domingo, dezembro 30, 2012

Medíocre

Considerando aquilo que vi durante os noventa minutos, o empate com o último classificado da Liga acaba por ser um mal menor, e um resultado até algo lisonjeiro para o Benfica. A exibição foi medíocre - das piores que vi esta época - parecendo por vezes que os jogadores deviam pensar que ainda estavam de férias.

Nem sequer se pode utilizar a justificação de se ter apresentado uma equipa pouco rotinada: o onze titular foi praticamente o habitual, com apenas três ausências: Artur, Luisão e Maxi (jogaram o Paulo Lopes, Jardel e André Almeida). Pouco de positivo há a dizer sobre o jogo: foi um daqueles em que ao fim de uns dez minutos já dava para ficar com a sensação de que as coisas iriam correr mal. Pouca inspiração no ataque, com os jogadores a tentar com demasiada frequência fazer as coisas sozinhos, e acima de tudo muito pouca agressividade na luta pela recuperação da bola e lentidão a recuar no terreno, o que permitia ao Moreirense contra-atacar com perigo sempre que perdíamos a bola no ataque. Na frente de ataque contámos com uma dupla em acérrima competição para ver quem estava mais desinspirado, e acabou por ser necessário ir a penáltis para desempatarem. Parecia que a equipa estava mais uma vez à espera de dar avanço ao adversário para depois recuperar, e o golo do Moreirense acabou por surgir perto do intervalo. O seu autor foi o suspeito mais provável - Ghilas. Já tinha falhado incrivelmente um cabeceamento na cara do Paulo Lopes, e desta vez, isolado (depois de mais uma perda de bola displicente numa saída nossa para o ataque) não perdoou.

Mas a reacção do Benfica ao golo não foi a melhor. É certo que os jogadores pareceram esforçar-se um pouco mais, mas continuaram a jogar bastante mal. Apesar de ter sido forçado a recuar no terreno, o Moreirense nem sequer pareceu ter grande dificuldade em ir sustendo as investidas do Benfica, que na maior parte dos casos nem chegavam a causar perigo. A grande excepção deu-se quando o Benfica beneficiou de um penálti, após um derrube ao Lima, que tinha sido isolado nas costas da defesa por um bom passe do Matic. Mas dando sequência à exibição desastrada que vinha fazendo, o próprio Lima viu o guarda-redes defender o seu remate. À medida que o tempo foi decorrendo o Benfica foi jogando de forma cada vez mais atabalhoada, enquanto que iam entrando avançados em jogo. Já em período de descontos, e numa altura em que até o Kardec já estava em campo, novo penálti a nosso favor, após uma placagem ao Cardozo. Desta vez foi o Cardozo a encarregar-se da marcação, e a exemplo do que tem feito ultimamente, marcou com muita calma, enviando a bola para um lado e o guarda-redes para o outro.

O resultado acaba por permitir ao Benfica manter-se na frente do grupo, dependendo apenas de si mesmo para conseguir o apuramento para as meias-finais. Isto é uma das duas coisas positivas do jogo de hoje. A outra foi o facto de um jogo disputado às quatro da tarde, mesmo que para a Taça da Liga, ter resultado numa casa cheia como raramente se vê. Pena é que este público tenha sido presenteado com uma exibição tão desinspirada.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Reviravolta

Quase que já começa a parecer de propósito: pelo terceiro jogo consecutivo o adversário chega à vantagem, e depois o Benfica acelera o jogo e faz a reviravolta no marcador, conquistando a vitória.

Muitas alterações no onze, como era esperado. Em relação ao jogo com o Marítimo, apenas o Jardel e o André Gomes mantiveram a titularidade. Mesmo assim, o onze apresentado pelo Benfica tinha qualidade mais do que suficiente para esperarmos uma vitória em Olhão, num campo onde não temos sido felizes nas últimas época - isto, combinado com o facto do jogo ser transmitido pela TVI (um ódio pessoal) deixava-me com um mau pressentimento. Os jogadores do Benfica também devem ter achado que a sua qualidade acabaria por resolver o assunto mais cedo ou mais tarde, e talvez por isso, depois de uns primeiros minutos relativamente agradáveis, tenham relaxado um pouco. O jogo foi bastante disputado, mas relativamente mal jogado, com a qualidade do futebol de ambas as equipas a deixar muito a desejar. O Benfica errou demasiados passes, e durante uma boa parte do primeiro tempo insistiu num futebol mais directo, em vez de tentar construir as jogadas de forma mais elaborada - isto apesar de hoje termos iniciado o jogo com um meio campo formado por três jogadores, com o Gaitán a actuar no centro, à frente do Enzo e do André Gomes. As ocasiões de golo foram naturalmente muito poucas, já que se rematou muito pouco devido ao facto das equipas estragarem a maior parte das jogadas ainda antes da bola chegar a posições mais próximas das balizas.


