segunda-feira, junho 30, 2008

Soltas

Não tenho tido grande motivação para escrever durante os últimos dias. Para além da ausência na Alemanha, estamos em plena silly season do futebol nacional, em que todos os dias olho para as capas dos jornais e vejo mais um autocarro de potenciais reforços do Benfica, o que, ao contrário do que se calhar os jornais pensam, só me tira a vontade de lê-los. É verdade que durante estes dias decorreu o Europeu de futebol, mas nem isso me prendeu a atenção, já que fui assistindo à eliminação sucessiva das minhas equipas preferidas, até que no final só sobrou aquela de quem eu menos gostava.

Voltando aos 'reforços' dos últimos tempos, o único que está confirmado é o Balboa. Não posso opinar grandemente sobre ele, já que pouco o vi jogar. A única coisa que posso dizer é que ele é um médio direito, e isso por si só já representa uma diferença enorme na política de contratações do Benfica dos últimos anos. Precisávamos de um médio direito, e comprámos um médio direito. Seguindo o padrão das últimas épocas, o mais normal seria que, precisando-se de um médio direito, se fosse contratar mais um defesa central. Quanto aos reforços anunciados, bastariam as contratações do Miccoli e do Aimar para me deixarem satisfeito. Mas, a julgar pelas notícias que vão sendo veiculadas, andamos a discutir uma diferença de um milhão de euros no preço do Aimar, e depois por outro lado não teríamos problemas em pagar dois milhões e meio pelo terceiro guarda-redes do Real Madrid. São estas coisas que me fazem confusão.

Entretanto, leio hoje n'A Bola que o escorraçado Bergessio já está avaliado em cerca de dez milhões de euros, e fala-se de um possível regresso à Europa. Devo dizer que não me surpreende nada (e quem me conhece sabe que sempre fui um defensor dele, e que achei um disparate a sua dispensa precipitada), e que isto só abona a favor da imensa sapiência futebolística do nosso terceiro anel, sempre pronto a assobiar um novo jogador que tenha o azar de falhar uma meia dúzia de passes no seu primeiro jogo pelo clube.

Passando às modalidades, ontem sagrámo-nos bicampeões nacionais em futsal. Se calhar o timing desta vitória até é capaz de ter sido um tanto ou quanto incómodo para a direcção, em vésperas que estamos de uma Assembleia Geral que se prevê quente, e em que se discutirá precisamente a redução do orçamento das modalidades. Aliás, em relação às modalidades de pavilhão, não me parece que o Benfica tenha estado particularmente infeliz: campeão em andebol e futsal, finalista vencido no hóquei (que é mesmo o máximo a que podemos aspirar, dados diversos factores desportivos e extra-desportivos), e semi-finalista no basket e no voleibol (que, tendo em conta o investimento, terá sido a modalidade com o pior aproveitamento). Mas uma coisa que me continua a fazer alguma confusão é precisamente o comportamento que nós, benfiquistas, temos em relação às modalidades. Quase todos reclamam quando elas não apresentam resultados. Tenho quase a certeza que a grande maioria de nós é contra a proposta de redução dos seus orçamentos. Mas depois, quando eu vou assistir a jogos das modalidades, são quase sempre as mesmas caras que eu vejo nos pavilhões (excepção feita, claro, às finais). Onde é que está toda a gente que proclama tão veementemente o seu amor às modalidades? Pior ainda, se há tanta gente a querer modalidades fortes, porque é que tão poucos aderem à quota suplementar? Os últimos números de que ouvi falar apontavam para pouco mais de 5.000 sócios a pagá-la (este número não é de forma alguma oficial, estou apenas a citar aquilo que ouvi). Num universo de mais de 170.000 sócios, isto parece-me patético.

