domingo, novembro 27, 2011

Competência

Acabou por ser preciso sofrer um bocadinho mais do que o necessário e expectável, sobretudo devido à expulsão do Cardozo, mas no final conseguimos o resultado esperado, e atirámos com a lagartagem para quatro pontos de distância. Como satisfação extra, o facto do golo decisivo ter sido marcado por um dos meus jogadores preferidos. O jogo foi bastante disputado, não muito bem jogado, mas com várias oportunidades de golo repartidas pelas duas equipas.

As escolhas por parte do Jesus do Jardel para o lugar do Luisão e do Cardozo para o lugar de ponta-de-lança não foram surpresa. Apesar do Miguel Vítor ser presença mais assídua no banco, sempre que é preciso substituir de início um dos centrais titulares a escolha tem sido o Jardel, e o Cardozo já tem uma longa história de golos contra o sportém. Quanto ao jogo em si, as equipas encaixaram tacticamente bem uma na outra, e o futebol jogado não foi dos melhores: ambas pareciam ter algum receio de perder a bola no meio campo, e optavam muito pelo futebol mais directo em vez de tentarem construir jogadas mais elaboradas. A posse de bola foi sempre muito disputada, com nenhuma das equipas a conseguir uma clara supremacia nesse aspecto. Pela parte do Benfica era o Aimar quem mais se destacava na construção, enquanto que do lado do sportém era o espanhol marreco quem parecia ser capaz de criar mais perigo pelo seu lado. Entrou bem o sportém, até ao primeiro grande abanão no jogo, dado pelo Gaitán com um grande remate que acabou no poste. Respondeu o sportém com uma boa oportunidade também, numa combinação entre os dois holandeses que terminou com um remate ao lado. O jogo manteve-se sempre nesta toada de equilíbrio, até que a cinco minutos do intervalo, na sequência de um canto, o Javi surgiu ao primeiro poste e aproveitou a falha do tronco americano para desfazer o nulo. Dado o cariz do jogo, parecia-me ser fundamental marcar primeiro, até porque sabemos como jogam as equipas do Domingos e como podem complicar as coisas quando se apanham à frente do marcador.

Parecia que a segunda parte poderia ter o cenário ideal para o Benfica aproveitar o progressivo balanceamento do sportém na procura do empate e decidir o jogo, e logo após cinco minutos o Cardozo teve oportunidade para fazer isso mesmo, mas viu o golo ser-lhe negado pelo Patrício. O jogo continuava no mesmo ritmo da primeira parte, e o sportém respondeu dez minutos depois com um cabeceamento do Elias, que proporcionou ao Artur uma defesa fantástica. Aos vinte minutos as coisas complicaram-se muito para o Benfica, pois o Cardozo fez-se expulsar e o sportém passou então a ter um controlo claro da posse de bola, com o Benfica a remeter-se à defesa da vantagem mínima. Logo no minuto seguinte o Artur quase borrava a pintura, ao confiar que uma bola sairia pela linha de fundo e acabando por ver um remate do Elias passar muito perto do poste. Mas o período de algum desnorte do Benfica durou pouco, pois a equipa depressa se acalmou e, com grande espírito de entreajuda e uma grande organização passou até a conseguir manter o sportém longe da nossa baliza com uma aparente maior facilidade do que o vinha fazendo com onze. A tarefa foi ficando facilitada também porque eles começaram a optar cada vez mais por despejos longos para a área, ou tentativas estéreis de jogadas individuais, sobretudo pelo espanhol marreco, que terminavam com este a deixar-se cair à espera de alguma falta. O Benfica conseguiu mesmo, apesar da inferioridade numérica, criar ocasiões de perigo e acabou por ver o Gaitán acertar outra vez no ferro, numa tentativa de canto directo, e o Patrício negar o golo ao Rodrigo, que se isolou pela esquerda a passe do recém entrado Nolito. O apito final acabou por soar com o resultado inalterado, para alegria dos benfiquistas e azia da viscondagem, que depois se dedicou ao seu habitual mau perder - não percebo porque razão é que continuam a comportar-se assim quando perdem connosco. Já deviam estar habituados. Afinal de contas, já vamos em 1009 dias.

Fiquei satisfeito com a capacidade de luta que a equipa mostrou durante todo o jogo, e em especial quando se apanhou em inferioridade numérica. Javi García foi um gigante: marcou o golo decisivo mas também apareceu em todo o lado, cortando uma infinidade de lances pelo ar e pelo chão. Também Aimar, Witsel, Garay e Artur estiveram muito bem. O Jardel, na complicada tarefa de substituir o Luisão, não tremeu, e o Maxi conseguiu suster as investidas do espanhol marreco e do Insúa, e ainda dar a habitual ajuda lá à frente.

