quarta-feira, dezembro 31, 2014

Frio

Mais uma exibição fraquinha no regresso das miniférias de Natal, mas ainda assim q.b. para vencer o Nacional no regresso a uma competição que dominamos desde que foi criada.


Não se pode dizer que tenham havido grandes poupanças, porque o Benfica apresentou um dos onzes mais fortes que seria possível fazer alinhar nesta altura. De fora por opção apenas o Gaitán e o Samaris, com a novidade do Pizzi ter jogado na sua posição original de extremo direito, enquanto que no meio campo foi o Cristante a ocupar a posição seis. Depois do Nacional se ter juntado à lagartagem no ilustre grupo dos clubes mal-educados que insistem em não respeitar a tradição na escolha do campo, a entrada no jogo não foi má, e logo para começar criámos um lance perigoso que me pareceu mal interrompido por um suposto fora de jogo. Aos onze minutos chegámos ao golo, num cabeceamento do Jonas após cruzamento do Maxi na direita. Pouco depois o Lima foi bem lançado por um passe do Jonas, mas acabou por permitir o corte de um defesa quando estava em boa situação para marcar. Depois disto o Benfica adormeceu um pouco e o Nacional começou a ter mais bola e a aparecer no jogo. Não incomodou grandemente, e quase só conseguia chegar à nossa area através de livres despejados para lá, sem causar problemas de maior. Apenas numa situação o Rondón apareceu  algo à vontade no interior da área, mas cabeceou muito mal e por cima da nossa baliza. O futebol apresentado de parte a parte foi feio e pouco interessante, e apenas a acabar a primeira parte houve um momento de maior emoção, quando o Maxi atirou uma bola à trave num remate cruzado.

Para a segunda parte o Gaitán regressou no lugar do Pizzi, e trouxe naturalmente algumas melhorias ao jogo. Que continuou sem qualidade por aí além, mas pelo menos houve mais ocasiões de perigo junto das duas balizas. O Benfica chegou a marcar um golo pelo Ola John, mas o lance foi invalidado por fora de jogo - estava do outro lado do estádio, por isso não tenho opinião sobre a validade do golo ou não. O Nacional respondeu e teve duas boas ocasiões para marcar, tendo o Júlio César correspondido bem em ambos os casos. A primeira foi criada por um atraso disparatado do André Almeida, que acabou por deixar a bola ao alcance de um adversário na zona da pequena área, mas o Júlio César acabou por ganhar o lance. Na segunda, fez uma defesa por instinto com o pé a um cabeceamento (na verdade, até me pareceu mais com o ombro ou algo assim) após um livre lateral. Pelo meio, o Gaitán isolou-se depois de mais um bom passe do Cristante mas acabou por deixar a bola fugir. A meio da segunda parte o Benfica trocou o Talisca pelo Samaris, e mesmo sem poder dizer que o grego tenha feito algo de particularmente meritório pareceu-me que o Benfica voltou a ganhar o meio campo após essa substituição, ficando com o controlo do jogo. O segundo golo ficou mais perto de acontecer, e fomos mais rematadores no período final do jogo. A entrada do Sulejmani nos minutos finais também deu uma ajuda, porque foi um jogador muito mais decidido do que o Ola John na abordagem aos lances e na agressividade que colocou em campo. ainda foi a tempo de participar em alguns lances de perigo e provocar a expulsão de um adversário.

Melhor do Benfica, o Maxi. O Gaitán entrou bem no jogo e também gostei do Jonas. Hoje prestei alguma atenção em particular ao Cristante. Não quero estar a ser peremptório porque com o JJ nunca se sabe, e ele já operou diversos 'milagres' de transformação de jogadores, mas acho difícil que ele se possa transformar num trinco à imagem daqueles que o JJ prefere. Se tivesse que encontrar um jogador para servir de exemplo ao estilo de jogador que o Cristante é, seria o Pirlo (com as devidas distâncias). O Cristante parece ser um jogador com boa capacidade técnica, boa visão de jogo e muito boa qualidade de passe (se calhar não existe outro jogador no plantel capaz de colocar a bola tão bem em passes longos). Mas não me parece ter a intensidade ou agressividade necessárias para fazer a posição seis da forma que o JJ costuma pretender. Julgo que seria mais bem aproveitado num meio campo a três, ou no mínimo com outro médio a jogar ao lado dele mais dedicado às tarefas defensivas. Passando à parte mais negativa, custou-me compreender como foi possível o Ola John passar quase oitenta e cinco minutos dentro do campo. A intensidade com que ele aborda cada lance é semelhante à de um tagliatelle cozido.

Mais uma vez tenho que terminar dizendo que o mais importante foi conseguido, que são os três pontos. Quanto à exibição, acho que não foi suficientemente agradável para conseguir compensar o tremendo frio a que me submeti para ver este jogo.

domingo, dezembro 21, 2014

Pobre

Exibição bastante pobre frente à pior equipa da Liga, que nos valeu a vitória pela margem mínima e a manutenção da vantagem de seis pontos no topo da tabela.

