quinta-feira, agosto 31, 2006

Soltas

Este espaço tem andado um pouco abandonado, primeiro porque tenho andado bastante ocupado, mas principalmente porque o Benfica não tem jogado muito ultimamente. Por isso vou aproveitar enquanto passo os meus CDs dos Sonic Youth para o leitor de mp3 para escrever um bocadinho.

O facto de o Benfica ficar sem jogar tanto tempo é uma daquelas coisas que às vezes me fazem não ter muita paciência para a selecção: anda um tipo esfomeado por bola, e particularmente por ver o Benfica jogar, e não só suspendem o nosso primeiro jogo do campeonato como depois vem a selecção e lá fica o campeonato suspenso mais uma semana. Depois é óbvio que estando eu cheio de vontade de ver o Benfica não me sinta motivado para ver a selecção. E vamos ver se a selecção ainda chega a jogar, não vá a FIFA perder a paciência e suspender toda a gente.

Esta potencial suspensão é o efeito mais nefasto do 'Caso Mateus', e pelo menos pode ser que a ameaça consiga acelerar a resolução do mesmo, pois caso contrário de certeza que se arrastaria para sempre. Em relação a isto, cheguei à conclusão que não consigo simpatizar com nenhum dos 'beligerantes'. Temos o Belenenses, que não mostrou valor em campo para disputar a primeira Liga, mas que tentou obter esse direito na secretaria. O Gil Vicente conquistou de facto em campo essa mesma presença na primeira Liga, mas infringiu os regulamentos, tendo plena consciência das consequências dessa acção. Agora recusa-se aceitar essas mesmas consequências. Finalmente intervém o tradicional chicoespertismo nacional, na pessoa do Leixões, que viu uma oportunidade para tentar obter um acesso à primeira Liga que não revelou valor desportivo para obter. Acho que só ficava satisfeito com a exclusão dos três clubes da Liga. Ficavam só 15 equipas e em cada jornada folgava uma.

Outra assunto, que para mim tem o seu quê de surreal: o empréstimo do Manuel Fernandes ao Portsmouth. Eu espero que o Portsmouth esteja a pagar alguma coisa ao Benfica por este ano de empréstimo, e não que o mesmo esteja a ser feito apenas com base na promessa de um eventual exercer da opção de compra no final do mesmo. O Manuel Fernandes não é exactamente o tipo de jogador de cujos serviços se possa usufruir durante um ano sem quaisquer encargos adicionais. E para mim quem fica ainda pior na fotografia é o próprio Manuel Fernandes, ao aceitar esta situação. Estamos a falar de um jogador do Benfica, internacional A por Portugal, e que não tem nada a provar. Quem é o Portsmouth? O Manuel devia olhar para o exemplo do Simão, que, a ser verdade, quando confrontado com a hipótese Portsmouth nem sequer quis considerar essa possibilidade.

Já que menciono o Simão, foi com algum desagrado que li notícias que apontavam para uma eventual extensão/melhoria do contrato do Simão com o Benfica. Eu gosto muito do Simão, e por mim ele ficava no Benfica para sempre, mas estar a estender um contrato que ainda tem quatro anos de duração, e a melhorar as condições salariais daquele que deve ser já o jogador mais bem pago do Benfica não me parece muito boa política. Isto parece-me um processo de 'joãopintização' do Simão, que não creio que possa ter consequências muito agradáveis.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Champions

Man Utd, Celtic e FC Copenhaga. Nada mau. Acho que podemos alimentar ambições legítimas em seguir em frente. O favorito à consquista do grupo é, no papel, o Man Utd. Também o ano passado era, e ficou em último, por isso não é por aí que me assusto. Os outros dois não são nenhuns papões. Como bónus extra, vou ter a oportunidade de vaiar o Cristiano Ronaldo mais uma vez. Pode ser que ele volte a perder a cabeça e não dê uma para a caixa ;)

Miguelito

Finalmente fechou-se o capítulo da contratação do Miguelito, e com um desfecho favorável já que ele é mesmo reforço. Só foi pena esta pequena rábula acerca do 'estudo' da proposta do Benfica, porque pode não o deixar muito bem na fotografia (embora a julgar pelas declarações do presidente do Nacional sobre o assunto, o impasse terá sido resultante da acção do empresário do jogador). Fico contente com esta contratação, já que vem preencher uma lacuna do plantel, que era a ausência de uma alternativa ao Léo. Para além disso não considero que o Miguelito seja uma contratação qualquer. Na minha opinião contratámos aquele que nas duas últimas épocas terá mostrado ser o melhor defesa esquerdo português, e que ainda tem a vantagem de ser um jogador extremamente versátil (o ano passado na Luz vi-o actuar, e bem, como extremo direito).

