terça-feira, abril 30, 2013

Quase

Com muita culpa nossa, foi preciso sofrer bastante para arrancarmos esta vitória importantíssima para a discussão do título. Ao alheamento da primeira parte respondemos com uma grande atitude na segunda, o que nos recompensou com o golo que tanto procurámos e parecia não querer aparecer.

O nosso treinador tinha falado em possíveis surpresas, mas o onze inicial do Benfica não foi particularmente surpreendente. Repetindo Olhão, o André Almeida ocupou o lugar de lateral esquerdo, enquanto que na frente de ataque jogaram o Lima e o Rodrigo, relegando o Cardozo para o banco. Para um jogo que se antevia complicado, seria difícil pedir um início melhor para nós do que aquele que aconteceu. Com três minutos de jogo e quando as equipas ainda estariam numa fase de estudo mútuo o Lima foi literalmente varrido por trás dentro da área e o árbitro, de certeza que para desgosto do velho corrupto e do azeiteiro, que bem apelaram aos favores arbitrais durante a semana, assinalou o respectivo penálti. O Lima não tremeu e na marcação do mesmo atirou a bola para um lado e o guarda-redes para o outro. O pior foi que, ao contrário do que seria de esperar, o golo madrugador fez mal ao Benfica. Os nossos jogadores devem ter ficado logo a pensar no jogo da Liga Europa e recuaram imenso, acantonando-se no seu meio campo e fazendo um jogo de expectativa (não foram definitivamente ordens do JJ, porque ele bem barafustava no banco e mandava a equipa subir). O Marítimo fez o que tinha a fazer: convidado a atacar, pegou no jogo e carregou sobre a nossa baliza. Uma bola no poste, poucos minutos a seguir ao nosso golo, deveria ter servido de aviso, mas nada mudou. Mesmo sem conseguir criar muitas oportunidades flagrantes de golo, o domínio do Marítimo no jogo com muita posse de bola e a presença constante desta nas imediações da nossa área faziam prever que o golo do empate pudesse acontecer a qualquer momento. Aconteceu - com inteira justiça, diga-se - quase em cima do intervalo, num cabeceamento do central Rossi, que aproveitou uma falha de marcação da nossa defesa para aparecer solto ao segundo poste após um cruzamento da direita.

Como que comprovando que a má exibição na primeira parte nada tinha a ver com algum eventual cansaço, o Benfica surgiu transfigurado no segundo tempo. Pressão e ataque constante resultaram, logo nos primeiros dez minutos, em três oportunidades claras de golo: primeiro o Rodrigo, isolado, rematou frouxo e ao lado da baliza, e depois o Lima acertou na barra e no poste da baliza do Marítimo. O Benfica não desistiu, e agora era junto à área do Marítimo que a acção se passava, com várias tentativas de remate a encontrar jogadores do Marítimo a dar o corpo ao manifesto e a evitar que a bola seguisse na direcção da baliza. Por esta altura já começava a parecer que iríamos acabar a lamentar a primeira parte dada de avanço ao adversário, já que estava difícil fazer a bola entrar, mas ainda antes de chegarmos a uma fase de desespero (pouco antes de entrarmos no último quarto de hora) a sorte que nos tinha voltado as costas naquelas duas bolas ao ferro resolveu sorrir-nos. Numa iniciativa individual o Salvio entrou pela direita, ganhou a linha de fundo, e o seu cruzamento foi tocado pelo Rossi, que assim enganou o seu guarda-redes e marcou pelas duas equipas. De volta à vantagem no marcador, desta vez o Benfica não cometeu o mesmo erro de recuar demasiado para segurar o resultado, pelo que a tentativa de reacção do Marítimo nunca conseguiu causar qualquer perigo para a nossa baliza. Durante a maior parte do tempo que decorreu até final o Benfica até conseguiu mesmo ter a bola em sua posse.

