segunda-feira, janeiro 26, 2009

O iscrétchi-dji-tôdos-nóis

Heróis du má, nôbri pôvu
Náção valêntchi, imurtáu
Lêvantái hôji dji nôvu
O isplendô dji Purtugáu

Entri ais bruma dá mêmóriá
Ô Pátriá sentchi-si à vóis
Dus teu êgrégius avóis
Qui à dji guiar-tchi à vitóriá

Às ááármá, às ááármá
Sôbri à terrá, sôbri u máá
Às ááárma, às ááárma
Pêlá Pátriáá lutáá

Contrá us canhão
Márchá, márchááá

Com Deco, Pepe, Liedson, Paulo Assunção e os que vierem a seguir (sugiro o Tiuí). Força Queirósz!

sábado, janeiro 24, 2009

PlayStation

Terminou há momentos o jogo entre os andrades e a sua equipa C, com a vitória do clube visitante por dois a zero. O primeiro golo foi precedido de fora-de-jogo, tendo ainda os bracarenses reclamado pelo menos duas grandes penalidades durante os noventa minutos (uma por falta sobre Alan, outra por mão do Guarín). Declarações de Jorge Jesus:

"Já vi o lance e o jogador estava fora de jogo. Este primeiro golo teve muita influência no desenrolar da partida, pois o Porto, com a sua experiência e a qualidade dos seus jogadores, soube controlar o resultado e o tempo de jogo. Com o Braga à procura do 2-1, o encontro foi mais dividido na segunda parte. Houve neste período uma mão de um jogador [Guarín] do Porto na grande área. Estas decisões foram fundamentais porque provocaram alterações táticas nas duas equipas"

Não percebo. E a PlayStation? E o maior escândalo dos últimos vinte anos, o Calabote, o espumar pela boca, e o raio que o parta? Gosto sobretudo da forma cordata e evoluída como o Jesus considera que 'as decisões foram fundamentais porque provocaram alterações tácticas nas duas equipas'. Lindo. É mesmo o melhor e mais belo eufemismo que já ouvi para 'fomos prejudicados'. Enternecedora também a bajulação à 'experiência e qualidade' dos jogadores da andradagem. Do chihuahua, até agora nem um ganido. E o autarca paladino da verdade desportiva, parece estar ausente em parte incerta (presume-se que a festejar a vitória do seu clube, na companhia do chihuahua). Aguarda-se também para breve o desfilar da indignação da horda do sapato de vela e pólo Quebra-Mar pelas costas.

P.S.- Afinal, o chihuahuafalou. Louve-se-lhe a coerência.

¿Por que no te callas?

Desinspiração

Esta é mais uma daquelas ocasiões em que, muito sinceramente, é muito pouca a vontade que tenho de estar agora aqui, em frente ao computador, a escrever sobre um jogo que mais me apetecia esquecer. Isto porque a irritação que o resultado final me causou é bastante. E se queremos procurar os maiores responsáveis pelo nulo, só podemos olhar para nós próprios, já que nos faltou inteligência e discernimento no ataque para conseguirmos chegar ao golo. A desinspiração ofensiva dos nossos jogadores é preocupante.

O Benfica apresentou o onze previsível, sem qualquer surpresa. Apesar do mau tempo e da chuva que teimou em cair durante quase toda a partida (acho que ainda não sequei completamente), o jogo iniciou-se a um ritmo agradável, bastante rápido e com as duas equipas interessadas em atacar. Melhor o Benfica nestes primeiros minutos, a criar duas grandes oportunidades pelo Aimar, mas o argentino parece estar embruxado e não há maneira de acertar com a baliza. No entanto, com o passar do tempo, o Belenenses foi-se encolhendo, mostrando claramente que o empate era um resultado do seu agrado. Por outro lado, o relvado foi ficando cada vez mais pesado, e estes dois factores conjugados acabaram por fazer a qualidade do jogo (não a intensidade) cair. Uma coisa que logo na primeira parte fui notando, e que me desagradou de sobremaneira durante o resto do jogo, foi o mau acerto no passe por parte dos nossos jogadores. Em mais do que uma ocasião, houve a oportunidade de sair no contra-ataque e criar perigo, sendo no entanto as jogadas estragadas devido a um mau passe, invariavelmente feito para os pés de um adversário. Mais dois lances de realce para o Benfica: um cabeceamento do Aimar por cima, e um livre do Suazo na sequência do qual o Rúben Amorim chegou ligeiramente atrasado para a recarga. Nos minutos finais do primeiro tempo, o Belenenses cresceu um pouco, mas sem ameaçar seriamente a nossa baliza, chegando o intervalo com um nulo no marcador que, na altura, já me começava a parecer que seria difícil alterar.

A segunda parte praticamente iniciou-se com a melhor oportunidade do Benfica no jogo. Nela o Suazo, isolado na cara do guarda-redes, optou por não rematar e tentar em vez disso ultrapassá-lo. Alargou demasiado a finta e depois acabou por estatelar-se de uma forma tão patética que ao árbitro não restou outra opção senão amarelá-lo. Até acredito que ele possa ter sido tocado pelo guarda-redes, mas se o foi, então deveria ter caído na altura, e não três ou quatro passos depois, porque assim deixou mesmo a ideia de ter sido uma simulação. Logo a seguir, mais uma boa oportunidade para o Benfica, desta vez numa incursão do Maxi Pereira, que terminou com um remate que foi correspondido com a defesa mais difícil do guarda-redes do Belenenses no jogo. O Benfica, durante esta segunda parte, foi claramente a equipa que mandou no jogo. No entanto, conforme disse no início, faltou muita inteligência e alguma calma no ataque para chegarmos ao golo (com o Suazo em particular destaque no capítulo da falta de inteligência). Fomos, durante este período, a única equipa em campo que mostrava vontade de vencer o jogo, enquanto que o Belenenses se ia mostrando cada vez mais interessado no empate. Neste particular aspecto, até houve uma situação bastante ridícula, exemplificativa desta atitude. Com apenas dez minutos decorridos desta segunda parte, o Belenenses faz a primeira substituição. Assim que foi levantada a placa com o número do jogador que iria ser substituído, o jogador em questão, que ia caminhando normalmente, foi como que fulminado por uma trombose múltipla, estatelando-se no relvado, e só dali saindo em maca (assim que chegou cá fora comportou-se como um verdadeiro Lázaro).