Resta agora ver se este não será mais um caso de um jogador que brilha nos clubes mais pequenos e depois se apaga quando chega a um grande. Pelo menos esta contratação mostra que o Benfica parece ter voltado a olhar com mais atenção para o mercado interno, já que vem na sequência de outras contratações de jogadores portugueses e jovens. E eu gosto sempre de ver o Benfica cheio de portugueses em campo (contra o Áustria foram oito).

quarta-feira, agosto 23, 2006

Olá Europa!

Aqui estamos nós outra vez. Apesar dos receios, não houve surpresas, e confirmou-se a superioridade incontestável do Benfica sobre esta equipa austríaca, de tal forma que até pareceu excessivamente fácil a forma como vencemos o jogo e a eliminatória.

Não houve qualquer surpresa no nosso onze, tendo alinhado exactamente os mesmos jogadores do jogo de Viena, no esperado 4-2-3-1. Já do lado austríaco, e apesar da obrigatoriedade de marcarem para poderem passar, parecia que estavam mais preocupados em perder por poucos, e alinharam num 4-1-4-1 deixando o esforçado mas inofensivo Wallner abandonado na frente. O Benfica começou bem o jogo, à procura de um golo cedo, que foi sendo sucessivamente negado pelo guarda-redes Safar. A equipa ia desenvolvendo bastante jogo pelas alas, sobretudo no lado direito, onde o Nélson voltou a ser aquele jogador que desejamos, fazendo todo o corredor durante o jogo inteiro e participando activamente no ataque. Pelo centro o jogo ganhava sempre velocidade quando a bola chegava aos pés do Rui Costa, que vinha diversas vezes buscar a bola cá atrás para depois a levar para o ataque. E foi mesmo o Rui Costa que acabou por abrir o marcador, perto dos 20 minutos de jogo, num bonito golo que resultou de uma insistência do Manú na direita, que centrou para o Nuno Gomes amortecer para o remate de primeira do Rui. Foi bonito vê-lo marcar no seu primeiro jogo oficial na nova Luz, e ainda mais bonito ver a exuberância com que ele festejou. É como digo, para mim é como ver 'um de nós' dentro do campo, com a mesma paixão que qualquer adepto benfiquista na bancada sente. Até à meia-hora de jogo o Benfica continuou a insistir, e poderia ter voltado a marcar, mas após isso baixou o ritmo e adormeceu um bocado. Foi apenas no último lance da primeira parte que o marcador voltou a funcionar, num golo que 'já não se usa'. Um pontapé de baliza para os austríacos, uma devolução de cabeça do Katsouranis, e o Nuno Gomes isolado a não perdoar. Se alguma dúvida persistia, a eliminatória pareceu ficar definitivamente resolvida ali. Por incrível que pareça, o intervalo chegou com o austríacos a não terem conseguido efectuar um único remate durante os primeiros 45 minutos.

Na segunda parte, confirmando a ideia que estavam ali sobretudo para perder por poucos, os austríacos não abandonaram a atitude cautelosa. Foi altura de assistir a um autêntico recital sobre como tratar a bola e inventar passes por parte do Rui Costa. O futebol é lindo quando é jogado por jogadores inteligentes, e de cada vez que a bola chegava aos pés do Rui ficava na expectativa sobre o que é que ele iria inventar a seguir. Fico com água na boca ao pensar como poderá ser quando o Simão ou o Miccoli possam ser os receptores de passes como aqueles. O terceiro golo acabou por surgir, claro, quando mais um passe do Rui Costa deixou o Manú e o Petit isolados, e o primeiro ofereceu o golo ao segundo. E o quarto golo só não surgiu logo a seguir porque o Nuno Gomes demorou um bocadinho mais a executar, depois de ficar na cara do guarda-redes. Pouco depois o Rui Costa foi substituído, e eu senti-me como uma criança a quem tiraram o brinquedo preferido... Claro que quando chegarmos ao campeonato as coisas não serão exactamente assim. Os austríacos foram demasiado leais (ou poderia dizer ingénuos) e deram demasiada liberdade ao Rui Costa. No campeonato de certeza que quase todas as equipas designarão um jogador especialmente para andar o jogo todo a morder-lhe os calcanhares e travá-lo seja de que maneira for.

