terça-feira, setembro 27, 2011

Dominado

Vitória justa e incontestável do Benfica, num jogo dominado do princípio ao fim. Podemos eventualmente queixar-nos de não termos resolvido o jogo mais cedo e conseguido um resultado um pouco mais folgado, mas o mais importante são os três pontos, e esses foram conquistados sem grande dificuldade.

Com o Bruno César e o Saviola como alterações no onze que jogou no Porto (saíram Aimar e Nolito), o Benfica mostrou desde o apito inicial uma enorme superioridade sobre os romenos do Otelul Galati. O que vimos nos primeiros minutos foi o exemplo daquilo que se veria durante o resto do encontro, com o Benfica a ter quase sempre a bola em seu poder e a jogar no meio campo adversário. O jogo nem sequer parecia ser da Champions, assemelhando-se mais a um jogo típico do Benfica para a liga portuguesa, com o nosso adversário encolhido junto da sua área, a jogar com as linhas muito juntas, e aproveitando qualquer falta, mesmo que assinalada quase sobre a linha do meio campo, para mandar toda a gente lá para a frente e despejar a bola para as imediações da nossa área. Sem ser assim, não conseguiam aproximar-se sequer da nossa baliza. Mas os romenos mostraram que sabem defender de uma forma razoavelmente organizada, e por isso conseguiram evitar que o domínio claro do Benfica se traduzisse numa enxurrada de oportunidades de golo. Estas foram, no entanto, aparecendo esporadicamente, e os maiores desequilíbrios apareciam quase sempre dos pés do Gaitán. A cinco minutos do intervalo foi ele quem inventou um grande passe a solicitar uma diagonal do Bruno César, da esquerda para o centro, e depois o 'chuta-chuta', em frente ao guarda-redes, marcou com aparente facilidade o golo que resolveu o jogo.

Na segunda parte o campeão romeno tentou obviamente vir um pouco mais para a frente e pressionar mais alto o Benfica, logo na saída de bola da nossa defesa. Aos dois minutos conseguiram mesmo o primeiro remate à nossa baliza - o que mostra bem o quanto estiveram controlados durante o jogo. Mas com mais ou menos vontade, a verdade é que mostraram pouca capacidade para nos incomodarem seriamente. Apesar do esforço extra dos romenos nos ter dificultado um pouco mais a gestão da posse de bola, já que a nossa qualidade de passe caiu um pouco, a posse de bola continuou a ser avassaladora para o Benfica, o jogo tornou-se progressivamente mais aborrecido, e o único eventual factor de irritação era mesmo não darmos a machadada final no jogo. Não que estivesse particularmente preocupado com a capacidade do Otelul conseguir remeter-nos para a nossa área e pressionar-nos na procura do empate, mas com uma vantagem mínima tememos sempre que algum lance de infortúnio possa roubar-nos uma vitória mais do que merecida. Só aos noventa minutos é que o Otelul (sem surpresas, depois de mais um livre no círculo central despejado para a área) conseguiu fazer o seu segundo remate na direcção da baliza, à figura do Artur, que ao não segurar a bola permitiu uma recarga que passou perto da baliza. Seguiu-se a resposta do Benfica com um remate perigoso do Rodrigo, e o final do jogo.

O Gaitán foi claramente o melhor jogador do Benfica, tendo quase todas as melhores iniciativas atacantes nascido dos seus pés. A demonstrar isto, a assistência fantástica para o único golo do jogo. Jogo sólido da dupla de centrais, Luisão e Garay, e também gostei da actuação do Javi e do Witsel.

Pontuar fora, e particularmente vencer na Champions é fundamental, e este resultado é por isso muito importante para as contas da qualificação para a próxima fase. Sem grande fogo de artifício, o Benfica cumpriu hoje a sua obrigação de forma eficaz e profissional, e isso é algo que começa a tornar-se uma constante esta época. O empate do Basileia em Old Trafford não é, à partida, uma boa notícia para o Benfica, pois mantém os suíços na corrida. O duplo confronto com eles que se segue deverá definir muita coisa.

sábado, setembro 24, 2011

Sóbria

Uma exibição sóbria, personalizada e concentrada permitiu-nos sair do Porto com um empate, conquistado num jogo difícil, e após uma transfiguração da equipa da primeira para a segunda parte.

