sábado, abril 30, 2016

Sofrido

Mais um triunfo sofrido, mais um pequeno passo dado. A vitória do Benfica foi tão suada quanto justa, perante um adversário que desde o primeiro minuto mostrou ao que vinha: antijogo aberrante e tentativa de arrastar o jogo para um clima o mais quezilento possível.


O Benfica apresentou o seu onze teoricamente titular, enquanto o Guimarães imitou outros adversários recentes da nossa equipa, e alterou a sua táctica habitual para passar a jogar num esquema de três centrais. Depois da Académica e do Setúbal, mais uma equipa a dar-nos a honra de termos uma táctica especialmente preparada para nós. O motivo pelo qual resolveram lutar tão afincadamente pelo pontinho, que para nada serviria ao Guimarães, só eles o saberão, mas que aquele pontinho parecia ter um valor equivalente a um campeonato do mundo, isso parecia. O Benfica também facilitou a tarefa ao adversário. Nos intervalos entre as quedas dos jogadores do Vitória, as quezílias armadas por eles e o dar pau como se não houvesse consequências, jogámos muito pouco futebol. Fomos uma equipa presa de movimentos e lenta de processos, com os dois avançados entregues às marcações e os alas completamente escondidos do jogo. Transições rápidas praticamente não houve, e os nossos ataques parecia terem forçosamente que fazer a bola recuar até aos centrais, para depois começarem a partir daí, já com toda a equipa adversária colocada nas suas posições defensivas. O futebol apresentado assemelhava-se a alguns jogos do início de época, que primavam sobretudo por muita posse de bola estéril - consequência também de uma qualidade de passe desastrosa por parte do Renato Sanches, e o Pizzi quase sem qualquer influência pelo centro, já que ficava amarrado à linha, onde fazia disparate quase sempre que recebia a bola. A maior parte dos desequilíbrios eram causados, de forma pouco usual, pelo André Almeida, que mostrou um pendor bastante ofensivo, e pelas subidas com bola do Lindelöf - muitas vezes pareciam ser quase uma medida de último recurso, já que à falta de opções ele simplesmente era obrigado a ir subindo com a bola. Fomos obviamente muito mais rematadores do que o Vitória, mas em toda a primeira parte apenas uma ocasião de golo me ficou na memória, quando após um livre despejado para a área a bola foi ter com o Mitroglou, que solto de marcação rematou de primeira com a bola a passar muito perto do poste. De assinalar que o antijogo do adversário foi de tal forma que acho que foi a primeira vez que vi um árbitro dar cinco minutos de compensação numa primeira parte.


A forma como o Vitória jogava contribuiu também para aumentar o aparente nervosismo com que a nossa equipa já tinha entrado no jogo, nervosismo esse que naturalmente se acentuaria com a passagem dos minutos. Era por isso importante marcar o mais cedo possível no regresso do balneário, e felizmente foi precisamente isso que aconteceu, pois tinham passado apenas dois minutos quando o nulo ficou desfeito. Depois de um livre sobre a direita, marcado pelo Gaitán, o Jardel surgiu na zona do primeiro poste para cabecear da forma mais certeira e provocar a explosão de alegria nas mais de 60.000 pessoas que encheram a Luz. Depois do golo a atitude do Vitória mudou completamente, e o jogo ficou muito mais aberto. O Benfica não foi declaradamente à procura do golo da tranquilidade, o que nos deixou expostos a algum infortúnio que pudesse acontecer. E mais uma vez, esteve mesmo perto de acontecer, e por culpa própria. Uma intervenção desastrada do Jardel deixou que um adversário se isolasse em direcção à baliza, e foi o André Almeida quem, por duas vezes, impediu o golo nesse lance. Numa outra ocasião, foi uma saída corajosa do Ederson aos pés de um adversário que evitou males maiores. O Benfica só melhorou um pouco com a entrada do Jiménez para o lugar do Mitroglou. O mexicano deu mais velocidade e agressividade ao ataque, e aproveitando uma atitude de maior risco por parte do Vitória, conseguimos ser mais perigosos no ataque. Foi aliás dos pés do Jiménez que saíram as melhores ocasiões que tivemos na segunda parte. A primeira foi uma tentativa de cruzamento de letra que acabou por fazer a bola passar muito perto, e a segunda um remate em arco à entrada da área que levou a bola a embater com estrondo na barra, com o guarda-redes já batido. Apesar do nervosismo natural com o resultado a manter-se na margem mínima, foi sem sobressaltos de maior que levámos o jogo até final e garantimos mais três pontos.


Os destaques maiores do Benfica voltaram a ser os jogadores que parecem estar em melhor condição física nesta fase da época, casos do Fejsa ou do Lindelöf. O Fejsa voltou a ter um raio de acção enorme, e a juntar ao intenso trabalho defensivo várias iniciativas na construção de jogo, aparecendo em terrenos mais adiantados do que aqueles que lhe são habituais. O Lindelöf esteve impecável na defesa e o Ederson continua a dar-nos imensa segurança na baliza. O André Almeida também fez um jogo bastante aceitável, apesar de algumas asneiras a atacar na segunda parte. O Jiménez teve um efeito positivo no nosso jogo quando entrou. Pela negativa, o Pizzi continua em muito má forma, e a nossa dupla de avançados parece estar longe da condição física ideal, com o Jonas em particular muito mais fixo e escondido do jogo. O Renato Sanches esteve mal no capítulo ofensivo, com diversos passes errados e más decisões.

