sábado, outubro 31, 2015

Fácil

Um jogo que o Benfica cedo tornou fácil resultou numa vitória folgada, obtida sem grande esforço aparente. Foi o cenário ideal para recuperar de dois resultados negativos e ajudar a recuperar animicamente a nossa equipa.


Algumas alterações para este jogo, a começar nas laterais. O Sílvio passou da direita para a esquerda, e do outro lado a surpresa com a estreia absoluta do moçambicano da equipa B Clésio. O Eliseu passou directamente para a bancada. No meio campo, uma opção bastante mais ofensiva com o Talisca a fazer o André Almeida sair do onze após a desastrosa exibição do último jogo. Nem sequer deu tempo para começarmos a ter qualquer tipo de preocupação neste jogo, pois logo aos três minutos, e na primeira vez que chegámos à baliza adversária, marcámos. Mais uma assistência do Gaitán, que fez o cruzamento quase sobre a linha final, e mais um golo do Jonas, que cabeceou a bola sobre o guarda-redes adversário, aproveitando um certo mau posicionamento deste. Apenas mais alguns minutos decorridos e já o marcador funcionava novamente, desta vez num autogolo do Berger, que atabalhoadamente e sem estar sequer pressionado enviou uma rosca para dentro da própria baliza depois de um cruzamento do Jonas. Com dois golos de vantagem ao fim de doze minutos de jogo, as coisas ficavam praticamente resolvidas e portanto o Benfica pôde jogar de forma pausada quase descontraída, gerindo o esforço para o jogo da Champions. Pareceu-me que nos limitámos a controlar a bola e o ritmo sem forçar praticamente nada, pelo que o jogo nem foi particularmente interessante de seguir. O melhor momento acabou por surgir na jogada do terceiro golo, obtido perto do intervalo. Bom passe do Jonas para a desmarcação do Gonçalo Guedes, que evitou o guarda-redes e depois marcou de ângulo já algo apertado. Eficácia mais do que absoluta do Benfica, que chegou ao intervalo com três golos marcados em dois remates feitos. Melhor era difícil.

A segunda parte foi para mim ainda menos interessante de seguir. O Benfica pareceu dedicar-se quase em exclusivo a deixar correr o tempo sem despender grande esforço, e o Tondela fez o que podia para tentar chegar a algum golo que pudesse no mínimo lançar um pouco de incerteza no desfecho do jogo. Mas sinceramente nem me recordo de algum lance com sequer indício de perigo. Mesmo perante este ritmo o Clésio acabou por ceder fisicamente e teve que ser substituído na estreia. Quase que dava para adormecer a ver o tempo passar, mas as coisas lá acabaram por animar um pouco nos vinte minutos finais, depois da troca do Gaitán pelo Carcela. Apesar de algum excesso de individualismo, o marroquino acabou por mexer com o ataque na busca de um golo. Ameaçou com um remate muito bem colocado que foi correspondido com uma defesa muito boa do guarda-redes, mas pouco depois acabou por conseguir mesmo o desejado golo, num remate rasteiro de fora da área após um canto. Acabou por ser o ponto alto de uma segunda parte enfadonha, na qual há a assinalar a estreia do Renato Sanches pelo plantel principal, tendo entrado a quinze minutos do final para o lugar do Jonas.

A destacar alguém no Benfica, escolho o Jonas, que marcou um golo e assistiu para os outros dois (se por acaso se pode considerar uma assistência num autogolo). Gostei do Samaris, e o Carcela conseguiu mexer com o jogo quando entrou - mas, conforme disse, revelou-se demasiado individualista em algumas ocasiões. Sem ter nada contra ele, confesso que não percebi a aposta no Clésio. Nunca tinha jogado naquela posição, e mesmo na equipa B raramente é opção sequer para a posição dele. Durante o jogo não me impressionou, o que até acho natural dado que juntava à estreia na equipa principal a estreia também a lateral. O Rui Vitória disse no final que ele tem sido trabalhado naquela posição e tem evoluído bastante, e como quem trabalha com os jogadores durante a semana é ele, então saberá melhor os motivos para esta aposta.