Onze esperado do Benfica, sem quaisquer 'surpresas' de última hora. Os primeiros dez minutos de jogo pareceram ser de estudo mútuo, mas depois o Porto pareceu acordar com uma jogada individual do Hulk, que com um remate de meia distância obrigou o Artur a uma grande defesa. A partir daí, e durante o resto da primeira parte, o Porto esteve quase sempre por cima no jogo, controlando a posse de bola e sendo muito mais rematador. No entanto este domínio do Porto nunca chegou a deixar-me muito nervoso, porque fiquei sempre com a sensação de que a nossa equipa mantinha uma serenidade que, sinceramente, não nos é muito habitual naquele estádio. Apesar de mais pressionada, manteve-se sempre bastante organizada e concentrada, dando poucas oportunidades claras de golo ao adversário, que apesar de muito mais rematador, via a maior parte desses remates surgirem de longa distância, e quase sempre pelo Hulk (quer de bola corrida, quer em livres). Uma enorme excepção no entanto à passagem da meia hora, quando o Fucile teve uma oportunidade flagrante para marcar, surgindo à vontade na área para proporcionar a segunda grande defesa da noite ao Artur. A grande lacuna no jogo do Benfica foi no entanto no ataque, já que praticamente não conseguimos construir jogadas ofensivas ou sequer sair para o ataque da forma rápida como fazemos habitualmente - não houve no entanto apenas demérito do Benfica nisto, pois foi também o resultado da pressão que o Porto exerceu. Se o Benfica ia mantendo a concentração defensiva no jogo corrido, tal já não aconteceu numa bola parada: um livre sobre a zona lateral direita da nossa área permitiu ao Porto colocar-se em vantagem, graças a um bom cabeceamento cruzado do Kléber, que se antecipou com alguma facilidade ao Maxi. O golo surgiu quando faltavam pouco menos de dez minutos para jogar na primeira parte, e só depois é que o Benfica conseguiu dar alguns sinais de querer sacudir a pressão, mas o Porto continuou na mó de cima até ao apito para intervalo.

Não foi necessário esperar muito para vermos que as coisas seriam diferentes na segunda parte. Antes ainda de estarem decorridos dois minutos, já festejávamos o empate. Depois de uma recuperação de bola ainda no meio campo defensivo do Porto, a bola chegou até ao Nolito, que já dentro da área fez um excelente passe para o Cardozo, tendo este aguentado a carga do defesa para depois rematar por baixo do corpo do Hélton. Só que como já vimos acontecer noutras ocasiões naquele estádio, o Benfica não conseguiu tirar partido da vantagem motivacional de chegar ao empate, porque quatro minutos depois já estava novamente em desvantagem. Nova bola parada: um canto marcado à maneira curta, com a bola a chegar ao Varela na zona do primeiro poste, e depois o centro rasteiro a encontrar o Otamendi à boca da baliza para empurrar a bola. Este golo no entanto foi praticamente o canto do cisne do Porto no jogo, já que não conseguiram voltar a criar qualquer oportunidade de golo, e creio que apenas por mais uma vez (uma tentativa de chapéu do Guarín) remataram na direcção da baliza.

O Benfica conseguia agora manter o Porto bem mais longe da sua baliza e, recuperada a bola, já mostrava a qualidade das tais 'transições ofensivas'. Numa delas poderíamos ter chegado mesmo mais cedo ao empate, mas o Cardozo (outra vez a passe do Nolito) acabou por acertar com o seu remate no Hélton quando parecia ser mais fácil marcar. A vinte minutos do final o Jorge Jesus substituiu o Nolito e o Aimar pelo Bruno César e Saviola. Se a troca do Nolito pelo Bruno César não pareceu ter grande efeito (eu estava a gostar da exibição do Nolito), já a entrada do Saviola para o lugar do esgotado Aimar trouxe resultados, pois o Saviola começou a surgir solto nas costas dos médios do Porto, fazendo de forma eficaz a ligação entre o meio campo e o ataque. E foi mesmo aí que o Saviola, a oito minutos do final, inventou um passe fantástico entre os centrais do Porto para encontrar a desmarcação do Gaitán. Depois o talento deste fez o resto, rematando de primeira de forma imparável para o fundo da baliza. O Porto, que pouco tinha feito depois do segundo golo, não mostrou capacidade para reagir a este golo, e o Benfica pareceu ficar satisfeito com o empate.

