quarta-feira, novembro 28, 2007

Bravo!

Quando na altura dos sorteios digo sempre 'Equipas italianas, por favor, não', é precisamente por causa de jogos como o desta noite. Por melhor que joguemos, acabamos por não conseguir ganhar, e por vezes até perdemos o jogo (o que mais uma vez poderia ter acontecido hoje bem perto do final).

Regresso dos uruguaios ao onze, e também ao 4-2-3-1, com o Nuno Gomes sendo o jogador mais adiantado, tendo nas costas o Rui Costa. Do outro lado o Milan no seu esquema mais habitual, e com um início de jogo muito forte, a deixar antever uma noite muito difícil para o Benfica. Os nossos jogadores pareciam não ser capazes de acertar com as marcações a meio-campo, e jogadores como Kaká, Seedorf ou Pirlo apareciam frequentemente a receber a bola à vontade, e com muito tempo para poderem pensar e executar os lances. De modo que o que vimos foi o Milan a jogar no nosso meio-campo, e a conseguir quase sempre libertar um jogador para aparecer em situação de finalização: Gilardino logo no início do jogo e Seedorf tiveram boas oportunidades para rematar e fazer golo. Não espantou por isso que à passagem do primeiro quarto de hora os italianos se colocassem em vantagem. Mais uma vez circularam a bola sobre a esquerda, dentro do nosso meio-campo, libertando depois a bola para o Pirlo, que ainda muito longe da baliza fez um remate colocado que acabou em golo. Logo a seguir, mais um susto, com o Petit (que começou bastante mal o jogo) quase a fazer autogolo.

Mas depois o Benfica pareceu ter acordado, e após uma jogada em que o Rodríguez controlou mal um passe do Nuno Gomes, desperdiçando assim uma boa oportunidade, cinco minutos após o golo milanês o Maxi Pereira 'inventou' um golão de pé esquerdo, virando o jogo de pernas para o ar em relação ao que vinha sendo até aí. É que a partir do golo o Benfica conseguiu empurrar o Milan para o seu meio-campo, passando a controlar a partida e a estar perto de se colocar em vantagem. Atacando sobretudo pelo lado direito, onde o Maxi Pereira se exibia em grande plano, sendo bem acompanhado pelo Luís Filipe(!), as oportunidades foram surgindo, e sendo desperdiçadas ao mesmo ritmo a que eram construidas. A melhor de todas surgiu a cerca de cinco minutos do intervalo, após uma insistência do Léo na esquerda e uma simulação perfeita do Rui Costa, e que terminou com o remate do Maxi Pereira a ser interceptado por um defesa adversário. Agora que me desculpem os defensores incondicionais do Nuno Gomes, mas eu tenho mesmo que dizer isto em relação a este lance. Eu respeito e gosto do Nuno Gomes. Não quero colocar em causa o bom jogo que ele fez esta noite (e fê-lo), mas quando um jogador recebe uma bola isolado no interior da área, ainda para mais sendo esse jogador um avançado, ele tem é que rematar à baliza. Não me venham com histórias de 'jogar para a equipa' ou 'visão periférica', porque o único nome que eu tenho para aquela lateralização para o Maxi Pereira é 'cobardia'. Um jogador como o Nuno Gomes não pode ter medo de assumir a responsabilidade de rematar aquela bola. Confesso que fiquei furioso com esse lance, que nos poderia ter dado a vantagem no marcador. Em vez disso fomos para intervalo empatados.

Na segunda parte apareceu um Milan radicalmente diferente. Em primeiro lugar o treinador italiano reparou obviamente na auto-estrada que era o lado esquerdo da sua defesa, e fez entrar o Maldini para estancar aquilo. Depois em termos de atitude, não sei se algo cautelosos por causa do domínio do Benfica na segunda metade do primeiro tempo, ou se apenas porque decidiram que o empate seria satisfatório, o que é certo é que o Milan apareceu a jogar de uma forma já bem mais italiana, com praticamente duas linhas de defesa muito juntas, bem dentro do seu meio campo, deixando o Kaká e o Gilardino mais sós na frente para tentarem eventuais contra-ataques. O Benfica aproveitou este retraimento do Milan e instalou-se no meio-campo adversário, agora insistindo mais em jogadas pela esquerda do seu ataque. O domínio territorial do Benfica neste segundo tempo foi obviamente bastante mais pronunciado, mas apesar do perigo rondar a baliza adversária não conseguimos criar oportunidades de golo tão facilmente como no primeiro tempo, sendo frequentes as vezes em fomos obrigados a recorrer a pontapés de fora da área, já que a aglomeração dos italianos em frente à sua baliza tornava as coisas mais difíceis. O problema é que os nossos remates pareciam ir quase sempre direitinhos às mãos do Dida.