Foi mais uma vitória dificílima, porque os pontos nesta fase estão mesmo muito caros. Qualquer adversário quer ter a glória de tirar o título ao Benfica, e eu não tenho ilusões nenhumas que é disso mesmo que se trata. Independentemente daquilo que o nosso adversário directo na luta pelo título fará ou não, a minha convicção é mesmo a de que se queremos ser campeões, teremos que vencer as duas finais que faltam e conquistar os seis pontos em disputa.

terça-feira, abril 19, 2016

Susto

Conseguimos os importantíssimos três pontos, mas a exibição na segunda parte foi paupérrima e não ganhámos para o susto, já que o jogo poderia ter terminado com um enorme balde de água fria depois de um erro individual grosseiro. Quando deixamos uma vantagem mínima no marcador arrastar-se até final, estamos sempre sujeitos a este tipo de sobressaltos.


O Benfica voltou ao onze mais próximo do habitual, com a novidade do Nélson Semedo na direita da defesa. O Gaitán e o Mitroglou recuperaram das lesões que os tinham afastado do jogo com o Bayern, e foram titulares. O início do jogo foi desastroso, já que concedemos um golo logo na primeira jogada, com catorze segundos decorridos. A bola entrou pela esquerda da nossa defesa, e o cruzamento foi finalizado com grande facilidade por um adversário bem no centro da área. Não sei se foi simplesmente infelicidade, ou falta de concentração, porque a verdade é que já com o Braga só não sofremos um golo assim porque a bola foi ao poste. A reacção da equipa (e das quase 55.000 pessoas que preencheram as bancada, diga-se) foi no entanto a melhor possível, e nos minutos que se seguiram assistiu-se a um verdadeiro vendaval ofensivo por parte do Benfica. O assalto à baliza do Setúbal foi constante, e só a noite inspirada do seu guarda-redes, aliada a alguma falta de pontaria dos nossos jogadores, ia adiando o empate. Ainda sofremos mais um grande susto, pois na segunda vez que o Setúbal foi à nossa área esteve muito perto de voltar a marcar. Mas face ao que se passava em campo, o golo do empate parecia uma inevitabilidade, o que acabou por se confirmar aos dezanove minutos. Inevitavelmente, pelo pé do Jonas, que apareceu à boca da baliza para concretizar um cruzamento do Eliseu, que sofreu um ligeiro desvio de cabeça do Gaitán. E logo a seguir, o segundo golo esteve muito perto de aconter, mas o remate do Fejsa embateu num defesa. Mas não foi preciso esperar muito mais: aos vinte e quatro minutos estava concretizada a reviravolta no marcador, numa cabeçada do Jardel após canto do Gaitán na esquerda, mais um de vários que o Benfica já tinha conquistado. Depois de obtida a vantagem o Benfica tirou um pouco o pé do acelerador, mas continuou a controlar perfeitamente o jogo, dispondo ainda antes do intervalo de uma oportunidade soberana para ganhar uma vantagem mais confortável. Mas depois de ficar completamente isolado por um grande passe do Fejsa, o Pizzi quis finalizar de forma artística com um chapéu ao guarda-redes e a bola foi cortada por um defesa do Setúbal sobre a linha.


O desacelerar do Benfica ainda na primeira parte já me deixava algo desconfiado e nada tranquilo para a segunda, porque achava que seria muito importante conseguirmos o golo da tranquilidade. Mas nada me poderia fazer prever aquilo que de facto jogámos neste período. Acredito que pode ter sido alguma consequência do cansaço, que fez com que a equipa já não conseguisse voltar a acelerar depois de ter relaxado um pouco a seguir ao golo da vantagem, mas aquilo que vi foi provavelmente o pior futebol do Benfica no Estádio da Luz, incluindo os jogos do início desta época. É que não tenho praticamente nada de positivo para dizer, porque a diferença para a primeira parte foi como do dia para a noite. Na primeira parte devemos ter tido mais de 70% de posse de bola, enquanto que na segunda parte na maioria das vezes mal conseguíamos passar da linha do meio campo com a bola controlada. A quantidade de passes errados e entregas de bola ao adversário foi simplesmente aberrante. Não houve velocidade no nosso jogo, aliás, não houve sequer jogo como equipa, foi tudo aos repelões, com vários pontapés para a frente - e muitas das vezes nem sequer os chutões para a frente saíam bem, e em vez disso saíam roscas sem direcção, que ou mandavam a bola directamente para fora, ou a faziam subir para cair quase no mesmo sítio. A nossa equipa, mais do que cansada, parecia estranhamente nervosa. Criámos talvez duas ocasiões dignas desse nome, uma do Fejsa num pontapé de canto, e outra do Mitroglou, que cabeceou torto e para fora quando tinha tudo para fazer melhor. Perante tão pouco acerto da nossa parte, o Setúbal começou a acreditar e foi subindo no terreno, o que ainda aumentou mais o nervosismo dos nossos jogadores e consequentemente a quantidade de asneiras cometidas. Perante um Benfica irreconhecível, valeu-nos no entanto o apoio quase constante das bancadas, que nos momentos de menor acerto tudo fizeram para motivar a equipa. E nos minutos finais até parecemos ganhar um pouco mais de compostura e segurar melhor o jogo - ainda que o Setúbal, mesmo nos nossos piores momentos, não tenha conseguido criar ocasiões de golo em número suficiente para causar grande nervosismo em relação ao resultado. Mas quando chegamos tão perto do final com uma vantagem tão magra, é natural temer-se algum azar. Que esteve muito, muito perto de acontecer. Exemplificando perfeitamente a segunda parte desastrada de toda a equipa, o Pizzi, já em período de descontos, fez um passe para trás perfeitamente escusado e disparatado, que deixou isolado um adversário. Valeu-nos a atenção e rapidez do Ederson, que saiu da baliza e no limite da área conseguiu, com o pé, cortar a bola. Esta seguiu para os pés de outro jogador do Setúbal, que de muito longe não conseguiu acertar com a baliza.