A segunda parte começou praticamente com o golo do Olhanense, que aproveitou uma saída da baliza do Paulo Lopes para desarmar um adversário que se isolava e não conseguiu aliviar a bola com força suficiente, permitindo a recuperação da mesma a um adversário, que se limitou a rematar de muito longe para a baliza deserta. Despertou o Benfica, que se terá decidido então a colocar mais velocidade no jogo. Para o jogo foram lançados o Salvio e o Lima, que substituíram o André Gomes e o Bruno César (que teve uma actuação apagadíssima), que também trouxeram maior movimentação ao ataque. O Benfica passou a jogar quase exclusivamente no meio campo adversário e a ter a bola quase sempre em seu poder, mas continuámos a falhar muito no passe final ou no momento da decisão - houve situações em que um jogador nosso tinha oportunidade para rematar e optava por fazer mais um passe, que saía quase sempre mal, ou em que jogadores completamente soltos junto à linha final acabavam por centrar a bola para zonas onde não havia nenhum colega. O golo do empate surgiu a vinte minutos do final, numa bola parada em que o Jardel acreditou e foi captar sobre a linha final, tocando-a para trás de forma a permitir o remate vitorioso do Rodrigo (foi uma das poucas contribuições positivas que fez no jogo). Obtido o empate, o Benfica foi à procura do golo da vitória, mas à medida que o jogo se aproximou do final fomos perdendo alguma clarividência e o nosso jogo ressentiu-se disso, aproveitando o Olhanense para respirar um pouco e responder também aos ataques do Benfica. A dois minutos do final, e numa altura em que já pouco acreditava que tal sucedesse, o Ricardo e um defesa do Olhanense atrapalharam-se com um remate cruzado do Salvio, e a bola acabou por sobrar para o Lima à boca da baliza, que se limitou a empurrá-la para o fundo da mesma.


Não consigo mesmo dar um grande destaque um jogador do Benfica esta noite. Acho que estiveram todos mais ou menos a um nível semelhante, com o Gaitán, talvez, a evidenciar-se um pouco mais. Os já referidos Bruno César e Rodrigo, na minha opinião, produziram menos do que seria esperado. O segundo salvou a exibição com o golo, mas até lá somou muitas perdas de bola e decisões erradas - em compensação mostrou uma boa atitude, pois por mais do que uma vez o vi recuar no terreno para perseguir adversários e lutar para recuperar bolas que tinha perdido. Continua claramente a atravessar uma fase menos boa, mas espero que o golo em cada um dos dois últimos jogos lhe possam devolver a confiança. O André Almeida, sobretudo na segunda parte, deu algum espaço no seu corredor, permitindo entradas de adversários nas suas costas - foi assim que nasceu o golo do Olhanense.

Fiquei agradado com esta vitória. O facto de ser para a Taça da Liga não a desvaloriza - a Taça da Liga é um troféu oficial do futebol português, cujas últimas quatro edições nós conquistámos. E eu desejo conquistá-la pela quinta vez consecutiva.

domingo, dezembro 16, 2012

Isolados

A vitória folgada assenta bem ao Benfica, após um jogo de sentido único em que o Marítimo pouca ou nenhuma oposição conseguiu fazer, e em que Guilherme Espírito Santo foi recordado antes do apito inicial. Mas ainda assim o Benfica passou por algumas dificuldades, fruto do desperdício e do facto de ter concedido um golo na meia oportunidade que o adversário conseguiu construir ao longo de todo o jogo.