terça-feira, junho 17, 2008

Queixinhas

Acho uma certa piada (e acharia ainda mais, não fosse o facto de me dar a volta ao estômago) andarem agora a apelidar o Benfica e os benfiquistas de 'queixinhas' ou 'bufos', por via do comportamento do clube junto da UEFA no caso da 'condenação-da-qual-não-vamos-recorrer-todos-sabem-
-porquê-mas-que-afinal-já
-não-é-condenação-nenhuma-
-porque-recorremos-sim-senhor-estão-aqui-os-papéis
-todos-
-e-os-pareceres-destes-senhores-catedráticos-que-até-são-
-todos-benfiquistas-e
-que-desinteressadamente-e-não-por-
-encomenda-provam-que-mesmo-depois-de
-passado-o-prazo-
-do-recurso-afinal-a-condenação-não-transitou-em-julgado-
-não
-senhor-e-agora-que-conseguimos-semear-tal-confusão-
-na-UEFA-que-eles-
adiaram-a-decisão-vamos-proclamar-
-vitória-como-se-tivéssemos-sido-declarados-
inocentes-de-
-toda-a-porcaria-que-fizemos' do Fóculporto, e da suas possíveis consequências. Então quer dizer, vergonha não é andar a manipular, corromper, aldrabar, mas sim denunciar esses comportamentos? Porque é que o Benfica deveria calar-se? Mas porque carga de água é que nos devemos sentir vinculados a esta omertà que, desconhecia eu até hoje, parece existir no futebol português? Devemos sentir-nos obrigados a guardar silêncio sobre a porcaria que se passa cá dentro? Para quê, para depois podermos contratar um Hélder Postiga?


Devemos é concentrar-nos em fazer uma equipa suficientemente forte para vencer tudo dentro do campo (o que, diga-se desde já, me parece complicado se contratarmos o Hélder Postiga)? Mas andam todos de olhos fechados, são assim tão ingénuos ou quê? Eu já vi equipas do Benfica com jogadores como Valdo, Ricardo Gomes, Aldair, Paneira, Thern, Magnusson e outros do mesmo nível, treinados pelo Eriksson, chegarem à final da Taça dos Campeões, e nesse mesmo ano perderem o campeonato para equipas com jogadores como Paulo Pereira, Bandeirinha, Caetano, Kiki ou Semedo treinados pelo Artur Jorge. Ainda acham que basta construirmos uma equipa forte para resolvermos os nossos problemas?

Por mim acho muito bem que o Benfica não se cale neste assunto. Mesmo que continuemos a ser os únicos a não ter medo das consequências da quebra da omertà. Normalmente o código de honra dos criminosos costuma considerar uma vergonha e uma ofensa imperdoável a quebra do pacto de silêncio. Não admira portanto que eles nos acusem de queixinhas como se de uma grande vergonha isso se tratasse.

Imagem

Eu sei que eles nada se importam com isso, porque ganhar a qualquer custo, de qualquer forma, faz parte da maneira de ser daquela gente. Mas pelo menos, um pouco por toda a parte, a real imagem deles é a que vai ficando:

Strange kind of justice

It was good to see Uefa’s tough line on FC Porto held for all of a week. Banned from the 2008-09 Champions League for trying to bribe referees in domestic matches during the 2003-04 season, Porto were as good as reinstated on Friday after the sentence was thrown out on appeal. The disciplinary committee will now review the case. And justice will surely be done for, as Michel Platini, the Uefa president, rarely tires of pronouncing, wealthy English clubs are the real cheats. Maybe Manchester United should spend less on players and more on referees.

(Retirado do 'Times Online')

sábado, junho 14, 2008

Hóquei

Aconteça o que acontecer na final do playoff, para mim estes jogadores já são heróis. O hóquei em patins é uma modalidade pela qual eu tenho grande estima, e aquela que eu considero ser a minha 'segunda modalidade' no Benfica. Hoje tive a oportunidade de ver o terceiro jogo da final do playoff, disputado na arena de Fânzeres, e apesar da derrota final fiquei orgulhoso dos nossos jogadores. Porque é preciso um grande carácter para defrontar um adversário que luta com armas gritantemente desiguais, e ainda assim defender o nosso emblema daquela maneira. Faz-se muito barulho acerca do que se passa no futebol, mas no hóquei, aproveitando o menor mediatismo, o despudor é ainda maior. A semana passada já vimos o possível e impossível ser feito para que não vencêssemos o segundo jogo do playoff. Não o conseguiram evitar, mas tiveram a sua pequena vingança: o nosso capitão Mariano Velasquez foi expulso, e depois 'presenteado' com três jogos de suspensão. Exactamente o necessário e suficiente para que não jogue mais nenhum jogo do playoff, terminando assim desta forma triste a sua carreira no Benfica.