Os melhores do Benfica num jogo que não foi brilhante foram o Matic, o Lima e o Salvio. O primeiro fez o trabalho habitual no meio campo, mas esteve melhor sobretudo na segunda parte, já que na apagada primeira parte do Benfica esteve ao nível da mediania geral. O Lima trabalhou bastante, marcou o penálti com frieza e bem poderia ter adicionado mais um golo à sua conta, pois foi o mais rematador da equipa e viu a bola ir aos ferros por duas vezes. O Salvio não brilhou tanto no ataque como habitualmente, mas acabou por ficar directamente ligado ao golo da vitória. Gostei da exibição dele sobretudo pelo espírito de luta que revelou, tendo trabalhado imenso no auxílio à defesa nas fases mais complicadas do jogo. O Ola John, a exemplo do que tem acontecido nos últimos jogos, não me agradou. Parece-me demasiado alheio ao jogo e com pouca vontade de lutar por qualquer bola dividida.

Mais um passinho dado, e agora estamos ainda mais perto do objectivo principal da época. Como as coisas estão agora, bastar-nos-á vencer os dois jogos que temos em casa para nos sagrarmos campeões, e até já é possível, com a conjugação certa de resultados, sermos campeões na próxima jornada. Gostei de ver a forma como os jogadores festejaram a vitória, porque eles perceberam bem a importância dela. Mas não podemos relaxar, porque apesar de estarmos quase lá, falta ainda o quase.

P.S.- Apesar do arraial montado durante a semana, do que bufou o velho corrupto e arengou o azeiteiro de sobrolho arqueado, gostei da arbitragem do 'desconhecido' Manuel Mota. Provavelmente o problema dos citados foi mesmo ter sido nomeado um desconhecido em vez de um 'consagrado' que eles saberiam muito bem como manipular. Marcou o penálti evidente sobre o Lima, e na minha opinião ajuizou bem os dois lances sobre o Cardozo: no primeiro o defesa cortou a bola, e no segundo, apesar de haver contacto, não me pareceu suficiente para provocar a queda - é tão penálti quanto foi o suposto sobre o Volkswagen a semana passada (não duvido no entanto que se os lances fossem na nossa área haveria muita gente a dizer que tinham sido roubados dois penáltis ao Marítimo). Não consigo perceber de que se queixa o Pedro Martins. Como não tem nenhum lance específico a que se referir, fala de arbitragem 'implacável'. Se calhar passou demasiado tempo a olhar para o ar à procura de pássaros em vez de ver o jogo.

quinta-feira, abril 25, 2013

Pálida

Uma derrota pela margem mínima que deixa tudo em aberto para a segunda mão, mas que castiga um exibição pálida do Benfica esta noite. E podemos considerar que fomos protegidos pela sorte, já que por três vezes vimos a bola embater nos ferros da nossa baliza - o Gaitán também atirou uma vez ao ferro.


O André Gomes foi a escolha natural para o lugar do Enzo, tendo a surpresa sido a entrada do Aimar no onze, para fazer a ligação com o ataque. Na defesa, a presença natural do Jardel no lugar do capitão Luisão. O ambiente turco pouca influência pareceu ter sobre a nossa equipa, já que o nosso início de jogo foi bastante razoável. Durante o primeiro quarto de hora o Benfica teve o jogo controlado, e até dispôs de duas oportunidades, nos pés do Salvio e do Aimar. Mas perto dos vinte minutos o Fenerbahçe dispôs de duas oportunidades de rajada, tendo na segunda enviado a bola à barra da nossa baliza num cabeceamento do Webó, e despertou com esses dois lances, passando a ter superioridade no jogo durante os minutos que se seguiram. Mas apesar do relativo ascendente de cada uma das equipas em determinados períodos do jogo, nunca houve propriamente períodos de sufoco, já que parecia haver muito respeito de parte a parte, e para além disso o futebol jogado era muito desligado, com passes falhados e poucas jogadas dignas de interesse. Já em período de descontos antes do intervalo, penálti contra o Benfica, após uma falta desastrada do Ola John, e a sorte a sorrir-nos mais uma vez, já que na marcação o Baroni acertou no poste.