Como o que fica é sobretudo a péssima imagem da segunda parte, é difícil fazer destaques, mas para escolher alguém terão que ser os dois centrais, e em especial o Lindelöf, que me pareceu dos mais esclarecidos da nossa equipa na segunda parte. E também o Ederson, que fez uma defesa absolutamente decisiva. O Jonas foi deixando pinceladas de classe ao longo do jogo e marcou o seu golo, mas esteve menos inspirado do que o habitual. No polo oposto, o Pizzi e o Eliseu fizeram um jogo muito abaixo daquilo que é exigível. O facto de estar a destacar os centrais e o guarda-redes num jogo em casa contra o Setúbal, que apenas venceu um jogo na segunda volta, diz bastante sobre a qualidade do nosso futebol esta noite.

O Benfica fez o suficiente para vencer este jogo, mas estamos habituados a mais e melhor. Às vezes o suficiente não chega, e hoje esteve muito perto de não chegar. Estamos na fase decisiva deste campeonato, faltam apenas quatro jogos, e precisamos de dar o máximo em todos eles. A satisfação que sinto neste momento é por ver passada mais uma etapa no caminho até ao objectivo que todos desejamos. Mas vai ser necessário  fazer melhor do que aquilo que fizemos hoje para que consigamos chegar ao final desejado.

quinta-feira, abril 14, 2016

Orgulho

A eliminatória teve o desfecho natural e passou a equipa mais forte, mas acho que podemos todos sentir orgulho na réplica que o Benfica conseguiu oferecer a uma das equipas mais fortes do mundo. Lutámos com as armas que temos, mesmo perante diversas contrariedades fizemos o melhor que podíamos, não foi suficiente para passar, mas caímos de cabeça levantada.


Já tinha escrito no final da primeira mão que o Bayern continuava a ser o grande favorito na eliminatória e que, aliás, o resultado desse jogo quando muito apenas reforçaria esse mesmo favoritismo. Mas nada nos impedia de lutar para sermos felizes. A tarefa para esta segunda mão de repente afigurou-se ainda mais difícil quando fomos obrigados a apresentar um ataque totalmente novo, já que à suspensão do Jonas juntaram-se as ausências por limitações físicas do Gaitán e do Mitroglou. Não as vou lamentar, porque os dois jogadores ficaram nestas condições depois da batalha que foi a conquista dos três pontos em Coimbra. Mais batalhas semelhantes virão, e não faria sentido arriscar pô-los a jogar e depois perdê-los por um período mais prolongado. Além disso já nos habituámos a que os que são chamados a substituir os ausentes normalmente dão boa conta do recado. Jogaram então o Jiménez e o Carcela no lugar dos lesionados, e o Pizzi no lugar do suspenso, indo o Salvio ocupar a vaga na direita. O jogo foi o que se esperava, com o Bayern a impor o seu futebol de muita posse de bola e pressão a toda a largura do campo. Em posse de bola os extremos permanecem sempre bem abertos e os laterais sobem no campo não para jogarem como médios ala, mas sim como médios interiores. Se os nossos laterais cumprem a obrigação de fechar o espaço entre si e os centrais, os extremos ficam sem marcação. Se são atraídos pela marcação aos extremos, então abre-se um espaço enorme entre eles e os centrais, que pode ser explorado pelos laterais adversários. Têm que ser os nossos alas a ter especial atenção com os extremos adversários, e isso raramente aconteceu. Outro problema foi a quase completa liberdade que o Xabi Alonso teve para jogar. Ele joga a passo, mas se lhe derem espaço coloca a bola onde quer. E espaço foi coisa que nunca lhe faltou neste jogo. 