Enquanto o Camacho ia fazendo o que podia para tentar chegar à vitória, recorrendo a todos os elementos mais ofensivos que tinha no banco, do outro lado o Milan dava sinais mais evidentes de querer resguardar o empate, recorrendo o Ancelotti até a um segundo lateral direito em campo (Oddo) para conseguir travar as sucessivas investidas do Benfica por aquela faixa. E no entanto, e de uma forma bem típica, as coisas até poderiam ter corrido horrivelmente mal para nós, já que numa das raríssimas vezes em que o Milan conseguiu criar perigo na segunda parte, o Kaká numa jogada individual conseguiu libertar-se da marcação de dois adversários e isolar-se frente ao Quim. Felizmente não se repetiu o cenário que já vimos acontecer tantas vezes com equipas italianas, e o brasileiro acabou por rematar ao lado, ficando o empate no marcador e a sensação de que os nossos jogadores tudo fizeram para merecer outro resultado. O justíssimo aplauso com que o público da Luz se despediu da sua equipa no final do jogo foi um reconhecimento desse mesmo esforço, e um recompensa pela exibição muito positiva com que nos brindaram.

Tenho que destacar o jogo que o Maxi Pereira fez hoje. Foi sem dúvida a sua melhor exibição desde que chegou ao Benfica, coroada com um golo incrível. Criou sempre perigo pelo seu lado, e esteve inexcedível no apoio defensivo. Muito boas exibições também do David Luíz (foram várias as vezes em que teve que ser ele a sair do centro da defesa para ir ao encontro do Kaká e travá-lo), do Petit na segunda parte, e do Rui Costa, por cujos pés mais uma vez passou grande parte da organização do nosso jogo ofensivo. Para não dizerem que eu só bato nele, vou dizer que também gostei da exibição do Nuno Gomes, com o senão de me ter feito perder as estribeiras no lance que referi.

O nosso Benfica atravessa um bom momento. A tristeza que sinto neste momento deve-se apenas à sensação de injustiça do resultado final. Conseguir dominar e empurrar para a sua baliza o actual campeão europeu durante largos períodos de jogo, conforme o fez o Benfica esta noite, e chegarmos ao fim do jogo com a nítida sensação que só a vitória seria uma recompensa justa para a produção apresentada em campo não é um feito insignificante, e merece o nosso reconhecimento e aplauso. Acho que só posso mesmo ter esperança no futuro desta equipa, que me parece ainda ter muito espaço para crescer. A Champions acabou esta época, mas vamos ver se ainda conseguimos o apuramento para a UEFA na última jornada.

domingo, novembro 25, 2007

Competência

Mais um resultado negativo invertido, mais golos nos últimos minutos, e mais uma vitória. Era importante não deixarmos que a interrupção do campeonato significasse também a interrupção do ciclo positivo da equipa antes da recepção ao primeiro classificado para a semana, e a equipa acabou por cumprir, da forma como nos começa a habituar ultimamente.


A ausência dos uruguaios - principalmente do Rodríguez - deixava-me algo curioso em relação à equipa inicial, mas o Camacho foi coerente com as declarações que foi dando ao longo da semana, por isso acabou por não me surpreender o regresso ao avançado único, sendo esse posto entregue ao Nuno Gomes. Mas logo aos cinco minutos esse esquema ficou comprometido, com a lesão do Nuno Assis após um remate bloqueado. Apesar de vir de uma lesão, como eu desejei na altura foi o Cardozo o escolhido para substituí-lo. E digo que o desejava porque não me agrada muito quando jogamos só com o Nuno na frente, e com o Rui Costa a fazer quase o papel de segundo avançado. Com a entrada do Cardoso o Benfica regressou ao 4-4-2, só que foi o Rui Costa quem acabou por ir encostar-se mais à direita em vez do Katsouranis, como eu esperava, e o afastamento do Rui do centro do terreno normalmente tem efeitos negativos na qualidade do seu jogo e no do próprio Benfica. Mas o início de jogo do Benfica até foi bom, com a equipa a jogar rápido e ao ataque, explorando bem os flancos e causando dificuldades à Académica.

Só que de uma forma um tanto ou quanto imprevisível foi a Académica quem marcou, cerca dos vinte e cinco minutos de jogo, quando após um livre cruzado para a área a nossa defesa não conseguiu aliviar a bola, e esta acabou nos pés do Lito que fez golo. Quando vi o lance e a asneira do nosso defesa que na tentativa de alívio colocou a bola nos pés do adversário pensei para mim mesmo: "Não me digam que foi 'ele'... não, não deve ter sido, aquilo foi mais para a esquerda, até é capaz de ter sido o Léo... pronto, ele também tem direito a falhar às vezes". Mas no meu consciente eu sabia que o mais provável era que o autor da fífia fosse outro. Assim que vi a repetição, vi logo que afinal tinha sido mesmo 'ele'... era o Luís Filipe. Mas o Benfica não acusou o golo, e reagiu bem. Logo a seguir estivemos muito perto de empatar, quando o Di María acertou na barra da baliza da Académica (este tipo tem uma pontaria para a barra que é qualquer coisa incrível) e depois a recarga do Nuno gomes foi bem defendida pelo guarda-redes adversário. Não marcámos nesse lance, mas cinco minutos depois marcámos mesmo. Um livre assinalado à entrada da área por falta sobe o Di María foi transformado com 'os toquezinhos cretinos' do costume (eu quando vi três jogadores nossos à volta da bola já estava a começar a resmungar), mas desta vez o Rui Costa (também com mérito na acção do Nuno Gomes na barreira, que se baixou para a bola passar) com um remate rasteiro a tornear a barreira colocou a bola no fundo da baliza. O empate acabou por colocar um pouco mais de calma no jogo (que foi sempre disputado de forma aberta, e a um ritmo elevado), e manteve-se até ao intervalo sem grandes sobressaltos.