O Benfica apresentou o mesmo onze da jornada passada, com o André Gomes a manter a titularidade apesar do Enzo Pérez já estar recuperado. O jogo pouca história tem: foi um domínio constante do Benfica desde o apito inicial, com o Marítimo remetido quase sempre ao seu meio campo. Mesmo sem acelerar muito o jogo, parecendo por vezes jogar quase ao ritmo de treino, o Benfica circulava bem a bola e ia abrindo brechas na defesa adversária. Só que depois, na hora de concretizar, é que a história era outra, e revelámos desacerto e falta de decisão. Como tantas vezes acaba por acontecer, quando não convertemos a nossa superioridade em campo em golos, acabamos por sofrer. O Marítimo, que até aí se tinha revelado inofensivo, aos vinte e cinco minutos dispôs de um livre a meio do nosso meio campo, mandou gente lá para a frente, despejou a bola para a área e esta acabou por sobrar de forma algo fortuita para o remate de um jogador seu, que assim os colocou em vantagem. Respondeu o Benfica metendo mais velocidade no jogo, mas continuando com o desperdício. Foram apenas oito os minutos que decorreram entre o golo do Marítimo e o golo do empate, mas pelo meio conseguimos desperdiçar umas três ocasiões de golo, a última delas a mais flagrante, pelo Cardozo. Redimiu-se logo a seguir, marcando num cabeceamento fácil à boca da baliza, após assistência de cabeça do Salvio, que do lado oposto devolveu um cruzamento do Ola John. Apesar do constante domínio até ao intervalo, o marcador não voltou a funcionar e assim saímos para o balneário com um empate muito injusto no marcador.


Para a segunda parte a equipa regressou com o Enzo Pérez no lugar do André Gomes - eu até gostei bastante da exibição dele na primeira parte, mas já tinha um amarelo e julgo que a intenção talvez tenha sido dar mais alguma velocidade na construção dos lances e capacidade para transportar a bola para o ataque. O jogo, esse, em nada mudou: o Benfica continuou a mandar como quis no jogo, e o Marítimo a defender-se como podia, sem sequer construir uma jogada de ataque que fosse. O tempo foi no entanto passando, e o Benfica teimava em não marcar o golo que nos colocaria em vantagem. Só após vinte minutos decorridos é que o nó se desatou, com um penálti assinalado por mão na bola de um jogador do Marítimo. O Cardozo marcou-o a papel químico daquele que tinha marcado em Alvalade, e tarefa do Benfica ficou muito mais facilitada, até porque o Roberge, na sequência do penálti, viu o segundo amarelo e foi expulso. Três minutos depois, o Cardozo aproveitou uma série de ressaltos após uma insistência do Lima para fazer o hat trick (e o seu centésimo golo na Liga ao serviço do Benfica) e sentenciar o jogo. Daqui até final a expectativa passou a ser apenas quantos golos mais marcaria o Benfica, pois praticamente cada ataque nosso deixava uma sensação de perigo, já que a defesa do Marítimo abria cada vez mais espaços. Mas apesar de várias tentativa, sobretudo da parte do Cardozo, foi só apenas a dois minutos do final que o marcador voltou a funcionar, e por intermédio do jogador que substituiu o paraguaio, o Rodrigo. E foi mesmo o golo mais bonito da noite: um grande passe do Matic a desmarcar o Melgarejo na esquerda, que de primeira assistiu de cabeça o Rodrigo, com este a finalizar com um remate também de primeira.


A figura do jogo tem que ser o Cardozo, porque fez um hat trick e chegou à marca assinalável dos cem golos na Liga. Mas o melhor jogador do Benfica em campo foi, para mim, e para não variar, o Matic. Já começam a faltar adjectivos para descrever a forma recente dele. Encheu literalmente o campo, porque parecia que estava em todo o lado. Recupera bolas na luta do meio campo, e depois revela ainda uma qualidade técnica assinalável na forma como conduz e distribui a bola. A continuar assim, será certamente a próxima grande venda do Benfica. Gostei bastante da exibição do Melgarejo também, e o Maxi deve ter feito um dos melhores jogos dos últimos tempos.

A obrigatoriedade de vencer foi cumprida, com um resultado confortável e que nos permite passar o ano na liderança isolada, já que no jogo do nosso adversário directo o Proença deve ter tido receio que os seus meninos se constipassem.  Não dou particular importância ao adiamento (já conhecemos o final habitual da tradicional peça entre chocos e portistas, independentemente da data em que se realiza). Acho apenas muito incorrecto da parte dele estar a obrigar o Alguidar e os seus pares a contorcerem-se outra vez cada vez que tiverem que ouvir a expressão 'campeões de inverno'.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Lógica

E no final a lógica imperou. A equipa de futebol venceu o grupo de jogadores da bola que foi lançado ao quase pelado de Alvalade, tendo no entanto sido necessário um golo do adversário para que despertássemos da quase sobranceria com que abordámos a primeira fase do jogo.



