domingo, janeiro 30, 2005

Braga

Acabei de ver o FC Porto vs. Sp.Braga (ainda não tinha tido a minha dose habitual de futebol este fim-de-semana...). Muito bem o Braga, muito mal o FC Porto. Se alguma surpresa há na vitória do Braga por 3-1, é o facto desta não ser mais dilatada, tal a quantidade de oportunidades de que dispuseram. Fernandez é um desastre. Ainda não consegui compreender muito bem qual é o rumo que ele quer dar à equipa (dois números 10 de início?). Tem como atenuante o facto do Porto se ter estranhamente tornado esta época numa espécie de entreposto de jogadores, mas de qualquer forma tinha a obrigação de fazer muito melhor dada a qualidade dos jogadores de que dispõe.

Quanto ao Braga, tendo em conta a falta de qualidade já mostrada pelos três tradicionais candidatos, não me choca considerá-lo candidato ao título. Só precisava conseguir ser um bocado mais regular contra as equipas ditas 'menores', porque a verdade é que até agora, em quatro jogos, ainda não perderam com nenhum dos grandes. Têm bons jogadores, e em particular um que aprecio bastante: João Alves. Provavelmente não ficará por lá por muito mais tempo.

Acho piada também ao facto de Jesualdo Ferreira, um dos treinadores do Benfica mais vilipendiados de sempre pela crítica desportiva, ser agora apelidado de 'excelente treinador' pela generalidade dessa mesma crítica.

Melhor

O Benfica venceu o Moreirense por 2-1, voltando assim a vencer fora, o que já não acontecia desde a 5ª (!) jornada.


Voltámos a alinhar num 4-2-3-1, deixando o Nuno Gomes só na frente, mas com o apoio do Nuno Assis. Os dois médios mais recuados jogaram bem, especialmente o Manuel Fernandes. O Simão fez uma grande exibição, principalmente pelo espírito de luta que demonstrou, ajudando a defesa durante todo o jogo. A verdade é que depois da tão badalada exibição na passada quarta-feira, acabei por gostar mais de ver o nosso jogo hoje. Jogámos um futebol muito mais apoiado, com trocas sucessivas de bola, em vez do típico futebol aos repelões, cheio de pontapés para a frente. Hoje a equipa revelou também um atitude muito melhor em relação ao que vem sendo habitual, num jogo bastante aguerrido, em a disputa da bola foi uma constante. Apesar da ausência do Petit, que costuma ser um dos grandes lutadores desta equipa, os restantes jogadores mostraram uma garra que eu pensava já estar afastada da equipa.


A melhoria da qualidade de jogo do Benfica não é alheia à estreia do Nuno Assis. Com ele em campo, o Benfica passou a dispor de um jogador que tem a capacidade de segurar a bola no meio campo adversário, e que a troca muito bem com os colegas vindos de trás. É um jogador muito inteligente, e em relação ao Zahovic tem a vantagem de lutar muito mais pela recuperação da bola, e ter muito mais mobilidade, o que lhe dá um raio de acção muito maior. Vi-o a participar nas jogadas ofensivas da equipa quer pelo meio, quer na esquerda, quer na direita do ataque. É foi um reforço de Inverno muito bem vindo.


Os próprios golos do Benfica são o espelho da melhor qualidade do nosso jogo hoje: ambos na sequência de jogadas de equipa, com os jogadores a trocarem a bola sucessivamente entre si (muito bem o Nuno Gomes em ambos os golos), ao contrário do que aconteceu na passada quarta-feira, em que os golos surgiram em duas recargas a livres, e num remate de muito longe. Ironicamente, o pior periodo do Benfica foi depois do Moreirense ficar reduzido a 10. Falhámos oportunidades para matar o jogo. eles nunca desistiram, e acabaram mesmo por marcar. Mas pelo menos esta noite já fiquei mais satisfeito ao ver-nos jogar, e um pouco mais optimista.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Feliz

Estou um pouco surpreendido ao ver as apreciações da imprensa desportiva ao jogo de ontem à noite, nomeadamente no que diz respeito à qualidade do futebol apresentado. Sim, foi um grande jogo em termos de emotividade, incerteza no resultado, e atitude das duas equipas. Mas, pelo menos no que diz respeito ao Benfica, não considero que tenhamos feito um grande jogo. É aquela subjectividade que faz com que quando uma equipa faz um jogo regular, envia três bolas aos postes, e no final perde 1-0, a imprensa classifique a exibição como má. Se pelo contrário, em vez de baterem no poste, as três bolas entrarem, então a exibição passa a ser memorável.


Comecei por ficar apreensivo quando vi que o Benfica iria iniciar o jogo com a mesma táctica que usou em Alvalade (a única alteração foi a troca de Fyssas por Dos Santos), que tão maus resultados deu. Mas a verdade é que o jogo começou da melhor forma possível, com um golo logo aos 4 minutos. Pensei que não poderia haver melhor tónico para uma exibição segura... puro engano. Durante os 15 minutos seguintes o Benfica ficou a ver o adversário jogar e trocar a bola à vontade, o que resultou na reviravolta do marcador consumada ao fim de 12 minutos. Mas os Deuses ontem estavam mesmo connosco, e na segunda vez que rematámos à baliza adversária (novamente num livre), chegámos ao empate de uma forma feliz. Feliz porque foi um lance com enormes culpas do Tiago, e feliz também porque o golo chegou na altura certa para travar o ímpeto do adversário.



Aos 25 minutos de jogo, quatro golos. Para emoção e espectáculo num derby, não se podia pedir mais. Mas feito o empate, as coisas acalmaram um pouco. Ainda houve mais uma boa oportunidade do Geovanni isolado, e uma outra do Polga depois de uma confusão no seguimento de um canto, mas ambas as equipas pareceram passar a jogar mais cautelosamente, talvez por terem a noção que o adversário poderia marcar em qualquer altura. Conforme disse, sobretudo durante a primeira parte não gostei da qualidade do nosso futebol. Acho que à equipa do Benfica falta a capacidade de circulação da bola entre os seus jogadores, mantendo a posse da bola e chamando o adversário. Tudo é feito um bocado depressa demais, e acabamos por perder a posse da bola demasiado rápido.