As substituições trouxeram-nos o Reyes, Nuno Gomes e Carlos Martins, por troca com o Rúben Amorim, Aimar e Di María (este, a deitar os bofes pela boca, pediu mesmo a substituição, porque eu vi-o fazer sinal ao banco). Pouco alteraram no cariz do jogo, mas eu confesso que fiquei irritado por, mais uma vez, não termos recorrido ao Cardozo. A mim, que pouco percebo disto, parecia-me que, com o terreno nas condições em que estava, e com a bola escorregadia, o Cardozo e a sua capacidade de remate poder-nos-iam ser muito úteis - e ainda foram alguns os livres de que beneficiámos a uma distância da baliza com a qual o pé esquerdo do Cardozo não se assustaria. Infelizmente o Quique não parece morrer de amores pelo paraguaio, e assim se manteve ele sentado no banco. A pouco menos de dez minutos do final, o Miguel Vítor cometeu um (raro) erro, que lhe valeu o segundo amarelo e consequente expulsão. Isto acabou por provocar a maior explosão de alegria e manifestação de orgulho belenense em toda a partida. Mas, mesmo em superioridade numérica, será que o Belenenses resolveu arriscar um pouco mais no ataque? Nem pensar. Dedicaram-se apenas, durante alguns minutos, a atirarem-se para o chão dentro da nossa área, depressa regressando ao afã de segurar o empate, ao ponto de verem um jogador admoestado por demorar demasiado tempo a executar um lançamento lateral. O Benfica, honra seja feita aos jogadores, continuou sempre a insistir mas, utilizando um jargão da bola, sempre mais com o coração do que com a cabeça, por isso foi natural que o nulo se arrastasse até ao final.

Não quero falar muito da arbitragem. Considero o Elmano Santos um árbitro não muito exímio na arte de apitar. Tem, em particular, um critério disciplinar deveras bizarro e aleatório, que torna quase impossível prever se um determinado lance vai ou não ser merecedor de punição (por exemplo, fiquei com a nítida sensação de que os jogadores do Belenenses bateram muito mais nos nossos do que o contrário; no entanto nós acabámos o jogo com tantos cartões como eles, e ainda reduzidos a dez). Mas não me custa admitir que hoje ele não deve ter tido uma tarefa nada fácil. Com o relvado no estado em que estava, os jogadores pouco fizeram para o ajudar. Abusaram das entradas no limite e, para piorar as coisas, não foram raras as vezes em que optaram por simulações. Não vi ainda qualquer resumo do jogo, e por isso não faço ideia se ele errou muito ou não. Mas, seguramente, ele tinha obrigação de ter visto a falta descarada que o Suazo, ainda na primeira parte, sofreu praticamente sobre a linha da grande área. Se não viu, devia ter visto. Se viu, então faltou-lhe coragem para apitar.

Os dois centrais do Benfica portaram-se bem neste jogo. Estava até a gostar muito, mais uma vez, do jogo do Miguel Vítor, mas acabou por borrar um pouco a pintura com a expulsão. Gostei também do Maxi Pereira e do Katsouranis. Yebda bem na luta do meio campo, mas desinspirado no passe. Quanto aos que estiveram menos bem, só podem ser elementos do ataque. O Di María fez um jogo quase inconsequente. E o Suazo, após uma primeira parte de bom nível, pareceu ter ficado marcado pela oportunidade escandalosa falhada logo no início da segunda parte, que deu o mote para uma exibição pejada de imbecilidade. Desmarcações para o lado errado, agarrões inúteis aos defesas, que resultaram em faltas atacantes, e uma tendência irritante para esbarrar contra os adversários fizeram-me perder a paciência.

Foi, para mim, um mau resultado. Dois pontos perdidos frente a uma equipa que, pelo que me foi dado a ver nos dois últimos jogos, nos é manifestamente inferior. O que me preocupa no Benfica não é que o futebol seja pouco atractivo. É mais a incapacidade que temos vindo a demonstrar para marcar golos. Tem faltado muita inspiração e, sobretudo, confiança no ataque. Hoje não consigo zangar-me com a atitude dos jogadores. Tentaram conforme podiam, e jogaram sempre para ganhar. Foi talvez das poucas coisas positivas que vi neste jogo. Mas, apesar de muito importante, é preciso algo mais do que atitude se queremos acabar a época em primeiro lugar.

P.S.- Apesar do tempo horrível, apesar da hora do jogo, mais uma vez os adeptos do Benfica compareceram e foram inexcedíveis no apoio à equipa. Não foi por falta do nosso apoio que deixámos hoje dois pontos no Restelo.

sábado, janeiro 17, 2009

Calmo

Vitória calma do Benfica esta tarde, a assegurar o pleno no seu grupo da Taça da Liga, e consequentemente o primeiro lugar, que nos garantirá jogar o jogo das meias-finais em casa (embora com o campo neutralizado).