Individualmente gostei do Artur - sem culpas nos golos e duas grandes defesas. Gostei também das exibições do Luisão, do Nolito e do Gaitán. É verdade que sofremos dois golos, mas acho que o nosso capitão fez uma exibição muito sólida, ganhando quase todos os lances que disputou, muitos deles em antecipação. O Nolito e o Gaitán foram sempre os nossos jogadores mais perigosos: o Nolito mais no passe e o Gaitán mais rematador.

Sabemos do péssimo historial que temos nas visitas ao Porto, pelo que este empate pode considerar-se um bom resultado.
No jogo de hoje gostei acima de tudo da forma sóbria e concentrada como a equipa jogou, mesmo durante os piores períodos do jogo, em que o Porto estava por cima. Já vi bastantes jogos disputados no Porto em que o nosso erro foi precisamente perdermos a cabeça em situações negativas, mas hoje isso nunca me pareceu estar perto de acontecer. Nem sequer com as patéticas simulações do Fucile.

segunda-feira, setembro 19, 2011

Esforçada

Uma exibição esforçada do Benfica. A vitória frente a uma equipa que tem sido feliz nos últimos anos quando nos visita é justa e indiscutível, mas o resultado final talvez esconda um pouco as dificuldades que o adversário nos colocou durante várias fases do jogo.

Três jogadores nucleares na equipa foram poupados: Javi García, Aimar e Gaitán. Nos seus lugares surgiram o Matic, Saviola e o regressado Nolito. Destaque também para a presença do Bruno César no onze. A Académica apresentou-se na Luz a jogar de forma desinibida e sem muitas preocupações defensivas. O resultado foi um jogo relativamente aberto e disputado a boa velocidade, com o Benfica a ter naturalmente mais posse de bola e a pressionar mais, mas com a Académica a tentar sempre sair rapidamente para o ataque quando recuperava a bola, e a conseguir surgir por vezes com algum perigo no ataque, rematando mesmo mais vezes que o Benfica. Após a boa entrada da Académica, a partir dos dez minutos o Benfica passou tomar cada vez mais conta do jogo e foi aumentando a pressão, desperdiçando lances de ataque, muitas vezes por precipitação no último passe ou hesitação na altura do remate. Mas o crescimento do Benfica acabou por dar frutos aos vinte e cinco minutos, quando uma insistência do Saviola encontrou o Bruno César solto na direita da área, e este com classe aproximou-se da baliza, evitou um defesa, e marcou à saída do Peiser. Em vantagem no marcador, o Benfica continuou por cima no jogo, mas continuou a desperdiçar ocasiões para construir um resultado mais tranquilo - em particular uma situação do Saviola. E como quem não marca, normalmente sofre, isso aconteceu mesmo a cinco minutos do intervalo, quando uma falha de marcação da nossa equipa permitiu que surgisse um adversário completamente solto à entrada da área, de nada valendo a estirada do Artur (ainda tocou na bola) para deter o seu remate. As coisas podiam ter-se complicado nesta altura, mas praticamente na resposta o Nolito, pela esquerda, pegou na bola (boa recuperação do Matic), enfiou-se pelo meio de uma multidão de adversários, e conseguiu rematar cruzado para recolocar o Benfica em vantagem.

A segunda parte foi simplesmente má. Jogada a um ritmo mais lento do que a primeira parte, mas sobretudo sem muitas jogadas de relevo. A Académica tentou subir e vir à procura do empate, mas foi o Benfica quem continuou a controlar a posse de bola. Só que durante largos minutos fomos incapazes de construir praticamente uma jogada de ataque digna desse nome. O jogo foi-se arrastando assim e as coisas pareciam pouco inclinadas a alterar-se, mas a vinte minutos do final entraram o Aimar e o Gaitán para os lugares do Saviola e do Bruno Cesar, e as coisas melhoraram um pouco, sobretudo por influência do nosso número dez. Nesta altura a Académica arriscava muito na procura do golo do empate, e jogava com a defesa ainda mais subida - quase encostada à linha do meio campo. Com a entrada do Aimar passámos a ter um jogador capaz de segurar a bola e esperar pelo momento certo para lançar os colegas nas costas da defesa. A oito minutos do final foram mesmo os dois jogadores que entraram que construíram o lance do golo da tranquilidade: um bom cruzamento do Gaitán na esquerda, a fugir do guarda-redes, que falhou a saída e deixou a bola ir ter com o pequeno Aimar, que no meio de dois defesas cabeceou à vontade para a baliza vazia. O resultado final foi construído já nos descontos, com um passe do Aimar a desmarcar o Nolito nas costas da defesa, e depois o espanhol finalizou com facilidade utilizando o pouco habitual pé esquerdo.