O início da segunda parte foi para mim o melhor período do Benfica. Logo a abrir, uma boa oportunidade do Nuno Gomes. Começaram-se a ver jogadas bem construidas, com a bola a passar por vários jogadores em vez de ser despejada em passes directos do meio-campo defensivo para a frente. Tivemos mais duas oportunidades de jogadores isolados na cara do guarda-redes (Geovanni e Nuno Gomes) que foram desperdiçadas, com uma bola na barra pelo Rochemback pelo meio, e a respectiva recarga muito perigosa. Mas a partir dos 25 minutos, começou a cheirar-me a penalties, porque as coisas estavam muito equilibradas. Eu só pensava 'Penalties não... eu detesto demasiado estes gajos para aguentar uma sessão de penalties contra eles...'. Eu até gosto de ver desempates por penalties. É muito divertido de ver quando acontece aos outros, agora quando somos nós...


O prolongamento continuou equilibrado. Mais uma bola na barra, desta vez para nós e pelo Carlitos, e a expulsão do Hugo Viana. Pensei que poderíamos aproveitá-la para resolver o jogo sem serem preciso penalties, mas mais uma vez, tal como em Alvalade, não o conseguimos. A 10 minutos do fim sofremos um golo incrível. É, sem dúvida, um grande golo do Paíto, mas fiquei com a sensação que houve falta de atitude dos jogadores do Benfica para o travarem. O João Pereira encolheu-se (provavelmente com medo do 2º amarelo), o Luisão deixa-se ultrapassar de uma forma infantil, e um remate cruzado imparável para o fundo da baliza. Quando as coisas pareciam perdidas, a 4 minutos do final o Simão encontrou forças para um grande remate, que voltou a empatar o jogo (o Tiago pareceu-me, no entanto, mal batido). Diga-se de passagem que finalmente vi o Simão fazer uma boa exibição contra os nossos rivais, ele que nos últimos jogos contra eles me pareceu sempre estar uns furos abaixo daquilo que é normal nele.


E pronto, foi-se mesmo para a lotaria dos penalties, e com eles vieram todas as minhas inseguranças ao de cima. 'O Manuel Fernandes não, ele ainda é muito novo para estas coisas!' - calma imperial, bola para um lado, guarda-redes para o outro; 'O Nuno Gomes costuma falhar penalties!' - bola colocadíssima junto ao poste; 'O Carlitos tem sido tão infeliz no Benfica que ele vai falhar isto!' - bola para um lado, guarda-redes para o outro; 'O Alcides vai mandar para a bancada!' - bola ao ângulo. Já que nenhum dos guarda-redes parecia capaz de fazer uma defesa, alguém teria que falhar para isto ficar resolvido. Falhou o Miguel Garcia, e ainda bem. Ganhámos. Foi uma vitória feliz, mas ganhámos. Fiquei contente por seguirmos em frente, mas não me livro da preocupação por achar que a nossa qualidade de jogo deixa muito a desejar. Ontem salvou-se o querer, e a capacidade de reagir a situações de desvantagem, coisa que raramente tem acontecido esta época.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Feiticeiro

Comemorando o facto de passarem hoje 100 anos sobre a data do nascimento do mais mítico treinador de sempre do Sport Lisboa e Benfica, Bela Guttmann, 'A Bola' publica hoje um especial sobre o treinador húngaro. Gostei particularmente da deliciosa 'entrevista' (construida a partir de diversas conversas entre o treinador e vários dos jornalistas d'A Bola).



Alguns dos pontos que achei mais interessantes nessa entrevista:

- Foi difícil ser treinador do Benfica?
- Contra o Benfica, todos valem, ou fazem por valer; o dobro daquilo que efectivamente valem. É uma guerra santa.

(Esta é uma ideia que já vi ser partilhada por outros treinadores do Benfica)

- A mística do Benfica é apenas um mito?
- Só quem está lá dentro do Benfica é que pode saber o que é a mística. Eu, antes, já tinha ouvido falar na mística. Mas encolhia os ombros. Não sabia o que era. Francamente, até pensava que não fosse nada, que não passasse de uma simples e vã palavra. Agora, porém, que a conheci, senti e vivi, afirmo-lhe que ela existe. Não há nenhum clube do Mundo que possua mística igual à do Benfica. E é este, afinal, um dos grandes segredos dos seus êxitos e da sua força.

(E agora pergunto eu: será que algum dos que agora 'está lá dentro' sabe o que é esta mística? Se calhar se pensarmos na resposta, descobrimos porque é que deixámos de ganhar nos últimos anos...)

- Não está a exagerar?
- Não. Tentarei explicar algumas das suas manifestações exteriores mais palpáveis. Veja, por exemplo, a sua massa associativa. Chove? Está frio? Faz calor? Que importa? Nem que o jogo seja no fim do mundo, entre as neves da serra ou no meio das chamas do Inferno, por terra, por mar ou pelo ar, eles aí vão, os adeptos do Benfica, atrás da sua equipa. Grande, incomparável, extraordinária massa associativa!

(E mais uma vez a pergunta se impõe: e os que estão lá agora? Reconhecem a importância da nossa massa associativa? É que não são poucas as vezes que ouço pessoas com responsabilidades atacar-nos, e criticar as nossas atitudes. Nós vibramos e sofremos com o nosso clube, e quando reagimos mal é porque temos o coração ao pé da boca, e algo se passou que nos magoou. Quem foi um dos poucos treinadores que por cá passaram nos últimos tempos que constantemente se referia elogiosamente aos adeptos do Benfica? Pois é, foi o Camacho. Por algum motivo nós gostávamos tanto dele. No final de jogos como o do passado fim-de-semana por vezes penso que 'eles' não merecem a massa associativa que têm.)

- E os jogadores sentem esse clima?
- Nunca encontrei jogadores que sentissem tanto a camisola como os do Benfica. Mesmo que não sejam tecnicamente famosos, tornam-se futebolistas assombrosos e temíveis. É a mística do Benfica, compreende?