O primeiro remate do jogo até foi do Benfica, num livre marcado pelo Eliseu. O Bayern tinha controlo quase total do jogo e da posse de bola, mas o Benfica mantinha uma boa organização defensiva que ia evitando grandes calafrios e ocasiões de remate para os alemães. O jogo foi-se mantendo nesta toada, quando aos vinte e sete minutos, numa rara ocasião em que apanhámos a equipa do Bayern desposicionada, marcámos. Depois de uma mudança rápida de flanco, o Eliseu ficou com muito caminho livre à sua frente para progredir, e depois fez um passe em profundidade para a área, onde o Jiménez se antecipou aos defesas e ao guarda-redes para cabecear para a baliza. A eliminatória ficava empatada e o Estádio da Luz explodiu. E logo a seguir, não marcámos o segundo porque se calhar até o Jiménez ficou surpreendido com tantas facilidades, já que depois de uma insistência do Salvio pela direita recebeu a bola quase à vontade no meio da área, e acabou por rematar frouxo e à figura do Neuer. O Benfica parecia estar melhor no jogo durante esta fase, mas o Bayern não se impressionou e chegou à igualdade dez minutos depois do nosso golo. Depois de uma investida do Lahm pela direita, o Ederson afastou o cruzamento para a entrada da área, onde surgiu o Vidal solto de marcação para fazer o golo com um remate indefensável de primeira. A nossa equipa acusou o golo, que dificultava exponencialmente uma tarefa que já à partida era extremamente difícil. Perdeu-se por isso aquele ímpeto que tínhamos revelado logo a seguir ao golo, e algum do entusiasmo com que as bancadas tinham empurrado a equipa.


O Bayern entrou para a segunda parte tranquilo e a impor o seu jogo, agora com confiança acrescida, e bastante mais perigoso do que durante a primeira parte. E não demorou muito tempo a chegar ao segundo golo, através de um canto. A bola foi enviada para a zona do segundo poste, onde o Javi Martínez ganhou nas alturas e a devolveu para o lado oposto, para a finalização do Müller à boca da baliza. Fiquei com a sensação de alguma passividade da nossa defesa neste lance, já que os jogadores do Bayern vêm de trás e os nossos defesas ficaram algo estáticos, sem atacar a bola. A eliminatória estava agora praticamente resolvida e nos minutos que se seguiram o Benfica mostrou alguma desorientação, com a equipa a esquecer a disciplina e organização defensiva com que tinha iniciado o jogo, e a tentar diversas vezes sair sem grande critério para o ataque, em iniciativas individuais, que resultavam em perdas de bola e consequentes ocasiões de contra-ataque para o Bayern. Nos minutos a seguir ao golo, só por mérito do Ederson e alguma dose de sorte é que o Bayern não ampliou o resultado, tendo até atirado uma bola ao poste. O Benfica fez entrar o Talisca e o Gonçalo Guedes, poupando o Pizzi para outras lides e retirando também o Salvio, que continua longe da forma ideal. O jogo arrastava-se neste pendor, com mais um golo do Bayern a parecer o cenário mais provável, quando de repente o Gonçalo Guedes escapa-se em direcção à baliza e é derrubado quase no limite da área (o Javi Martínez viu o amarelo, mas parece-me que o cartão deveria ter sido de outra cor). Do livre resultante, o Talisca marcou um golão, enviando a bola ao ângulo, e a Luz reacendeu-se. Uma reviravolta na eliminatória era altamente improvável, mas a equipa lutou como se isso estivesse mesmo ao virar da esquina, e o público seguiu-a nessa crença. Foi portanto debaixo de um apoio impressionante que se jogaram os minutos até final, durante os quais o Benfica poderia até ter marcado por duas vezes, em mais um livre do Talisca e num remate do Jovic (tinha entrado para o lugar do Eliseu), e o Bayern também poderia ter marcado, mas o Ederson correspondeu mais uma vez bem quando tinha o Lewandowski isolado à sua frente.


Não vou elogiar ninguém em particular, apenas e mais uma vez a equipa num todo. Estão todos de parabéns, representaram o nosso clube condignamente nesta competição e caíram aos pés de uma das mais fortes equipas do mundo. Quando se dá tudo o que temos, temos que nos sentir orgulhosos do nosso esforço. Da minha parte, só tenho a dizer um enorme 'Obrigado!' por tudo o que fizeram nesta edição da Champions.

Apesar da eliminação, a parte positiva disto é o reforço da confiança desta equipa, e da comunhão entre ela e os adeptos. Quem esteve no Estádio da Luz esta noite e pôde testemunhar o ambiente que se viveu durante todo o jogo, e em especial nos minutos finais do jogo e após o fim do mesmo percebe que a nossa confiança em nada ficou abalada com este resultado. Acreditamos nesta equipa, e estamos incondicionalmente ao lado dela até ao fim. Agora, vamos à luta por aquilo que ainda temos para conquistar.

domingo, abril 10, 2016

Crença

Mais um jogo de grande sofrimento contra um aflito desesperado por pontos. A Académica jogou um futebol de antanho, com toda a gente metida em cima da sua área, jogadores a simular lesões para perder tempo com assistências ainda na primeira parte, e para piorar marcou um golo no único remate que fez em noventa e nove minutos de jogo. Só mesmo um Benfica muito persistente e lutador, mesmo depois do esforço de Munique, conseguiu arrancar os mais do que merecidos três pontos.