O jogo perdeu ritmo e emoção após a saída do Rui. Só voltou a animar um pouco perto do fim, após a entrada do Mantorras, que trouxe a habitual motivação para dentro do campo e para as bancadas, mas o resultado já não se alterou. Ficou carimbada a presença na Champions League deste ano, e quinta-feira ficaremos a saber quais os nossos adversários.

O Benfica hoje não foi brilhante, mas esteve muito acima daquilo que de mau tinha mostrado durante muitos dos jogos da pré-época. Para além do Rui Costa houve outros jogadores que também estiveram bem, mas fiquei particularmente satisfeito por ver o 'velho' Nélson de volta. Já há algum tempo que não lhe via uma exibição assim. Como o Ricardo Rocha não se aventurava tanto no ataque, isto até permitiu maior liberdade na frente ao Nélson, já que ficavam três centrais cá atrás para o que desse e viesse (que era pouco, já que havia apenas um desamparado avançado adversário para marcar).

Dada a fragilidade demonstrada pelos austríacos (pareceram-me ter apenas três jogadores de alguma qualidade: o guarda-redes Safar, o defesa Tokic, e o médio veterano Blanchard), a verdade é que ainda não podemos tirar grandes conclusões sobre a eventual melhoria exibicional da nossa equipa. Mas parece ser evidente que o esquema de 4-2-3-1 ainda continua a ser o mais apropriado neste momento, e capaz de nos proporcionar melhores resultados que o famigerado losango.

P.S.- Hoje reparei que tinha saudades disto. Tinha saudades de estar entre os da minha cor, na nossa casa, a ver a nossa equipa jogar. Tinha saudades de me emocionar quando a equipa entra em campo e se ouve o 'Ser Benfiquista', de ver o vôo da águia Vitória, e de partilhar com aquele mar de gente uma paixão comum. O defeso é demasiado longo. Eu adoro futebol, e ainda mais o meu clube :)

terça-feira, agosto 22, 2006

Decisivo

E daqui a umas horas lá estaremos. Para apoiarmos a nossa equipa, e em princípio termos uma enchente logo no primeiro jogo oficial em casa desta época. Época esta que ainda mal começou, e já enfrentamos um dos jogos mais decisivos e importantes para determinar se ela poderá ou não ser considerada de sucesso. É que uma eventual eliminação poderia ser um factor marcante para o resto do ano.

Estou cautelosamente optimista. Sei que o Benfica é favorito, até pela qualidade que (não) vi nos austríacos no jogo da primeira mão, mas não consigo evitar algum receio de uma surpresa inesperada, pois a verdade é que nos jogos realizados até agora o Benfica ainda não nos conseguiu convencer o suficiente. Fico triste também por o Simão ficar fora da convocatória - era um jogador que eu queria ver jogar hoje, e julgo que a sua presença em campo poderia ser um factor extra de motivação para os colegas e adeptos. Além disso, faz-me sempre confusão olhar para a lista de convocados e ver apenas quatro defesas - espero sinceramente que o Benfica acabe mesmo por contratar o Miguelito (ou outro lateral-esquerdo), porque termos apenas 6 defesas no plantel, dos quais apenas um é lateral-esquerdo de raíz parece-me muito pouco para uma época inteira.