Sem o Luisão jogou o Jardel, e sem o Enzo jogou o André Gomes. Se o 'menino' jogou a titular em Camp Nou sem quaisquer problemas, nenhum motivo para recear fazer o mesmo esta noite. Os primeiros minutos do jogo pareciam indicar que o Benfica quereria aproveitar da melhor forma o momento frágil do Sporting, e impor o seu jogo logo de início. Mas a verdade é que após uns primeiros dez minutos promissores, o Benfica pareceu algo sobranceiro e foi deixando o Sporting foi ganhar confiança e crescer no jogo, superiorizando-se na luta do meio campo e tentando quase sempre aproveitar o Capel para explorar o adiantamento do Maxi no terreno. E foi mesmo por aí que o Sporting chegou ao golo, numa grande finalização do Wolfswinkel, que conseguiu antecipar-se ao Garay e rematar de primeira de pé esquerdo, precisamente à meia hora de jogo. Só depois do golo o Benfica pareceu espevitar - ou isso, ou o Sporting achou que já tinha feito o suficiente e que daí para a frente só tinha era que defender a vantagem alcançada. A verdade é que o nosso adversário praticamente não voltou ao jogo a seguir ao golo, enquanto que o Benfica começou a dominar e finalmente a criar ocasiões de golo. Desperdiçámos pelo menos um par delas para chegar ao empate antes do intervalo, pelo Lima e pelo Cardozo, mas apesar da desvantagem no final da primeira parte, pareceu-me mais ou menos claro que o nosso adversário tremia sempre que era mais pressionado, e que se o jogo continuasse com a mesma tendência os golos do Benfica acabariam por surgir. O problema maior do Benfica durante esta primeira parte parecia ser a ausência de um jogador capaz de organizar o jogo ofensivo da equipa, e de transportar a bola pelo centro nas saídas para o ataque - esse papel acabou por cair sobre o Matic diversas vezes, e não parece sensato exigirmos tanto dele, tendo em conta que as tarefas principais dele são os equilíbrios defensivos e a recuperação da bola.



E continuou mesmo. O Benfica procurava o golo com maior insistência, tinha muito mais bola, e o jogo disputava-se quase em exclusivo no meio campo do nosso adversário, que revelava enorme dificuldade para construir jogadas de ataque - na maior parte das vezes, quando recuperava a bola limitava-se a chutá-la para a frente, na esperança que o Capel ou o Wolfswinkel a conseguissem captar e fazer alguma coisa. Mesmo assim, numa das raríssimas ocasiões em que chegaram à frente, conseguiram criar uma grande oportunidade para marcar, valendo-nos a defesa do Artur frente ao isolado Elias. Pressentia-se que um golo do Benfica poderia fazer desmoronar o Sporting como um castelo de cartas, e ainda antes de finalizado o primeiro quarto de hora isso aconteceu mesmo. Depois de um excelente cruzamento do Ola John na esquerda, o Cardozo ainda conseguiu cabecear de forma atabalhoada mesmo tendo sido abalroado por um adversário, e de alguma forma o excelente Rojo, que o Sporting fez o favor de orgulhosamente no-lo roubar, meteu a bola dentro da própria baliza. A partir daqui então só deu mesmo Benfica. A última meia hora de jogo foi de ataques constantes da nossa parte, e chutos para a frente da parte do Sporting, com uma excepção num bom remate do Insúa que levou a bola ao ferro. O Benfica também acertou no poste, poucos minutos após o golo do empate, num cabeceamento do Garay. Os nossos dois extremos, Salvio e Ola John, subiram muito de produção da primeira para a segunda parte, e as subidas dos nossos laterais não eram sequer acompanhadas pelos adversários directos. Pelo meio, apesar da teórica superioridade numérica do adversário, eram o Matic e o André Gomes quem controlavam e dispunham de cada vez mais espaço. O segundo golo era uma inevitabilidade, e a dez minutos do fim apareceu, depois de um penálti evidente por corte do Boulahrouz com a mão de um remate do Salvio que daria golo. O Cardozo com muita calma esperou que o Patrício caísse para um lado e atirou a bola para o outro, e toda a gente percebeu que, apesar do tempo que ainda faltava jogar, o vencedor estava encontrado, e que se o resultado mudasse só poderia ser com mais golos do Benfica. E como se não bastasse o golo sofrido e a expulsão, o Sporting ainda levou logo de seguida com a entrada inspirada do Gaitán, que até final infernizou a vida do jovem central inglês adaptado a lateral direito, e de todos os que lhe sairam ao caminho. Um livre por mais uma falta cometida por ele proporcionou ao Salvio a oportunidade de cruzar para o cabeceamento vitorioso do Cardozo, a cinco minutos do final. Game over.