Para a segunda parte surgiu, sem grande surpresa, o Gaitán no lugar do Aimar, já que o nosso dez mostrou uma natural falta de ritmo. A reentrada dos turcos foi forte, tentando por várias vezes o remate e acertando mesmo no ferro pela terceira vez no jogo, desta vez num remate do Kuyt. Praticamente na resposta, foi o Gaitán quem atirou ao poste, naquela que foi a melhor oportunidade do Benfica em todo o jogo. A partir do meio da segunda parte o Benfica pareceu recuar mais, não se se por falta de frescura física ou por ser uma aposta em segurar o nulo, mas a verdade é que no espaço de alguns minutos os turcos carregaram mais, sem que o Benfica conseguisse segurar a bola ou sair para o ataque para respirar um pouco, limitando-se os nossos jogadores a aliviar bolas para onde estavam virados. Coincidência ou não, o Fenerbahçe chegou mesmo ao golo no culminar desse período, num momento em que, para variar, a sorte não nos foi favorável, já que o golo surge na sequência de um canto mal assinalado. O Melgarejo ao segundo poste encarregou-se de fazer a assistência para o primeiro poste, numa zona onde estavam três adversários à vontade, tendo um deles cabeceado para o golo (mesmo assim a bola ainda foi ao poste antes de entrar, de nada valendo o corte do Jardel, pois a bola já tinha ultrapassado a linha). Faltavam vinte minutos para o final, mas pouco mais de assinalável se passou até final. Os turcos pareceram relativamente satisfeitos com o resultado, e o Benfica foi desastrado e desinspirado no ataque.


O melhor do Benfica terá sido o Matic. O Melgarejo fez um jogo bastante fraco, e não digo isto apenas pela 'assistência' para o golo turco. Antes disso já ele tinha tido mais do que um corte disparatado, e algumas perdas de bola desnecessárias. O Rodrigo, que entrou a meio da segunda parte, revelou-se um auxiliar importante da defesa do Fenerbahçe na manutenção da vantagem mínima.

A derrota por um a zero é um resultado sempre bastante perigoso, mas deixa-nos com boas possibilidades de discutir o acesso à final para a semana, em nossa casa. O Fenerbahçe não mostrou ter uma qualidade suficientemente grande para que esta desvantagem seja uma barreira inultrapassável. Mas temos agora que saber desviar a atenção desta competição, e focar-nos no jogo com o Marítimo. A conquista da Liga é a grande prioridade e a Liga Europa continua a ser, para mim, acessória. Tendo em conta a campanha que o velho corrupto e o azeiteiro já andam a fazer para esse jogo, não podemos dar-nos ao luxo de cometer o menor deslize.

segunda-feira, abril 22, 2013

Normalidade

Não me vou dar ao trabalho de escrever muito sobre a vitória desta noite sobre o sportém. Para mim sempre foi um clube sem pinga de identidade, submisso a quem nós sabemos bem e que merece inteiramente todas as desgraças que se têm abatido sobre ele esta época. Preferia nunca ter que jogar com eles (quando fecharem as portas verei esse desejo realizado) e não fosse o facto de não querer abandonar o Benfica nem sequer veria os jogos com eles.