Sempre ouvi dizer que se devia 'dar asas ao sonho'. Isso deve querer dizer que os sonhos podem voar. É capaz de ser é um bocadinho complicado manterem-se lá em cima durante muito tempo quando estão enjaulados e atrelados a um tractor. Não admira portanto que acabem por estampar-se, e isto torna-se particularmente cómico quando a aterragem é invariavelmente feita com os dentes e com uma elegância paquidérmica. Para tanta bazófia com que andaram durante semanas enquanto venciam jogos contra equipas que lutam pela manutenção, é estranho que não tenham conseguido sequer empatar contra uma equipa reduzida a dez durante meia hora. Isto para uma equipa que, segundo um dos inúmeros cabeças-de-vento que têm como dirigentes, apenas o Barcelona e o Real Madrid podem ambicionar ombrear com ela, parece-me um desempenho algo decepcionante. Quanto a nós, invencibilidade mantida por mais um jogo e primeiro lugar preservado. Com muita competência.

P.S.- Quero desde já repudiar as condições infra-humanas que foram proporcionadas à malta de sangue azul do Lumiar no nosso estádio. Fechados naquele espaço, não se conseguiam ouvir, comprovando a teoria lançada pelo Salema, esse grande pensador dos tempos modernos - a rede utilizada era especial, e deflectia o som quando ele tentava passar pelos buracos. Ainda por cima estavam todos ao molho - aquelas clareiras que se viam naquele espaço não significam nada, porque aquilo é gente importante e precisa de muito espaço individual. Ainda assim, e provavelmente fazendo uso dos fósforos que esconderam nos sapatos de vela e nos pólos Lacoste que levavam sobre os ombros, conseguiram pegar fogo ao nosso estádio. Para a próxima não é na estrutura de segurança que ficam. É na rua mesmo, e pagamos a multa.

terça-feira, novembro 22, 2011

Apurados

Ainda não foi desta que perdemos o primeiro jogo. Sobrevivemos em Old Trafford, arrancando um empate que garante a passagem à próxima fase e que coloca o primeiro lugar no grupo dependente apenas de nós próprios.

Onze sem qualquer surpresa, já que a única dúvida que poderia eventualmente haver seria quem jogaria como avançado: Cardozo ou Rodrigo. A escolha foi o espanhol, apoiado mais de perto pelo Aimar. O Benfica teve uma entrada muito boa no jogo, naturalmente ajudado por um golo madrugador: logo aos dois minutos, após uma boa jogada que envolveu vários passes em progressão, a bola só acabou no fundo da baliza inglesa, quando o Jones a enviou para lá na tentativa de impedir que chegasse aos pés do Rodrigo, que ao segundo poste aguardava o cruzamento do Gaitán. Na fase inicial do jogo a equipa mostrou confiança, trocando bem a bola e, quando não estava na posse dela, pressionando de forma inteligente, de forma que o Manchester era incapaz de sair a jogar, o que chegou a provocar o desagrado dos próprios adeptos. Mas infelizmente esta boa fase durou apenas cerca de vinte minutos. Aos poucos o Manchester começou a libertar-se, e o Benfica não pareceu lidar bem com as movimentações dos avançados ingleses, que recuavam e conseguiam quase sempre receber a bola no espaço entre a defesa e o meio campo. O empate surgiu à meia hora de jogo, num cabeceamento do Berbatov - quando se joga com a defesa em linha corre-se sempre o risco de falhar e deixar um adversário em jogo, ou que um fora-de-jogo mais no limite possa passar despercebido, e foi o que aconteceu nesse lance. O empate fez mal ao Benfica: é verdade que a equipa manteve-se concentrada e a organização defensiva não abanou muito, mas o mesmo não se pode dizer em relação ao ataque, já que fomos progressivamente deixando de conseguir construir lances ofensivos, e nem sequer conseguíamos manter a posse de bola por muito tempo. Podíamos ter sofrido o segundo golo logo de seguida, não fosse a excelente intervenção do Artur, mas ainda conseguimos responder através do Aimar, tendo depois o resto da primeira parte decorrido sem grandes sobressaltos.

