quarta-feira, agosto 31, 2005

9 1/2


E o tão ansiado avançado lá chegou. Fabrizio Miccoli foi emprestado pela Juventus ao Benfica por um ano, com opção de compra. Curiosa a afirmação dos italianos que o nosso campeonato dá mais espaço à técnica e à fantasia, o que deverá evidenciar as características do atacante. Pelos vistos não devem andar a ver muito os caceteiros e parte-pernas que pululam por aí, e os esquemas de catenaccio capazes de fazer as equipas italianas corar de inveja.

Entretanto o mercado anda louco no último dia de transferências, e já se fala na saída do Simão, no regresso do Karadas, e na possível entrada de um jogador do Liverpool envolvido no negócio do Simão. Vamos esperar até ao fim do dia para ver no que é que isto dá.

terça-feira, agosto 30, 2005

Dez?


O Benfica apresentou hoje um novo reforço para a equipa de futebol, o médio grego Karagounis. Depois de tanto falatório acerca da necessidade da contratação de um 'número dez', a verdade é que não acho este jogador aquilo que se entende por um 'dez clássico'. Lembro-me dele no Panathinaikos a descair muito para o lado direito, e na selecção ele é mais aquilo a que se costuma chamar um médio 'box-to-box'.

Mas é um excelente reforço, e que tem características para actuar como número dez, se desejado. É um médio de boa técnica, muito lutador (não tem nada a ver com, por exemplo, um Zahovic), que consegue recuperar bastantes bolas. É muito disciplinado tacticamente, e é também especialista em bolas paradas, por isso pode ser que deixemos de ver o Petit a marcar cantos e a mandar a bola para lá do segundo poste. Vem preencher a lacuna que o plantel tinha: um médio ofensivo capaz de fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque. É disto que sobretudo o Benfica precisa. O ano passado fomos campeões com o Nuno Assis, e ele definitivamente também não é um número dez típico.

Outra coisa que me agradou, foi o facto de, no meio da enxurrada de nomes que foram sendo aventados como potenciais reforços do Benfica, este nome nunca ter surgido. A última vez que se falou do Karagounis para o Benfica foi em Dezembro do ano passado. O que mostra que a direcção do Benfica sabe e consegue realizar negócios sem que saia nada cá para fora. Aliás, todos os reforços desta temporada foram contratados assim: a imprensa só soube deles quando o Benfica os apresentou ou anunciou. O que só leva a que o meu cepticismo aumente ainda mais em relação aos nomes que vão sendo avançados pelos jornais antes do Benfica confirmar seja o que for.

domingo, agosto 28, 2005

Championship Manager

Mais um mau resultado. Cinco pontos perdidos nos dois primeiros jogos, e uma deslocação difícil na próxima jornada. Arriscamo-nos a ficar a oito pontos da liderança ao fim de três jogos.

O Benfica surpreendeu hoje ao iniciar o jogo em 3-4-3. O trio de centrais era constituído pelo Anderson, Luisão e Ricardo Rocha, com o primeiro a descair para a direita, e o último para a esquerda. No meio-campo o Beto jogou como médio direito, e o estreante Nélson como médio esquerdo. Na frente a novidade foi o Nuno Assis, em trocas constantes com o Simão. Quanto ao Gil Vicente, apresentou-se num 5-4-1, que se tentava desdobrar em 4-3-3 no ataque, e que quando perdia a bola defendia com nove jogadores.

Jogar apenas com três defesas não me parece uma solução ilógica, tendo em conta que a maioria das equipas joga contra o Benfica com apenas um avançado, e tácticas extremamente defensivas. E o jogo até parecia estar a correr bem na primeira parte, com o Benfica a apresentar um futebol solto e rápido, e a criar oportunidades de golo que foram sucessivamente negadas pelo guarda-redes do Gil Vicente que, a exemplo do que fez contra nós o ano passado pelo Estoril, estava a defender tudo. O Nélson esteve particularmente bem neste período, enquanto que pela negativa esteve o Beto, completamente desastrado. A parte negativa foi que perdemos o Ricardo Rocha por lesão, entrando o Manuel dos Santos para o seu lugar. Pensei que o Koeman fosse passar o Nelson para o lado direito, optando por uma defesa tradicional a quatro, mas ele manteve a táctica, actuando o Dos Santos como central, nas mesmas funções do Ricardo Rocha.