(Acho que neste ponto, e salvo honrosas excepções, a pergunta 'E os que estão lá agora?' é puramente retórica...).

[...]



- Há fórmulas simples no futebol?
- O «passa, repassa e chuta» é indispensável para chegar ao golo.

- Só isso?
- Marca e desmarca. Se a bola não é nossa, marca; se a bola é nossa, desmarca. Este é o princípio, o princípio fundamental.

- Outro conceito...
- O sistema para os homens, e não os homens para o sistema.

- Quer explicar melhor?
- Cada equipa precisa de ter um sistema próprio, adaptado às características dos seus jogadores. E assim como um alfaiate não faz o mesmo feitio de fato para um corcunda ou para um homem normal, do mesmo modo um treinador de futebol não pode dar a todas as equipas que treina o mesmo figurino de jogo.

(Está a perceber, Sr.Trapattoni, porque é que o seu 'fato' não serve ao Benfica?...)

[...]

- Considera-se um treinador de ataque?
- Sempre me interessou mais que o ataque fizesse mais golos do que obrigar a defesa a não os sofrer. Não me desgosta nada que o adversário marque três ou quatro golos desde que a minha equipa marque quatro ou cinco.

- Dito assim, parece simples...
- Primeiro, marcar golos; depois tentar não os sofrer. Eis a filosofia do meu futebol.

- E as tácticas defensivas?
- Como é que o futebol pode ser um espectáculo maravilhoso se lhe faltarem golos?

- Não abre excepções, é sempre ao ataque?
- As equipas orientadas por mim não costumam jogar à defesa. Os bons resultados conseguem-se jogando ao ataque. Quando muito tolero que se defenda o resultado se este for favorável e se cifrar na diferença mínima nos últimos dez ou quinze minutos do encontro. Mas só mesmo nessa hipótese.

(É engraçado como um homem nascido há 100 anos, há 40 anos já conseguia ter uma visão muito mais simples, positiva e actual sobre o futebol do que o 'actual' treinador do Benfica...)

terça-feira, janeiro 25, 2005

King


Apesar de hoje ser um dia de recordações tristes, é também o dia em que celebramos o 63º aniversário do nosso Eusébio. Parabéns King!

Um ano

sábado, janeiro 22, 2005

Mau, muito mau...

Perder por 2-0 em casa com o Beira-Mar é mau. Perder por 2-0 em casa com o Beira-Mar treinado por Luís Campos é pior. Perder bem por 2-0 em casa com o Beira-Mar treinado por Luís Campos é desastroso. Eu devia saber que esperar dois bons jogos seguidos desta equipa já era demasiado.

Luís Campos de certa forma cumpriu a promessa de jogar na Luz com três avançados. O Beira-Mar apresentou-se com um esquema de três defesas centrais, com dois deles na marcação directa aos avançados do Benfica, e normalmente Jorge Silva para as sobras. Quando de posse de bola, os dois laterais (Mário Loja e Rui Óscar, depois Ribeiro) juntavam-se aos dois centrocampistas (Beto e Murray), ficando três homens na frente (Ali, Silva, e McPhee), para formar um esquema de 3-4-3. Quando perdiam a bola, McPhee e Ali acompanhavam os laterais do Benfica, fechando as alas, enquanto que os laterais juntavam-se aos três centrais, ficando assim o Beira-Mar num esquema de 5-4-1.


O Benfica apresentou-se num 4-4-2 idêntico ao que tinha sido utilizado contra o Boavista, com Paulo Almeida no lugar do castigado Manuel Fernandes, e com a atitude habitual. Por 'atitude habitual' entenda-se 'a atitude cinzenta, desinteressada, e amorfa exibida durante toda esta época, com a honrosa excepção dos jogos contra o V.Setúbal e Boavista'. Manietados os dois laterais (que tinham sido uma das chaves para a boa exibição contra o Boavista), o Benfica optou então pelo estilo de jogo cuidadosamente ensaiado pelo técnico Trapattoni à porta fechada durante a semana: pontapé para a frente e fé em Deus. Ao optar por este estilo de jogo directo e afunilado contra um trio de centrais muito forte no jogo aéreo, o Benfica começou aí a perder o jogo. Se as coisas já estavam feias desde o início, pior ficaram quando o Beira-Mar se colocou na frente.


Na segunda parte a tentativa de alterar o rumo dos acontecimentos fez-se ao substituir o inconsequente Paulo Almeida por Carlitos. Pensei que o Geovanni passaria para o meio, para jogar nas costas dos avançados, mas a verdade é que se colocou ao lado do Petit, a jogar como se fosse um trinco... e continuou-se a afunilar o jogo, pelo que o Carlitos passou completamente ao lado do jogo, se exceptuarmos o facto de ter estado envolvido no lance do segundo golo aveirense. Pouco depois, trocou-se o Karadas pelo Mantorras. Mas o estilo de jogo pouco mudou, pelo que o Benfica ainda perdeu mais poder no jogo aéreo. A ténue reacção do Benfica ficou-se por um bom remate de longe do Ricardo Rocha (um dos mais inconformados), e uma oportunidade do Simão isolado, que foi bem defendida pelo Srnicek.


Pouco depois veio o segundo golo do Beira-Mar, que foi um verdadeiro hino à asneirada: Fyssas joga de cabeça uma bola que estava praticamente perdida pela lateral, e coloca-a nos pés de McPhee; este centra para o lado direito da defesa benfiquista, onde Carlitos se antecipa a Murray para depois perder a bola para o mesmo Murray; este por sua vez centra para a entrada da pequena área, onde uns estáticos Quim, Luisão, e Ricardo Rocha ficam a ver Silva completamente sozinho empurrar de cabeça para a baliza. O jogo acabou aqui. Os minutos finais do jogo foram provavelmente o maior caos futebolístico que já vi, com uma autêntica táctica digna de um jogo de solteiros contra casados. Cheguei a ver o Simão a defesa direito, o Luisão a extremo direito, e o Ricardo Rocha a extremo esquerdo. O Ricardo Silva até foi expulso por cortar com a mão um lance em que o Ricardo Rocha (e não um dos avançados) se ia isolar para a baliza.