Homem do jogo: Cardozo. O paraguaio tem o bom hábito de marcar no derby, fazendo do Sporting uma das suas vítimas predilectas. Hoje marcou dois e bem podia ter saído do batatal de Alvalade com um hat trick, ficando ainda directamente ligado ao outro golo do Benfica. André Gomes mais uma vez a mostrar que para ele tanto faz se o adversário se chama Barcelona, Freamunde ou Sporting (hoje em dia é verdade que a diferença entre os dois últimos é mínima): joga sempre no mesmo registo, de uma forma sóbria e segura. Matic sempre importante, Lima excelente (merecia um golo) e o Salvio teve uma segunda parte muito melhor do que a primeira, onde terá sido um dos mais fracos. O Jardel também melhorou muito da primeira para a segunda parte, tendo acertado com a marcação ao Wolfswinkel e jogando quase sempre em antecipação.

O Benfica foi quase masoquista neste jogo, obrigando-se a sofrer para depois mostrar a sua superioridade. Ou, por outro prisma, foi sádico: deixou que o Sporting, durante alguns minutos, pensasse que seria possível vencer um jogo contra uma equipa que lhe é manifestamente superior, para depois destroçar-lhes essa ilusão. O mais importante é que a esperada vitória foi conquistada. Mesmo sem Luisão, Aimar, Pérez ou Carlos Martins. E se outros faltarem, neste momento tenho confiança que nem isso fará abanar esta equipa.

P.S.- Fiquei surpreendido pela qualidade da arbitragem do Marco Ferreira neste jogo. Muito melhor do que aquilo a que internacionais como Proenças e quejandos me têm habituado.

P.P.S.- O Benfica utilizou mais portugueses neste jogo do que o Sporting.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Desperdício

Estamos fora da Champions e fomos relegados para a Liga Europa única e exclusivamente por desperdício próprio. O Barcelona estendeu-nos uma passadeira vermelha até aos oitavos-de-final, mas quem falha as oportunidades que o Benfica falhou e não consegue vencer um Barcelona tão desfalcado não pode ter aspirações muito sérias a continuar na Champions. Tão cedo o Barcelona não voltará a proporcionar-nos tamanha oportunidade para vencer em Camp Nou, e por vezes quase parecia que só faltava mesmo que algum dos jogadores do Barcelona marcasse um autogolo para nos dar ainda mais hipóteses de passar.


Dupla Rodrigo/Lima na frente, Nolito e André Gomes os escolhidos para ocupar os lugares dos lesionados Salvio e Pérez. Do outro lado, um Barcelona onde apenas o Puyol, recém-regressado de lesão, se poderá considerar um titular habitual do onze base. O Benfica aproveitou bem a equipa menos experiente apresentada pelo Barcelona para pressionar mais à frente, não deixando que o nosso adversário pudesse fazer o seu jogo habitual de posse de bola. Ou a bola era recuperada em zonas mais adiantadas do campo, ou então, quando chegava até aos avançados, a forma compacta como toda a equipa subia no terreno fazia com que estes fossem repetidamente apanhados em fora-de-jogo. Depois, recuperada a bola, sempre que conseguíamos colocá-la rapidamente nos homens da frente, com passes a rasgar, criávamos perigo. O Benfica foi assim claramente superior durante toda a primeira parte, mas mostrou uma falta de eficácia gritante, que acabou por ser o factor determinante para o afastamento da Champions. O primeiro mau sinal foi dado cedo, quando o Rodrigo, isolado perante o guarda-redes e com o Nolito completamente sozinho ao seu lado e em frente à baliza, preferiu chutar para fora. Ainda bem que não sou treinador, porque se o fosse numa situação destas substituiria imediatamente o jogador, e ainda o mandava um mês para a equipa B. Depois destas vieram outras, igualmente desperdiçadas, sendo as mais claras as do Lima, que o guarda-redes ainda desviou para o poste, e do Ola John, também defendida pelo guarda-redes. Do lado do Barcelona, nem um único sinal de perigo. O intervalo chegou com um sentimento de frustração por ver uma oportunidade única de vencer o jogo a ser desperdiçada desta forma, ainda para mais pairando sobre nós a ameaça de a qualquer instante o Messi entrar em campo e resolver as coisas sozinho.
 