Primeiras notas sobre o jogo: foi muito agradável ir para o Estádio da Luz à luz do dia. Trouxe-me algumas recordações enquanto caminhava em direcção ao estádio, de tal forma que quase fiquei surpreendido ao chegar por não ver a velhinha Luz, com o grande Terceiro Anel e as imponentes torres de iluminação. Depois, mais de trinta e cinco mil pessoas para assistir a um jogo da Taça da Liga (no que, tenho quase a certeza, deverá ter sido o recorde de espectadores num jogo desta competição). Mas continuem a achar que marcar jogos para as oito da noite de um Domingo não contribui para matar o futebol, que não faz mal. As transmissões televisivas não são justificação, porque em Inglaterra os jogos fazem-se ao meio-dia e às três da tarde, e não é por isso que deixam de ser transmitidos, ou que os clubes recebem menos pelas transmissões. Passando ao jogo propriamente dito, algumas mexidas no onze, com a titularidade do Maxi, Yebda, Di María e Rúben Amorim, em detrimento do Sídnei, Fellipe Bastos, Carlos Martins e Nuno Gomes. Desde o início que o jogo assumiu uma toada bastante calma. Estranhamente, tendo em conta que a vitória seria o único resultado que lhes interessava, o Belenenses aparentava estar interessadíssimo no empate, arriscando muito pouco no ataque. Um mar de diferenças em relação ao futebol apresentado pelo Olhanense na passada quarta-feira. Se eu me baseasse apenas naquilo que vi nestes dois jogos, diria já que, por mim, era já amanhã que colocava o Olhanense na Liga, em prejuízo de uma equipa como o Belenenses. Aliás, basta compararmos a falange de apoio que o Olhanense teve na Luz com a meia dúzia de gatos pingados do Belém que lá estiveram hoje, mesmo sendo o Belenenses de Lisboa, para se ver qual o clube que ficaria melhor na Liga. O jogo lá foi decorrendo, com o Belenenses a ser pouco mais do que inofensivo no ataque, enquanto que o Benfica, calmamente, com o Aimar a assumir maior protagonismo, ia tentando chegar-se à baliza adversária, mas também sem grande sucesso. Jogávamos a uma velocidade demasiado baixa para que conseguíssemos criar oportunidades de golo, e por isso a baliza do Belenenses também não era seriamente incomodada. Quando o jogo caminhava para o intervalo, o Benfica conseguiu fazer uma boa jogada colectiva, que terminou com um centro do Di María para o merecido golo de cabeça do Katsouranis (mais uma vez um dos melhores em campo).

A segunda parte voltou a mostrar-se desinteressante, sendo o maior ponto de interesse os comentários ao jogo dos dois experts que se sentaram atrás de mim e do Gwaihir (fiquei a saber que, por exemplo, existe o conceito de um jogador estar a jogar dentro de posição). Se fossem todos assim, eu não teria que tirar o som da televisão quando estou a assistir ao jogo. Ainda assim, foi sempre o Benfica quem foi mostrando ter mais vontade de voltar a marcar, e quem mais perto parecia estar de o conseguir, já que o Belenenses continuava a mostrar-se mais interessado em defender, espreitando um possível contra-ataque. Fizemos três substituições: Di María por Reyes, Yebda por Carlos Martins, e Cardozo por Suazo, sendo que esta última alteração foi aquela que me pareceu menos bem conseguida. O Cardozo estava a conseguir segurar melhor o Belenenses lá atrás, e o Suazo revelou não estar hoje feliz nas movimentações, já que por diversas vezes pareceu tomar opções erradas. Ainda assim, viu um lance em que se isolou ser-lhe mal anulado por um fora-de-jogo inexistente. Quando faltavam cerca de dez minutos para o final, o Rúben Amorim lesionou-se, e tendo o Benfica já feito as três substituições, quando ele regressou veio quase fazer figura de corpo presente. foi nesta altura que o Belenenses resolveu dar um ar de sua graça, e finalmente, com a ajuda preciosa do Moretto, conseguiu criar perigo. Mas jogar apenas dez minutos em hora e meia é manifestamente pouco para uma equipa que tinha a necessidade imperiosa de vencer, pelo que a vitória do Benfica me parece ser inteiramente justa, mesmo que conseguida a um ritmo quase de passeio.

Conforme disse antes, o Katsouranis voltou a ser um dos melhores em campo, tendo tido hoje o bónus de marcar o golo da vitória. O grego é, claramente, o jogador com maior inteligência em campo, e que parece quase sempre já saber o destino a dar à bola ainda antes desta lhe chegar aos pés. Bom desempenho também dos jogadores da defesa, na qual volto a mencionar o 'miúdo' Miguel Vítor, hoje regressado à sua posição natural no centro, após a incursão na direita a meio da semana. Ele ganha quase todos os lances divididos, e fá-lo com personalidade, saindo diversas vezes a jogar. Bom jogo também do Aimar, que no ritmo pausado com que a maior parte do jogo foi jogado, foi daqueles que mais tentou imprimir velocidade, e o que mais deambulou pelo ataque, à procura de desmarcar-se ou lançar os colegas. Quanto ao pior, é obviamente o Moretto. Teve oitenta minutos tranquilíssimos, em que pouco mais teve para fazer do que controlar com os olhos os poucos remates tortos do Belenenses, ou segurar atrasos dos colegas. Nos últimos dez minutos foi chamado a intervir, e tremeu e asneou de forma ridícula. Nos piores momentos, repetiu a jogada que deu o golo ao Olhanense na quarta-feira, largando para a frente um remate desferido de fora da área, só que desta vez o Luisão chegou primeiro à bola. Depois, mesmo a acabar o jogo, deu mesmo um fgango, ao largar quase sobre a linha uma bola que era obrigatoriamente sua, o que resultou no que seria o golo do (imerecido) empate do Belenenses. Para sua (e nossa) sorte, o árbitro resolveu assinalar falta, poupando-o ao vexame.

Na próxima sexta-feira voltamos a defrontar o Belenenses, desta vez para a Liga. Vai ser necessário aplicarmos um pouco mais de velocidade ao nosso jogo, se não queremos um dissabor. Mas por outro lado, se o Belenenses voltar a apresentar tão pouco futebol como aquele que vi hoje, também lhes será difícil causar-nos grandes embaraços.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Fácil

Apesar do susto inicial, acabou por ser um jogo fácil aquele que o Benfica teve esta noite frente ao Olhanense, e que terminou naturalmente com um resultado desnivelado, muito porque o Benfica levou os noventa minutos do jogo sempre a sério.

A equipa apresentada pelo Benfica esta noite teve pouco de secundária. As alterações mais evidentes foram as entradas do Moretto para a baliza, e do Fellipe Bastos para a direita do meio campo, e o desvio do Miguel Vítor para a direita da defesa, saindo o Maxi e entrando o Sídnei para o centro. Regressaram também à titularidade o Carlos Martins, Nuno Gomes, e Cardozo. A entrada do Benfica no jogo foi agradável, ao ataque, e criando duas grandes oportunidades logo nos primeiros minutos: um cabeceamento do Cardozo bem defendido pelo guarda-redes adversário, e pouco depois foi o Katsouranis, isolado pelo Cardozo, que não conseguiu acertar com a baliza. A forma como o Olhanense encarou o jogo também ajudou a este início agradável de jogo, já que entrou a jogar de forma bastante desinibida, quase tentando olhar o Benfica nos olhos. Ao contrário do que muitas equipas da primeira liga fazem, não vi da parte do Olhanense vontade de fazer antijogo, ou de estacionar autocarros em frente da baliza, preocupando-se exclusivamente em jogar futebol. Foi recompensado com uma prendinha do Moretto, que defendeu para a frente um remate de fora da área, surgindo na recarga o Djalmir a fazer o golo. Esta foi a fase mais equilibrada e mesmo mais agradável do jogo, com o Benfica a reagir bem e o Olhanense a continuar a jogar da mesma forma, ameaçando a nossa baliza.