A segunda parte não se iniciou muito bem para as nossas cores. A qualidade do nosso futebol deixava algo a desejar, e só mesmo quando o Rui Costa pegava na bola no centro e tentava organizar o jogo é que produzíamos algo. Ao fim de um quarto de hora, durante o qual produzimos apenas um par de jogadas de perigo (passe do Di María para o Léo com este a centrar mal, e um passe do Rui Costa a isolar o Di María, que para variar acertou na barra, mas foi assinalado fora-de-jogo nessa jogada), entraram quase de seguida o Petit para o lugar do Katsouranis (creio que com esta substituição o grego deixou de ser totalista) e o Adu para o lugar do Nuno Gomes. O Adu foi encostar-se à direita, permitindo assim que o Rui Costa se fixasse no centro, com maior liberdade de movimentos. Só que o pendor do jogo não se alterou. O treinador da académica apostou bem num povoamento da zona central à frente da sua defesa, e o Benfica nas suas jogadas de ataque abusava nas tentativas de trocar a bola entre os seus jogadores nessa zona, o que inevitavelmente conduzia a uma perda da mesma.

Mas com o Camacho já sabemos que os jogos são mesmo até ao fim, por isso, mesmo quando as coisas não estão famosas, há sempre aquela secreta esperança que surja o golo nessa altura. Parece-me que à força de isso acontecer tantas vezes a própria equipa do Benfica sobre de produção nessa altura, enquanto que os adversários também começam a temer um pouco esses minutos finais. A verdade é que uma asneirada do Ricardo, que saiu mal a um lançamento lateral do Binya (é melhor verificarem bem se o lançamento foi bem assinalado, não vá o ladrão do árbitro estar a querer beneficiar-nos descaradamente ao assinalar um lançamento a nosso favor), acabou por proporcionar um golo de calcanhar ao Luisão, quando faltavam três minutos para o final. O 'feitiço' voltava a fazer efeito. E com a Académica completamente desconjuntada a partir do golo, e os espaços que deixava na defesa, nos últimos segundos de jogo um bom trabalho do Cardozo a segurar a bola e a soltá-la para o Adu (esteve discreto encostado à direita, mas como começa a ser hábito é decisivo quando aparece) à entrada da área permitiu o remate pronto deste, que foi desviado para o poste pelo guarda-redes, mas acabando a bola por entrar devido ao efeito que levava. Agora até já nos damos ao luxo de marcar mais do que um golo nos minutos finais.

Gostei muito de ver o David Luíz de regresso. Jogou como se não tivesse estado ausente da equipa há meses. É um defesa que admiro cada vez mais, não só pela qualidade de jogo mas também pela atitude de liderança que tem dentro do campo. Nem parece que ainda só tem vinte anos. Bem também esteve o Luisão, que aos poucos vai voltando à forma a que nos habituou. E claro, o Rui Costa continua a ser uma peça muito importante na equipa. Quando ele fica 'escondido' do jogo nota-se logo alguma escassez de ideias na contrução de jogo. Também foi muito agradável ver o regresso do nosso Petit após dois meses de ausência. Não é que tenha dado particularmente nas vistas durante a meia-hora que jogou, mas foi importante vê-lo de regresso. Quanto ao mais negativo, eu não gosto de fazer isto, mas é impossível não mencionar o Luís Filipe. Principalmente pela inenarrável primeira parte que fez. As asneiras foram tantas que aquilo chegou ao ponto de eu já não saber se havia de rir ou chorar. Felizmente para nós ele equilibrou-se um bocado ao intervalo, e a segunda parte já não foi o mesmo martírio.

A nossa equipa parece neste momento ter entrado naquele ritmo de cruzeiro a que o Camacho nos habituou na sua anterior passagem. Uma atitude muito positiva, espírito lutador, muito boa condição física, simplicidade de processos e, o mais importante, mal ou bem os jogos acabam por ser ganhos. Isto pode resumir-se simplesmente a uma palavra: competência. A obrigação desta noite foi cumprida, e agora é tempo de preparar os dois jogos decisivos que se aproximam.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Lindo

Esta foi a maior alegria que tive nesta noite de futebol. Depois da forma ignóbil como os ingleses, e em particular os seus meios de comunicação, trataram o melhor seleccionador que a Inglaterra teve nas últimas décadas, confesso que passei a maior parte do tempo a acompanhar e a vibrar com a vitória dos croatas em Wembley, enquanto a nossa selecção se ia arrastando pela RTP.