Aconteceu normalidade na Luz. Ganhámos a uma das más equipas da Liga, que ocupa presentemente o décimo lugar da classificação e que nem sequer metade nos nossos pontos tem. Não fizemos um bom jogo, fizemos simplesmente o suficiente para vencer, tendo a mais que evidente superior capacidade individual dos nossos jogadores sido decisiva. Perante um adversário que primou por tentar trocar a bola entre os seus jogadores com um mínimo de risco e sem grande objectividade na procura do golo, o Benfica apresentou-se lento e pouco pressionante, sendo necessário esperar até dez minutos do intervalo para que o marcador funcionasse, num lance de futebol corrido em que o Cardozo descobriu o Gaitán na esquerda para um cruzamento rasteiro que foi finalizado pelo Salvio com um remate colocado de primeira, efectuado com o pé esquerdo. A segunda parte fica simplesmente assinalada pelo golo da confirmação da nossa vitória, a quinze minutos do final - um momento sublime que demonstra a qualidade dos nossos jogadores. Até hoje pensava que seria impossível algum golo esta época conseguir rivalizar com o do Matic contra o Porto, mas o Gaitán encarregou-se de mostrar que estava enganado. Depois de num bailado delicioso ter deixado dois adversários para trás, tabelou com o Salvio e com o pé direito assistiu o Lima para o remate vitorioso. Tudo ao primeiro toque, quase impossível de descrever. Só mesmo vendo.


Homem do jogo: Nico Gaitán. Não quero saber que tenha perdido bolas, que tenha errado passes. Fez as assistências para os dois golos, e fez uma jogada no segundo golo que vai ficar para sempre na minha memória, por mais anos que passem. E duvido que no nosso plantel exista outro jogador com a mesma capacidade técnica para fazer algo parecido.


Embalados pela melhor série de resultados da época - uma sequência épica de três vitórias tangenciais nos descontos sobre colossos do futebol mundial - a lagartagem foi fiel à sua natureza e passou as últimas duas semanas bêbada de arrogância a dizer que vinha ganhar à Luz. Perdi a conta ao número de gente que andou com este discurso, desde o treinador do Moreirense que afinal é empregado do sportém e orienta a sua equipa num jogo contra o seu empregador sem problemas porque é 'profissional', até um jogador emprestado pelo Beira Mar ao sportém. Esta noite a realidade, qual comboio de mercadorias desgovernado, chocou de frente com eles. Neste momento ainda devem andar alguns pela Luz à procura dos dentes, enquanto que um Burro qualquer olha para o ar à procura de pássaros. O mais importante é que vencemos mais uma final, e agora restam quatro. Quanto ao jogo, simplesmente: nem sequer precisamos de jogar bem para ganhar a este sportém.

terça-feira, abril 16, 2013

Regresso

O regresso ao Jamor foi garantido, num jogo em que o Benfica fez uma exibição mais apagada do que habitual, mas mesmo assim q.b. para evitar quaisquer sobressaltos maiores numa eliminatória que esteve sempre controlada.


Não houve de facto poupanças no onze escolhido, com o Benfica a apresentar a equipa mais forte - eventualmente poder-se-á apenas considerar que a titularidade do Rodrigo em vez do Lima foi a única excepção. O jogo teve poucos motivos de interesse - o Benfica tomou naturalmente a iniciativa, ainda que sem acelerar muito o ritmo, e o Paços, mesmo em desvantagem, nunca mostrou vontade de assumir grandes riscos, preferindo manter sempre a sua boa organização e saindo para o ataque apenas pela certa. Mesmo numa toada convenientemente morna o Benfica foi sempre mais rematador e construiu as melhores oportunidades de golo, quase sempre com o Cardozo em destaque, tendo inclusivamente atirado uma bola ao poste. O Paços apenas por uma vez durante o primeiro tempo conseguiu responder com perigo, tendo o Artur sido obrigado a uma boa intervenção aos pés do Hurtado, que se tinha isolado pela direita da nossa defesa. Apesar das várias tentativas de remate da nossa equipa - para além do Cardozo também o Rodrigo ou o Salvio tiveram remates perigosos que falharam o alvo por pouco - o nulo manteve-se até ao intervalo, ficando-se com a sensação de que os nossos jogadores estiveram sempre  plenamente conscientes de que tinham a eliminatória na mão.