Felizmente, após pouco mais de quinze minutos o Benfica conseguiu inverter o resultado, não sem ter passado ainda por mais alguns sustos pelo meio. Depois de já ter ameaçado de longe, isolado pelo Carlos Martins o Nuno Gomes não falhou, e empatou o jogo. E quatro minutos depois, num livre ensaiado, foi a vez do Jorge Ribeiro carimbar a reviravolta. Quando nos vimos em vantagem no marcador, fiquei com a sensação de que resolvemos retirar um pouco o pé do acelerador, e o resultado disso foi visível. Até ao intervalo, foi o Olhanense a melhor equipa no terreno, construindo algumas boas jogadas de ataque e voltando a ameaçar a nossa baliza, particularmente numa situação em que o Toy se isolou, correspondendo desta vez o Moretto com uma boa saída da baliza a evitar o golo.

A segunda parte mostrou um jogo diferente. O Olhanense não pareceu capaz de manter o ritmo da primeira parte, e praticamente não conseguiu criar oportunidades de golo. Pelo contrário, foi o Benfica que foi mostrando sempre vontade de marcar o terceiro e resover definitivamente o jogo. Cedo vimos o Cardozo desperdiçar uma nova oportunidade isolado na cara do guarda-redes, pouco depois foi o Reyes, na sequência de uma bonita jogada, a acertar no poste, a seguir foi um remate do Fellipe Bastos que foi salvo sobre a linha por um defesa do Olhanense, e finalmente, com alguma lógica, o Benfica marcou mesmo o terceiro, quando o Sídnei apareceu no centro da área a cabecear uma bola cruzada pelo Katsouranis. O jogo perdeu algum interesse depois deste golo, sendo o ponto de maior realce a entrada do Di María, para Maradona ver. E depois de algumas iniciativas vistosas, já perto do final o argentino fez questão de se mostrar mesmo ao seu seleccionador, marcando um golo fantástico, quando depois de ultrapassar o defesa adversário picou a bola sobre o guarda-redes, fazendo-a entrar junto ao poste contrário. Do mesmo género no Benfica nos últimos tempos, só me recordo de um golo do Miccoli em Leiria. Foi uma forma bonita de colocar um ponto final num jogo que (volto a dizer, muito por 'culpa' do próprio Olhanense) foi bem mais agradável de seguir do que muitos dos jogos da nossa liga.

O Katsouranis está neste momento a atravessar um bom momento de forma, e voltou a demonstrá-lo neste jogo, sendo de destacar na sua exibição a assistência que fez para o golo do Sídnei. Bom jogo também do Miguel Vítor, mesmo adaptado à direita. Sempre que joga, o nosso 'miúdo' cumpre. Gostei também da exibição do Nuno Gomes, que marcou o primeiro golo e foi sempre dos jogadores mais activos no ataque. E depois há também o Reyes, mas esse parece-me sempre que joga a um ritmo quase duas vezes superior ao resto dos jogadores em campo. Pela negativa (e juro que desta vez não é embirração minha), talvez a prestação defensiva do Jorge Ribeiro. Tem a seu favor o golo que marcou mas, sobretudo na primeira parte, foram diversas as vezes em que os adversários entraram pelo seu lado, explorando em particular o espaço que existia entre ele e o Sídnei. Disseram-me também que terá tido um comportamento menos correcto nos festejos do golo. Como no estádio não dei por isso (alguém confirma?), não vou emitir uma opinião sobre o assunto.

Foi admitido pelos nossos responsáveis que a Taça da Liga seria uma competição para levar a sério, e os jogos de Guimarães e desta noite mostraram-no. Pede-se a mesma atitude no próximo Sábado, frente ao Belenenses, num jogo em que o empate será suficiente para garantir o apuramento.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Obrigado, Léo

Tenho pena de o ver partir, mas pronto, as pessoas passam e o clube fica, e a verdade é que a situação actual era insustentável, daí o desfecho previsto. Agradeço ao Léo todo o bom futebol que nos mostrou, e a raça que sempre demonstrou em campo com a águia ao peito. Foi ele quem finalmente conseguiu ocupar condignamente um lugar que já estava praticamente vago (foi fugazmente preenchido pelo Scott Minto, na minha opinião) desde que o Schwarz saiu da Luz. Desejo-lhe toda a felicidade para o seu futuro profissional e pessoal, com a certeza de que será um jogador que eu não esquecerei tão cedo.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Arraial

Ainda o jogo de ontem estava no intervalo, e já nós, em conversa, adivinhávamos o arraial que se montaria por causa do golo irregular do David Luiz. Por isso mesmo, não me surpreende nada o que se vai lendo e ouvindo sobre o assunto no dia de hoje. O circo está montado, resta agora sentarmo-nos confortavelmente e apreciar o espectáculo.

O Jesus, fiel aos seus princípios, destrambelhou logo as atoardas do costume. Pois, Jesus, o que tu queres sei eu. No final da época há um lugarzito apetecível de treinador que deve ficar vago, e portanto convém ires mostrando algumas credenciais de jeito. Ainda por cima porque há outros, como o chicharro do Nacional, que já se começaram a fazer ao bife e portanto já partem com alguma vantagem. Todos nós nos lembramos, por exemplo, da indignação e fúria semelhantes com que o mesmo Jesus, o ano passado, depois de sofrer um golo do Postiga três ou quatro metros fora de jogo em pleno Estádio do Ladrão, enfrentou os jornalistas após o jogo, falando do escândalo que esse golo foi. Os elogios aos andrades foram tantos que só faltou mesmo agradecer ao Postiga o golo em fora-de-jogo. Este comportamento do Jesus (e de cada vez que escrevo o nome só me vem à cabeça a imagem de um gajo a lamber uma bola de bólingue) é aliás uma espécie de modus operandi que parece vir descrito no manual do treinador português. Deve dizer algo como 'A seguir a um jogo que não ganhes contra o Benfica, faz um escarcéu sobre a arbitragem. A seguir a um jogo com os andrades, mesmo que sejas espoliado, elogia a equipa deles'.