Os minutos de descontos foram tristes, e feios, com a grande maioria do público a vaiar, a acenar lenços brancos para o treinador, e até mesmo a gritar por Camacho. Qualquer pessoa que leia um pouco deste blog sabe perfeitamente qual é a minha opinião sobre o senhor Trapattoni, e a sua presença aos comandos do Benfica. Mas este tipo de manifestações entristece-me sempre, e é obviamente um momento feio, porque acho que é muito desmoralizante para a equipa. Isto não é uma crítica aos que acenaram lenços, é apenas uma visão sobre a situação em si. A verdade é que pouco mais podem os sócios fazer senão mostrar a sua indignação perante o estado a que chegou a qualidade do futebol do Benfica. O problema é que no meio desta irregularidade, em conjunto com a mesma irregularidade dos nossos rivais, o status quo do futebol benfiquista vai-se mantendo. Se na próxima quarta-feira vencermos, a lamentável exibição desta noite será rapidamente esquecida, e tudo ficará na mesma.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

O meu onze ideal (II)

Vou continuar com a eleição do meu onze ideal, formado por jogadores escolhidos de entre todos aqueles que tive a oportunidade de ver jogar pelo Benfica. Depois de ter escolhido o guarda-redes (Michel Preud'Homme), vou agora escolher o segundo jogador deste onze:

Lateral Direito

Miguel


Durante estes anos, foram vários os jogadores que ocuparam esta posição, sobretudo desde que o Veloso se retirou: Pietra, José Carlos (um jogador que eu apreciava bastante), Calado, Dudic, Abel Xavier... mas desde que, num jogo contra o Sp.Braga, o Chalana resolveu adaptar o Miguel a esta posição, ele tornou-se uma figura incontornável do nosso plantel. Nesta escolha, o único jogador que poderia eventualmente considerar uma alternativa ao Miguel seria mesmo o Veloso, pelo peso histórico que tem no clube. Mas o Veloso era um defesa direito, sólido a defender, mas pouco aventureiro no ataque. O Miguel é um lateral direito, com um estilo de jogo que se assemelha muito ao de outros jogadores que ocupam a mesma posição, e que eu também admiro muito (Cafú, Javier Zanetti). Nunca vi outro lateral direito no Benfica cuja influência no rendimento global da equipa se fizesse notar tanto. Quando em forma, o Miguel consegue dominar completamente todo o corredor direito. Tem algumas deficiências no posicionamento defensivo, naturais num jogador que não fez a sua formação na posição que ocupa, mas normalmente acaba por conseguir compensá-las com a velocidade que tem.

Desde a saída do Tiago o ano passado, o Miguel passou a ser o jogador que eu mais admiro no plantel do Benfica. Infelizmente, dado os rumores que se têm ouvido, é capaz de ser difícil que na próxima época continuemos a ter o prazer de o ver envergar a camisola 23 do Benfica. E as notícias que saem sobre o interesse do Benfica em jogadores para a mesma posição (Rui Duarte, Abel) parecem querer confirmar a saída iminente de um dos melhores jogadores que o Benfica tem.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Silêncio

Este fim-de-semana, na Luz, antes do início da partida contra o Boavista, foi guardado um minuto de suposto silêncio em memória de Cavém. Digo suposto porque, infelizmente, assim que o árbitro apitou para dar início à contagem desse minuto, algumas pessoas começaram a aplaudir, e pouco depois já a grande maioria do público estava também a acompanhar esses aplausos. Isto parece ser um péssimo hábito que tomou conta dos adeptos portugueses. Hoje em dia é impossível ter-se um verdadeiro minuto de silêncio quando é suposto haver um. Porquê? De onde é que veio esta mania? Por acaso os clubes solicitam autorização à liga para que seja guardado um minuto de aplausos antes do início do jogo? Alguém vê os jogadores e o árbitro, aquando desse minuto de silêncio, a aplaudir no círculo central? Não, mantêm-se num respeitoso silêncio durante esse minuto. A palavra chave aqui é 'respeitoso'. Aplaudir e ser ruidoso é o que faz durante a maior parte do tempo um adepto quando está dentro de um estádio. O minuto de silêncio é a excepção, a diferença que mostra que aquele é um momento especial para prestar homenagem a alguém que desapareceu. O respeito é mostrado ao alterarmos o nosso comportamento especialmente durante aqueles instantes. O silêncio confere a solenidade necessária àquele minuto.



Bater palmas durante um minuto é fácil. Manter um minuto do mais ensurdecedor silêncio não. Um dos momentos mais arrepiantes que tive no novo Estádio da Luz foi quando, após a morte do Miki Féher, no jogo seguinte 'ouvi' mais de 60.000 pessoas no mais absoluto silêncio, daquele que até parece magoar os ouvidos. Por um minuto, parecia que a cidade toda tinha parado. Isso sim, é uma homenagem a sério.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Argel


No momento da sua saída, Argel declarou que o Benfica é o único dos três grandes que paga em dia. No espaço de dias, este é o segundo jogador que deixa o Benfica por iniciativa do clube (dispensa) e que, não sendo dos mais populares entre os adeptos, não revela qualquer tipo de acinte para com o clube (vide a entrevista de Zahovic a 'A Bola' no fim-de-semana). É uma agradável variação das mais habituais 'peixeiradas', e que me deixa satisfeito. Quem não deve gostar disto são os jornais desportivos, que na ausência das ditas 'peixeiradas' deixam de poder usar parangonas nas suas capas com as declarações dos jogadores, e desenvolver polémicas em redor delas.

Alegria

Para variar, uma crónica alegre!


Finalmente, um jogo que deu para chegar ao fim sem o coração na garganta.

O Boavista, entrou em campo... à Boavista. Três centrais, dez homens no seu meio campo, deixando o Hugo Almeida sozinho na frente, faltas para cortar as jogadas adversárias, e bolas para a bancada sem quaisquer hesitações. Quanto ao Benfica, entrou em campo com uma atitude diferente dos últimos jogos. Os jogadores pareceram mais motivados, pressionando o adversário e lutando mais pela posse da bola. Hoje notou-se que queriam mesmo ganhar aquele jogo. Assim, sim! Já que o nosso treinador parece não ter muita capacidade para motivar a equipa, deleguemos essas funções nos senhores Fernandez e Peseiro, que parecem estar melhor qualificados para assumi-las. A minha esperança para este campeonato continua a ser que estes dois senhores consigam suplantar as asneiras do nosso treinador.