Nos minutos após a reentrada o Benfica pareceu acelerar um pouco mais o ritmo, e com oito minutos decorridos chegou ao golo, e sem surpresa pelo Cardozo, na conclusão de uma jogada agradável entre o Enzo e o Gaitán, que fez o centro da esquerda para o remate rasteiro e colocado de primeira por parte do paraguaio. Com a vantagem de dois golos trazida da primeira mão já o Benfica parecia dono e senhor da eliminatória, e com este golo então todas as dúvidas terão ficado dissipadas. Julgo que mesmo os nossos jogadores terão ficado demasiado convencidos disso, e baixaram ainda mais o ritmo. Acho que em alguns momentos terá mesmo havido alguma complacência por parte da nossa equipa, e disso se aproveitou o Paços para crescer no jogo. Infelizmente isto acabou por resultar no golo do empate, que aconteceu a dez minutos do final e assim estragou o registo defensivo imaculado do Benfica na prova. O golo resulta precisamente de um passe displicente do Maxi, que isolou o recém-entrado Cícero e este não teve grande dificuldade em marcar - mas já antes do golo se tinham visto outras ocasiões em que houve falta de concentração dos nossos jogadores, ou excesso de confiança. O Paços é uma boa equipa, muito bem orientada, e voltou a demonstrá-lo neste jogo, pelo que era previsível que acabasse por aproveitar algum erro nosso.


O melhor do Benfica foi, para mim, o Cardozo. Foi o mais rematador e a grande maioria dos lances de perigo do Benfica passaram por ele, tendo feito por merecer plenamente o golo que marcou.

Conseguiu-se o regresso ao Jamor, que era o que mais importava. A exibição não foi por aí além, mas foi suficiente para garantir o objectivo desejado, e o jogo não pareceu ter exigido um grande esforço da parte dos nosso jogadores, permitindo gerir a condição física para a fase decisiva da época que se aproxima. Agora é recarregar baterias para vencermos a próxima final.

sexta-feira, abril 12, 2013

Superior

Os vinte minutos de sofrimento eram perfeitamente dispensáveis. Carimbámos a passagem às meias-finais, conforme era desejável, mostrámos ser uma equipa superior ao Newcastle, e foi apenas o nosso desperdício e a oferta de um golo ao adversário que nos obrigaram a ter que passar por este período de sofrimento.


O onze escolhido apresentou apenas um avançado (Lima), apoiado pelo Gaitán, como Ola John e o Salvio nas alas. Na defesa a confirmação de que o André Almeida é o titular na Liga Europa. A primeira parte foi quase ideal para o Benfica. E foi 'quase' simplesmente porque faltou apenas o golo para a fazer ideal. Se alguém esperava uma entrada forte do Newcastle desde o apito inicial, ficou desiludido porque nada disso aconteceu. Foi o Benfica quem entrou melhor, e melhor se manteve até ao apito para o intervalo, controlando completamente o jogo, sem permitir que o Newcastle causasse qualquer perigo e construindo ainda jogadas suficientes para justificar chegar ao final da primeira parte em vantagem no marcador e com a eliminatória no bolso. O mote foi dado logo nos primeiros minutos, com um remate de calcanhar do Lima que foi defendido por instinto, e a partir daí foi mais do mesmo, sendo apenas de estranhar a pouca eficácia dos nossos jogadores na altura de finalizar. A oportunidade mais flagrante esteve nos pés do Gaitán, que assistido pelo Lima e sem o guarda-redes na baliza conseguiu rematar direito ao defesa que estava sobre a linha. Do lado do Newcastle, basta dizer que fez o primeiro remate no jogo (que foi praticamente um passe ao Artur) aos quarenta e dois minutos para se perceber o quão controlado o jogo estava.


