do Nolito, em especial na primeira parte, porque à medida que o jogo caminhou para o final pareceu-me que foi perdendo o fôlego. Mas foi sempre um dos mais perigosos, e é outro jogador que ajuda muito a começar a pressão logo à saída da área adversária. Gostei também do Aimar, sobretudo pelo muito que trabalhou, e o Matic teve um entrada boa no jogo. O único jogador que me conseguiu irritar foi o Gaitán, simplesmente porque chegou a um ponto em que quase me pareceu estar a ser displicente na forma como jogava. Se não tentasse obter nota artística em alguns lances, o mais provável era que tivesse acabado o jogo com um (ou mais) golos marcados. Gostaria que ele tivesse tido uma atitude mais competitiva, e que tivesse levado o jogo mais a sério.

A obrigação de deixar os turcos pelo caminho foi cumprida, e esperemos agora para ver o que é que a sorte nos reserva para o play-off. A minha preferência é quase sempre a mesma para sorteios de competições europeias: equipas italianas não, por favor. Por isso, desejo qualquer equipa menos a Udinese.