P.S.- Sim, Portugal também conseguiu a qualificação esta noite, o que obviamente me agradou.Mas não fez mais do que a sua obrigação, e a única surpresa acabou mesmo por ser a forma quase medíocre como essa qualificação foi conseguida: nem uma vitória contra os seus concorrentes mais directos.

sábado, novembro 17, 2007

Exemplos

Num jogo marcado por regressos - Moreira, Mantorras, David Luíz (jogou os noventa minutos) - e estreias de jovens da formação - Ruben Lima, André Carvalhas e David Simão - o Benfica venceu o Nacional da Madeira, na festa de inauguração do complexo desportivo dos madeirenses, por 1-0, graças a um golo do Yu Dabao ao 86 minutos. Parece que até em nos jogos amigáveis a equipa luta até ao fim pela vitória :)

Entretanto a UEFA lá divulgou o castigo para o Binya, pela sua expulsão no jogo contra o Celtic, e o camaronês viu-se contemplado com seis jogos na bancada. Eu não gostei nada da entrada do Binya, tal como disse na altura, mas a quantidade de virgens ofendidas que vimos aparecerem em público a brindarem-nos com a sua indignação face ao lance começou logo a irritar-me, sobretudo tendo em conta a tolerância e até mesmo bonomia com que essas pessoas normalmente encaram lances brutais perpetrados por jogadores de outros clubes. Face ao castigo agora divulgado, não posso deixar de pensar que se calhar o Camacho tinha razão quando disse que era muito fácil fazerem do Binya um exemplo, já que ele não é nenhum nome sonante no mundo do futebol. É que, a título de comparação, lembro-me muitíssimo bem de um lance há uns anos na mesma Champions League em que o Zidane, na altura na Juventus, agrediu à cabeçada o jogador Jochen Kientz, do HSV, tendo-lhe causado um traumatismo e partindo-lhe o maxilar, o que o afastou da competição durante bastante tempo (lembro-me sobretudo da imagem do alemão a sair de campo enquanto o sangue lhe escorria profusamente do nariz). O castigo nessa ocasião? Cinco jogos de suspensão.

domingo, novembro 11, 2007

Juros

Bem, depois de um resultado destes até é fácil escrever sobre o jogo. Mas sinceramente, a minha opinião até é a de que o Benfica já conseguiu jogar melhor do que hoje, e o resultado final nem se aproximou do desta noite. Cinco golos na meia-hora final acabaram por selar uma vitória perfeitamente justa, mas por números exagerados. Conforme dizia muita gente no final, entraram este ano as bolas que deveriam ter entrado o ano passado. Foi pagamento com juros.


De regresso ao 4-4-2, o Benfica entrou no jogo com uma toada bastante calma. Tão calma, aliás, que me pareceu que o próprio Boavista ficou surpreendido, e em vez de se remeter completamente à defesa, acabou por relaxar também, e defender até de uma forma muito anómala para aquilo que é costume nas equipas do Jaime Pacheco, com as marcações a serem feitas à zona e com pouca pressão sobre os nossos jogadores nas imediações da área (já a parte da violência gratuita, essa andou por lá). Foi também uma surpresa que não tivesse sido dada atenção especial ao Rui Costa, pelo que, gozando de uma liberdade pouco usual, ele acabou por fazer uma boa exibição e organizar muito do nosso jogo de ataque. Após um bom entendimento entre o Nuno Gomes e o Rui Costa, ficando este em condições de rematar, ele preferiu oferecer o golo ao Cardozo, que não perdoou e colocou-nos em vantagem pouco antes dos vinte minutos de jogo. Este golo pouco ou nada alterou na tendência da partida. O futebol continuou a jogar-se a um ritmo pausado, e aberto de parte a parte. Embora fosse o Benfica quem mais atacava, a verdade é que também não parecia improvável que o Boavista conseguisse chegar ao golo, já que conseguia fazer boas jogadas de contra-ataque e rematar com perigo. A vantagem mínima ao intervalo justificava-se, mas um eventual empate também não seria injusto.

O Benfica pareceu entrar na segunda parte disposto a colocar um pouco mais de velocidade no jogo. Numa das melhores jogadas até então, uma boa combinação entre o Luís Filipe e o Maxi Pereira acabou com um centro deste para o primeiro poste, onde o Nuno Gomes em salto de peixe deu a ilusão de ter feito o segundo golo. Pouco depois, uma entrada escusada do Zé Kalanga sobre o Léo valeu-lhe o segundo amarelo e consequente vermelho por acumulação (depois da brilhante actuação o ano passado na Luz pelo Dínamo de Bucareste, pelos vistos resolveu voltar a dar nas vistas). Com a vantagem numérica e no marcador, parecia que iríamos ter a oportunidade de vivermos uma noite descansada na Luz. Mas não: num contra-ataque conduzido pelo Mateus pelo lado esquerdo, ele bateu com toda a facilidade o Luís Filipe em velocidade, centrando depois atrasado para o Jorge Ribeiro, com muita calma, repor a igualdade. Reduzido a dez, com apenas dois jogadores o Boavista fora capaz de voltar a igualar o jogo. Acabou por ser o maior erro deles.