Na peugada do Jesus e da sua obsessão pouco saudável por bolas de bólingue segue o chihuahua do Porco na Bosta, mais conhecido por Salvador. Como bom cãozinho de colo que é, chega ao ponto de denominar o árbitro de ontem como 'o Calabote do Século XXI'. Se não conhecêssemos já as suas tendências, a sua menção à mentira do Calabote desmascará-lo-ia. Na verdade, sempre achei que os chihuahuas se parecem mais com ratazanas do que com cães, mas presumo que uns não se importem de ser ratazanas, e outros até gostem de viver rodeados delas e de andar com elas ao colo (ou sentar-se na bancada com elas ao lado, tanto faz). A ratazana, na ânsia de agradar ao suposto dono (suposto porque, apesar da ratazana não se aperceber disso, não terá qualquer pejo em pontapeá-la de volta para o esgoto assim que deixar de ver qualquer utilidade nela), esfrega-se insinuantemente nas pernas dele, ansiando por qualquer sobra que, em vez de ir parar ao lixo, lhe venha cair ao alcance. Alans, Aguiares e afins dão sempre jeito.

O Pasquim, fiel à sua qualidade verde rastejante, não faz por menos: fala de dois penáltis perdoados ao Benfica, para além do golo mal validado. Deve ser a dor de ver o seu clube ficar na liderança apenas por um dia que os põe a ver a dobrar. E O Nojo, obviamente transtornado pelo mau hálito fétido do Juju, fala em coisas 'falsas como Judas'. Quer dizer, enquanto o Benfica andou, desde o início da época, a ser 'larapiado' à fartazana, foi um regabofe. Andou toda a gente cantando e rindo, enquanto que pelo menos oito pontos nos foram subtraídos pelos árbitros, que ainda nos custaram uma eliminação da Taça de Portugal. Nessa altura os arautos da lisura e honestidade trataram foi de, com a maior cara de pau, criticar a equipa, o Rui Costa, e mais o que calhasse, porque o Benfica tinha era que jogar mais e melhor, e não podia escudar-se na desculpa das más arbitragens. Agora que, finalmente, houve um jogo em que sim, fomos claramente beneficiados pelos erros de arbitragem, sem surpresas cai o Carmo e a Trindade.

Não vou ser hipócrita: não me agrada ganhar assim. Ao contrário, se calhar, de outros clubes e paragens, que fazem disto uma estranha forma de vida, não sinto particular alegria em ver o Benfica ser beneficiado por um árbitro, e o que me dá satisfação é ver o Benfica ganhar porque foi claramente superior ao adversário. Mas confesso que me começa a dar um certo prazer sádico ver toda esta gente contorcer-se de raiva. Compreende-se: a frequência com que temos sido prejudicados pelas arbitragens esta época é tal que, para esta gente, isto já devia ser tomado como um dado adquirido, e até uma certa normalidade. Por isso deve custar-lhes ainda mais, sobretudo quando vêem o pequeno mundo hipócrita e falso que construíram desabar. Quanto a nós, a arbitragem de ontem é a bandeira de que muitos precisavam. Vamos levar com ela até final do campeonato, e de cada vez que nos quisermos queixar de um jogo, esta ser-nos-à atirada em cara. Agora é esperar para ver se iremos ou não pagar bem caras as consequências da noite de ontem.

domingo, janeiro 11, 2009

Preocupação

Custa-me escrever isto, mas o resultado final foi mesmo das poucas coisas que me deram satisfação no jogo de hoje. O Benfica tem que conseguir jogar e mostrar mais do que aquilo que vimos esta noite, porque assim, com esta estratégia, parece-me que será difícil ganharmos o que quer que seja. E custa-me escrever isto porque eu tenho a sensação de que existem no nosso plantel qualidade, quantidade e condições suficientes para fazermos melhor. Eu sei que é preciso dar tempo para se construir uma equipa e tudo isso, mas quando os primeiros passos dados até pareceram mais seguros do que aqueles que vemos serem dados agora, é difícil não me sentir preocupado. Em relação ao mau momento de forma que temos vindo a atravessar, a única e grande evolução que noto é na atitude dos jogadores em campo. Porque na qualidade do futebol apresentado, ainda estamos longe do desejável.

Duas alterações apenas na equipa que defrontou e venceu o Guimarães a meio da semana. Na baliza, e apesar da histeria colectiva que afectou a comunidade jornaleira no que diz respeito a este assunto, regressou o Moreira; e na direita do meio campo deu-se a esperada substituição do Balboa pelo Rúben Amorim. Alguma surpresa pela manutenção do Miguel Vítor no centro da defesa, em detrimento do Sídnei, mas um prémio justo para a boa exibição que realizou no último jogo. O Benfica apresentou-se assim num 4-4-1-1, já que o Aimar jogava preferencialmente solto nas costas do Suazo. Os primeiros minutos mostraram um Braga desinibido, a trocar bem a bola e a parecer ter vontade de assumir o jogo, mas pouco depois foi o Benfica quem passou a ter algum ascendente, e até cerca da meia hora mandou no jogo. O problema é a dificuldade que temos em criar boas oportunidades de golo. Lembro-me apenas de um remate do Suazo, a que o Eduardo correspondeu com uma grande defesa, e pouco mais. Honestamente, parece-me que a estratégia do Benfica não tem sido a mais correcta nos jogos em casa. Parece-me inapropriado jogarmos com uma equipa que parece talhada para jogar em contra-ataque, sem uma referência na área, e em vez disso um único avançado móvel. O Suazo recua frequentemente para vir procurar a bola, ou descai para os flancos, e depois ou temos o Aimar a tentar aparecer na zona de finalização, ou por vezes nem sequer temos lá ninguém. A jogar desta forma, não me admira muito que tenhamos tantas dificuldades em marcar golos nos jogos em casa, chegando quase sempre ao intervalo em branco. A boa fase do Benfica apagou-se à medida que o intervalo se aproximava, e depressa se caiu naquele ritmo em que parece pouco crível que aconteça algum golo. Surpreendentemente, na última jogada da primeira parte, o Benfica conseguiu marcar. A um livre do Aimar na esquerda correspodeu o David Luiz de cabeça para o golo. No estádio fiquei com a sensação de que havia fora-de-jogo do David Luiz no lance, o que já confirmei ser verdade. Para variar, desta vez fomos beneficiados com um erro de arbitragem, e também pela primeira vez esta época em casa, para a Liga, saímos para o intervalo em vantagem.