Na segunda parte voltámos a entrar bem, e logo muito cedo beneficiámos de um penalty. Só que mais uma vez o guarda-redes do Gil Vicente, à boa maneira dos guarda-redes do Championship Manager (quem joga habitualmente a este jogo de computador sabe bem do que é que estou a falar), fez uma boa defesa. E este para mim foi o ponto de viragem. A partir daqui o Benfica veio completamente abaixo, e deixou de atacar como o fez na primeira parte. Nesta altura comecei a temer que iríamos ceder o segundo empate a zero no campeonato, porque a verdade é que o Gil Vicente estava muito contente com o empate, e praticamente não passava do meio campo.

Se um guarda-redes sobre-humano já faz lembrar um jogo de Championship Manager, então o que veio a seguir lembra ainda mais: primeiro remate digno desse nome do Gil Vicente à baliza, e golo. É típico. A equipa que menos faz para ganhar o jogo acaba por se ver de repente a ganhar. E se o antijogo já era a táctica predominante do Gil Vicente com 0-0, depois disto ficou ainda pior. Quanto ao Benfica, se já estava a jogar mal antes, pior ficou. As substituições pouco alteraram em termos de qualidade jogo. E num (raro) contra-ataque do Gil Vicente, já perto do fim, chegou o 2-0, marcado na própria baliza pelo Anderson. Ou seja, o Gil Vicente fez praticamente um remate à baliza durante o jogo, e marcou dois golos. Se calhar o Championship Manager é muito mais realista do que eu pensava.

Nesta fase da época eu não quero estar ainda a apontar o dedo ao treinador. Ele não tem soluções de ataque, e vai fazendo experiências para tentar colmatar essa lacuna. Mas o Benfica esta noite apresentou três esquemas tácticos diferentes durante o jogo. Começou em 3-4-3; com a entrada do Geovanni para o lugar do Beto, o Nélson veio para a direita, o Dos Santos encostou-se à esquerda, e passámos a jogar em 4-3-3; finalmente, quando o Mantorras substituiu o Nuno Assis, a táctica passou a ser 4-4-2. Se já é difícil adaptar uma equipa a uma táctica durante uma época inteira, tantas alterações no decorrer de um único jogo podem resultar em confusão.

Os melhorzinhos do Benfica foram para mim o Nélson, pela primeira parte; o Manuel Fernandes, que foi dos que mais se esforçaram, e o Nuno Gomes, que foi indiscutivelmente o melhor defesa-central da equipa do Gil Vicente. Mesmo a acabar o jogo ele conseguiu mesmo um desarme limpinho ao Mantorras, que seguia isolado para a baliza, capaz de fazer corar de inveja os melhores defesas do futebol mundial. Gostei também do belo corte de cabeça feito a uma bola que seguia à altura do joelho, a cerca de um metro da linha de golo do Gil Vicente. É verdade que ele fez um par de remates perigosos, mas o número de jogadas que estragou ou das quais desistiu superam, em enormíssima escala, as contribuições positivas.


O comentário que se segue não é uma associação directa entre o árbitro e o resultado porque acho que a culpa da derrota do Benfica não é dele, apesar de estar convencido que cometeu dois erros graves. Mas eu aceito os erros dos árbitros. O que me custa a digerir é o estilo pessoal de arbitragem, a forma como conduzem o jogo e o deixam desenrolar. E neste aspecto, digo apenas que o árbitro Rui Costa fez uma arbitragem execrável, que mostrou porque é que eu considero que os árbitros portugueses são dos piores do mundo, e dos grandes responsáveis pela falta de qualidade do nosso campeonato. Já não bastava termos o senhor Paulo Costa na primeira categoria, agora temos que aturar o clone dele.

Enfim, as coisas estão negras, apesar de ainda haver muito tempo para emendar o que está mal. Vamos ver o que o resto da semana nos reserva em termos de reforços. Ainda chega dia 31, e aparece por aí o Jardel... Volto a afirmar, apesar de gostar do trabalho que esta direcção tem feito, que considero que esta época foi mal planeada. O treinador foi contratado praticamente na véspera do início da pré-época, o que significa que não deve ter sido ele a planeá-la. E agora temos esta rábula de serem necessários reforços para o ataque, e vamos ter que esperar praticamente até ao fecho das inscrições para os ver. O que significa que os jogadores que eventualmente virão, se terão que integrar na equipa com a época em andamento, em jogos 'a doer'. Não me parece bem.