E foi-o porque a reacção do Benfica foi fulminante. De alguma forma, pareceu que o golo sofrido fez com que o Benfica acordasse e decidisse finalmente colocar velocidade no futebol jogado, oferecendo-nos na meia-hora final um autêntico vendaval ofensivo ao qual o Boavista não foi capaz de resistir. Claro que foi uma grande ajuda o facto de praticamente nem termos tido tempo de ficar nervosos com o empate, porque seis minutos depois já vencíamos por dois golos de diferença. Primeiro uma incursão do Léo pela esquerda terminou com uma assistência para a entrada do Maxi Pereira, marcando assim o seu primeiro golo ao serviço do Benfica. Logo a seguir, uma jogada confusa na área resultou num ressalto de bola para o Rodríguez, com este a finalizar de cabeça. A lição do golo sofrido deve ter pesado na cabeça dos jogadores, que mesmo assim não abrandaram, e num lance de alguma felicidade chegámos ao quarto golo, a cerca de dez minutos do final. Aproveitando uma escorregadela do Katsouranis o Boavista enviou a bola ao poste; na resposta o Di María rematou cruzado, e o Ricardo Silva fez autogolo. E foi uma espécie de justiça divina, já que minutos antes, com uma entrada brutal, este mesmo Ricardo Silva (é escusado perguntar-se qual é a 'escola' do rapaz, já é sobejamente conhecida) encarregou-se de atirar com o Cardozo para fora do jogo.

Motivados, e com o Rui Costa a fazer o jogo girar à sua volta, o Benfica continuou a pressionar, e um penalti convertido pelo Nuno Gomes (a castigar uma falta sobre si) deu o quinto golo quando faltavam cinco minutos para terminar o jogo. Hoje era dia para compensar a falta de sorte noutros jogos, e das bolas entrarem. Por isso o sexto golo, a um minuto do fim, não surpreendeu, já que nesta altura o Benfica ameaçava marcar em cada ataque que fazia. Uma insistência na sequência de um canto levou a bola do Luisão para o Rodríguez, que centrou para o interior da pequena área onde o Nuno Gomes finalizou de forma acrobática. E ainda nos descontos, poderíamos ter chegado ao sétimo golo. Mais uma insistência do Rodríguez, a pressionar os defesas contrários, resultou num penalti cometido sobre si (o árbitro deve ter tido pena do Boavista, pois só isso justifica que não tenha expulso o guarda-redes Jehle). Chamado à conversão, para ver se conseguia finalmente afastar a malapata, nem assim o Bergessio conseguiu marcar, chegando assim o final do jogo com 6-1 no marcador.

Tendo-lhe sido dada tanta liberdade, o Rui Costa fez aquilo que se esperaria, e assinou uma grande exibição, tendo sido justamente ovacionado perto do final, aquando da sua substituição. O Katsouranis (apesar daquela escorregadela) continua a mostrar que é, neste momento, o nosso melhor defesa. Como sempre, bom jogo do Léo, sobretudo na segunda parte. O Binya parece ter finalmente aberto os olhos com a expulsão em Glasgow, e hoje foi um jogador muito mais comedido: nem sei se terá cometido alguma falta durante os noventa minutos. Mas para mim absolutamente fantástico foi mesmo o Rodríguez. Não sei se ele é sempre assim, mas neste momento ele parece estar num plano superior aos colegas, porque joga a uma velocidade difícil de acompanhar. Tem uma garra e entrega ao jogo inexcedíveis, às quais junta uma capacidade técnica acima do normal. Após a entrada do Di María passou para a direita e pareceu render ainda mais desse lado. É sem dúvida, e até esta altura, a melhor contratação do Benfica para esta época. Vou mencionar ainda o Cardozo, porque gostei do jogo que fez até ser atirado para fora do campo. Aliás, em relação ao Cardozo tenho notado que parece que existe uma regra qualquer que diz que tudo é permitido aos defesas que o marcam. Ele é empurrões, encavalitarem-se nas costas dele, puxões, braços em cima dos ombros, e a tudo os árbitros fecham os olhos. Ele durante o jogo vai-se queixando, mas pouco ou nenhum efeito surte. A entrada que o lesionou (em que, recorde-se, nem sequer foi assinalada falta) nem pode ser considerada uma surpresa: é que durante o jogo ele já tinha sofrido pelo menos duas quase iguais. Mas depois é fácil dizer-se que ele é uma desilusão, ou que não consegue ganhar bolas aos defesas. Enfim, nada a que não estejamos já habituados. Quanto à parte negativa, podia sempre bater no patinho feio do costume, mas depois de ganharmos por 6-1 acho que até fica mal estar a criticar algum jogador.