A segunda parte, sem quaisquer alterações, trouxe-nos um Benfica demasiado retraído para o meu gosto, agora a apostar claramente no contra-ataque, e progressivamente entregando o controlo do jogo ao Braga. Há a questão de se ser realista, de jogar para o resultado porque o campeonato é uma prova de regularidade, mas eu tenho que dizer que não gosto disto. Não gosto, e custa-me muito ver o Benfica jogar em casa assim, sem ser mandão, sem assumir o jogo, e em vez disso assumir uma postura expectante. Valeu a boa atitude competitiva da equipa, e a inspiração de alguns jogadores para que não sofrêssemos um dissabor. As coisas poderiam ter sido diferentes, porque numa jogada de contra-ataque (claro...) o Di María conseguiu arrancar um penálti. Na altura pensei logo que se o Cardozo estivesse em campo, eu já estaria a festejar o golo, assim logo se veria. Parecia que estava a adivinhar, porque o Suazo falhou o penálti e então a partir desse lance o Benfica desapareceu ainda mais do jogo. O Reyes ainda veio trazer alguma alegria ao jogo, mas foi sol de pouca dura. Só desesperava pelo final do jogo, adivinhando que pudesse aparecer um qualquer lance em que o Braga pudesse empatar. Esse lance apareceu mesmo, e só não deu golo porque o Moreira fez uma defesa fundamental, quando já só faltavam cinco minutos para terminar o jogo. Apenas mais um argumento para que eu não goste de ver o Benfica ter este tipo de atitude: estamos sempre sujeitos a sofrer um enorme dissabor em qualquer altura. O jogo chegou ao fim e, como disse, ficou a vitória e a atitude, mas confesso que saí preocupado da Luz.

Gostei do jogo que o Rúben Amorim fez. Para variar, não foi ele o primeiro a ser sacrificado na altura das substituições e ainda bem, porque trabalhou bastante em campo do primeiro ao último minuto. Gostei também do Miguel Vítor, sobretudo na segunda parte, e apreciei o facto dele tentar quase sempre sair a jogar. Em bom nível também o Katsouranis e o Maxi. Por último, também uma menção para o Moreira, que se retractou do erro na última jornada com uma defesa que valeu a vitória, e esteve sempre seguro durante o jogo.

Conforme disse, apesar da vitória, saí preocupado da Luz. Espero mais da nossa equipa, e não me parece que estejamos neste momento a adoptar a estratégia mais correcta. O Benfica não pode sistematicamente apresentar uma equipa que prefere entregar as rédeas do jogo ao adversário, quedando-se na expectativa de poder explorar o contra-ataque. Isto resulta bem em determinadas situações (daí que normalmente as coisas não corram muito mal nos jogos teoricamente mais difíceis), mas não serve para se calhar 90% dos jogos da Liga, e definitivamente não serve para os jogos em casa.

P.S.- Acabei de saber que recuperámos o primeiro lugar na classificação. Foi um regresso rápido, após uma ausência de apenas uma semana. Sim, ganhámos hoje devido a um golo irregular. Mas no deve e no haver, a balança continua a pender para o outro lado. E aposto que aqueles que agora se contorcem de raiva, por voltarem a ver-nos no topo, são capazes de já não achar que depois de se jogar mal e fazer um mau resultado - como empatar em casa com o Trofense, por exemplo - não há moralidade para falar de arbitragem (como o Juju dos dentes podres já exemplificou). Espumem agora, hipócritas.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Miguel Vítor

Uma boa notícia, a renovação do contrato com o Miguel Vítor. Julgo que nas ocasiões em que foi chamado esta época, o Miguel já deu provas mais do que suficientes que podemos contar com ele, e que nada fica a dever aos outros jogadores com quem disputa o lugar. Se tivermos que ceder, não será concerteza ali o elo mais fraco. Sem se colocar em bicos de pés, sem ser incensado pela imprensa, mas à custa de trabalho tem sabido, aos poucos, ir conquistando o seu espaço e o respeito dos benfiquistas. É um jogador que também me agrada fora do campo, pela forma como fala e pelo benfiquismo que lhe sentimos. É de mais como ele que precisamos. Se todos nós gostamos de ver jogadores 'da casa' no plantel, e nutrimos um carinho particular por eles, é porque sabemos que só assim será possível reviver a Mística que fez o nosso clube grande. Com jogadores que cresceram no Benfica, e que sabem o que significa envergar esta camisola e o peso que ela tem.

Desejo as maiores felicidades para o Miguel Vítor no nosso clube, e espero um dia vê-lo realizar o sonho confesso de capitanear a nossa equipa.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Eficácia

Não foi uma exibição primorosa ou empolgante, mas com brio, uma boa atitude dos nossos jogadores, e uma boa dose de eficácia conseguimos finalmente regressar às vitórias, vencendo sem grande contestação o Guimarães no seu estádio.