E foi mesmo praticamente a mesma equipa de Munique aquela que iniciou o jogo de hoje, com apenas uma alteração: Samaris no lugar do Fejsa. E sem querer estar a exagerar, ao fim de cinco minutos de jogo já estava a prever que a tarefa seria muito complicada. É que a Académica não saía da defesa, juntava uma multidão de gente à frente da sua baliza, e o Benfica não revelava arte ou velocidade para encontrar soluções, insistindo em tentar entrar pelo meio, obviamente sem grande sucesso. Demorámos mais de um quarto de hora até fazer o primeiro remate do jogo, o que é completamente atípico na nossa equipa. E esse remate até foi uma boa situação, na qual o Gaitán deixou a bola para o Mitroglou, que rematou para as nuvens. Claro que quando defrontamos uma equipa a jogar assim, não fico muito nervoso logo nos primeiros minutos, porque sei que bastará marcarmos um golo que toda a estratégia adversária ruirá. O problema é que se por vezes marcar esse golo é difícil, então se por acaso o adversário marca primeiro, então a tarefa torna-se difícil a dobrar. E para nosso azar, foi precisamente isso que aconteceu. Praticamente na resposta ao nosso primeiro remate, a Académica rematou também e marcou, após um mau alívio do Eliseu que deixou a bola à entrada da área à mercê de um adversário. Foi aí que comecei a sentir-me realmente nervoso, porque o Benfica continuava a revelar-se pouco rematador perante um adversário que deve ter batido o record negativo de posse de bola neste campeonato. A única coisa que os jogadores da Académica faziam era destruir jogo e deixar-se cair no chão - o Benfica é que jogou a meio da semana para a Champions, mas os jogadores da Académica é que já conseguiam ter cãibras com pouco mais de metade do jogo decorrido. Só depois da meia hora é que o Benfica pareceu conseguir acelerar mais e variar mais o seu jogo, começando finalmente a produzir situações de maior perigo, o que acabou por resultar no golo do empate. Marcou o Mitroglou a cinco minutos do intervalo, num cabeceamento muito colocado ao poste mais distante depois de um centro largo do Pizzi (um minuto antes tinha falhado um outro cabeceamento após um canto). E só não saímos a ganhar para o intervalo porque o Pizzi, depois de uma das melhores jogadas que fizemos, ultrapassou o guarda-redes e conseguiu de forma incrível embrulhar-se com a bola e permitir o corte de um defesa sobre a linha de golo.


Esperava que o Benfica conseguisse manter a dinâmica na segunda parte, mas tal não aconteceu. O segundo tempo foi desesperante de ver, porque era simplesmente ver o tempo a passar e o Benfica a tentar encontrar uma aberta na muralha adversária, mas com muitas dificuldades para fazê-lo, regressando ao estilo de jogo do início da primeira parte. Muita circulação de bola, mas pouca capacidade para criar ocasiões de golo, porque a Académica tapava todos os caminhos para a sua baliza, e os seus jogadores continuavam a padecer das piores maleitas imagináveis. O pobre guarda-redes da Académica, imagino, deve ter saído do estádio directamente para o hospital, tantas foram as vezes que teve que ser assistido. Perante um adversário que abdicava completamente de atacar, o Benfica foi naturalmente assumindo mais riscos e apostando cada vez mais declaradamente no ataque. Entrou o Carcela para o lugar do Pizzi, o Talisca para o lugar do Samaris - o que deixou o Renato Sanches a fazer o meio campo quase sozinho. À medida que arriscámos cada vez mais, os remates e ocasiões de perigo começaram a surgir mais frequentemente, em especial através de investidas pela esquerda do Gaitán ou do Eliseu. Numa jogada de risco quase total, a dez minutos do final trocámos o Eliseu pelo Jiménez, ficando o Gaitán a fazer o lado esquerdo todo. Com tanta gente na frente, pelo menos agora as bolas metidas para dentro da área já eram mais vezes ganhas pelos nossos jogadores - às vezes até parecia ser tanta gente lá que eram os nossos próprios jogadores a atrapalharem-se uns aos outros, como aconteceu entre o Carcela e o Jardel num canto. A persistência acabou recompensada a cinco minutos do final. Mais um centro largo vindo da direita, desta vez do André Almeida, e o Jiménez com um toque colocou a bola à sua frente e a seguir fuzilou autenticamente a baliza. Explosão de alegria num estádio quase completamente pintado de vermelho, mas ainda foi preciso esperar mais uns longos treze minutos (cinco de tempo regulamentar, mais seis de compensação, mas dois de compensação sobre a compensação) até podermos celebrar a vitória - e como tínhamos a equipa completamente descompensada, algum azar poderia acontecer. Mas nem mesmo com os seus jogadores a ficarem miraculosamente curados de todas as mazelas de que padeceram durante todo o tempo até ao nosso segundo golo a Académica conseguiu somar um remate ao único que tinham feito até então.


Mais uma vez no final fico com a sensação de que jogámos sobretudo como equipa, e que não houve jogadores a destacar-se muito. Não foi um jogo de grande brilho artístico, mas sim de muito suor derramado e de luta do primeiro ao último minuto. E já que falamos de luta, uma menção para o Renato Sanches, que trabalhou que se fartou durante todo o jogo. Chegou a ser, praticamente sozinho, o meio campo do Benfica, e na fase final do jogo até como uma espécie de defesa esquerdo actuou, já que o Gaitán estava nas últimas e foi ele quem andou a fechar o lado esquerdo da defesa. E um elogio especial para o Jiménez, que no pouco tempo que esteve em campo conseguiu resolver uma situação muito complicada com um grande golo. Continuo a achar que ele marcaria muitos mais se jogasse mais tempo na zona de finalização, em vez de se perder demasiado em movimentações noutras zonas do campo. Para isso temos o Jonas.