P.S.- Apesar de não ser muito o meu estilo, deixo aqui expresso um desejo: que o Gil Vicente desça de divisão. Porque foram, sem dúvida alguma, a equipa mais nojenta que eu vi nos últimos anos jogar na Luz. Jogaram um futebol autenticamente repelente, fazendo uma demonstração cabal de tudo o que há de mau no futebol. Recorreram sistematicamente ao antijogo desde o primeiro minuto de jogo. Mal o jogo começou, já estavam a queimar tempo em cada reposição da bola em jogo. Os seus jogadores fartaram-se de simular lesões, muitos deles foram reincidentes neste comportamento, e não se levantavam enquanto o árbitro não chamava a maca. Assim que saíam do campo, punham-se logo de pé. Obviamente que perder um jogo me irrita sempre. Mas irrita-me muito mais perder contra equipas que não querem jogar futebol, não querem ganhar o jogo, e depois sai-lhes uma espécie de Euromilhões, marcando um golo no primeiro remate que fazem (que depois só aumenta a prática do antijogo de forma exponencial).

quinta-feira, agosto 25, 2005

Champions

O sorteio acabou por nem ser mau de todo, e ditou como adversários de grupo o Manchester United, o Lille, e o Villarreal. Enquanto o sorteio decorria, estava com muito mais receio de que acabássemos no grupo do Bayern e da Juventus, por exemplo. Para mim foi importante evitarmos equipas italianas, porque joguemos muito bem ou muito mal, eles eliminam-nos sempre.

Com este grupo, temos perspectivas para tudo. Tanto para nos apurarmos para os oitavos-de-final (embora não seja uma tarefa fácil), como de irmos parar à Taça UEFA, ou até mesmo de ficarmos em último e não irmos a lado nenhum. O nosso desempenho vai depender muito dos eventuais reforços que poderão ou não vir para o ataque. Se não vier ninguém, pelo menos na minha opinião acho que teremos dificuldades em apurarmo-nos para a UEFA.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Claro

Sem surpresas... Aliás, nem poderia ser de outra forma. Os contratos ainda são para se cumprir, especialmente quando a entidade patronal cumpre com o que neles está estipulado.

domingo, agosto 21, 2005

Estreia

Não foi uma boa estreia no campeonato. Confesso que até fiquei surpreendido com a entrada do Benfica no jogo. Durante os primeiros dez minutos o Benfica exerceu uma pressão muito alta sobre o adversário, com trocas de bola e movimentações rápidas. Nessa altura pensei que iríamos ver um Benfica diferente daquele dos últimos jogos de preparação. Mas isto só durou os referidos primeiros dez minutos. A partir daí, voltou tudo ao mesmo. O Koeman surpreendeu ao apostar do Karyaka de início, em deterimento do Manuel Fernandes, e colocando a dupla Beto/Petit de início. Eu até acho que o Beto é reforço, mas não o acho melhor que o Manuel Fernandes. Aliás, para colocar o Beto de início mais depressa optaria por tirar o Petit da equipa.

Não há muito de positivo para dizer acerca do nosso jogo. Foi tudo muito parecido ao que de mau já tínhamos visto nos jogos de preparação. Acho que a equipa esteve bastante mal no capítulo do passe, com diversos passes disparatados, a entregar a bola directamente aos adversários. E a referida dupla Beto/Petit esteve particularmente desastrada nesse aspecto. Na segunda parte fiquei com a sensação que as coisas melhoraram um pouco, pelo menos em termos de velocidade, com as entradas do Nuno Assis e do Manuel Fernandes, mas inspiração no ataque foi coisa que pouco se viu durante os 90 minutos. Em contrapartida, a defesa esteve relativamente segura, e não me recordo do Moreira ter sido posto verdadeiramente à prova.

Em resumo, eu já não estava muito confiante, e este jogo voltou a confirmar os meus receios. É que eu vejo a equipa jogar e, sinceramente, não acredito que consigam marcar golos. Eu já estou à espera que deixem a bola escapar, que demorem mais um segundo e sejam desarmados pelo defesa, que chutem torto, seja lá o que for, mas a verdade é que quando vejo um ataque do Benfica não consigo ficar minimamente entusiasmado antecipando a possibilidade de um golo.