Na nossa equipa regressaram Luisão e Miguel, e a diferença notou-se, e muito. A defesa parece muito mais organizada com o Luisão em campo. Ele é, sem dúvida, a referência na nossa linha defensiva. Em relação ao Miguel... espectacular. Com o seu regresso o Benfica voltou a ter uma asa direita. No primeiro minuto de jogo já ele tinha sido travado em falta dentro da área do Boavista, sem que o respectivo penalti fosse assinalado (estou a escrever isto sem ter visto imagens do lance na televisão, mas no estádio a falta pareceu-me nítida). Depois disso, continuou a dominar o seu flanco, forçando mesmo Jaime Pacheco a fazer uma substituição ainda na primeira parte, para colocar um jogador naquele lado (Diogo Valente), de forma a tentar controlá-lo. O nosso lado direito revitalizou-se tanto com o regresso do Miguel que até o Geovanni pareceu mais interessado em ocupá-lo, em vez de passar a maior parte do jogo a fugir para o meio. Não me consigo recordar de muitos exemplos de defesas laterais que consigam influenciar de forma tão positiva o jogo das suas equipas (sim, para quem ainda não reparou, o Miguel é o meu jogador favorito nesta equipa do Benfica...).



A resistência do Boavista foi quebrada com um penalti do Simão (não posso dizer se foi mesmo falta sobre o Nuno Gomes ou não, mas pareceu-me que ele foi empurrado), com um pouco de felicidade numa altura em que a nossa equipa parecia estar a perder um pouco do gás com que entrou no jogo. A partir daqui as coisas ficaram mais fáceis. Por vezes sinto um prazer quase sádico ao ver uma equipa como aquela que foi o Boavista esta noite em desvantagem. Uma equipa que foi montada com um único objectivo concreto: manter o nulo a todo o custo. Depois, quando ficam em desvantagem, e têm que tentar tomar a iniciativa do jogo, ficam quase perdidos em campo, sem saber o que fazer. São os jogadores a tentar fintar a equipa adversária toda, a rematarem dos sítios mais disparatados, ou então a aproveitarem livres sobre a linha do meio-campo para mandarem toda a gente lá para a frente e despejarem a bola para a área.

Na segunda parte as coisas tornaram-se ainda mais fáceis depois da expulsão do Zé Manel, julgo que por palavras dirigidas ao árbitro. No minuto seguinte o Benfica fez o 2-0, e o jogo ficou decidido. Daí até final, deu para tudo: o Mantorras entrou e marcou um golo, no que foi o momento mais festejado da noite, e até deu para o Argel ser aplaudido na sua despedida da Luz (e, nos 5 minutos que esteve em campo, deixar a sua trademark no jogo, ao quase oferecer um golo ao Boavista, para que nos recordemos dele mais facilmente).



Enfim, o jogo desta noite foi importante por várias razões. Permitiu-nos voltar à liderança, ex aequo com os nossos dois rivais; serviu (assim o espero) para motivar a equipa, quer pelo resultado, quer pela liderança anteriormente referida; mais importante ainda, serviu para uma reconciliação da equipa com os adeptos, depois da má imagem deixada em Alvalade.


Uma última menção para um jogador: Manuel Fernandes. Estou encantado com ele. Parece estar em toda a parte, porque se coloca muito bem no terreno. Tacticamente é mesmo muito bom, o que é ainda mais surpreendente quando me lembro que ele tem apenas 18 anos. Luta por cada bola até à exaustão. Mesmo quando rodeado de adversários, nunca despeja a bola à toa, e tenta deixar a bola jogável para um colega, ou sair ele próprio com ela nos pés (e a verdade é que o consegue na grande maioria das vezes). Para além dos méritos defensivos, é também muito forte na organização de jogo. Sinceramente, desde o Rui Costa que não via as nossas escolas formarem um jogador que me entusiasmasse tanto.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Eles são tantos...

Começo a ficar cansado de ver quase todos os dias as capas dos jornais desportivos anunciarem mais um jogador dado como certo na Luz. De acordo com a imprensa desportiva das últimas semanas, os seguintes jogadores são reforços praticamente certos da equipa de futebol do Benfica: Robinho, Maxi Lopez, Beto, Nuno Assis, André Luiz, Jorginho, Abel, Buffel, e Rui Duarte, só para não mencionar outros. Não sei quantos destes jogadores vão efectivamente acabar no nosso clube, mas esta política dos jornais de anunciar factos antes de estes estarem consumados parece-me ridícula. Poder-se-ia dizer que em vez de publicarem apenas factos e notícias, os jornais desportivos passaram em parte a ter uma importante secção de ficção nas suas edições.



Este acumular de 'notícias' que depois se verifica não serem verdadeiras, e camiões de reforços que estão na iminência de chegar ao clube provocou em mim o efeito de ter deixado completamente de acreditar nelas. Só acredito que um jogador vem para o Benfica quando o vejo vestir a camisola do clube (embora até nestes casos consiga haver excepções - Rushfeldt).

Entretanto, o sorteio da Taça de Portugal ditou uma reedição do derby, desta vez em nossa casa. É uma oportunidade para nos redimirmos e lavarmos a face da péssima imagem deixada no fim-de-semana passado.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Sokota (II)

No seguimento daquilo que escrevi sobre a sua dispensa, transcrevo aquilo que, na sua crónica de hoje em 'A Bola', Leonor Pinhão escreve sobre o assunto, com o que eu não podia concordar mais:

"Não sendo tecnicamente superior nem um matador nato, não será grande disparate considerar que Tomo Sokota tem feito uma falta danada a Trapattoni. Nem ele, Trapattoni, sonha, mas a verdade é que tem. Sokota foi na temporada passada, com Camacho, o abono de família do Benfica.