E pronto, mais um obstáculo superado. O número continua a diminuir, e a nossa vantagem a manter-se. Vai ser assim até final; todas as equipas querem ter a glória de serem eles a travar o Benfica e eventualmente a impedir o tri. Mas esta nossa equipa tem uma alma gigantesca, e a onda vermelha que a acompanha suporta-a do primeiro ao último minuto. Hoje, a minutos do final do jogo, empatados, o que se ouvia constantemente eram cânticos a incitar a equipa. Nem um assobio, apenas uma crença imensa de que estamos tão perto de poder fazer história mais uma vez. E agora, podemos voltar a pensar em continuar a dignificar o nome do Benfica na Europa. Porque hoje, nem por um instante que fosse me pareceu que a cabeça dos nossos jogadores estivesse nesse jogo. Entregaram-se à luta e deram tudo o que tinham. Como tem sido em todos os jogos.

quarta-feira, abril 06, 2016

Enorme

Um enorme jogo da nossa equipa, em casa de uma das mais fortes equipas do planeta, que me deixou cheio de orgulho. Perdemos pela margem mínima e até podíamos ter empatado, porque tivemos ocasiões flagrantes para o fazer. E foi lindo passar a segunda parte quase toda a ouvir apenas os nossos adeptos.


Porque é importante uma equipa manter a sua identidade, o onze apresentado em Munique foi exactamente o mesmo que tinha goleado o Braga na última sexta-feira. E este pormenor transmite logo uma imagem de confiança - quantas vezes, num passado não muito distante, vimos a equipa ser muito alterada antes de jogos de dificuldade acrescida, quase sempre com maus resultados? O início de jogo fez temer o pior, com o Bayern a chegar à vantagem ainda antes de se completarem dois minutos na partida. Um cruzamento a partir do lado direito da nossa defesa foi encontrar o Vidal, que entrou vindo de trás no espaço entre o lateral esquerdo e o central sem que ninguém o acompanhasse e cabeceou sem dar qualquer possibilidade de defesa ao Ederson. A primeira impressão do lance seria a de que quem falhou foi o Eliseu, mas ele estava preocupado com o extremo adversário e o que falhou foi o acompanhamento da movimentação do Vidal por um dos médios (Renato Sanches). O Bayern fazia o seu jogo habitual, com muita posse de bola mantendo sempre os extremos bem abertos, que depois aproveitava com variações rápidas do flanco do jogo. Os laterais jogavam de forma bastante ofensiva e integravam-se frequentemente no ataque, o que obrigava os nossos alas a atenções defensivas redobradas para evitar situações de 2x1 sobre os nossos laterais. Isto foi particularmente evidente sobre o nosso lado direito, onde até o Pizzi acertar com a marcação ao Bernat o André Almeida se viu muitas vezes em dificuldades - foi assim mesmo que o lance do golo nasceu. Durante os primeiros vinte minutos o Benfica passou por dificuldades, com o Ederson a ter que se mostrar num par de ocasiões. As nossas tentativas de saída para o ataque eram sobretudo através de pontapés longos para o Mitroglou, para que este segurasse a bola ou a ganhasse no ar aos defesas alemães para solicitar os colegas. O grego estava nesta fase algo desacompanhado, pois o Jonas recuou muito e trabalhou imenso a meio campo e até junto da nossa área. Depois deste período o Benfica conseguiu adaptar-se melhor à forma de jogar do Bayern, e depois de conseguir afastar o adversário da nossa área começou a aparecer também mais vezes na frente. Com o jogo mais repartido, pareceu ser possível conseguirmos mesmo marcar um golo, e isso esteve perto de acontecer mesmo sobre o intervalo, quando o Gaitán surgiu dentro da área em óptima posição para marcar, mas o remate acabou por ser interceptado por um jogador alemão.