É um tanto ou quanto estranho que tendo o Benfica vencido por números tão confortáveis, o apito final tenha chegado e eu tenha ficado ocom a sensação de que a exibição nem sequer foi de encher o olho. Se calhar os golos tão cedo permitiram ao Benfica jogar de forma mais pausada. De qualquer forma o importante é mesmo a primeira vitória fora, e por números dilatados. Parece-me que um jogo tranquilo destes era o que esta equipa necessitava nesta altura. Agora é trabalhar para dar um passo decisivo para a qualificação na próxima terça.

domingo, outubro 25, 2015

Patética

Uma exibição patética e uma derrota vergonhosa. É o resumo mais simples que posso fazer do jogo de hoje. Se ainda conseguia dar algum benefício da dúvida às capacidades do Rui Vitória, apesar das reservas que sempre tive, hoje para mim essas dúvidas ficaram praticamente desfeitas. Perdemos o jogo porque a batalha táctica na zona do meio campo foi claramente perdida, e porque em três meses o JJ conseguiu ensinar a equipa dele a defender, enquanto que nesse mesmo espaço de tempo a nossa equipa desaprendeu a fazê-lo: nas três primeiras vezes que chegou à nossa baliza o adversário marcou três golos, qual deles o mais consentido. Já em termos atacantes, a nossa produção foi nula.

Até pode ser que o Rui Vitória aprenda, evolua, e consiga mais alguns brilharetes esta época, sobretudo em jogos nos quais não tenha a obrigação de assumir a iniciativa - espero sinceramente que sim. Mas quanto à minha confiança nas suas capacidades actuais, essa ficou seriamente abalada. Lamento, não gosto de ser excessivamente pessimista, mas para mim uma derrota assim é muito simplesmente um atestado de incompetência.

A coisa mais positiva do jogo de hoje foi o apoio constante vindo das bancadas, mesmo perante todas as adversidades. Com maior ou menor crença numa ou noutra pessoa, estaremos sempre com o Benfica.

sexta-feira, outubro 23, 2015

Desconcentração

Não soubemos aproveitar uma entrada perfeita no jogo, e a desconcentração defensiva que se lhe seguiu permitiu a reviravolta ao Galatasaray e resultou numa derrota e no desperdício de uma grande oportunidade para dar um passo decisivo para a qualificação.


A indisponibilidade do Nélson Semedo foi resolvida da forma mais lógica, fazendo-se a sua substituição directa pelo Sílvio. Não faria muito sentido retirar o André Almeida do meio campo, onde até agora tinha dado boa conta de si, e com isso fazer duas alterações num onze que tem obtido bons resultados. O início de jogo dificilmente poderia ter sido melhor, já que ainda não estavam decorridos dois minutos e já estávamos em vantagem, fruto de mais um pormenor fabuloso do Gaitán. Depois de um livre marcado rapidamente pelo Jonas, o argentino recebeu dentro da área, ganhou no corpo a corpo com um defesa, sentou um segundo, e à saída do guarda-redes picou-lhe a bola por cima. Tudo perfeito e um grande golo. A reacção turca ao golo foi forte, e irritou-me que não tivéssemos sabido tirar partido da forma algo precipitada como eles o fizeram. Meteram muita gente na frente e com isso deixaram a defesa bastante desguarnecida, mas nunca fomos capazes de armar um contra-ataque em condições que pudesse explorar isso. O lado direito da nossa defesa foi o elo mais fraco da nossa equipa a defender, e foi por aí que o Galatasaray atacou repetidamente até chegar mesmo ao golo do empate, já depois de algumas ameaças. O golo surgiu na marcação de um penálti, a punir um corte com a mão do André Almeida. E não demorou muito até que surgisse o segundo golo, desta vez numa falha do outro lado da defesa: o Eliseu 'esqueceu-se' do Podolski, o Jardel ficou um pouco atrasado e colocou-o em jogo, e depois o remate do alemão fez a bola passar entre as pernas do Júlio César. Em meia hora o Galatasaray tinha conseguido inverter o resultado.

A segunda parte até pareceu começar mal, com uma bola a acertar no ferro da nossa baliza, mas o Galatasaray pareceu sobretudo interessado em defender a vantagem, que lhe permitiria pôr fim a um ciclo de dez jogos consecutivos sem vencer na Champions. O Benfica teve mais bola e procurou o golo do empate, mas uma combinação de falta de sorte e má finalização impediu que se conseguisse esse objectivo, apesar dos vários remates feitos. Gaitán, Jonas, Jiménez, qualquer um deles teve oportunidade para igualar o jogo. As substituições também não ajudaram: desta vez pareceu-me que o nosso treinador esteve pouco inspirado e falhou nas escolhas feitas. Custou-me aceitar a saída do Gonçalo Guedes ou a opção de, nos minutos finais, colocar o Gaitán como falso lateral, o que só o afastou da zona de decisão. A entrada do Pizzi de nada serviu, mas isso foi pouco surpreendente tendo em conta aquilo que tem feito nas últimas vezes em que foi chamado. O Benfica acabou com mais posse de bola e mais remates, mas na estatística que realmente conta, os golos marcados, perdeu. 