Não no sentido dos golos que marcou mas no sentido da pancada que sozinho, lá na frente, não se coibiu de apanhar, poupando os colegas a tais incómodos, em nome do colectivo e da produção atacante da equipa. O Sokota que ia à luta, que ganhava as bolas todas de cabeça do meio-campo para a frente, que aparecia a ajudar a sua defesa nos cantos e nos livres, bom, esse Sokota foi esta época encostado e transformado num proscrito de malas aviadas, tudo porque a resolução do seu contrato foi impossível de satisfazer. E, provavelmente, sairá como um malfeitor um jogador que, não sendo nenhum Van Basten, fez tão bem ao Benfica no tempo que por lá passou. É de erros primários como este que se fazem as longas travessias do deserto."


Entretanto fiquei a saber que Sokota foi posto a treinar com a equipa B (pensava que ele, ao ser dispensado, se iria transferir já para outro clube). Ele não merecia tal desrespeito.

Sokota



Ao contrário do caso anterior, foi com pena que ouvi Luís Filipe Vieira confirmar aquilo que já todos sabíamos, ou seja, a saída de Tomo Sokota do Benfica. Não sendo um goleador nato, sempre simpatizei com este jogador, e continuo a considerá-lo o melhor avançado do actual plantel do Benfica. Durante o seu tempo na Luz sempre se comportou de forma exemplarmente profissional, e demonstrou grande entrega nos jogos, mesmo quando as coisas não lhe corriam da melhor maneira. Mesmo não marcando golos, é um avançado que dá muito trabalho às defesas, e sabe interpretar da melhor forma o papel de pivot e jogador de referência no ataque para criar espaços para as entradas dos médios (e fazia isto especialmente bem nos tempos de Camacho). Infelizmente, costuma-se dizer que a vida de um avançado faz-se de golos, e por isso a frieza dos números pode sempre servir de justificação para a decisão da direcção (que, na verdade, desde o princípio desta época nunca me pareceu muito interessada em renovar o contrato do jogador, apesar da boa vontade e interesse demonstrado pelo mesmo em relação à continuidade na Luz).

Fico triste e até um pouco surpreendido por ver como, no espaço de poucos meses, Sokota passou de jogador cuja renovação era uma prioridade (durante o tempo de Camacho), para dispensável, saindo pela porta pequena da Luz (impedido de participar no derby, e agora não convocado para o estágio do plantel). Sokota foi um jogador pouco feliz no Benfica. Começou por prometer muito, mas pouco depois teve uma grave lesão no tendão de Aquiles que o deixou parado cerca de um ano e meio. Gostava que ele tivesse tido mais sorte, e é com pena que o vejo sair. Boa sorte Tomo!

Zahovic



O Benfica e Zahovic chegaram a acordo para a rescisão do contrato que ligava as duas partes até ao final da época. No fundo, apenas anteciparam tudo seis meses, uma vez que a não renovação do contrato do esloveno já estava decidida. Esta notícia não me surpreende ou desagrada, uma vez que nunca fui fã do jogador desde que este chegou ao Benfica. Infelizmente, nunca tivemos o privilégio de contar com um Zahovic ao nível daquilo que vimos nos seus tempos do FC Porto. Era nítido que ele tinha uma técnica, visão de jogo, e precisão no passe bastante superior à média, mas ao mesmo tempo sempre revelou uma notória falta de vontade para se esforçar um bocado mais nos jogos, para além de apenas ser regular na sua irregularidade. A seguir a um jogo mais conseguido, normalmente seguia-se um período de completa obscuridade. Sempre me pareceu um jogador desmotivado na Luz. E eu nunca me esqueci da vergonhosa actuação dele no encontro de má memória para a Taça de Portugal contra o Gondomar, em que parecia estar a jogar propositadamente mal, talvez com o intuito de provocar a queda de Jesualdo Ferreira. Não me deixa saudades.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Cavém

Hoje não posso deixar de mencionar o desaparecimento de Domiciano Cavém. Um dos jogadores do grande Benfica, bi-campeão europeu. Chegou ao clube na época de 1955/56, e aí permaneceu durante 14 épocas, com um total de 420 jogos e 104 golos. Hoje em dia já é difícil encontrar casos de longevidade num clube como este. Pelo que sei, era um jogador que fazia qualquer posição no terreno. Jogou cinco finais europeias, e nas primeiras três consecutivas conseguiu jogar a avançado na primeira (Barcelona), médio na segunda (marcou um golo ao Real Madrid, que na altura dava o empate a 2-2), e defesa na terceira (Milan).

Cavém é o 3º em pé a contar da esquerda.



Nunca o vi jogar, mas sempre associei o seu nome à época áurea do Benfica. Fico sempre triste quando vejo desaparecer mais uma memória viva desses tempos, e um bocadinho da história do meu clube.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Balneário

Segundo noticia A Bola hoje, no final do derby os jogadores do Benfica, após o regresso ao balneário, envolveram-se em trocas de acusações mútuas sobre, entre outras coisas, falta de empenho. Esta situação, ao que parece, não é nova, e já se repetiu noutras ocasiões. Não me surpreende isto, porque é visível em campo que se passa algo de profundamente errado com esta equipa, sobretudo em comparação com a época passada.



Mais grave no entanto, é a informação que o próprio Trapattoni terá justificado aos jogadores a não convocação de Sokota e Zahovic para o último jogo por exigência da SAD, e contra a sua vontade. Isto vem confirmar aquilo que eu já tinha escrito antes sobre o italiano: ele aceita pacificamente aquilo que a SAD (Veiga) lhe impõe, sem levantar ondas. Alguém imagina Camacho nesta situação? Obviamente que, perante uma situação destas, os jogadores não têm confiança no treinador, e não o conseguem ver como um líder. Aqui reside a grande diferença entre Trapattoni e Camacho. O último conseguiu, conforme tinha anunciado desde que chegou, blindar o balneário, e implementar a sua máxima de que 'Comigo, o presidente só entra no balneário para dizer "Bom dia!"'.