Já agora, acho incrível que um jogo que não se pode considerar que tenha sido violento ou maldoso tenha acabado com cerca de uma dúzia de cartões amarelos. No que toca ao Benfica, pelo menos três quartos deles foram dados por faltas a meio-campo, faltas essas que estiveram longe de se poderem considerar violentas. Os árbitros em Portugal gostam muito de sacar do amarelo por tudo e por nada. É por isso que eu acho que os jogadores já nem lhes ligam muito.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Nélson


O Benfica foi, felizmente, mais célere no processo de compensar a saída de dois laterais direitos no mesmo dia do que no processo de reforço do ataque, e acabou por contratar o Nélson ao Boavista. Fico contente com esta contratação, porque considero-o um dos bons laterais do nosso campeonato. É rápido, ataca bem, e ainda tem a vantagem de poder jogar na esquerda se necessário. O único senão é o facto de dar alguma insegurança na defesa, devido ao forte pendor ofensivo que tem. Mas sinceramente, os benfiquistas já estavam habituados a isto com o Miguel. Agora vamos ver se os €10M que entraram com as saídas dos dois laterais vão ser bem aproveitados ou não.

Miguel (outra vez, mas juro que é a ultima)

E a novela Miguel chegou finalmente ao fim, com o jogador a assinar pelo Valência e o Benfica a encaixar €8M. Do mal o menos, apesar de acabarmos por receber menos que os dez milhões que estavam estabelecidos. Embora ache que seria dada razão ao Benfica pela CAP, seria impossível que o Miguel tivesse condições para voltar a jogar no Benfica, pelo que a solução encontrada me parece a mais adequada. Agora pode ser que parte da verba recebida possa ser utilizada na obtenção dos tão ansiados reforços para o ataque

De realçar que o jogador acabou por ceder, a apresentar um pedido público de desculpas ao Benfica e aos seus adeptos. Bem sei que se calhar hoje em dia, num mundo puramente profissional como é o do futebol, se calhar estas coisas já não têm muita importância, mas fico satisfeito por a nossa direcção ter feito questão neste ponto, e tenha obrigado o jogador a retractar-se publicamente. Se a razão nos assistia neste diferendo, era da mais elementar justiça que isso fosse reconhecido publicamente. E este pedido de desculpas feito a contragosto não é senão o maior reconhecimento possível que a razão estava do nosso lado. Bem pode depois o Paulo Barbosa vir choramingar a público. Se achavam que a razão não era nossa, então porque cederam? A CAP ia decidir já na próxima segunda-feira. Pergunto-me também se a seguinte frase dita:

"Reconheço ainda que algumas pessoas, que julgava serem especialistas, se quiseram aproveitar de mim, na pura perspectiva de fazer fortuna à minha custa."

se refere a um certo advogado que supostamente será especialista em direito do trabalho, e que andou a apresentar umas propostas vindas de offshores...

P.S.- Preocupa-me no entanto o facto de, a confirmar-se esta notícia sobre a saída do Alex, ficarmos reduzidos ao João Pereira como única opção para o lado direito da defesa. Desde o abandono do Veloso e até ao aparecimento do Miguel, o posto de lateral direito sempre foi uma das grandes dores de cabeça dos benfiquistas. Espero que não regressemos a essa situação (é que como eu fui lateral direito quando joguei futebol, essa é uma posição que eu aprecio particularmente - daí o Miguel, desde que passou a jogar nessa posição, sempre ter sido um dos meus jogadores preferidos).

terça-feira, agosto 16, 2005

Supertaça

Não gostei. Ganhámos a Supertaça, e a vitória nem sequer oferece grande discussão, porque o Setúbal praticamente passou 85 minutos sem sequer tentar ganhar o jogo, mas não gostei mesmo nada da qualidade do nosso jogo. Tanto que nem sequer tenho grande vontade de escrever sobre o assunto.

Voltámos a apresentar o 4-3-3 com o triângulo do meio-campo constituido pelos três médios defensivos, que conforme já disse, me parece que deixam os avançados ainda mais isolados, embora desta vez o Petit fosse o vértice mais recuado, com a intenção do Beto e o Manuel Fernandes actuarem um pouco mais avançados. Na defesa houve a novidade do Ricardo Rocha se ter voltado a encostar à esquerda. Continuo a achar que é um desperdício, embora o Ricardo tenha jogado bem. Mas não percebo muito bem este atestado de incompetência passado ao Dos Santos. Na baliza, sem surpresas, jogou o Moreira. Se já estava convencido que ele ia ser o titular, depois do jogo com a Juventus fiquei praticamente sem dúvidas. A surpresa para mim foi o bom jogo do Nuno Gomes, que terá sido porventura o melhor jogador do Benfica em campo. Só não percebo como é que noutros jogos ele consegue passar completamente despercebido.