Enfim, Bancada Sapo, Piso 3, Sector 24, Fila D, Lugar 18. Lá estarei, para inaugurar 'oficialmente' a época de 2006/2007. Já estava com saudades de estar na minha casa futebolística, e tenho muitas discussões para pôr em dia com os meus 'colegas' de bancada (que eu não conheço de lado nenhum, a não ser pelo facto de sermos vizinhos nos cativos). Esta parte das conversas entre adeptos é sempre um dos factores que me faz adorar ver futebol no estádio :)

Força Benfica!

quarta-feira, agosto 16, 2006

Excepção

O jogo desta noite quase nem merecia referência, dado que se tratou do último jogo de preparação desta época, e no qual apresentámos uma equipa de segunda linha. De facto, o factor que mais realce merece é capaz de ser mesmo a vitória do Benfica, dado ser rara a ocasião em que isso tem acontecido nesta pré-temporada.

Foi um jogo bastante fraco, em que da parte do Benfica foram poucos os jogadores que se destacaram. Talvez apenas o Nuno Assis e pouco mais. O Kikin marcou um golo que pareceu quase tirado a papel químico do golo que nos marcou no Mundial, e o segundo golo foi marcado pelo Mantorras no seguimento de uma jogada em velocidade(!) do Marcel (os termos 'velocidade' e 'Marcel' aparecerem na mesma frase tem sido ainda mais raro do que as vitórias do Benfica na pré-temporada).

Uma referência também para o comentador televisivo desta noite (não faço ideia de quem era): está ali muito potencial para um digno sucessor do Gabriel Alves! Durante a transmissão fiquei a saber os percursos desportivos completos de diversos dos intervenientes, e ainda o local de nascimento de todos eles, desde o Vimioso até aos arredores de Paris. Faltam-lhe ainda alguns detalhes, como os pesos dos jogadores, ou quais são os seus hobbies preferidos, mas parece-me que com tempo o homem faz-se.

P.S.- Não sei qual era a surpresa dos comentadores com o facto do Restelo estar às moscas (o que aliás é o estado natural daquele sítio sempre que o Belenenses joga). Tendo em conta que o preço dos bilhetes para o público em geral para ver um jogo de apresentação do Estrela, contra uma segunda linha do Benfica, era de 25€, estranho seria se lá estivesse muita gente.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Sofrível

Mais um jogo sobre o qual não me apetece escrever muito, nem fazer grandes considerações. Durante o jogo a televisão mostrou umas imagens de uns adeptos do Benfica no Prater, com um ar absolutamente amorfo: é assim que eu começo a sentir-me quando vejo o Benfica jogar como estava a jogar naquela altura. É que já passei a fase em que me irrito tanto que desato a vociferar para o televisor. Parece que o Fernando Santos consegue contagiar todos com aquele conformismo inato. Mas lá acabámos por conseguir um resultado que nos permite manter em aberto todas as possibilidades de nos qualificarmos para a Champions League. Na minha opinião, no entanto, a nossa exibição deixou muito a desejar.

A táctica mudou, e apresentámos o 4-2-3-1 que se tornou típico desde os tempos de Camacho, mas não vi grande evolução na qualidade do nosso jogo. Talvez a diferença mais evidente tenha sido alguma maior consistência defensiva, só que em termos ofensivos a nossa equipa continua a deixar muito a desejar. Foram pouquíssimas as oportunidades de golo, e consequentemente também foram poucas as vezes que rematámos à baliza. Na primeira vez que lá chegámos, e numa jogada bonita em que a bola passou por vários jogadores, marcámos, após uma finalização de calcanhar do Nuno Gomes. Esse golo pôs um ponto final na entrada mais impetuosa dos austríacos no jogo, e depois disso pareceu que o Benfica estava a conseguir assentar o seu jogo, e a controlar o adversário. Só que o adversário conseguiu empatar, e voltou tudo à estaca zero.