Para a segunda parte o Newcastle lançou um segundo ponta-de-lança para o jogo, o que deixava antever uma aposta mais forte no ataque e num jogo mais directo, mas os primeiros minutos mostraram pouca diferença para a primeira parte. O Benfica continuava por cima no jogo, e mostrava estar mais perto de marcar, com remates do Ola John, Lima ou Gaitán. Com metade da segunda parte decorrida, o Newcastle apostou mais ainda no ataque e fez entrar o Ben Arfa, e a seguir à sua entrada pareceu-me que o Benfica ficou um pouco mais nervoso, revelando demasiada pressa em afastar a bola da sua área com chutos para a frente, em vez de privilegiar a posse de bola. O manager do Newcastle, Alan Pardew, tinha dito que já ficaria satisfeito se chegasse aos últimos vinte minutos ainda em posição de precisar de marcar dois golos para passar a eliminatória, e a verdade é que foi precisamente a vinte minutos do final que o Newcastle chegou ao golo, de uma forma algo inesperada. Num lance que estava perfeitamente controlado pelos nossos jogadores o Matic e o Garay hesitaram sobre quem jogaria a bola e quem se aproveitou disso foi o Ben Arfa sobre a linha de fundo, com a bola a seguir para o Ameobi e a acabar num cabeceamento do Cissé à boca da baliza. O golo despertou o 'monstro', e com o apoio do público de St.James' Park o Newcastle lançou-se na busca do golo que lhe daria a vantagem na eliminatória. Fê-lo com à custa de muito coração, e durante vinte minutos sofremos, mesmo que o Newcastle não tenha exactamente criado grandes ocasiões de golo. Para ser mais exacto, o sofrimento no jogo propriamente dito terá sido de cerca de dez minutos, nós adeptos é que sofremos durante todo o tempo em que o resultado esteve em 0-1. Isto porque à entrada para os dez minutos finais o Benfica pareceu recuperar a compostura e, aproveitando o balanceamento atacante do Newcastle, voltou a ameaçar marcar por várias vezes, o que acabou mesmo por conseguir já em período de descontos, com o Salvio a aproveitar da melhor maneira um cruzamento rasteiro do Rodrigo na esquerda e a matar a eliminatória.


Gostei do Enzo, do Salvio e do Gaitán neste jogo. O Rodrigo e o Cardozo entraram bem, e foram eles quem construiu a jogada do nosso golo. O Matic esteve um pouco abaixo daquilo a que nos tem habituado esta época.

Não tenho grande preferência pelo adversário das meias finais. Eventualmente, talvez gostasse de evitar uma viagem à Turquia, mas preocupar-nos-emos com isso quando a altura chegar. Agora é tempo de pensarmos no jogo com o Paços, para tentarmos carimbar a presença no Jamor.

segunda-feira, abril 08, 2013

Avassalador

Só podia haver um resultado neste jogo. Apenas o Benfica o quis ganhar, e a sua superioridade foi tão evidente que a única dúvida era saber por quanto tempo o Olhanense, que fez o primeiro remate à baliza aos oitenta e nove minutos, conseguiria suster o nosso ataque. Foi pouco mais do que uma parte, e mais por culpa do nosso desperdício do que por mérito da sua exibição.


Em nome de uma coisa chamada 'verdade desportiva' que alguns se apressaram a invocar agora (em Setembro a 'verdade desportiva' estava de férias ainda) o Benfica defrontou o Olhanense no habitual batatal do José Arcanjo com apenas uma surpresa no onze, já que o André Almeida foi chamado a ocupar o lugar do castigado Melgarejo na esquerda da defesa. Apesar das dúvidas, o Matic e o Salvio foram mesmo titulares e aparentemente não acusaram qualquer inferioridade física. Quanto ao jogo, nem sequer há muito a dizer. Foi uma superioridade avassaladora do Benfica sobre o Olhanense desde o primeiro minuto, com ataques constantes e com o Olhanense remetido ao seu meio campo e a dedicar-se exclusivamente à defesa. Por volta da meia hora de jogo pareceu-me que o Benfica perdeu alguma exuberância, como que para respirar e ganhar fôlego, para depois voltar a carregar nos minutos finais. Remates do adversário, nem um para amostra, e o Benfica só se pode queixar do desperdício dos seus jogadores (a eficácia do Lima, por exemplo, esteve abaixo daquilo que lhe é habitual) e do acerto do guarda-redes Bracali por não ter chegado já ao intervalo em vantagem.