O melhor jogador do Benfica terá sido o Nolito. Marcou dois golos, sobretudo o importantíssimo segundo golo do Benfica, pela altura em que aconteceu. Hoje foi utilizado durante vários períodos no lado direito, trocando de posição com o Bruno César, e também esteve bem aí, mas parece ser mesmo na esquerda que se sente à vontade, jogando numa função muito semelhante à que vemos o Villa fazer no Barcelona. Bom jogo também do Bruno César, que parece estar cada vez mais bem adaptado ao nosso futebol. Como habitualmente, o Luisão esteve num nível muito bom. E, claro, muito bons os vinte e poucos minutos com que o Aimar contribuiu para o jogo. Menos bem esteve o Saviola. Até começou bem, fazendo a assistência para o primeiro golo e estando envolvido na maior parte dos lances mais perigosos do Benfica, mas pareceu ter ficado afectado pela oportunidade flagrante que falhou perto do final da primeira parte, e a partir daí foi sempre a descer. A segunda parte então foi para esquecer, com muitos passes falhados e perdas de bola. Menção ainda para o Matic: neste momento é praticamente um jogador em formação. É bom jogador e vai ser-nos muito útil, mas parece estar ainda a aprender como é que um trinco tem que jogar neste Benfica, tendo que aprender a não arriscar tanto quando tem a bola e que corrigir algumas movimentações. Neste momento ainda não me parece uma alternativa forte ao Javi.

Já vi o Benfica jogar melhor e ganhar por menos. Hoje o empenho dos nossos jogadores acabou por ser recompensado com um resultado generoso. A vitória desta noite teve ainda o extra de nos ter permitido alcançar o topo da classificação, nas vésperas de nos deslocarmos ao Porto. Esperemos que isto sirva de motivação extra para um jogo que poderá ser marcante para esta época.

quinta-feira, setembro 15, 2011

Orgulho

Tenho muito orgulho no meu clube. 
Se calhar, antes do jogo, ficaria razoavelmente satisfeito com a perspectiva de um empate contra o Manchester United. Depois de vistos os noventa minutos esse mesmo empate, apesar de se aceitar, já me sabe a pouco.


A Luz pôs-se linda esta noite para receber a estreia do Benfica na fase de grupos da Champions. Casa cheia e um ambiente fantástico, daqueles que nos fazem sentirmo-nos privilegiados pelo simples facto de podermos estar ali. O Ferguson tinha prometido que para este jogo iria apostar na experiência e cumpriu, apresentando uma equipa bastante diferente daquela que temos visto na Premier League. O meio campo foi onde isto mais se notou, aparecendo jogadores como Carrick, Giggs, Park, Valencia ou Fletcher. Claro que aqueles do costume irão agora argumentar que eles jogaram com as 'reservas', mas se calhar poderiam reparar que sete dos onze jogadores com que o Manchester entrou em campo esta noite estavam no onze que, há quatro meses, entrou em campo para jogar a final da Champions frente ao Barcelona. E as mudanças do Ferguson não se ficaram pelos jogadores, já que a própria táctica mudou, com o Manchester a abandonar o 4-4-2 habitual e a alinhar em 4-5-1, deixando o Rooney sozinho na frente. Da parte do Benfica, a principal alteração foi a entrada do Rúben Amorim para a direita do meio campo, tendo provavelmente como principal objectivo controlar as subidas do Evra pelo seu lado.