O início da segunda parte foi penoso. Aquilo que de mau tínhamos mostrado após o golo do empate acentuou-se ainda mais, e o Benfica literalmente deixou de ter bola, limitando-se a deter as vagas de ataque do Manchester. As tentativas de saída para o ataque só conseguiam ser feitas através de passes longos, o que obviamente o Manchester agradecia. O golo do Manchester adivinhava-se, e só mesmo a forma solidária (e às vezes quase desesperada) como o Benfica ia defendendo, e a classe do Artur conseguiam ir adiando o inevitável. Para piorar as coisas, ao fim do primeiro quarto-de-hora o Luisão lesionou-se e teve que ser substituído pelo Miguel Vítor, e o Manchester acabou mesmo por marcar logo a seguir. As coisas podiam ter ficado muito complicadas para o Benfica nesta altura, mas tivemos a sorte do nosso lado e conseguimos empatar quase na resposta, com o Bruno César a aproveitar um mau alívio do De Gea e a jogada a acabar com o Aimar a finalizar à boca da baliza. Este golo 'esvaziou' o ímpeto do Manchester, e com a ajuda das entradas do Matic (boa entrada no jogo) e do Rúben, acabámos por conseguir controlar o jogo até final sem muitos sustos, isto apesar do Manchester ter continuado sempre a ter muito mais posse de bola.

O primeiro realce é para a organização, solidariedade e maturidade de toda a equipa. Quanto a destaques individuais, escolho o Artur, que defendeu tudo o que era humanamente possível, e até algumas impossíveis; o Garay, que mostra cada vez mais ser o complemento ideal do Luisão no centro da nossa defesa, o Witsel, que foi um gigante no meio campo, e o Aimar, que lutou e trabalhou até à exaustão e foi recompensado com o golo que carimbou o nosso apuramento. Quero mencionar ainda o Miguel Vítor, que entrou a frio no jogo, logo para o lugar do Luisão, e viu a equipa sofrer um golo logo a seguir. Mas não tremeu, e cumpriu a sua função até final com distinção.

É impossível não fazer comparações com o Benfica na Champions o ano passado. Esta equipa está muito mais adulta, e hoje fez ao Manchester aquilo que nos fizeram várias vezes o ano passado. Quando o adversário falhou, aproveitou de forma terrivelmente fria eficaz essas falhas. O ano passado perdemos todos os jogos da fase de grupos disputados fora de casa, sem marcar um único golo; este ano não perdemos um único. A experiência nota-se e a equipa sente-se mais confortável a jogar na Champions. E nós, adeptos, sentimo-nos também mais confortáveis e confiantes ao vê-la nesta competição. Foi fantástico ouvir, durante largos períodos de tempo, Old Trafford silenciado por cânticos de apoio ao nosso Benfica. Agora que a questão do apuramento está arrumada, é tempo de passar a pensar no jogo de Sábado. E esperar que esteja tudo bem com o nosso capitão.

sexta-feira, novembro 18, 2011

Tormenta

Péssimo relvado, mau jogo, sofrível exibição, bom resultado. E o Benfica passou incólume pela tormenta e está na próxima eliminatória da Taça de Portugal, que é o que mais interessa.

Onze inicial com várias alterações, conforme esperado. Eduardo na baliza, Miguel Vítor e Capdevila nas laterais, Rúben Amorim na direita do meio campo, e um dupla de avançados constituída pelo Mora e o Nélson Oliveira. O problema maior deste jogo, e que acabou por condicioná-lo do princípio ao fim, foi o estado do relvado, completamente alagado devido à chuva torrencial que teimou em cair durante quase todo o jogo. Houve sempre muita luta e pouco futebol jogado, com o Benfica a tentar naturalmente assumir as despesas do ataque, mas sendo muito difícil construir jogadas minimamente elaboradas, já que jogar em passes curtos era quase impossível, e progredir com a bola nos pés muito difícil. Ainda assim conseguimos criar três boas oportunidades de golo, pelo Nélson Oliveira, Mora e Nolito, mas o nulo ao intervalo era perfeitamente normal para o futebol que se conseguiu jogar.