Na equipa inicial há a registar as entradas do David Luiz para a lateral esquerda, Miguel Vítor para o lado do Luisão, Balboa para a direita do meio campo e Katsouranis para médio defensivo. Pareceu-me de particular importância o facto de não ter havido qualquer invenção no meio campo, com os jogadores a actuarem nas suas posições naturais e sem adaptações forçadas. Podemos até discutir o valor ou não que o Balboa demonstrou até agora, mas a verdade é que se temos um jogador para aquela posição na direita, faz todo o sentido utilizá-lo lá em vez de estarmos a recorrer a adaptações, que na maior parte dos casos só contribuem para acabar por queimar os jogadores em questão (o caso mais evidente parece-me ser o do Yebda, que de cada vez que é encostado à direita afunda-se a pique e nem parece ser o mesmo jogador do início da época). Na prática, o Benfica apresentava-se num 4-2-3-1, com o Aimar a posicionar-se nas costas do Suazo, tendo a 'protecção' do Yebda e do Katsouranis. Ainda durante a primeira parte, o Balboa acabou por dar o lugar ao Ruben Amorim, mas não sei qual terá sido o motivo da alteração. Não me pareceu que ele estivesse a jogar particularmente mal, por isso não sei se foram motivos de ordem física, ou apenas táctica.

Entrámos bem no jogo, com os jogadores da frente (em particular o Aimar e o Suazo) a movimentarem-se muito, proporcionando boas oportunidades para desmarcações rápidas com bolas nas costas da defesa do Guimarães. Logo nos primeiros minutos, uma boa jogada terminou com um centro do Balboa para o Aimar ver o golo ser-lhe negado de froma incrível pelo guarda-redes, que depois ainda defendeu a recarga do Di María. Na sequência do canto, um momento quase clássico: entrada do Katsouranis ao primeiro poste e golo. Não há nenhum jogador em Portugal que seja tão eficiente como o grego neste tipo de lances, e causa-me estranheza que não tentemos tirar mais partido disto. O Benfica não abrandou com o golo marcado, e continuou a controlar calmamente o jogo, já que foram muito poucas as ocasiões que o Guimarães teve para sequer rematar à nossa baliza. Depois na resposta, muito por culpa da mobilidade do Aimar e da velocidade do Suazo, o Benfica dava sempre a ideia de poder surpreender a defesa adversária (o que até teria acontecido, não fosse um fora-de-jogo anedótico assinalado ao Di María, num lance que o deixaria a ele e ao Suazo isolados). Só após a passagem da meia hora, e depois do Yebda ter visto o amarelo (que o limitou um pouco no trabalho do meio campo) é que o Guimarães conseguiu avançar mais no terreno e aproximar-se da nossa baliza. Mas quase sempre, e repito-o, sem conseguir criar ocasiões para sequer rematar à nossa baliza. Foram pouquíssimos os remates que conseguiram fazer, muito por culpa da boa ajuda prestada pelo nosso meio campo à defesa. A vantagem ao intervalo era, por isso, perfeitamente aceitável.

A segunda parte não trouxe muito de novo em relação à primeira. Houve um domínio territorial mais acentuado do Guimarães, com mais tempo de posse de bola, mas ainda e sempre sem conseguir causar grandes calafrios à nossa equipa. Recordo-me apenas de um remate de longe do Nuno Assis, bem defendido pelo Moretto, e pouco mais. Já do nosso lado, notei que havia menos vontade de arriscar, e já não conseguíamos criar tantos desequilíbrios como durante a primeira parte, isto porque o Aimar se foi apagando ao longo do tempo, e as despesas do ataque iam ficando cada vez mais entregues apenas ao Suazo, que com iniciativas individuais ia tentando criar perigo. O Quique fez entrar o Jorge Ribeiro para o lugar do Di María, mas se do lado oposto a entrada do Rúben não abanou a equipa, o mesmo já não posso dizer disto, porque pelo menos fiquei com a sensação de que, nos momentos que se seguiram à entrada do Jorge Ribeiro, o Guimarães conseguiu entrar com alguma facilidade pelo lado esquerdo, talvez porque o Andrezinho já não ficasse tão preso lá atrás como quando tinha a ameaça do Di María. Perto do final fez-se a justificada substituição do Aimar, entrando o Carlos Martins para o seu lugar, que minutos depois acabou por sentenciar o jogo, finalizando com um bonito pontapé de primeira um cruzamento da direita, após insistência do Suazo. Estava consumada uma vitória que muita falta faz, e que esperemos marque o fim deste período mais negativo.

Conforme disse, gostei do jogo que fez o Aimar. Mas é justo destacar o 'nosso' Miguel Vítor, porque fez um óptimo jogo. Raramente falhou, jogou quase sempre em antecipação, fazendo desarmes limpos e ganhando quase todos os lances divididos. Podemos ter aqui um belíssimo defesa central para o futuro, haja paciência e oportunidade de apostar nele. Menciono também, claro, o Katsouranis. Já disse várias vezes que o grego é um dos jogadores que mais admiro no plantel, sobretudo devido à inteligência que demonstra em campo, já que parece sempre saber exactamente o que vai fazer à bola ainda antes desta lhe chegar aos pés. E a verdade é que se nota a diferença quando ele lá está, a jogar na posição dele. Marcou um golo 'à Katsouranis', e foi insuperável no auxílio à defesa, surgindo ainda diversas vezes a lançar os contra-ataques com passes em profundidade.

O jogo era para a Taça da Liga, que não sendo uma competição de grande importãncia é para ganhar na mesma, e os nossos adversários apresentaram-se com a equipa titular. Por isso há mérito na nossa vitória e, espero eu, haverá também uma motivação da nossa equipa para os desafios que se aproximam. O que o jogo de hoje mostrou é que, mesmo se não conseguirmos jogar muito bem ou dar espectáculo, se a atitude com que formos para dentro do campo for a correcta, a probabilidade das coisas correrem bem é muito maior. Tivessem eles pensado assim o fim-de-semana passado, e certamente não estaríamos agora a lamentarmo-nos pela primeira derrota no campeonato.

domingo, janeiro 04, 2009

Desastrosa

'Desastrosa' é mesmo a palavra que me ocorre para descrever a péssima exibição do Benfica esta noite, no campo do último classificado, e que resultou numa derrota e consequente perda do primeiro lugar. Fez-me impressão ver a equipa a jogar de uma forma tão desgarrada, aparentando não ter uma ideia clara daquilo que é suposto uma equipa fazer dentro do campo. Estou farto de ver o Benfica não ter ideias ou arte para inverter o cenário típico que se repete vezes sem conta: uma equipa enfiada lá atrás, não com um autocarro mas com um transatlântico à frente da baliza, a jogar para o empatezinho e a ver se num momento mais feliz até consegue um golito. E nós a não sabermos como marcar o golo que faria desmoronar toda esta estrategiazinha medíocre. A verdade é que parece que, sem o Reyes em campo, não somos capazes de marcar golos porque mais ninguém consegue causar desequilíbrios e arriscar com sucesso jogadas individuais. A somar a isto, há incompreensíveis falhanços individuais que, por exemplo, parecem não acontecer nos jogadores das equipas teoricamente mais fracas que jogam contra nós.