O jogo em si pareceu-me ficar marcado por muito respeito (ou receio) de parte a parte. O Manchester já o tinha mostrado na escolha do onze e da táctica, e o Benfica mostrou-o em campo. A nossa equipa arrumou-se em duas linhas de quatro jogadores - o Witsel jogava praticamente ao lado do Javi - encostando a linha do meio campo à da defesa, deixando ao Aimar a tarefa de fazer a ligação com o muito sozinho Cardozo na frente. Isto deixou bastante espaço ao Manchester para fazer posse de bola em zonas mais recuadas, mas não conseguindo converter essa posse de bola em lances de ataque de real perigo, já que raramente conseguiu encontrar maneira de furar as duas linhas do Benfica. Com menos posse de bola, o Benfica tentava aproveitar as recuperações de bola para sair em velocidade para o ataque e explorar todo o espaço que o Manchester deixava atrás, conseguindo assim ser mais rematador. Mas foi bastante evidente que mesmo neste aspecto houve cautelas, porque estas saídas eram quase sempre feitas com grande certeza, raramente fazendo passes de risco. Foi numa saída destas que, na esquerda, o Gaitán inventou um grande passe de trivela que foi encontrar o Cardozo praticamente um para um com o Evans. Depois o paraguaio, com um grande trabalho, matou no peito, ultrapassou o defesa puxando a bola com o pé esquerdo, e de pé direito rematou cruzado para o primeiro golo, após vinte e quatro minutos de jogo. Nada mudou com este golo, mantendo-se o mesmo cariz no jogo: mais posse de bola para o United, e o Benfica coeso na defesa e mais rematador. Mas a três minutos do intervalo 'esquecemo-nos' do Giggs, ele meteu-se no espaço entre as linhas e, à entrada da área, desferiu um remate sem qualquer hipótese de defesa para o Artur. Foi o primeiro remate que o Manchester fez à baliza no jogo, pelo que era já com a sensação de alguma injustiça que fomos para o intervalo.


A segunda parte trouxe um Manchester mais pressionante. Continuavam sem conseguir criar muitos lances de perigo, mas jogavam mais sobre a nossa área e o Benfica agora já raramente conseguia sair para o ataque. Esta melhor fase dos ingleses prolongou-se durante vinte minutos, e culminou com um grande oportunidade de golo, mais uma vez pelo Giggs, que serpenteou entre os nossos defesas e de repente apanhou-se isolado, valendo-nos uma defesa por instinto do Artur, com a ponta do pé. Este susto como que despertou o Benfica, que imediatamente respondeu com uma boa ocasião de golo: o Nolito (tinha entrado para o lugar do Rúben Amorim), após passe do Gaitán, rematou cruzado para uma grande surpresa do dinamarquês Lindegaard. Talvez motivado por aqueles bons primeiros vinte minutos, o Ferguson decidiu fazer entrar o Nani e o Chicharito e mudar para 4-4-2, mas o tiro saiu-lhe pela culatra, porque a verdade é que os jogadores que entraram pouco trouxeram ao jogo e o Manchester caiu bastante, passando o Benfica a ter algum ascendente. Talvez o Benfica, do ponto de vista do adepto, pudesse ter arriscado algo mais nos últimos quinze minutos, quando o Aimar saiu. O Jorge Jesus preferiu a solução mais conservadora de manter o esquema táctico, entrando o Matic e subindo o Witsel, e não temos forma de saber se outra opção teria dado melhor resultado. A verdade é que o Benfica manteve-se melhor no jogo e criou mais duas boas oportunidades para vencer o jogo, pelo Gaitán e pelo Nolito, que contribuíram para aumentar a frustração por vermos uma possibilidade de vencer o Manchester United escapar-nos.


Houve vários jogadores que estiveram num nível bastante alto esta noite, mas acima de todos esteve o Luisão. O nosso capitão esteve simplesmente imperial, dominou a sua zona de acção, meteu o Rooney ao bolso e mais qualquer um que se aventurasse por ali, e dobrou colegas na defesa e até no meio campo com enorme eficácia. Grande jogo do Cardozo na missão de sacrifíco a que foi obrigado. Marcou um grande golo (se fosse tão tosco como gostam de o chamar de certeza que não conseguiria marcar um golo daqueles) e cumpriu a missão de segurar a bola e fazer jogar os colegas do meio campo. Javi García, Maxi Pereira e Gaitán também muito bem.

Volto a dizer que me sinto orgulhoso daquilo que a nossa equipa fez esta noite. Tacticamente esteve quase perfeita, limitando o Manchester United, que tem goleado a torto e a direito esta época, a três remates na primeira parte e dois na segunda. Criou ocasiões suficientes para poder vencer, e se o empate se pode considerar lisonjeiro para alguém, é para os ingleses. Os nossos jogadores bem mereceram o aplauso com que a Luz se despediu deles esta noite.

domingo, setembro 11, 2011

Suficiente

O jogo não foi fácil, até porque o Benfica não fez uma exibição de encher o olho, mas ao contrário daquilo que o resultado de 2-1 possa fazer crer, não me pareceu que a vitória do Benfica tenha sido muito complicada ou sofrida, e creio que nunca esteve sequer em causa.