De uma forma geral gostei das exibições do Samaris e do Jardel. O Gaitán voltou a deixar uma marca de classe na Champions. Menos bem pareceu-me o Sílvio, que aparenta estar com muita falta de ritmo. Ou isso, ou então já me tinha habituado demasiado ao ritmo do Nélson Semedo e agora noto a diferença.

Foi uma derrota algo frustrante e pouco convincente, mas que em nada compromete os nossos objectivos. Por isso há que esquecê-la rapidamente e pensar em regressar às vitórias o mais rapidamente possível.

sábado, outubro 17, 2015

Susto

Deixámos meia dúzia de titulares de fora, mas apresentámos uma equipa que era mais do que suficientemente forte para resolver este jogo sem grandes problemas. Mas apesar de termos controlado completamente o encontro durante 99% do tempo, ainda assim não nos livrámos de um pequeno susto e fomos obrigados a sofrer um pouco para vencer no tempo regulamentar.


O jogo começou com o Talisca isolado na cara do guarda-redes antes dos quinze segundos de jogo, a permitir a defesa deste. Foi o mote para que ele se tornasse uma das figuras do jogo, com várias defesas que contribuiram decisivamente para que o Benfica não avolumasse o resultado. Este lance não foi no entanto mote algum para o jogo do Benfica durante a primeira parte. De uma forma geral, e apesar do já referido controlo total do jogo (nem um remate do adversário) o nosso futebol foi lento, teve uma intensidade demasiado baixa e não criámos muitas ocasiões de golo. Salvou-se como momento alto o grande golo do Carcela aos trinta e oito minutos (até aí não tinha feito nada), num remate de primeira que levou a bola ao ângulo. No segundo tempo entrámos decididos a resolver o assunto, e nos primeiros minutos tivemos diversas ocasiões para o fazer - amais flagrante uma bola ao poste pelo Mitroglou - mas o desperdício e o guarda-redes do Vianense foram mantendo a diferença mínima no marcador. Como quem desperdiça muito corre sempre riscos, arrisca-se, foi isso mesmo que aconteceu. A quinze minutos do final o Vianense fez finalmente uma espécie de remate à baliza, e cinco minutos depois rematou mesmo a sério e saiu um golão. Um remate de muito longe levou a bola a entrar junto ao ângulo, sem hipóteses de defesa, e empatou o jogo. Animou-se o Vianense e voltou a rematar mais uma vez de longe com perigo, com a bola a passar muito perto depois de uma grande defesa do Júlio César. Só a um minuto do final é que o Jardel, na sequência de um canto marcado pelo Pizzi, nos deu a vitória e livrou-nos de meia hora extra de esforço.

Alguns dos jogadores chamados hoje à titularidade estiveram abaixo das expectativas. Não gostei do Pizzi ou do Talisca, por exemplo. O Sílvio parece ainda estar longe da melhor forma e enquanto isso acontecer vamos ter saudades do Nélson Semedo. O Carcela fez um primeira parte quase nula, mas o golo fez-lhe bem e na segunda parte melhorou. Importante mesmo acaba por ser a vitória e a passagem à eliminatória seguinte da Taça. E tendo em conta aquilo que vi, não me parece que os nossos jogadores tenham ficado particularmente cansados para o próximo compromisso da Champions.

quinta-feira, outubro 01, 2015

Remontada

Uma exibição muito personalizada, solidária e aguerrida valeu-nos um importantíssimo triunfo em Madrid frente ao Atlético, e de 'remontada', naquele que será em teoria o jogo mais difícil que tínhamos para disputar no nosso grupo da Champions League.


A troca do Mitroglou pelo Jiménez na frente foi a única alteração no onze, certamente com o intuito de dar maior mobilidade e velocidade no ataque para um jogo em que se adivinhava que o contra-ataque seria uma arma importante. O jogo iniciou-se como era previsível. O Atlético é uma equipa muito forte em casa e começou imediatamente a pressionar bastante alto e de forma muito agressiva. O Benfica tentou responder na mesma moeda e teve algum sucesso, mas acabou por ser naturalmente e progressivamente empurrado para o seu meio campo, com o Atlético a começar a criar ocasiões de golo e a revelar-se perigoso nas bolas paradas. O Benfica apenas conseguia responder esporadicamente, tendo criado uma ocasião de algum perigo na qual o Gonçalo Guedes, já sem o Oblak na baliza, não conseguiu colocar convenientemente a bola e esta foi cortada por um defesa quase sobre a linha. A pressão do Atlético acabou mesmo por dar resultado aos vinte e três minutos de jogo, numa jogada em que o Gaitán 'esqueceu-se' de acompanhar a subida do lateral Juanfran e o centro deste foi depois tocado para a desmarcação e golo do Correa. Foi uma boa jogada de ataque dos espanhóis, mas o Juanfran teve demasiado tempo e espaço para fazer o centro. Entusiasmou-se ainda mais o Atlético e nos minutos que se seguiram ao golo fomos felizes ao não consentir um segundo, que provavelmente nos deixaria sem hipóteses de discutir o resultado. Nesta fase por duas vezes o Jackson teve o golo nos pés, mas os ferros da baliza e o Júlio César evitaram o pior. Mas aos trinta e seis minutos surgiu o golo do empate, que acabou por mudar por completo o rumo do encontro. Começou num centro largo do Nélson Semedo, na direita, a bola é ligeiramente desviada de cabeça por um defesa, e veio cair aos pés do Gaitán do outro lado do campo, que com um remate de primeira não deu quaisquer hipóteses de defesa ao Oblak. O Atlético pareceu acusar este golo e não conseguiu voltar a ser a mesma equipa que tinha sido até então, sendo muito menos perigoso e permitindo ao Benfica manter mais facilmente a bola em seu poder.