Esperava uma reentrada forte do Bayern, mas isso não aconteceu. Vimos sim o jogo reiniciar-se na mesma toada com que tinha sido interrompido, mas com o Benfica a parecer jogar mais subido no campo. A nossa linha defensiva actuava vários metros à frente da área, o que permitiu cortar as jogadas de ataque e ainda apanhar os jogadores do Bayern deslocados por diversas vezes. À medida que o tempo passava a confiança dos nossos jogadores parecia também ir aumentando e a equipa soltou-se mais - por vezes, sinceramente, até me parecia demasiado solta, pois sabemos o perigo que o Bayern consegue causar nas transições e o Benfica posicionava-se de forma tão descomplexada que temia que pudéssemos ser surpreendidos numa recuperação de bola. O Jonas deu mais um sinal de perigo, depois de conseguir rodar sobre um defesa no interior da área, mas rematou de forma a permitir a defesa do Neuer. Pouco depois, o empate voltou a estar perto de acontecer, quando oo André Almeida ganhou uma bola na direita e fez o passe rasteiro para o interior da área, onde surgiu o remate de primeira do Jonas, que foi bater no corpo de Javi Martínez quando parecia ter tudo para dar golo. Nesta altura na transmissão televisiva já praticamente só eram audíveis os cânticos de apoio dos nossos adeptos, o que aliás se prolongou durante quase todo o tempo até ao final do jogo. O jogo estava numa fase bem mais equilibrada, em que conseguíamos manter o Bayern longe da nossa baliza e quase anular o jogo deles - parecia quase estranho vê-los a trocar a bola atrás quase sem ideias ou opções sobre como sair para o ataque, o que levou até a alguns assobios por prte do público da casa. O Benfica conseguia defender muito bem sem jogar deliberadamente à defesa e sem autocarros de qualquer espécie. Nos dez minutos finais, no entanto, o Bayern conseguiu voltar a acelerar o jogo e procurou um segundo golo, tendo construído duas excelentes ocasiões para tal. Primeiro o Ribéry numa iniciativa individual teve alguma felicidade num ressalto, e depois rematou cruzado para uma boa defesa do Ederson com o pé. E já mesmo sobre o final, o Lewandowski apareceu isolado após um grande passe para as costas da nossa defesa, mas quando o Ederson lhe saiu ao encontro tentou o passe para o Lahm, que lhe saiu demasiado adiantado. Seria um castigo demasiado pesado para a nossa exibição.


Grande elogio, como já o fiz em várias outras ocasiões esta época, para a equipa num todo. Entrar praticamente a perder naquele campo, onde tantas outras equipas já foram goleadas, e nunca perder a cabeça para depois conseguir fazer uma exibição tão personalizada não é para todos. Grande jogo dos nossos dois centrais, que conseguiram quase anular o perigoso Lewandowski durante todo o jogo. A única excepção foi o lance referido no final do jogo. Em particular, uma exibição quase sem mácula do Lindelöf, que cometeu apenas um erro no jogo, quando inventou mais do que é costume e isso acabou por custar-lhe um cartão amarelo. Grande exibição também do Jonas, de imenso trabalho e a quem só faltou ter aproveitado uma daquelas ocasiões para concretizar o golo. Quase que ia escrever que nos vai fazer falta no segundo jogo, mas sinceramente, esta época já aprendi que é um erro ficar a lamentar a ausência de qualquer jogador. De certeza que quem entrar no seu lugar cumprirá. E claro, Ederson. Nada podia fazer no lance do golo, mas esteve quase perfeito em tudo o que fez. O ano passado jogava no Rio Ave, começou esta época a fazer jogos na equipa B, e agora defende a nossa baliza sem acusar minimamente a pressão. Na minha opinião, temos aqui o dono da nossa baliza para os próximos anos. Destaco estes, mas todos os jogadores estiveram muito bem, com mais ou menos falha. Mas quando algum falhava, havia sempre outro para ajudar e corrigir, porque uma equipa é isto mesmo.

Uma derrota é sempre uma derrota, mas há derrotas que podem ser motivantes. Parece-me que é o caso de hoje. Para mim o resultado de hoje em nada muda a perspectiva da eliminatória. O Bayern era o grande favorito, e continua a sê-lo, porque tem capacidade para ganhar em qualquer campo. Aliás, até terá reforçado esse favoritismo, já que começa o próximo jogo em vantagem. Mas tendo em conta o enterro anunciado e as goleadas prometidas pelos nossos inimigos (não pelo Bayern, de quem só vi respeito pelo Benfica - o que não admira, porque o respeito pelo Benfica lá fora sempre superou em muito a imensa inveja por nós cá dentro) este jogo mostrou que temos equipa para honrar o nosso prestígio nesta competição, contra qualquer adversário. É claro que para outros, este foi o dia em que o Bayern mostrou que não é tão forte assim, o Guardiola mostrou que não percebe nada de bola, ou até em que o Bayern se poupou porque ainda está preocupado com o Dortmund na Bundesliga. Mas agora o mais importante mesmo não é a segunda mão desta eliminatória. É preciso esquecer completamente o Bayern, e dar tudo o que temos contra a Académica. Nada mais importa até ao apito final desse jogo.

segunda-feira, abril 04, 2016

Confiança

O resultado deste jogo não é mais do que o espelho da enorme confiança que reina na nossa equipa. Uma vitória por margem tão dilatada frente ao Braga certamente que não estaria nas previsões da maior parte de nós, e ainda menos depois daquele início de jogo. Mas os nossos jogadores voltaram a mostrar uma confiança inabalável, e com a ajuda de um ambiente fantástico criado por um Estádio da Luz praticamente cheio, ultrapassaram mais este difícil obstáculo na caminhada para o título.