Supostamente não haveria poupanças neste jogo, mas a verdade é que quando soou o apito inicial o Aimar estava sentado no banco, e o Saviola no onze inicial. Outra alteração ao onze habitual foi a presença do Bruno César no lugar habitual do Nolito, mas esta já vinha sendo anunciada ao longo da semana. O Vitória entrou bem no jogo, mostrando que não vinha à Luz para se remeter simplesmente à defesa, o que é habitual nas equipas do Rui Vitória. Quando não tinham a bola, tentaram pressionar-nos e fechar espaços, e tiveram sempre a atenção de não nos deixarem sair a jogar desde a nossa defesa, obrigando quase sempre o Artur a pontapear a bola para a frente. O Benfica mostrou-se pouco lesto no ataque e algo lento de movimentos, sendo as maiores sacudidelas no jogo dadas pelas subidas do Maxi e pelas movimentações do Saviola. Durante a maior parte do primeiro tempo o maior interesse foi mesmo a parte táctica, porque tecnicamente o jogo estava a ser pobre. Depois vieram os penáltis, que desembrulharam a coisa. Já depois de perdoado um, por aquilo que me pareceu uma mão evidente do Alex, pouco depois da meia hora foi assinalado o primeiro por falta sobre o Saviola, que o Cardozo converteu. Depois o segundo, dois minutos mais tarde, após uma óptima defesa de um jogador do Guimarães a um remate do Witsel, que o Cardozo atirou à barra. E finalmente o terceiro, mesmo a fechar a primeira parte, após nova mão de um defesa do Guimarães, que de braços abertos bloqueou um remate do Saviola, e que o Cardozo marcou a papel químico do primeiro. E pouco mais há a dizer.

Na segunda parte o Benfica entrou um pouco melhor. Continuando a contar com a colaboração activa do Maxi pela direita, o Benfica conseguiu construir algumas jogadas interessantes, e também foi desperdiçando oportunidades para ampliar a vantagem, sendo as mais escandalosas uma cabeceamento desastrado do Saviola ao segundo poste, e outro do Garay, quase na pequena área e solto de marcação, que saiu por cima. Pouco depois de findo o primeiro quarto de hora, com a entrada do Aimar, notou-se uma ligeira melhoria no nosso jogo, mas quando nada o fazia adivinhar, o Guimarães reduziu, num lance algo fortuito que começou num pontapé do guarda-redes para a frente e depois o Edgar, sozinho e rodeado por três defesas do Benfica, conseguiu rematar cruzado para o golo. Pareceu-me que o Artur poderia ter feito algo mais neste lance. O golo do Guimarães veio lançar alguma incerteza no resultado, mas sinceramente creio que esta incerteza foi mais resultado do factor psicológico de sabermos que estávamos ao alcance de um qualquer lance fortuito do que de jogo jogado. Porque o Benfica, mesmo sem entusiasmar, continuou a ser melhor sobre o terreno, e desperdiçou as melhores oportunidades para voltar a marcar - em particular um lance do Gaitán. Aliás, nem deveria dizer que o Benfica desperdiçou as melhores oportunidades para voltar a marcar; o Benfica desperdiçou, isso sim, as únicas oportunidades para voltar a marcar.
Por isso mesmo digo que a nossa vitória não foi particularmente complicada nem esteve em causa. Não me recordo de nenhum lance de real perigo do Guimarães a seguir ao golo (mesmo antes do golo não foram muitos), ou de qualquer defesa do Artur.

O melhor jogador do Benfica neste jogo foi para mim o Maxi Pereira, incansável no lado direito. Gostei da primeira parte que o Saviola fez, da entrada do Aimar no jogo, e achei que o Luisão fez um jogo muito sólido, ao nível a que nos habituou. Gostei também do jogo do Garay, mas fica com o senão de ter sido batido pelo Edgar na fase inicial do lance do golo, quando me pareceu que deveria ter ganho aquela bola. E o Cardozo teve um jogo bem conseguido, com a pena de ter desperdiçado mais um penálti.

Julgo ter sido evidente que a exibição não foi das melhores, mas parece-me que o Benfica fez o suficiente para vencer este jogo. Também não fiquei com a impressão de que tenha sido um jogo que exigiu muito dos nossos jogadores na parte física - apenas o Cardozo, na fase final do jogo, me pareceu estar claramente esgotado, mas provavelmente será resultado das viagens à selecção a meio da semana - o que serão boas notícias para o jogo de estreia na Champions, na próxima quarta-feira. É que aí teremos que jogar muito mais do que jogámos hoje se queremos entrar com o pé direito na prova.