Pouco ou nada mudou na segunda parte, tendo-se caído numa situação em que praticamente só se conseguia levar a bola para o ataque com pontapés para a frente, porque tentar fazê-lo de outra forma era um suplício. Qualquer livre tinha que ser aproveitado para despejar a bola para as imediações da área, mas o Benfica hoje não mostrou muita inspiração para criar perigo através destes lances, ou dos vários cantos que conseguiu conquistar. A Naval também conseguiu ser um pouco mais perigosa, sobretudo através de contra-ataques, mas também esses lances foram afectados pelo estado do relvado (com uma grande excepção, que por pouco não resultou em golo). Mas mais uma vez foi o Benfica quem criou mais e melhores oportunidades para marcar: Javi García, com a bola a ficar presa na lama quando ele estava pronto para, à boca da baliza, a empurrar para o golo; Bruno César, a cabecear na pequena área após boa iniciativa do Nolito, e a ver o guarda-redes da Naval fazer uma defesa pouco ortodoxa com o pé, quando já estava em desequilíbrio; e Rúben Amorim, num remate de fora da área que passou muito perto do poste. Foi preciso recorrer ao novo menino bonito da Luz, Rodrigo, que saltou do banco a oito minutos do final e, da primeira vez que tocou na bola, marcou o golo decisivo. Foi após mais um livre despejado para a área pelo Rúben, com um defesa da Naval a falhar o corte e a deixar a bola morta no centro da área, para um remate rasteiro de primeira e à meia volta do Rodrigo. Eliminatória resolvida, e prolongamento evitado.

Apesar de ser difícil fazer muitos destaques num jogo destes, elejo Rúben Amorim, Nolito e Luisão como melhores neste jogo. O Rúben jogou 'à Rúben': fez três posições durante o jogo, e foi muito competente em todas elas - talvez onde tenha estado melhor foi no centro do terreno. O Nolito foi sempre dos mais batalhadores e irrequietos no ataque, sendo autor de muitas das nossas jogadas mais perigosas. E o Luisão foi o patrão do costume, num jogo em que teve muito trabalho devido ao elevado número de lances aéreos que foi obrigado a disputar.

Vitória justa, missão cumprida na Figueira, e agora pensemos em garantir a passagem aos oitavos-de-final da Champions já em Manchester.

domingo, novembro 06, 2011

Pouco

Não sei dizer se ganhámos um ponto ou perdemos dois, sei apenas que não estou satisfeito com o resultado, nem particularmente impressionado com a nossa exibição, embora reconheça a dificuldade do jogo e ainda a influência dos vários factores desestabilizadores que ocorreram.

Algumas alterações no onze, sendo a mais surpreendente a titularidade do Rúben Amorim na direita do meio campo, saindo o Bruno César do onze. Na frente, desta vez foi o Cardozo quem começou o jogo, ficando o Rodrigo no banco. E quanto à primeira parte, sinceramente, não me é possível dar uma opinião pormenorizada. Quando decorrem oitenta minutos desde o apito inicial do árbitro até à saída para intervalo, devido a constantes falhas de luz, o mais natural é perder interesse no jogo, porque o ritmo é constantemente interrompido e a qualidade sofre com isso. Pelo que me consegui aperceber, o jogo foi equilibrado, disputado sobretudo na zona do meio campo, e com muito poucas oportunidades flagrantes de golo - da nossa parte apenas me recordo de um cabeceamento do Cardozo, que passou muito perto do poste. Mesmo a fechar os oitenta minutos, surgiu uma obra de arte do nosso amigo desdentado Proença, a dar continuidade à sua longa história de assinalar penáltis contra nós, e nunca os assinalar a nosso favor (não vá alguém acusá-lo de ser benfiquista). Lá descortinou uma mão intencional do Emerson, e o Braga saiu para intervalo na frente.

Na segunda parte a aposta arriscada foi retirar um médio para entrar um segundo avançado (Rodrigo), e pareceu-me que o Braga tirou partido disso para ganhar superioridade na zona do meio campo. O jogo continuou a ser mais disputado que bem jogado, com muito poucas oportunidades de golo, e sinceramente pensei que só mesmo numa jogada fortuita é que conseguiríamos evitar a primeira derrota da época. Irritou-me um pouco o facto de me parecer que explorámos pouco as alas, sabendo-se que o Braga tinha sobretudo um problema na esquerda da defesa - curiosamente, o Maxi até foi dos que mais arriscou atacar por aquele lado, e acabou por fazer um jogo abaixo do seu habitual, com diversas perdas de bola no ataque e passes errados. O golo do empate acabou mesmo por surgir de uma forma algo feliz, com um remate enrolado do Rodrigo, aproveitando um mau alívio da defesa, a ser desviado por um defesa e a trair o amuadinho da baliza. Até final, apesar de ambas as equipas mostrarem vontade em conseguir mais, mostraram também falta de inspiração para fazer melhor - no caso do Benfica, só mesmo na última jogada do encontro é que voltei a ver uma boa ocasião de golo, num remate cruzado do Rodrigo.