Mas preocupa-me a pouca inspiração ofensiva da equipa. É que não vejo um fio de jogo consistente. A nossa equipa tem um problema sério nas saídas para o ataque. Não é de agora, mas neste início de época parece ser gritante: é que praticamente todas as jogadas de ataque têm que passar pelos pés do Petit, que depois distribui o jogo, muitas vezes com passes compridos que deixam algo a desejar. A função do Petit é recuperar a bola e deixá-la jogável nos pés de um colega. É nisto que ele é muito bom. Se o obrigam a recuperar bolas e ainda a dar início a quase todas as jogadas de ataque, algo vai sair mal. Até porque o Petit não é propriamente um virtuoso, com grande visão de jogo. Eu gosto muito do Petit, mas irrita-me quando vejo a equipa à procura dele para iniciar um ataque, e dou comigo a barafustar com a TV mal o vejo com intenções de fazer mais um passe comprido. Faz-me logo lembrar a mania que o Argel tinha de fazer o mesmo.

O resultado foi feito num lance de contra-ataque, em que no início da jogada há um lance de falta do Geovanni (jogo perigoso activo). Não é, a meu ver, uma falta gritante ou descarada, mas é de facto falta. Claro que daí até se desatar a dizer que o árbitro teve influência directa no resultado, como se ele tivesse rematado a bola para a baliza, é apenas um pequeníssimo passo. É um facto interessante que eu vejo em relação à forma como os antibenfiquistas analisam os jogos do Benfica. Primeiro o Benfica só ganhava jogos à custa dos penalties sobre o Simão. Depois, como os números contrariavam essa teoria (5 penalties a época passada, tantos quantos, por exemplo, o clube mártir do sistema teve) passou-se a dizer que os árbitros ajudavam o Benfica ao marcar faltas perto da área. Quando essa hipótese também falha, começou-se a andar mais para trás, e a causa já vai em faltas assinaladas ou não ainda no nosso meio-campo. Tivémos ontem aliás exemplos perfeitos desta parvoíce no regresso do 'Dia Seguinte', em que quer o Guilherme Aguiar, quer o Dias Facínora Ferreira admitiram não terem visto o jogo, mas o último não teve pejo em afirmar que o árbitro tinha oferecido a Supertaça ao Benfica. Se esta época o Benfica voltar a ganhar, vai uma aposta que se vão começar a mencionar lançamentos de linha lateral mal assinalados como uma prova provada que os árbitros nos andam a ajudar?

Ainda na questão da análise ao jogo do Benfica, uma palavra para o trabalho dos comentadores Paulo Catarro e Gabriel Alves: uma vergonha! Eu não estou à espera de atenção especial em relação ao Benfica, mas caramba, a RTP é serviço público, e no mínimo espero que eles sejam suficientemente profissionais para esconderem o seu gritante antibenfiquismo. Eu normalmente tiro o som à TV quando vejo jogos do Benfica, mas no Sábado, talvez por ser o primeiro jogo da época, resolvi não fazer isto. E em má hora o fiz, porque como se já não bastasse estar irritado com a má qualidade do jogo da minha equipa, ainda me irritei mais a ouvir as barbaridades que os dois artistas debitavam incessantemente.

Entre outras coisas (como o evidente mal-estar quando o Benfica marcou), tive que aturar exemplos de mau profissionalismo. Eu, por exemplo, admito que se critique a exibição de um jogador. O que eu não admito é que se diga, com todas as letras, que um jogador não tem categoria nenhuma. O que é isto? Pois eu, na mesma onda, digo: o Gabriel Alves NÃO tem categoria nenhuma para ser comentador de futebol. Não sabe ser imparcial, não sabe analisar um jogo, e pior de tudo, diz sempre as mesmas coisas em todos os jogos. Há anos que o ando a aturar, e no passado Sábado ouvi-o dizer exactamente o mesmo tipo de banalidades que o ouvi dizer, por exemplo, durante o Mundial Itália'90, que lhe valeu o prémio Açaimo de Ouro atribuído pel'O Independente. Há mais de quinze anos que temos que o aturar a falar das mesmas superioridades tecnico-tácticas, das tentativas de criar superioridade na área adversária de cada vez que um defesa se lembra de subir no terreno, da insistência em afunilar o jogo sempre que uma equipa joga pelo meio, e em contraponto, com a excessiva lateralização sempre que uma equipa não joga pelo meio. Ele diz sempre o mesmo, quer se trate de um jogo entre o Real Massamá e o Fófó, ou um Milan x Chelsea: se atentássemos apenas no que ele diz, os jogos seriam exactamente iguais. A única evolução que lhe notei foi ter deixado de dizer os pesos e as alturas dos jogadores. Mal por mal, tragam o Acácio Pestana de volta. Pelo menos, mal ele começava o comentário de um jogo com o célebre 'Tarde de intensa canícula...' já me deixava bem disposto para o resto do tempo.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Reforços