Nada faria esperar alguma mudança no pendor do jogo na segunda parte, e foi isso que se verificou, com o Benfica a manter a pressão no ataque. Felizmente o golo surgiu cedo, com apenas sete minutos decorridos, e portanto ainda antes que algum eventual nervosismo pudesse surgir com o arrastar do nulo. O golo foi obra do Salvio, que progrediu com a bola pelo centro e à entrada da área desferiu um remate rasteiro que fez a bola entrar junto ao poste. Estava feito o mais difícil, e para quem tinha estado a ver o jogo até então, salvo a possibilidade de se dar algum fenómeno do tipo Jekyll and Hyde, não haveria quaisquer dúvidas que o jogo estava decidido. Apesar da reacção fortíssima do Olhanense (sim, porque a seguir ao nosso golo fizeram um remate para fora, e portanto isto para uma equipa que ainda não tinha rematado tem que ser considerado uma reacção fortíssima), dez minutos depois do primeiro golo o Matic, com um remate de primeira desferido novamente à entrada da área a aproveitar um cruzamento do Lima que foi desviado, fez o segundo golo e arrumou de vez com a questão. Isto permitiu ao Benfica, mesmo nunca deixando de ter o domínio absoluto no jogo, abrandar o ritmo, fazer substituições e gerir esforços para o compromisso que se segue.


Os dois jogadores que estavam em dúvida acabaram por ser dos melhores no jogo. O Salvio marcou o importante golo que desfez o nulo e desbaratou os planos de jogo do Olhanense, e o Matic esteve ao nível a que já nos habituou, somando a isso o golo da confirmação da vitória. O André Almeida cumpriu sem problemas na esquerda da defesa, apesar de ter tido como adversário directo o rápido Targino. Mas como o Olhanense foi inexistente no ataque, o André Almeida acabou por não ser muito posto à prova.

Está ultrapassada mais uma final. Os jogadores do Olhanense foram briosos e mesmo com ordenados em atraso deram o seu melhor para fazer frente ao Benfica, mas isso esteve longe de ser suficiente para nos deter. Provavelmente com este resultado terão dito adeus a um eventual prémio da parte de algum amigo do seu presidente. O lagartinho Hugo Miguel nada podia fazer hoje, a não ser que pegasse na bola e a metesse ele na nossa baliza. Na minha opinião, será nestas três jornadas (entre a 25ª e a 27ª) que o campeonato se decide. Se o Benfica não perder pontos nos próximos dois jogos - onde, tenho poucas dúvidas, será jogado tudo o que puder ser jogado em termos de nomeações e manobras de bastidores - acredito que o título já não nos escapará.

sexta-feira, abril 05, 2013

Encaminhada

O Benfica conseguiu hoje emendar as consequências de uma má entrada no jogo, e assim conquistar uma importante vitória sobre o Newcastle, que deixa a eliminatória bem encaminhada.