Foi como o Camacho disse no lançamento deste jogo: se o Benfica começasse a marcar as oportunidades que constrói, marcaria sete ou oito golos por jogo. Hoje foi um desses dias, e assim vamos para a pausa do campeonato com a motivação em alta.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Jantar - Parte VI

Bem, já estava a chegar a altura. É normalmente em Novembro que costumamos fazer um jantar da blogosfera benfiquista, e este ano não será excepção. Ficou marcado para o dia 17 de Novembro, às 20h, no sítio do costume (eu sei que é um bocado em cima da hora, mas desta vez desleixámo-nos um pouco na organização). Portanto, se quiserem aproveitar para mais uma noite de conversa animada sobre o Benfica, ou para continuarmos com a organização da nossa lista de candidatura à direcção do SLB (eu, o Gwaihir e o tma vamos lá estar), é só inscreverem-se enviando uma nota para tertuliabenfiquista@gmail.com.

terça-feira, novembro 06, 2007

Frustração

Foi um daqueles jogos que me deixam pior que estragado. Porque a vitória pareceu sempre estar ali tão ao nosso alcance. E no final fica a sensação que se calhar o único motivo pelo qual perdemos acabou por ser falta de sorte, porque o Benfica fez esta noite, e em particular na primeira parte, uma exibição que não merecia a derrota.


Foi até surpreendente a forma como entrámos no jogo. Com um meio-campo reforçado devido à subida do Katsouranis (entrou o Edcarlos para a defesa), foi nessa zona que conseguimos ter uma supremacia que eu não esperava. Mantendo a bola junto ao chão, e trocando-a em passes curtos e ao primeiro toque, o Celtic ficou praticamente a ver-nos jogar durante o primeiro quarto-de-hora. Quase sempre com o Rui Costa em destaque, inventando passes e assumindo-se como um verdadeiro maestro, as oportunidades de golo foram surgindo, e o suposto inferno do Celtic Park mal dava sinal de si. Passados esses primeiros quinze minutos, o Celtic pareceu finalmente acordar, e durante cerca de dez minutos conseguiu ter o seu melhor período no jogo, pressionando-nos e rematando várias vezes à baliza, com o Quim a corresponder sempre bem. Mas findo esse período reestabeleceu-se o equilíbrio, já que o Celtic parecia mostrar algum receio do Benfica, e portanto não se viam grandes dificuldades para controlarmos o jogo e, pelo menos, manter o empate, que matematicamente já não seria um mau resultado. Infelizmente, mesmo em cima do intervalo, surgiu o momento de pouca sorte, com o golo dos escoceses a aparecer às três tabelas (autoria do McGeady, o único jogador que eu realmente respeito naquela equipa), dando-lhes uma vantagem que eu já não pensava que conseguiriam alcançar. Pouco antes disso, deu para ter um ataque de fúria devido a, mais uma vez, o Benfica ter tido um livre perigosíssimo a seu favor, e mais uma vez os jogadores optarem pela idiotice de darem toquezinhos para o lado em vez de rematarem directo à baliza. Claro que sempre que fazem isso acabam por rematar já com um adversário em cima, com o resultado previsível.


A segunda parte foi pior do que a primeira. O Celtic, graças à vantagem no marcador, teve uma atitude muito mais expectante, tentando explorar o contra-ataque sempre que o Benfica se balanceava mais para a frente. O Benfica raramente conseguiu a mesma qualidade de jogo da primeira parte. Começámos a recorrer mais aos passes longos e a bolas pelo ar (de certeza que os escoceses agradeceram), e foram muito menos as vezes que conseguimos criar perigo. Ainda assim estivemos muito perto de marcar, quando um 'cabeceamento' do Cardozo passou muito próximo do poste. Na fase final do jogo o Camacho resolveu apostar em dois avançados, retirando o Cardozo e o Rui Costa. É verdade que o Rui Costa já estava em nítida desaceleração nessa fase, mas depois da sua saída o nosso jogo perdeu ainda mais racionalidade, aumentando muito a quantidade de passes falhados ou sem nexo.


Se ainda alimentávamos alguma esperança para os cinco minutos finais do jogo, o Binya encarregou-se de destruí-las. Eu já disse várias vezes que durante um jogo estou sempre à espera que ele consiga ser expulso, e desta vez confirmou os meus receios. Uma entrada verdadeiramente animal valeu-lhe, muito justamente, um vermelho directo. Senti-me envergonhado com aquele lance. Não me identifico com atitudes daquelas, e espero que ele seja exemplarmente punido pela UEFA. E já agora, acrescento eu, também não ficaria nada mal ao Benfica castigá-lo. Nos poucos minutos que se seguiram até final, e mesmo apesar de estarmos reduzidos a dez, o Celtic dedicou-se a assegurar-se que não se conseguiria jogar mais à bola, segurando uma vitória preciosa.


Melhores do Benfica para mim o Quim, Luisão, Léo e Rui Costa, sobretudo pela primeira parte que fez. Fiquei desiludido com o Rodríguez, de quem esperava muito mais neste jogo, tendo em conta o que tem feito ultimamente. Desilusão também pelo Binya: nem sequer quero saber o que é que ele fez durante o jogo, se jogou bem ou mal, porque aquele lance fica marcado. Há uma diferença clara entre agressividade e violência, e parece que o Binya ainda anda com dificuldades em perceber isso.