As novidades no nosso onze esta noite, em relação à equipa que jogou com o Nacional, foram os regressos do Aimar e do Carlos Martins, saindo o Cardozo e o Katsouranis. A uns curtos minutos fortes do Benfica, logo na entrada do jogo, seguiu-se a mediania que nos caracterizaria para o resto dos noventa minutos. É preocupante não conseguir ver simples jogadas de futebol na nossa equipa. Tudo pareceu feito aos repelões, não havendo quem pegasse na bola e metesse alguma ordem na casa. Construímos uma grande oportunidade de golo, que colocou o Aimar na cara do guarda-redes, e ele conseguiu acertar-lhe no pé (o pé estava lá parado, o Paulo Lopes não o mexeu, por isso foi mesmo o Aimar quem conseguiu acertar ali com a bola). Lá está a história das individualidades a falhar quando não se esperaria que isso acontecesse. A falta de imaginação ia grassando no nosso futebol, e o jogo estava mesmo a ser difícil de assistir. Do outro lado continuava o transatlântico (sempre muito elogiado pelos comentadores) encalhado à frente da baliza, e a única animação surgia através dos mergulhos artísticos e acrobáticos de um tal de Barbosa, em sincronia perfeita com os silvados do apito do Sr.Jorge, provocando inevitavelmente um coro de elogios da narração por cada falta 'arrancada'. Estava o jogo nisto quando um contra-ataque isolou um jogador do Trofense na direita. Chegado ao bico da área, e uma vez que estava completamente sozinho (que os transatlânticos costumam mover-se muito devagarinho), fechou os olhos, enfiou uma biqueirada na bola, e cá vai disto. O Moreira resolveu entrar na festa da mediocridade, fechou os olhos também, e deu um frango descomunal. E volto à história dos falhanços individuais: o Aimar tem uma oportunidade flagrante e falha; o Trofense tem um lance que nem sequer se pode considerar como uma oportunidade flagrante, e o Moreira falha também e dá-lhes a vantagem com que eles nem sequer sonhavam. Só posso atribuir justiça ao resultado ao intervalo se considerar que é um castigo para o mau jogo que fizemos, porque tenho sempre muita dificuldade em considerar que uma equipa que joga simplesmente para não perder tenha grande mérito quando se apanha em vantagem, ainda para mais com golos caídos do céu como foi este.

Na segunda parte mudámos tacticamente para um losango, entrando o Cardozo para o lugar do Di María, mas a qualidade do nosso jogo pouco melhorou. Claro que, agora em vantagem, o Trofense recuou ainda mais, por isso o Benfica tinha o domínio territorial quase completo, jogando-se quase sempre com vinte e um jogadores acantonados no meio campo do Trofense. Mas o problema mantinha-se: é que parece que, apesar da posse de bola, apesar do domínio territorial, não sabemos o que fazer com isso. Os dedos de uma mão decepada chegam para contar as oportunidades que criámos (sinceramente, acho que só me lembro de um cabeceamento do Aimar, mas por esta altura já estava tão irritado que me era difícil prestar muita atenção ao jogo). Como se a irritação não fosse já suficiente, o Binya teve um acesso de burrice profunda e meteu a mão à bola (uma atitude perfeitamente desnecessária, já que foi numa jogada a meio campo) quando já tinha um amarelo, por isso foi tomar banho mais cedo. A partir daqui, então, foi um descalabro. Nós bem tentávamos atacar, e continuámos instalados no meio campo do Trofense. Mas agora abriam-se autênticas vias verdes cá atrás para os contra-ataques adversários, sendo que poucos eram os nossos jogadores que recuavam, ficando basicamente os nossos dois centrais entregues à sua sorte (às vezes com a ajuda do Maxi) e tentando arranjar-se contra adversários que surgiam em igualdade ou mesmo superioridade numérica. O segundo golo surgiu sem surpresa, quando perante a apatia do Jorge Ribeiro um jogador do Trofense, após um lançamento lateral, entrou pela quinquagésima terceira vez à vontade pelo lado esquerdo, fazendo a assistência para um golo fácil. E só não sofremos mais um golo até final porque o adversário era mesmo o Trofense.

Não sei como é que posso destacar um jogador do Benfica como o melhor depois de um jogo destes. É que nem me apetece destacar aqueles que mostraram inconformismo, porque com essa atitude ou não, a verdade é que as coisas continuaram a sair mal. Quanto aos piores, podia ficar aqui o resto da noite a bater nos jogadores um a um. Menciono por isso apenas alguns. Carlos Martins: deram por ele em campo? Não vi nada. Zero. Andou por ali escondido o tempo todo, e quase nem participou no jogo. Jorge Ribeiro: andou muito lá pela frente - com muito poucos resultados práticos - mas foi um buraco completo a defender. Às vezes parecia que o Trofense só atacava mesmo pelo lado dele, e aliás foi por aí que surgiram os dois golos. Moreira: um guarda-redes não pode sofrer um golo daqueles. O remate foi-lhe à figura, e foi feito ainda a uma distância considerável. A única explicação que encontro para que a bola tenha entrado é a de que deve ter tido medo da bola e fechou os olhos. Binya: idiota. Neste momento não estou com calma ou paciência para descrever a exibição dele de outra forma.

Entrámos num ciclo extremamente negativo, e parece que não há maneira de sairmos dele. Se não estou enganado, ganhámos um jogo dos últimos sete que fizemos. Espero que pelo menos os jogadores tenham a mínima noção daquilo que fizeram esta noite. Para mim foi uma exibição paupérrima e indigna do Benfica, na linha do que tem acontecido recentemente. Não é a jogar assim, ainda para mais contra o último classificado, que se ganha o que quer que seja. Por último: Reyes, volta depressa, por favor.