A contestação ao treinador começa a surgir internamente, havendo diversos dirigentes que se opõem à continuidade do italiano, até porque este parece ser completamente incapaz de motivar o plantel (o que é visível a olho nu para quem assiste aos jogos do Benfica). Trapattoni tem, no entanto, um apoio de peso: José Veiga. O falhanço de Trapattoni será, ultimamente, o falhanço de Veiga. E este será também a última pessoa interessada em ter um treinador com o feitio de Camacho a liderar o plantel. Eu admito: tenho muitas, mas mesmo muitas saudades do espanhol.

domingo, janeiro 09, 2005

Aftermath

Bem, acho que tenho que escrever alguma coisa sobre o jogo de ontem à noite. E o que é que se pode dizer? Quando não se quer ganhar um jogo, é difícil que isso aconteça. E custa muito mais quando se vê que tivemos tudo para ganhar o jogo. Mas faltou-nos ambição e querer, o que infelizmente já começa a ser norma nesta equipa. O nosso treinador deve ser uma espécie de vampiro, que no espaço de meses conseguiu sugar toda a energia vital e força de vontade que esta equipa parecia ter quando tinha Camacho ao leme. Cada vez mais estou convencido que o bom início de campeonato se deveu apenas ao 'balanço' com que a equipa vinha da época anterior.

O jogo começou relativamente equilibrado, mas com o Benfica muito recuado, dando a iniciativa de jogo ao adversário. Não sei porque insistem em chamar aquela táctica de 4-3-3, quando o que vi foi um 4-5-1, com o Nuno Gomes praticamente entregue à sua sorte. Ficámos a perder num lance em que foi dado todo o tempo do mundo ao Rochenback para centrar, e depois os nossos centrais foram batidos de cabeça por um jogador bem mais baixo que eles. De uma forma algo feliz, chegámos ao empate, e pouco tempo depois o Rui Jorge foi expulso. Daí até ao intervalo, o Benfica pegou no jogo, e insistiu (bem) sobre o lado direito, uma vez que o Peseiro deixou apenas o Hugo Viana a fechar o flanco. Criámos uma excelente oportunidade para sairmos para o intervalo na frente, que foi desperdiçada pelo Simão.

Na segunda parte, quando esperava que a equipa caísse em cima do adversário, nada disso. O que eu vi foi uma equipa sem chama, e aparentemente descrente na possibilidade de ganhar o jogo. Como é possível que uma equipa em superioridade numérica passe o tempo a correr atrás da bola, quando o que deveria suceder seria exactamente o contrário? Mas não, os nossos jogadores, em vez de trocarem a bola, ou sairem com ela controlada, optaram por despejar a bola directamente para o Nuno Gomes. O Quim, nesse particular, revelou-se excelente. Para além de evidenciar uma calma irritante na reposição de bola, parecendo estar satisfeitíssimo com o empate. Durante todo o tempo em que estivemos em vantagem numérica, não me recordo de ver um único remate do Benfica à baliza adversária!

Num derby, quase sempre que um jogador de uma equipa é expulso, o árbitro acaba por expulsar um da outra equipa para compensar. Era óbvio que alguém do Benfica seria expulso, e acabou por ser o Alcides (a expulsão pareceu-me, de onde me encontrava, correcta). Trapattoni demorou uma eternidade a reagir à expulsão. Enquanto discutia com o Álvaro, o Fyssas (uma exibição absolutamente disparatada em termos ofensivos, pois conseguia sempre entregar a bola a um adversário) foi para o centro fazer de central, e ninguém compensou o lado esquerdo da defesa. Uma perda de bola infantil do João Pereira do lado direito, cruzamento para o lado esquerdo onde o Carlos Martins estava completamente sozinho, e acabou por sair um remate torto, que foi bem emendado pelo Liédson. E a partir daí, sabia que o jogo estava perdido. O Benfica reagiu timidamente, mais com o coração do que com a cabeça, e ainda viu uma bola ser salva sobre a linha de golo, julgo que pelo Polga.

Dois clássicos, duas derrotas. E agora senhor Trapattoni? Tem alguma bola que esteve dentro da baliza que não foi assinalada para servir de desculpa? É absolutamente desesperante ver esta equipa jogar. Sobretudo tenho uma sensação de impotência, por estar absolutamente convicto que a pessoa no banco não tem capacidade para inverter o rumo dos acontecimentos quando as coisas estão más para o Benfica.

sábado, janeiro 08, 2005

Amanhã

Acabei de chegar a casa. Sobre o derby escrevo amanhã. Neste momento estou demasiado furioso e também triste para escrever alguma coisa com nexo. São sentimentos como o deste momento que dão o título a este blog. Obrigado, Sr.Trapattoni.

Está na hora

E pronto, chegou a hora de sair de casa, e pôr-me a caminho de Alvalade. Gosto de chegar cedo, para evitar confusões com o lugar (aqui não tenho cativo...), e para apreciar toda a atmosfera do derby. As provocações antes do jogo; a subida dos jogadores ao relvado antes de se equiparem, e as reacções que isso provoca; o aquecimento; ver como é o 'ambiente' que me rodeia (ou seja, se, como espero, vou estar rodeado de uma maioria de benfiquistas - se for como o ano passado, será óptimo).

Apesar de não ter muita confiança no nosso treinador, no derby esqueço isso, e acredito sempre na vitória. Mesmo se o Paulo Almeida jogar.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Não sou o único...

É bom verificar que não estou sozinho na apreciação que fiz ao derby no post anterior.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Derby



Vem aí o derby. O verdadeiro. A imprensa desportiva tem a tendência para chamar também de derby os jogos entre os grandes de Lisboa e o FC Porto. Como se pode ver pela própria definição da palavra, isso não são derbies. São jogos grandes, e importantes, entre clubes rivais. Mas não os chamem de derbies. Derbies são os jogos entre o Benfica e o nosso velho rival e vizinho, ou os jogos com o Belenenses, ou ainda entre o FC Porto e o Boavista. Mas o jogo de Sábado (e a retribuição da visita, na 2ª volta) é o derby.