Já o afirmei aqui várias vezes: sou um admirador do trabalho desta direcção (e por 'esta direcção' entendo a actual e a anterior, presidida por Manuel Vilarinho). Goste-se ou não deles, temos que olhar a factos, e lembrarmo-nos do que era o nosso clube no final do mandato de Vale e Azevedo, para vermos tudo o que foi conseguido em tão curto espaço de tempo.


Mas entendo que no caso do reforço da equipa de futebol para esta época, a direcção merece ser criticada. Mais especificamente, José Veiga, que é o responsável por esta área. Não estou a falar das dezenas de pseudo-contratações que os jornais gostam de anunciar para o Benfica, e que depois vão sempre por água abaixo (não acredito sequer que 5% dos nomes que vêm a público tenham qualquer fundamento). Estou a falar da aparente inércia do Benfica em resolver uma lacuna que há muito tempo está identificada no plantel. A época oficial começa daqui a três dias, e os tão esperados reforços para o ataque ainda não chegaram. Não concordo em absoluto com o argumento que o tempo joga a nosso favor: quando (e se) chegarem os tais jogadores necessários, eles já terão perdido a pré-época, e vão ter que passar pelo natural período de adaptação à nova equipa. E essa adaptação terá que ser feita já com a época a decorrer, em jogos oficiais (e tendo em conta aquela facção da nossa massa associativa que eu adoro, que vai de propósito ao estádio para desatar a assobiar após cinco minutos de jogo, imagino que se as coisas começarem a correr mal a estes novos jogadores devido a estarem a adaptar-se nestas circunstâncias nada fáceis, provavelmente o período de adaptação acabará por ser ainda mais longo). Pior ainda: como várias equipas já entraram em acção nas pré-eliminatórias das competições europeias, isto significa que os jogadores utilizados passaram automaticamente a estar indisponíveis para actuarem por outras equipas nestas mesmas competições europeias durante esta época, o que reduz bastante as possibilidades de escolha.

Além disso, houve mais erros a serem cometidos. No futebol não se pode dar um passo sem ter a certeza que o outro pé está bem assente no chão. Se já sabíamos que havia deficiências no ataque, porquê emprestarem o Karadas sem haver ainda um avançado contratado? E só espero que não venhamos ainda a ter amargos de boca com o Delibasic no Braga, ou o Sokota no FC Porto. E o presidente não está isento de críticas, porque é pura demagogia andar a dizer que os adeptos vão ficar de boca aberta com os reforços, ou que se vão perguntar como foi possível tais jogadores virem para o Benfica. Ele não pode andar a repetir o comportamento do ano passado, em que também andou a dizer coisas destas e depois saiu-nos o Everson. Isto só faz com que o Benfica e os benfiquistas sejam alvos do gozo dos antibenfiquistas. E, parecendo que não, isto também é contraproducente tendo em conta o interesse na comercialização do Kit Novo Sócio: não seria muito mais fácil vendê-lo a adeptos entusiasmados com uma nova contratação para o ataque? É que assim andam todos desconfiados (e com razão).


Eu não espero que vão buscar um Saviola, o que eu espero é que vão buscar um (ou mais) jogadores com as características de que nós necessitamos. Se passarem o tempo todo à procura de Saviolas disponíveis, arriscamo-nos a chegar ao dia 1 de Setembro com os mesmos dois avançados de que dispomos actualmente, e sem irmos buscar um 'João Tomás' que, não sendo fabuloso, de certeza que daria muito jeito.

domingo, agosto 07, 2005

Natural

O Benfica foi derrotado ontem pela Juventus por 2-0, no último jogo de preparação, que serviu também de apresentação aos sócios.