Quatro alterações no onze mais habitual, com as ausências do Salvio, Maxi, Lima e Enzo, sendo os seus lugares ocupados, respectivamente, pelo Ola John, André Almeida, Rodrigo e André Gomes. A entrada no jogo, conforme referido, não foi nada boa. Ou então podemos ver as coisas por outro prisma e considerar que foi o Newcastle quem entrou melhor. Os ingleses entraram bem organizados, não mostravam particulares dificuldades em libertar-se da tentativa de pressão por parte do Benfica, e depois em contra-ataques rápidos, quase sempre conduzidos pelos flancos e envolvendo apenas dois ou três jogadores (Sissoko, Cissé e Gutiérrez ou Marveaux), ameaçavam causar perigo. O Benfica apenas ameaçou num remate do Gaitán aos dez minutos, que foi defendido à segunda pelo Krul, e quase na resposta o Newcastle chegou ao golo, numa jogada rápida e simples, que terminou com um cruzamento da direita para a finalização fácil do Cissé sobre a pequena área. O Benfica acordou um pouco com o golo, começou a tentar responder, mas foi por volta dos vinte e cinco minutos que se deu um momento decisivo no jogo. O Newcastle viu uma bola embater no poste, depois do remate do Cissé tabelar no Garay e o Artur ainda tocar na bola, e logo a seguir o Benfica empatou, numa recarga do Rodrigo a um primeiro remate do Cardozo que tinha sido defendido pelo Krul. O golo mudou completamente o jogo, com o Newcastle a remeter-se quase exclusivamente à defesa e o Benfica a assumir o controlo quase por completo. Dois minutos depois do empate, este poderia ter sido desfeito, mas duas excelentes defesas do Krul negaram o golo ao André Gomes e ao John, na recarga. Até ao intervalo pouco ou nada mudou, com o Benfica a mandar no jogo e a ameaçar o segundo e o Tim Krul a destacar-se como o melhor no Newcastle.


A entrada para a segunda parte poderia ter corrido mal, mas a sorte sorriu-nos mais uma vez quando o remate do Cissé, isolado em frente ao Artur depois de mais um contra-ataque rápido, foi novamente encontrar o poste. Durante todo o jogo o Newcastle não deve ter feito muito mais do que três remates à baliza. Um deu golo, e os outros dois terminaram no poste. Esta oportunidade logo aos dois minutos acabou também por ser o último sinal de vida que o Newcastle deu no ataque. Daqui até final só houve Benfica, que esteve sempre por cima do jogo, mesmo sem a intensidade da segunda metade da primeira parte. O Newcastle limitava-se a tentar acalmar o jogo e a queimar tempo sempre que possível. A meia hora do final trocámos o Rodrigo e o André Gomes pelo Lima e o Enzo e as substituições revelaram-se decisivas, pois após cinco minutos apenas em campo o Lima aproveitou da melhor maneira um mau atraso do pressionado Santon para ultrapassar o guarda-redes e marcar já de ângulo muito apertado. Continuou a atacar o Benfica e foi novamente recompensado pouco depois, com um penálti cometido pelo Taylor, que meteu o braço à bola após canto do Ola John - apesar do penálti ser evidente, para que fosse assinalado foi necessário que pela segunda vez na vida visse um árbitro de baliza ter utilidade (a primeira vez foi também na Luz, contra o Liverpool). O Cardozo marcou à primeira, o árbitro resolveu mandar repetir, e o Cardozo à segunda marcou ainda melhor. A perder por dois e com vinte minutos para jogar o Newcastle finalmente começou a revelar pressa e tentou marcar um segundo golo, mas até final foi sempre o Benfica a estar mais perto do quarto e nem por uma vez a nossa baliza passou por qualquer situação de maior aperto.


Num jogo em que não me pareceu haver grandes destaques individuais escolho o Gaitán como um dos melhores, mesmo que não tenha sido um dos seus jogos mais inspirados. Mas foi um dos jogadores com maior iniciativa no ataque, tendo tirado diversos cruzamentos pela esquerda, e merecia um golo. Do outro lado do campo, o Ola John pareceu-me ter um jogo bastante apagado, o que aliás parece acontecer com mais frequência quando tem que jogar na direita.

O jogo reforçou a ideia de que este Newcastle é uma equipa ao nosso alcance. Não deixa de ser perigosa, porque tem jogadores fortes e sobretudo o Cissé e o Sissoko podem causar estragos. Em Inglaterra, sobretudo se conseguir marcar primeiro, com o apoio do público podem fazer-nos passar por grandes dificuldades, mas acredito também que tendo que arriscar mais no ataque para recuperar da desvantagem de dois golos fiquem bastante expostos, e que o Benfica acabará por conseguir anular o golo fora.