A segunda parte foi até irritante de ver, de tão mal jogada que foi. Os austríacos tentavam mas não podiam, e o Benfica parecia satisfeito com o resultado. Mesmo as substituições feitas não mudaram nada em termos tácticos, entrando sempre um jogador para assumir exactamente as mesmas funções daquele que saía. Houve alturas em que até me senti tentado a fazer zapping, porque nunca me pareceu que houvesse grande probabilidade de haver alguma alteração no resultado. O empate acaba por ser um resultado aceitável, mas foi conseguido contra uma equipa que me parece bastante fraquinha. O problema é que o Benfica neste momento também me parece muito fraquinho. E o resultado, apesar de positivo, não nos deixa a salvo de uma surpresa na segunda mão. Espero que até lá consigamos melhorar muito a qualidade do nosso jogo.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Jorge de Brito

O Benfica despede-se hoje de um grande benfiquista, um homem que sempre deu tudo ao clube e sempre o colocou no topo das prioridades. Foi provavelmente um dos últimos mecenas do futebol português. Sempre tive um grande respeito e admiração por ele, e confesso que isso me fez hesitar bastante antes de colocar um post sobre este assunto, porque me pareceu inevitável que surgissem discussões sobre os méritos ou não da sua (curta) presidência, e isso entristecer-me-ia. As razões pela qual essa presidência não terá corrido da melhor maneira não as vou discutir aqui, porque não é isso que está em causa. Quero apenas recordar um grande benfiquista, sem o qual não teria tido o prazer de ver muitos jogadores no relvado da Luz cuja qualidade permanece inigualável nas memórias dos benfiquistas. Descanse em paz, Presidente.

terça-feira, agosto 01, 2006

Mais uma

E vão três seguidas. Mais um jogo, mais uma exibição paupérrima, mais uma derrota. Não sei quanto tempo demorará até que o Benfica consiga assimilar este novo esquema táctico de Fernando Santos, mas as perspectivas são assustadoras. A verdade é que à medida que o tempo passa, a equipa joga cada vez pior. Ou seja, no início do estágio, quando ainda tinham algo que vinha da época passada, ainda conseguiram jogar mais ou menos. Parece agora que à medida que vão assimilando os princípios de jogo do novo técnico, os resultados são visíveis. Pergunto-me qual será o estado anímico da equipa após sofrer três derrotas consecutivas, quando parte para o primeiro jogo oficial da época, que é também um dos mais importantes da mesma, e se saberá reagir convenientemente.

Do jogo de hoje não há muito a dizer. Foi mais daquilo que temos visto nos últimos tempos: a táctica do funil ferrugento (ferrugento porque é velho - é que, como diz um amigo meu, isto parece a maneira como Portugal jogava nos anos 80, altura em que a frase mais comum para descrever o nosso futebol era que 'faltam os últimos trinta metros') que faz com que se jogue quase sempre pelo meio, e que quando a nossa equipa tem a posse de bola se limite a fazer cinquenta passes no meio-campo, quase sem progressão, até que finalmente é desarmada. Jogadores estáticos enquanto um colega conduz a bola (salvo raríssimas excepções - Manu), e uma fragilidade defensiva assustadora, o que nem sequer se compreende dado que não houve quaisquer mudanças em relação à defesa do ano passado. As coisas estavam tão más que à meia-hora de jogo o nosso treinador rendeu-se às evidências e alterou o esquema para um 4-3-3 (ou, se preferirem, regressou ao nosso habitual 4-2-3-1), o que pelo menos serviu para acalmar um pouco o jogo, e até marcarmos um golo naquela que foi provavelmente a única jogada de jeito durante todo o jogo: o Manu ganha a linha final e centra para a cabeça do Paulo Jorge. Curiosamente, quando o Benfica jogou apenas durante cinco minutos também com extremos contra o Bordéus, foi suficiente para que um deles fizesse um centro e marcássemos um golo. Quando apresentamos o funil, ou melhor, o losango do meio-campo são raríssimas as ocasiões em que um jogador nosso ganha a linha e centra - quando chegam perto da área flectem para o centro à procura de tabelas com colegas, ou lateralizam a bola.

O meu espírito de adepto diz-me para tentar manter-me optimista, que isto ainda é só a pré-temporada, e dar algum tempo para que as coisas assentem. Mas a verdade é que tempo é coisa que não temos propriamente para gastar, e eu já sou uma pessoa pessimista por natureza. E o meu pessimismo acentuou-se logo no dia em que Fernando Santos foi anunciado como treinador. É que para mim ele terá sempre, sempre a auréola de perdedor nato. Só espero estar redondamente enganado, e poder no fim da época estar aqui a reconhecer isso.