Para mim, o jogo e o resultado não constituiram surpresa. Estou ciente do actual valor da nossa equipa, e a Juventus é uma equipa que, em termos qualitativos, está a anos-luz do Benfica. Sempre fui um grande admirador das equipas do Fabio Capello. Admiro a forma como conseguem pressionar o adversário quase no campo inteiro, e de uma forma tão organizada que normalmente essa pressão não é feita apenas por um jogador. Gosto também do bloco sólido que formam, com os jogadores sempre muito próximos uns dos outros, o que significa que quando ganham a posse de bola, o portador da mesma tem quase sempre múltiplas opções de passe. Junte-se a isto uma eficácia tremenda, conseguindo concretizar quase todas as oportunidades flagrantes de que dispõe. Para além disso o Capello é um líder forte, que tem a capacidade de pôr as vedetas a trabalharem e a correrem tanto como os outros (um exemplo no jogo de ontem foi a forma como um artista como o Nedved corria e lutava pela bola). Como se isso não bastasse, a qualidade individual dos jogadores da Juventus ainda ajudava mais a cimentar uma superioridade incontestável.

Quanto ao Benfica, parece que tem vindo a perder qualidade ao longo da pré-época. Já vi esta equipa jogar melhor em jogos anteriores. Claro que uma equipa só joga aquilo que o adversário deixa, e as equipas do Capello são peritas em não deixar o adversário jogar, mas mesmo contra o Chelsea, que se pode considerar um adversário de nível semelhante, e orientado por um treinador que tem mais ou menos os mesmos conceitos básicos que o Capello (pressão constante, equipa compacta), o Benfica mostrou mais do que ontem. Em termos tácticos, o Simão voltou ao lado esquerdo, e no meio-campo actuou o trio Petit-Beto-Manuel Fernandes, mas para mim foi uma desilusão. Isto porque com estes três jogadores em campo me pareceu que o fosso entre o ataque e o resto da equipa ficou ainda maior do que noutras ocasiões. O Mantorras ficou completamente abandonado durante o tempo que esteve em campo, e quase não se viu. Continuo a achar que o nº10 faz tanta falta como o avançado.

A Juventus chegou rapidamente ao primeiro golo, num grande remate do Ibrahimovic, a que o Quim correspondeu com o que, no mínimo, se pode chamar de um meio-frango. O remate pode ter sido inesperado, mas o Quim estava mal colocado, e ao ver a repetição do lance hoje fiquei com a impressão que ele colocou as mãos à bola de forma displicente. Se, dada a evidente preferência que os sócios têm pelo Moreira, o Quim já não está numa situação muito confortável, a partir daqui tudo ficou pior, com muitos a assobiarem-no de cada vez que tocava na bola. Eu sou um dos que prefere o Moreira, mas caramba, às vezes até parece que o Quim não é jogador do Benfica! Tem algum cabimento assobiarem um jogador nosso num jogo amigável? E o Koeman também esteve mal neste aspecto, ao mandar o Moreira aquecer ainda sem a primeira parte acabar. Assim sujeitou o Quim a ouvir a tremenda ovação do público ao Moreira assim que ele se levantou do banco. Não poderia tê-lo mandado aquecer apenas ao intervalo?

O segundo golo da Juventus resultou de uma falha defensiva incrível, que colocou o Trézeguet e o Ibrahimovic sozinhos contra o Luisão. Não faço ideia de onde andavam os outros defesas. A partir daí, e apesar de ainda haver muito tempo por joga, o resultado ficou praticamente decidido. O Benfica continuou a exibir a quase total inoperância ofensiva, e a Juventus a jogar à italiana, à espera da próxima oportunidade para marcar. Um pormenor que me irrita um pouco neste Benfica é a insistência em remates de longe, quando os jogadores que os tentam não parecem ter grande jeito para os fazer. 95% dos remates vão para fora (e bem fora, não são daqueles que passam perto). Se bem me lembro, acho que o único remate desses que ontem acertou na baliza foi um do Geovanni. Mas também compreendo que, à falta de soluções ofensivas, os jogadores acabem por recorrer a esta opção para tentar marcar.

A época oficial começa já no próximo fim-de-semana, e até lá os benfiquistas vão continuar à espera que venham opções para a frente de ataque. O Nuno Gomes e o Mantorras merecem todo o nosso respeito, mas assim não dá. É preciso algo mais.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Idiotice


Há muita gente idiota que anda no futebol. Infelizmente, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, parece ser um deles.