Depois da razia que sofremos para o jogo contra o Boavista, desta vez já pudemos apresentar um onze mais forte e com menos adaptações. O Ederson manteve-se na baliza e o André Almeida regressou à lateral direita, já que o Fejsa já estava apto. No centro da defesa, o Lindelöf agarrou com unhas e dentes a oportunidade e continua a manter a titularidade, apesar do Lisandro já estar recuperado. Importantíssimos também foram os regresso do Gaitán e do Mitroglou à equipa. O início do jogo foi assustador. Logo nos primeiros segundos vimos uma bola embater no poste da nossa baliza. O Braga entrou a exercer uma pressão em todo o campo, e a nossa equipa demorou a atinar com as movimentações dos adversários, que jogavam com dois avançados bastante móveis, cujas movimentações abriam espaços para as diagonais de jogadores mais recuados. A pressão do Braga também dificultava as nossas saídas em ataque organizado, acabando quase sempre os nossos jogadores por ter que optar por um pontapé para a frente, sob pena de perder a bola. Apanhámos novo susto quando o Rafa apareceu isolado, mas felizmente a tentativa de chapéu ao Ederson saiu demasiado torta. Felizmente para nós, voltámos a mostrar a eficácia que nos tem caracterizado em grande parte dos jogos esta época, e praticamente na primeira ocasião que criámos, marcámos (digo praticamente porque pouco antes já o Mitroglou tinha tido uma boa ocasião para rematar, após um pontapé de baliza muito longo). Acabou por ser o Braga a provar o seu próprio veneno, já que ao tentar sair a jogar acabou por permitir a recuperação do Gaitán, com a bola a acabar nos pés do Mitroglou que, isolado, não perdoou. O golo, que apareceu aos dezassete minutos, alterou significativamente o jogo, e a partir desse momento o Benfica ganhou superioridade. Também atinámos com as marcações e o Braga deixou de conseguir criar jogadas de perigo para a nossa baliza. E a superioridade do Benfica acabou por materializar-se com dois golos quase de rajada, aos trinta e sete e quarenta minutos, que deixaram tudo quase resolvido. O primeiro foi marcado pelo Jonas, de penálti, a punir uma mão na bola depois de uma boa iniciativa do Renato Sanches pela direita. O segundo teve a autoria do Pizzi, num remate rasteiro de fora da área após um lançamento longo do Gaitán e uma assistência com as costas do Jonas.


Talvez o Braga pudesse ter alguma esperança de reentrar na partida caso conseguisse marcar logo a seguir ao intervalo. Mas quem esteve mais próximo de marcar mal o jogo se reiniciou foi o Benfica, com destaque para um lance em que a bola só não entrou porque o Mitroglou ficou na frente do remate do Gaitán. Durante os primeiros dez minutos, o resultado só não aumentou porque o Benfica foi pouco eficaz, ou porque o guarda-redes do Braga brilhou - excelente defesa a um remate em jeito do Pizzi que tinha tudo para dar golo. Depois disso o Braga voltou a ter uma fase melhor, durante a qual conseguiu discutir o jogo com o Benfica, ser mais rematador, e até mesmo voltar a atirar uma bola ao poste, pelo Hassan. Mas o Benfica pôs cobro a quaisquer veleidades do Braga, e mais uma vez com dois golos quase de rajada, aos setenta e um e setenta e cinco minutos. O primeiro nasce de mais um passe do Gaitán para o Jonas, a rasgar a linha defensiva do Braga e que deixou o brasileiro isolado pela esquerda. À saída do guarda-redes, não houve qualquer egoísmo e em vez de tentar fazer o golo, passou a bola para o Mitroglou. O grego ainda se embrulhou um bocado com a bola mesmo à boca da baliza, mas acabou por conseguir concretizar mesmo o golo, depois de evitar um defesa. Pouco depois foi o Samaris - que tinha entrado dez minutos antes para o lugar do Fejsa - a revelar dotes pouco conhecidos nos livres directos, marcando de forma exemplar um descaído para a esquerda da área. Faltavam quinze minutos para o final, mas o jogo praticamente terminou aí, pois o Benfica preocupou-se sobretudo em poupar esforços, tendo mesmo substituído o Gaitán e o Jardel. A única mancha no jogo acabou por ser já em período de descontos, quando o Nélson Semedo cometeu um penálti que assim nos impediu de prosseguir na perseguição ao notável registo do Sporting de Lisboa de quase cinco anos sem ter um penálti assinalado contra. O Pedro Santos concretizou o penálti sem dificuldade e estabeleceu assim o resultado final.


Foi mais um bom jogo da nossa equipa, no qual diversos jogadores estiveram num nível muito bom. Nem se notou que o Jonas veio directamente da selecção e nem treinou para este jogo. A classe dele dá e sobra para compensar pormenores destes. O colega de ataque esteve também muito bem, somou mais dois golos à conta, e a este ritmo ainda nos arriscamos a acabar o campeonato com os dois primeiros lugares da tabela dos melhores marcadores a pertencerem a jogadores nossos. O Gaitán foi outro que fez um jogo muito bom, estando directamente envolvido nas jogadas de três dos nossos golos. O Pizzi não começou bem, mas foi subindo muito de produção e marcou um óptimo golo.

Mais um obstáculo superado, o que reduz agora para seis os passos que faltam dar. No papel este seria o jogo mais complicado até final, mas isso não passa de teoria mesmo. Temos que continuar a encarar cada jogo como uma final, e a manter exclusivamente nas nossas mãos a possibilidade de chegarmos ao título. Agora será necessário mudar de registo para o jogo mais complicado de toda a época. Enquanto nos dedicamos a isso, deixemos os outros a digerir a frustração de verem o final cada vez mais próximo e a nossa equipa a não vacilar.