Matematicamente ainda é possível o apuramento, mas acho que é mais realista começarmos a pensar no terceiro lugar. Que, ainda assim, será bastante difícil de alcançar, tendo em conta os jogos que nos faltam. Hoje fiquei frustrado com uma derrota frente a uma equipa que nunca me convenceu ser-nos superior, mas que acabou por ter a sorte do jogo.

domingo, novembro 04, 2007

Até ao fim

Mais uma vitória sofrida, obtida ao cair do pano, com uma exibição que mais uma vez acabou por compensar com garra e vontade o que por vezes chegou a faltar em qualidade e discernimento.


Desta vez, ao contrário do que é habitual, vi o jogo em casa de amigos, pelo que acabei por não conseguir prestar-lhe tanta atenção, mas pelo menos deixo aquilo que foi a impressão que me ficou do jogo. No regresso dos titulares após o descalabro da Taça da Liga, o Benfica apresentou em Paços uma equipa que foi sobretudo equilibrada. Cada jogador no seu lugar natural, não havendo essas coisas de Di María à direita, Maxi no centro, etc. A única excepção terá sido o Katsouranis, que actuou no centro da defesa, mas conforme já disse antes, sinto-me muito mais seguro com ele nessa posição, já que o Edcarlos ainda não me conseguiu convencer. E vi esta equipa ter um início de jogo que me surpreendeu, pois foi bastante forte. Lançámo-nos no ataque desde o primeiro minuto, encostando o Paços junto à sua área, sendo que o adversário raramente conseguia passar do meio-campo. Esta pressão culminou com o golo à passagem dos vinte minutos, num cabeceamento do Rodríguez (agora ele também sabe jogar de cabeça... este tipo está a revelar-se uma autêntica caixinha de surpresas, e quase sempre agradáveis) após um livre do Rui Costa na esquerda do nosso ataque.

Reagiu bem o Paços ao nosso golo, e não demorou muito a empatar. Antes da meia-hora já o resultado estava em 1-1, após um lance em que a nossa defesa se revelou muito permissiva: primeiro na forma como o Cristiano ganha sobre o Nuno Assis e fica completamente à vontade sobre a direita; depois na maneira como o jogador do Paços aparece quase à vontade à entrada da pequena área a empurrar o cruzamento para a baliza. O Benfica também reagiu ao golo, e voltou a ganhar um ligeira ascendente, embora sem voltar a conseguir a mesma supremacia dos primeiros minutos. Além disso o Paços conseguia agora lançar contra-ataques bastante perigosos, pelo que a incerteza no resultado foi ficando até ao intervalo. Quando este chegou, o resultado parecia-me ajustado para o que vi, embora me sentisse triste por termos conseguido o mais difícil, que era chegar à vantagem, para depois termos permitido de uma forma aparentemente tão fácil que o adversário pegasse num jogo que controlávamos quase completamente até ao golo, e consequentemente chegasse ao empate.

A segunda parte pareceu-me bastante mais mal jogada. O jogo mantinha-se num tom parecido ao dos minutos finais da primeira parte, com o Benfica a ter algum ascendente mas com o Paços a contra-atacar bem e a ameaçar conseguir chegar ao golo. O Camacho foi mexendo na equipa, entrando o Nuno Gomes primeiro, e depois o Di María para os lugares do Maxi e do Nuno Assis, respectivamente, mas em termos tácticos não me pareceu que o Benfica tirasse grande partido disso. Durante esse período do jogo a sensação que me ficou foi qu o Benfica era uma equipa quase partida em dois, com um espaço enorme entre o ataque e a defesa, no em que o Binya era o único que tentava fazer a ligação entre os dois sectores. E claro, todo este espaço proporcionava ao adversário oportunidades para o contra-ataque. As coisas não me pareciam promissoras, e o empate ia-se tornando o resultado mais provável. No banco, para os últimos minutos o nosso treinador decidia-se pela troca do Cardozo pelo Adu, adiantando o Nuno Gomes. Mas já temos que começar a habituar-nos: este ano os jogos são para ver até ao fim. Quando vi o relógio nos 85 minutos, e o Rui Costa a preparar-se para marcar um livre, comentei para o Harry Lime, que via o jogo comigo na altura: "Faltam cinco minutos. Está na hora do Benfica marcar". Segundos depois a bola centrada pelo Rui Costa foi cabeceada pelo Rodríguez (outra vez?), defendida a custo pelo guarda-redes do Paços, e na recarga apareceu o Katsouranis a marcar (o que teve o efeito de fazer com que o Harry não quisesse ver o resto do jogo ;)) Fico sempre muito contente quando o Katsouranis marca, porque é um jogador por quem tenho muita admiração (e não, não vou cometer o erro de afirmar que ele é o meu jogador preferido, não caio outra vez nessa), e ainda mais quando o golo pode significar uma vitória quase certa, e uma aproximação ao primeiro lugar. Apesar do pouco tempo que faltava, até final ainda se passou muita coisa: deu para apanhar um grande susto, quando na sequência de um canto o Paços levou a bola à barra da nossa baliza, deu para um jogador do Paços ser expulso após uma placagem ao Nuno Gomes, e deu para falharmos uma oportunidade flagrante quando o Nuno Gomes resolveu não rematar logo para o golo e em vez disso esperar uma eternidade até que o Rui Costa lá chegasse, sendo o remate dele cortado para canto.