Na arena de Fânzeres, onde os espectadores se deslocam para satisfazer a sua sede de sangue, e onde lhes são permitidos todos e quaisquer comportamentos animalescos, já conhecemos bem o que se costuma passar. Entre jogadores nossos a saírem directamente para o hospital, cartões vermelhos e azuis ao desbarato, penáltis e livres directos a pedido, o que é certo é que não podemos sair de lá com a vitória. Hoje foi apenas um pouco mais do mesmo. O Benfica cometeu o 'erro' de marcar dois golos de rajada logo no início do jogo, e deu-se logo início ao festival. Após intenso labor de todos os envolvidos, que incluiu três penáltis patéticos a favor do fóculporto, um golo ilegal, e cartões azuis aos nossos dois melhores marcadores (Tó Silva e Ricardo Barreiros), lá nos conseguiram levar de vencida por 5-3, perante o regozijo mal disfarçado dos clássicos comentadores da RTP Porto (um deles chegou a descuidar-se, e ao ver o fóculporto desperdiçar mais um contra-ataque soltou um 'Temos que ser mais práticos no contra-ataque'), que traduziam o tradicional canto que eles têm quando se referem às profissões das respectivas mãezinhas e ao SLB por 'cânticos de apoio a Reinaldo Ventura após o penálti falhado', e o olhar atento do corrupto de forma tentada, que aproveitou mais uma oportunidade para se dar à idólatra.

Por tudo isto só posso dar os parabéns aos nossos jogadores pela atitude demonstrada, por nunca terem perdido a cabeça nem terem deixado de lutar, e garantir que lá estarei no próximo dia 21 a apoiá-los.

sexta-feira, junho 06, 2008

Franchise

Acabei de ler algumas declarações do empresário do Edgar, que no início da época passada foi dado como certo na Luz, mas que acabou por ir parar ao Dragoum (sem grande pena minha, já que quando ele foi dado como certo no Benfica nunca achei que fosse uma contratação entusiasmante). Diz ele que tomaram a decisão errada ao ir para o Dragoum - que surpresa. De um lado tinham um clube que estava interessado no jogador. Do outro tinham um clube que estava interessado em que o jogador não fosse para o outro clube. Não me parece que seja necessária uma inteligência fora do normal para se saber qual seria a opção mais interessante do ponto de vista da carreira do jogador em questão. Aliás, a exemplo do que terá acontecido com o Kazmierczak, que também se revelou de uma utilidade extrema esta época lá para os lados de Contumil.

Mas não é isto que eu acho que tenha qualquer interesse nas declarações do empresário. A parte que me divertiu mais foi mesmo esta:

"Esteve seis meses no FC Porto sem jogar absolutamente nada, foi cedido a outro clube no qual o treinador dependia do FC Porto e onde parecia que o interesse era para também não jogar."

Não é que isto seja propriamente uma novidade,
mas acho de qualquer forma sempre interessante ver a dependência directa de um treinador de um adversário do Porto na Liga exposta com esta clareza por alguém de dentro do meio do futebol. O esquema do Porto de colocar simpatizantes e pessoas próximas à frente de vários dos clubes da Primeira Liga (emprestando depois jogadores aos clubes que aceitam esse amigalhaço por lá, numa espécie de esquema de franchising) é sobejamente conhecido, e um dos tentáculos do 'sistema' implantado. Depois esses 'amigos' costumam estar a olhar para o chão nas alturas em que algo de estranho se passa, ou no final dos jogos desfazem-se em elogios ao Porto mesmo que tenham sofrido autênticos assaltos dentro do campo. No entanto, após um jogo contra o Benfica já são capazes de berrar como bezerros desmamados se um lançamento lateral for mal marcado (e, como sabemos, não estou a exagerar nesta história dos lançamentos, já que basta lembrarmo-nos do que se passou esta época em relação ao Binya).

quarta-feira, junho 04, 2008

UEFA

Sem grande surpresa, a UEFA excluiu o Porto da próxima edição da Champions League. Não me sinto particularmente eufórico com esta decisão, já que por norma não costumo alegrar-me com as desgraças dos outros. O ponto que eventualmente me deixa satisfeito é mesmo ver a chico-espertice ter dado para o torto. Estiveram à espera da altura ideal para resolver o Apito Final, saiu a condenação e riram-se, encolhendo os ombros, e agora acabou por rebentar-lhes tudo na cara.

Como é óbvio, esta decisão (a manter-se) é benéfica para o Benfica, já que poderá vir a ter a oportunidade de entrar na pré-eliminatória da Champions. E é claro que, a surgir essa oportunidade, o clube aproveitá-la-á. Mas por mim, não me importava nada de continuar na Taça UEFA. Porque a verdade é que fizemos uma época miserável, e que a Taça UEFA foi o corolário lógico dela, e um castigo que até considero justo. Ao contrário de outras mentalidades, não me agradam conquistas imerecidas.