Entraram os espanhóis para a segunda parte com a intenção de repetir o forte início de jogo, mas sofreram mais um rude golpe logo aos cinco minutos. É que num contra-ataque perfeito, conduzido pelo Gaitán (claro...) pela esquerda, o argentino, após tabela com o Jonas e progressão no terreno, inventou um passe de pé direito quase perfeito para o outro lado do campo. E digo quase perfeito porque o defesa do Atlético ainda conseguiu tocar muito ao de leve na bola, desviando-a mais para junto da linha final. Mas o Gonçalo Guedes, mesmo quase sem ângulo, ainda conseguiu rematar de primeira e colocar a bola junto do poste oposto, para um grande golo. Isto sim, praticamente arrumou com os espanhóis. Em desvantagem, e apesar de terem passado a ter a iniciativa quase toda no jogo, foram à procura do golo de forma muito pouco racional, com diversas investidas pelo centro, onde encontravam uma floresta de jogadores do Benfica, ou com cruzamentos largos que eram presa fácil para os nossos centrais. Apenas por uma vez (ou duas, ambas na mesma jogada) ameaçaram seriamente a nossa baliza, num remate que foi desviado de cabeça pelo Jackson e na recarga a esse mesmo remate. Em ambas as ocasiões o Júlio César respondeu ao mais alto nível, e com duas excelentes defesas evitou o pior. Isto aconteceu poucos minutos depois do nosso golo, pelo que se pode dizer que o Benfica conseguiu manter a vantagem no marcador durante mais de meia hora sem grandes sobressaltos e com aparente facilidade. E isto muito por culpa da forma solidária e organizada como a equipa jogou. Ajudou também a forma como o Rui Vitória mexeu na equipa: as alterações que fez resultaram (sobretudo a entrada do Fejsa) enquanto que o Simeone tomou opções um pouco mais estranhas e que claramente não trouxeram melhorias à equipa. Retirar o Griezmann e o Correa (que estava a ser o jogador mais perigoso do Atlético) pareceram-me más opções.


Já disse que para mim o mérito maior desta vitória está na equipa como um todo, e quanto a exibições individuais acho que podia elogiar todos os jogadores um a um. Menciono alguns, mas podia perfeitamente escolher outros. O Gaitán é uma das minhas escolhas. É o maior talento, aquele em quem depositamos sempre as maiores esperanças para que resolva, e foi isso mesmo que fez. Um golo, uma assistência, e os adeptos do Atlético talvez tenham começado a perceber hoje que o preço que sempre pedimos por ele não era nada exagerado. O Nélson Semedo continua simplesmente fantástico. Para quem via os jogos da nossa equipa B o ano passado, o mais impressionante é ver que ele joga na Champions exactamente como o fazia nesses jogos. Para ele parece não haver diferença. Aliás, se há diferença é para melhor, porque cada vez está mais seguro a defender. O Jardel esteve imperial na defesa. O Gonçalo Guedes, sem grandes alaridos e muita humildade, vai-se impondo como titular - o que ele trabalha para a equipa nas tarefas defensivas é digno de ver. André Almeida mais uma vez a justificar a validade da aposta em si, já que veio dar muita solidez defensiva. Uma menção também para um dos jogadores que é mais frequentemente criticado, até pelos próprios benfiquistas: gostei muito do jogo do Eliseu.

Esta vitória é, para mim, mais importante do que os três pontos e a liderança isolada do nosso grupo da Champions. É importante pela enorme injecção de confiança que dá à equipa, pela união que mostrámos, e também para acabar com as críticas ao mau registo nos jogos fora. A única coisa negativa desta noite foi o mau comportamento de um punhado dos nossos adeptos, que com atitudes estúpidas mancharam uma noite à Benfica.