No regresso do intervalo o jogo foi diferente. Não sei se foi consequência directa de algum cansaço dos nossos jogadores, mas deixámos de pressionar tão alto, e o Barcelona passou a dispor de mais espaço para jogar no meio campo, assistindo-se a diversas situações em que um jogador pegava na bola e progredia sem qualquer oposição até às imediações da nossa área. Na direita, o Maxi começou a ser repetidamente batido com alguma facilidade pelo Tello, e cheguei a pensar que se a situação se mantivesse ele nem sequer acabasse o jogo, pois a forma como passou a entrar à bola foi endurecendo progressivamente. O Messi lá acabou por entrar e o Benfica foi-se encolhendo cada vez mais para junto da sua área, com o Barcelona a jogar um futebol muito mais próximo daquele que lhe é habitual, embora seja um facto que raramente conseguiram colocar o Artur à prova. A única excepção foi mesmo um lance do Messi, que se isolou mas viu o Artur negar-lhe o golo por duas vezes: primeiro ao sair-lhe aos pés, e depois ao recuar para a baliza a tempo de evitar o chapéu na recarga. Neste mesmo lance o Messi lesionou-se, o que significou que ficámos com a oportunidade de jogar contra dez nos últimos minutos - era mesmo tudo a correr a nosso favor, mas nem assim conseguimos aproveitar. A equipa nesta fase já parecia demasiado fatigada, e não conseguimos pressionar os jogadores do Barcelona, que continuavam a conseguir ter mais posse de bola. As entradas do Bruno César e do Cardozo (conforme era previsível, praticamente não lhe chegou a bola) não foram felizes, e igualmente de nada serviu a ida do Luisão para a frente, onde apenas fez figura de corpo presente (ou estou enganado, ou ele estava em inferioridade física). Ainda assim, mesmo a fechar o jogo ainda dispusemos de mais uma ocasião, onde o Cardozo primeiro, depois de receber uma bola que a defesa do Barcelona deixou passar, conseguiu tropeçar umas três vezes na bola, e depois de mais uma série de passes meio atabalhoados e ressaltos esta acabou por sobrar para o Maxi que, dentro da área, a chutou para a bancada.


Melhores do Benfica: Garay (cortou tudo o que era humanamente possível), Matic (deve ter sido o jogador do Benfica que mais pressionou os adversários do primeiro ao último minuto) e Ola John na primeira parte (depois foi-se apagando ao longo da segunda). Nada mal também o André Gomes, mas pareceu-me igualmente que terminou o jogo quase sem fôlego. O pior jogador do Benfica foi o Rodrigo. Aquele falhanço é imperdoável, não tanto pelo falhanço em si, mas sobretudo pelo egoísmo. Não gostei muito do Maxi também. Foi batido demasiadas vezes pelo adversário directo, deixou espaços atrás, e passou por uma fase em que entrava às bolas como se estivesse a pedir para ser expulso.

Não me posso queixar da atitude da equipa. Fomos dignos, os nossos jogadores tentaram e lutaram, e saímos de cabeça erguida. Mas uma equipa que exibe tamanho desperdício não pode ter lugar na próxima fase da Champions. Ontem se calhar avaliaríamos as nossas hipóteses de prosseguir na prova como diminutas, mas hoje, depois de visto o jogo, fica a frustração e até irritação por não termos conseguido aproveitar a oportunidade dourada que o Barcelona nos concedeu. Agora resta-nos colocar isto para trás das costas, recuperar os jogadores, e concentrarmo-nos no próximo jogo do campeonato, que é o principal objectivo.