O facto de vir comentar a saída de um jogador de um clube já é por si bizarro. Mas vir desejar inêxitos desportivos a esse clube, numa atitude mesquinha e provinciana, não lembra o diabo. Isto é, para mim, uma falta de respeito. Estivesse eu no lugar do Real Madrid, depois disto, caso houvesse algum português na equipa, nunca mais facilitaria a vida à selecção. O jogador viria apenas aos jogos em que a cedência fosse obrigatória, e nunca seria dispensado antes do prazo estipulado pela FIFA.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Fraco

O Benfica cumpriu mais um jogo de preparação esta noite, desta vez contra o Estoril. Na minha opinião foi o jogo mais fraco que nos vi fazer esta pré-temporada. Também por culpa do Estoril, onde o treinador Daúto Faquirá (que considero muito bom treinador, e que tem alcançado resultados por todos os clubes por onde tem passado - aliás, surpreende-me que ainda não tenha havido um clube da Superliga a reparar nele) conseguiu montar uma equipa com os jogadores muito próximos uns dos outros, a formar um bloco sólido e a pressionar o Benfica assim que este entrava no seu meio-campo.

Mas o Benfica hoje pareceu-me uma equipa muito presa, irritantemente lenta, com os jogadores regra geral a agarrarem-se muito à bola em vez de jogarem simples, ao contrário do que já tinham mostrado noutros jogos. Se calhar em alguns jogadores terá pesado o anunciado 'tira-teimas' a que estavam a ser sujeitos pelo nosso treinador. Parece-me que, nas posições onde há vários jogadores para um mesmo lugar, alguns 'vencedores' destas lutas individuais começam a ficar definidos. Na direita o João Pereira parece levar vantagem sobre o Alex. Na esquerda, sem surpresas, julgo que o Léo ganhará o lugar sem grandes dificuldades. E no centro da defesa é bem possível que o Anderson relegue o Ricardo Rocha para o banco. Quanto ao guarda-redes, desconfio que o Koeman está mais inclinado para o Moreira, mas isto pode ser apenas wishful thinking, e não uma opinião muito objectiva (não tenho nada contra o Quim, nem o acho melhor ou pior que o Moreira... é apenas uma questão de preferências: fico mais contente quando vejo o Moreira na baliza).

Do meio-campo para a frente, sinceramente nesta altura preferia que jogassem mesmo o Petit, o Beto, e o Manuel Fernandes (um pouco mais adiantado). Ainda não vejo capacidade no Hélio Roque para ser titular, embora acredite que possa ser um jogador muito útil esta época. Assim o Simão pode jogar na esquerda (no meio é que, definitivamente, não), o Geovanni na direita, e, até ver, o Nuno Gomes como avançado. Em relação a esta questão do avançado, há notícias que me deixam perplexo: eu não consigo acreditar que, a ser verdade que o Wagner Love foi oferecido ao Benfica, os nossos dirigentes o tenham recusado porque, supostamente, 'têm outros nomes mais interessantes em carteira'. Se o que procuram é um finalizador, não me parece fácil encontrar a preço acessível um avançado como o Wagner Love. Enfim, é esperar para ver. Mas espero sinceramente que venha mesmo pelo menos mais um avançado, e que não fiquemos limitados aos dois que temos actualmente.

Acabámos por vencer o jogo graças a um lance muito infeliz de um defesa adversário, já muito perto do fim, e numa altura em que não me parecia que tivéssemos muita capacidade para (e já agora, muito interesse em) marcar. Conforme disse, não fiquei satisfeito com o que vi. E dadas algumas das reacções do Ronald Koeman que foi possível ver, ele também não pareceu estar nada satisfeito, sobretudo na primeira parte. No próximo fim-de-semana é o último teste, desta vez com um adversário bem mais poderoso.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Miguel³

Peço desculpa por trazer mais uma vez o assunto Miguel à baila, mas a verdade é que me custa ler coisas destas. É mais um episódio que parece mostrar o quão instável psicologicamente o Miguel está, e mais algo que, infelizmente, me deixa com uma sensação de déjà vu quando me recordo da novela Jardel.

Se considerarmos que ele já é um jogador 'perigoso' para os clubes que possam eventualmente estar interessados na sua contratação, dada a ameaça de sanções da FIFA, então qual será o clube com interesse em pegar-lhe sabendo de situações destas? Numa altura em que todos os jogadores dos clubes europeus apuram a forma nas pré-temporadas, o Miguel anda pelas discotecas do Algarve? Não seria mais sensato tentar no mínimo manter a forma física, nem que fosse a treinar sozinho? E os 'conselheiros' dele, tão interessados que estão no melhor para o jogador, não o sabem aconselhar a fazer melhor que isto?