Se escolhesse o nosso melhor jogador, então seria o Rodríguez. Foi sempre dos jogadores mais esclarecidos, marcou um golo, e esteve no outro. Hoje até revelou a faceta de cabeceador, que lhe desconhecia. Voltei também a gostar do trabalho do Binya no meio-campo. Quanto ao que menos gostei, foi da permeabilidade do nosso lado direito. Foi quase sempre por aí que o Paços criou maior perigo.

Foi preciso voltar o Camacho para que voltássemos a vencer na Mata Real. Não fomos brilhantes, mas mais uma vez a equipa voltou a mostrar inconformismo e vontade de vencer, sendo recompensada por esse esforço com uma vitória num campo difícil. A aproximação ao primeiro lugar foi pequena, mas pelo menos sabemos que por agora estamos apenas dependentes de nós mesmos. Espero que isto possa servir de incentivo para o futuro.

P.S.- É como costumo dizer: contra o Benfica todos gostam de se vir queixar da arbitragem para justificar as derrotas. Deve ser a frustração de se ver a oportunidade para os quinze minutos de fama anuais que poderiam advir de uma vitória sobre nós escapar-se por entre os dedos. Fiquei triste por o José Mota, um treinador por quem tenho algum respeito, vir dizer que o nosso segundo golo surgiu na sequência de uma falta que não terá existido. Isto da visão selectiva tem que se lhe diga. No minuto imediatamente anterior ao nosso golo vi uma falta que não existiu ser marcada sobre a linha da área quando um jogador do Paços se atirou literalmente para cima do Binya. Esse livre era potencialmente muito mais perigoso do que o nosso livre. O Paços falhou. O Benfica marcou. O futebol é isto, mas quando se tem mau perder é muito fácil acusar o árbitro de favorecer o adversário. E contra o Benfica, infelizmente, todos parecem ter mau perder (e alguns têm ainda pior ganhar).

quinta-feira, novembro 01, 2007

Natural

Uma derrota perfeitamente natural, tendo em conta a segunda parte hedionda que fizemos, e estamos fora da Taça da Liga.

Não vale muito a pena estar a aprofundar muito o tema. Apresentámos uma equipa muito diferente do habitual, e mais uma vez foi dada a oportunidade a vários jogadores de mostrarem que podem ser opções válidas no plantel. Infelizmente, mais uma vez muitos deles mostraram não querer ou não saber aproveitar essa oportunidade. Na equipa de hoje, ainda, o toque de excentricidade ao vermos o Edcarlos alinhar no meio campo ao lado do Binya. Não sei qual seria a intenção do Camacho, mas como é óbvio a contribuição dele na construção de jogo foi praticamente nula. Após um início de jogo péssimo, em que o Setúbal foi dono e senhor do jogo, só por volta dos vinte e cinco minutos é que o Benfica se decidiu a jogar futebol. E daí até ao intervalo passou a ter o controlo das operações. Esta supremacia acabou por ser recompensada com um golo já em período de descontos, obtido pelo Freddy Adu na transformação de um penalti.

Na segunda parte, nada. A equipa resolveu descansar sobre a vantagem obtida, e pura e simplesmente desistiu de jogar, esperando que o tempo passasse. O problema é que com a defesa que o Benfica apresentou hoje, é um disparate apostar-se em defender um resultado. Por isso era só mesmo uma questão de esperar para ver quando é que surgiria o golo do empate. A única diversão era mesmo ver o espectáculo 'à Raymond Domenech' que a besta do Carvalhal ia dando na linha lateral, enquanto os seus jogadores iam caindo sucessivamente dentro da área. Por falar em bestas, foi graças ao Zoro que o Setúbal empatou. Primeiro entraram pelo lado esquerdo da nossa defesa sem qualquer dificuldade, depois, apesar de termos sido salvos em primeira instância por uma defesa milagrosa do Butt, o Zoro resolveu amortecer a bola de cabeça para o remate do avançado sadino. Mesmo o golo do empate não serviu para acordar a equipa. Se calhar estavam à espera de resolver as coisas nos penaltis. Por isso não admirou que levássemos o segundo golo, pelo centro da defesa, e num lance em que o Edinho fugiu à marcação (do Zoro) e rematou cruzado. Daí até final já nem valia a pena ver o resto, porque a jogar daquela maneira era impossível que marcássemos.

Hoje foi quase tudo mau, mas a defesa esteve em particular destaque. Os dois laterais mais o Zoro praticamente não deram uma para a caixa (como é possível que um jogador como o Miguelito tenha regredido tanto - acho que 90% dos passes que fez foram directamente para fora, ou para os pés de um adversário). O único que se salvou na defesa foi mesmo o Luisão. E quanto ao resto da equipa, apenas um jogador pareceu levar o jogo a sério, e jogou da forma habitual - Binya. De resto, uma tristeza.

Adeus à Taça da Liga, e digo-o sinceramente: não me deixou quaisquer saudades.