Para mim a sensação que este jogo me dá é completamente diferente da de um jogo contra o FC Porto. Claro que eu não gosto do FC Porto, quero muito ganhar quando jogamos contra eles, e doem-me muito as derrotas (que eu, nos últimos anos, num comportamento inexplicavelmente masoquista, insisto em ir ver ao vivo nas Antas - mas há sempre aquela réstia de esperança que um dia virá aquela vitória que fará esquecer todos os desgostos das derrotas anteriores). Mas uma derrota no derby dói muito, muito mais.




Este é o jogo que eu mais quero ganhar todas as épocas. Não admito sequer o empate. Temos que ganhar, temos que jogar para ganhar (e já estou um bocado aborrecido antecipadamente por ter medo que o nosso Trapattoni se mantenha fiel à sua mentalidade tradicional, e se apresente em Alvalade com um esquema defensivo para segurar o empate). Se estivermos a ganhar por um, eu quero que a equipa lute para ganhar por dois. E se o conseguir, que continue a lutar para chegar ao terceiro. O derby para mim é assim. Não me basta 'apenas' ganhar. Quero ganhar, quero merecer ganhar, e se possível quero humilhar. Porque 'eles' são, para mim, os nossos verdadeiros e históricos rivais. O FC Porto é um fenómeno recente, cuja rivalidade connosco foi sobretudo criada pelo presidente Pinto da Costa. Com os nossos vizinhos é diferente. Sempre foram os nossos rivais, desde os primeiros anos de vida dos dois clubes, em que inclusivamente quase provocaram a nossa extinção. Mesmo que o jogo não interesse para nada, mesmo que estejam os dois clubes a meio da tabela, o derby é para ganhar. Se na semana a seguir perdermos contra o Gil Vicente porque os nossos jogadores se lesionaram ou foram expulsos para nos ajudar a ganhar o derby, não importa. Porque pelo menos ganhámos o derby.




O derby é o jogo que me faz esquecer um bocado o fair-play na derrota. Se perdemos, a culpa tem que ser de algum factor estranho. Do árbitro, do 'sistema', dos jogadores adversários que foram desleais, ou jogaram dopados. Mas admitir graciosamente a derrota no derby é que não. Este jogo é sempre especial, dá-me sempre uma emoção diferente. Desde 88 que não perco um derby em Alvalade, e estou habituado a sair de lá contente na maior parte das vezes. Algumas das melhores recordações que guardo de jogos de futebol estão ligadas ao derby. Foi nestes jogos que me surpreendi abraçado a um desconhecido, a chorar de alegria debaixo de uma chuva torrencial, enquanto o João Pinto demolia a arrogante equipa de Carlos Queirós e eu gritava até perder a voz. Que, como num filme em slow-motion, vi o Sabry calmamente beijar a bola, ajeitá-la, e num arco supremo colocá-la no fundo da baliza de um atónito e estático Peter Schmeichel a 5 minutos do fim, provocando o fim do mundo entre um pequeno grupo de 1500 benfiquistas, rodeados de 50.000 adversários ávidos de celebrarem o título pela primeira vez em 18 anos. E aquele gesto supremo do Sabry depois do golo, aquele dedo em riste colado aos lábios cerrados: 'Shhhhh!'. Que depois repetimos vezes sem conta no dia seguinte aos nossos amigos sportinguistas: 'Shhhhh'. Que importa que tenham sido campeões na jornada seguinte? Não o foram contra nós! Ganhámos o derby caraças!

Há algo neste jogo particular que me consegue fazer perder a compostura e calma habitual que mantenho durante um jogo de futebol, e me põe a vociferar contra o fiscal-de-linha, ou a chamar nomes ao Beto. Não há outro jogo no ano que me ponha a pensar em comprar bilhete semanas antes do jogo, que me faça ranger os dentes de ódio quando vejo aquelas camisolas verde e brancas entrar em campo (detesto tanto aquelas camisolas que nunca consegui, por exemplo, simpatizar com o Celtic de Glasgow), que me deixe com um nó no estômago quando o árbitro apita para o início do jogo, e os joelhos a tremer e os punhos cerrados enquanto o jogo decorre.

Sim, eu adoro o derby. Football doesn't get any better than this.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Medo?

Parece que José Veiga tudo fez para que a equipa saísse para estágio mais cedo, de forma a evitar que se cruzasse com Jose Antonio Camacho, que hoje apresenta o seu livro no Estádio da Luz. Isto depois dos comentários no mínimo pouco simpáticos, proferidos na sua entrevista em 'A Bola' de ontem, acerca desta apresentação.

Porque é que José Veiga tem medo de Camacho?

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Veiga

José Veiga dá hoje em 'A Bola' uma extensa entrevista. Deve ser a primeira entrevista desta dimensão que eu leio, dada por este homem de poucas palavras, que lidera o futebol do Benfica.



Nesta entrevista, ele diz tudo aquilo que se estaria à espera que alguém que ocupa o cargo que ele ocupa dissesse. Nada de verdadeiramente surpreendente, apenas um discurso muito certinho. Eu confesso que não me agrada ver este senhor no Benfica. Claro que o facto de saber que ele é adepto do FC Porto será o factor principal para este desagrado. Não duvido no entanto que José Veiga quererá, tanto quanto eu, que o Benfica ganhe o mais possível. Os motivos para que eu e ele tenhamos este mesmo desejo é que me parecem ser diferentes.

Eu, como os restantes adeptos do Benfica, quero que o nosso clube ganhe por amor a esse mesmo clube, e por gostar de sentir orgulho pelos feitos do SLB. Quanto a José Veiga, sempre tive a sensação que a sua vinda para o Benfica foi sobretudo motivada pela sua guerra pessoal contra o presidente do FC Porto (e não, como muita gente, e sobretudo os anti-benfiquistas gostam de dizer, para fazer dinheiro à custa de vendas de jogadores seus ao Benfica). O Benfica foi a arma que José Veiga julgou ser mais eficaz para atingir o presidente do FC Porto onde mais lhe doesse.

Claro que, na eventualidade de o Benfica acabar por ter uma época de sucesso, estas motivações de José Veiga passarão para um plano secundário à luz dos sucessos. É uma perspectiva maquiavélica da coisa, mas o futebol é mesmo assim...