Fiquei com a impressão de que houve jogadores importantes que hoje passaram ao lado do jogo. Já citei o Maxi, mas também não gostei do que jogou o Aimar, Cardozo ou Gaitán (com a excepção da boa jogada em que ofereceu o golo ao Cardozo, no tal cabeceamento que passou perto do poste), por exemplo. Não estou a dizer que estiveram muito piores do que os colegas, porque acho que a equipa toda até esteve mais ou menos homogénea em termos exibicionais. Apenas esperava mais destes jogadores num jogo importante como este.

Um empate em Braga é melhor do que aquilo que conseguimos nos dois últimos anos. E tal como nesses dois anos, com o Sousa e o Xistra, o Braga voltou a contar com um reforço de peso (Proença) - sempre tão estrito em tudo o que seja contra o Benfica, sempre tão permissivo no que seja a favor. Por isso mesmo talvez o empate acabe por ser um mal menor. Mas, obviamente, sabe-me a pouco, porque desejava mais.

quinta-feira, novembro 03, 2011

Desleixo

Empate justo a castigar uma exibição desinspirada e até mesmo desleixada do Benfica. Numa noite em que poderíamos ter já deixado a questão da qualificação resolvida, preferimos acomodar-nos e acabámos por adiar o assunto para os próximos jogos.

Para a posição de lateral esquerdo a escolha foi a mais natural: Luís Martins, evitando qualquer tipo de adaptação. As outras alterações ao onze habitual foram o Matic no lugar do Javi, e a escolha do Rodrigo para o lugar de ponta-de-lança, relegando o Cardozo para o banco. O jogo teve uma entrada de rompante do Benfica e do Rodrigo: um remate ao poste no primeiro minuto e um grande golo aos quatro, num remate de primeira sem deixar a bola cair no chão, a levar a bola ao ângulo. O bom momento do Benfica durou uns vinte minutos, mas a partir daí a equipa foi perdendo velocidade e agressividade, assumindo cada vez mais uma atitude expectante e limitando-se a ver os suíços jogar, preferindo aguardar pelo erro para depois sair para o ataque. Mas mesmo estas saídas para o ataque foram-se tornando progressivamente mais lentas e previsíveis.

A segunda parte deu continuidade ao que de mau estava a ser feito na primeira. O Benfica continuou expectante, limitando-se a assistir enquanto permitia ao Basileia assentar e fazer o seu jogo com relativo à vontade no relvado da Luz. É verdade que os suíços não encostavam o Benfica lá atrás porque simplesmente não têm futebol para isso, e ainda por cima faltava-lhes a dupla de avançados habitual - os que jogaram esta noite são muito inferiores aos titulares Frei e Streller. Mas a passividade e mesmo indolência do Benfica tornava previsível que o golo do empate pudesse chegar. Até porque no ataque pouco ou nada fazíamos, dada a velocidade com que insistíamos em jogar. O empate lá surgiu, a meio da segunda parte e logo após uma pouco compreensível substituição do Luís Martins (cumpriu sem deslumbrar ou comprometer) pelo Miguel Vítor, mas a reacção do Benfica foi pouco intensa. A forma como o marcador do golo apareceu solto à entrada da área não surpreende, dada a forma macia como o nosso meio campo insistiu em actuar durante quase todo o jogo. Os suíços pareceram ficar encantados com o resultado, e os jogadores do Benfica, salvo raras excepções, insistiram em jogar a passo, pelo que o empate lhes assenta muito bem.

A exibição dos nossos jogadores foi, no geral, cinzenta. Maxi e Rodrigo talvez dos poucos a mostrar alguma vontade mais, e a dupla de centrais esteve segura. O Matic, por mais que queiram elogiá-lo, continua a irritar-me naquela posição. É apenas uma opção de recurso, e para mim não chega aos calcanhares do Javi. Continua a insistir em agarrar-se demasiado à bola, e com ele perdemos logo dois ou três segundos no primeiro passe na saída para o ataque; quanto ao sentido posicional e inteligência táctica, prefiro não me alongar. O Witsel esteve também muito discreto, quase não se dando por ele no jogo.

Este jogo era da Champions, e nesta competição não se pode dar nada por garantido. Não faz sentido nenhum dar a iniciativa de jogo ao adversário quando se está na frente do marcador por uma margem mínima - e 'dar' é o verbo correcto, porque fiquei sempre com a impressão de que não foi o Basileia a pressionar para controlar o jogo, mas sim nós a 'encostarmo-nos' e deixarmos que eles fizessem o que muito bem quisessem em campo. Não sei se foi a pior exibição do Benfica esta época, mas foi certamente a que mais me irritou. Porque foi daqueles jogos que me deixam com a sensação de que só não fizemos mais porque não quisemos.