As ausências forçadas de três jogadores nucleares da equipa, como o são o Luisão, Enzo e Salvio, iria sempre fazer-se notar, mas de qualquer forma esperava mais da nossa equipa num jogo disputado em casa contra a pior equipa da liga, que ainda não conseguiu ganhar um único jogo. O nosso início foi lento e com pouca garra, como que a dar o mote para o que seria a maior parte do jogo. Depois lá acelerámos um pouco e começámos a conseguir aproximar-nos da baliza adversária, mas o nosso jogo foi quase sempre demasiado confuso e rendilhado, com excessiva insistência em acções pelo centro e muito pouca exploração das faixas laterais - se de um lado faltava o Salvio, do outro o Gaitán teve sempre a tendência de vir para o centro, onde acabava por cair na zona de acção do Talisca ou do Jonas. O Benfica teve uma posse de bola quase avassaladora mas nunca submeteu o adversário a uma pressão sufocante, e foram poucas as vezes em que o guarda-redes deles foi posto à prova. O Talisca deu o primeiro sinal num remate de muito longe, o Jonas também teve um remate que exigiu atenção, mas tirando isso não se viu muito mais. O golo que acabou por decidir o jogo surgiu à meia hora de jogo, num passe do Ola John para as costas da defesa, tendo o Maxi aparecido isolado e acertado no poste, para depois o Gaitán marcar na recarga. Até ao intervalo, apenas num cabeceamento do Jonas que levou a bola a passar perto do poste é que voltou a haver alguma sensação de perigo.

A segunda parte foi ainda pior do que a primeira. O Benfica continuou a ter naturalmente maior posse de bola, mas houve muito pouca inspiração no ataque. Lembro-me apenas de uma jogada em que a bola chegou aos pés do Talisca depois de uma boa iniciativa do Gaitán, e num remate de primeira obrigou o Adriano a uma defesa muito boa. Mas no geral o futebol jogado foi bastante fraco, e com tendência para ir sempre piorando à medida que o jogo ia caminhando para os minutos finais. As substituições operadas pouco ou nada de novo trouxeram ao jogo - o Bebé, por exemplo, entrou francamente desastrado - e acho que até contribuíram para o piorar. O que nos valeu é que o Gil Vicente, apesar de conseguir ser mais rematador no segundo tempo, revelou muita falta de qualidade no ataque, e apenas numa ocasião levou algum perigo à nossa baliza, quando conseguiu isolar um jogador nas costas da nossa defesa. Mas ele demorou tanto tempo a decidir que permitiu a recuperação do César, que cortou o lance para canto. Talvez a minha opinião seja fruto da minha irritação por ver-nos jogar tão pouco frente a um adversário tão limitado, mas quando penso no segundo tempo só consigo mesmo achar que foram uma longa espera de quarenta e cinco minutos pelo final do jogo. Todo aquele tempo, para aquilo que produzimos, foi simplesmente um desperdício.

Os melhorzinhos no Benfica foram o Gaitán, ainda que com uma exibição muito intermitente, e o Maxi, por ter sido aquele que teve a melhor atitude e deu o exemplo durante todo o jogo.

É óbvio que a nossa equipa perde muita qualidade com as ausências que houve hoje, mas creio que temos obrigação de, mesmo assim, produzir mais do que aquilo que mostrámos. Assim colocamo-nos em risco de num qualquer lance fortuito deitarmos pontos fora. Felizmente tal não aconteceu, e portanto passamos o ano confortavelmente sós no topo.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Disparate

Sinceramente, tinha algum receio de que isto pudesse acontecer e que desperdiçássemos a injecção de moral trazida do Porto. Principalmente depois de saber das ausências forçadas do Luisão (sobretudo ele) e do Salvio. Não posso escrever muito pormenorizadamente sobre o futebol jogado esta noite porque fui desterrado para o Piso 0 e já são muitos anos a ver futebol do Terceiro Anel e do Piso 3, por isso tenho muita dificuldade em ver jogos ao nível do relvado - a mim parece-me sempre que os jogadores andam ali todos à molhada.



Fomos eliminados da taça de forma estúpida, mas no futebol é a eficácia que conta, como o provámos no fim-de-semana no Porto. O Benfica teve o domínio quase total do jogo, construiu oportunidades mais do que suficientes para ganhar folgadamente, mas apanhou pela frente um guarda-redes muito inspirado que defendeu quase tudo o que havia para defender e um adversário tremendamente eficaz nas oportunidades de que dispôs. Depois de chegarmos à vantagem pelo Jonas poderíamos ter ido para intervalo com o jogo praticamente resolvido, mas quem não mata arrisca-se a morrer - se é verdade que o guarda-redes esteve muito inspirado, há pelo menos uma ocasião do Jonas na primeira parte em que acho que há mais demérito dele do que do guarda-redes. Depois, num jogo em que já tínhamos as duas ausências referidas, deixar o Enzo no balneário ao intervalo (não sei se foi lesão ou opção) já me pareceu demasiado. A verdade é que no reinício do jogo o Braga foi duas vezes à nossa baliza e marcou dois golos, o primeiro num canto em que me pareceu que um jogador do Benfica falhou o corte, e o segundo num golo que pelo menos visto de onde eu estava me pareceu absolutamente ridículo. O marcador do golo correu completamente à vontade mais de metade do campo sem que qualquer jogador nosso caísse em cima dele ou no mínimo o pressionasse e em vez disso foram todos recuando sem fazer qualquer espécie de oposição - é um daqueles lances que eu acredito que nunca teria acontecido com o Enzo em campo. A seguir ao segundo golo o Braga não fez absolutamente mais nada a não ser segurar o resultado. O Benfica pressionou mas a maior parte das vezes  foi incapaz de ultrapassar a organização defensiva adversária, e nas ocasiões em que o conseguiu o guarda-redes do Braga resolveu a questão.

Ser eliminado da Taça em casa é muito mau, e ainda pior por termos estado em vantagem e permitido ao adversário, que até aí se tinha revelado quase inofensivo, dar a volta ao resultado. Não sei se houve facilitismo, se foi azar ou simplesmente futebol. O que eu sei é que perdemos a oportunidade de renovar um título que nos pertence e que eu tinha legítimas ambições de ver o Benfica conquistar novamente esta época. Um tremendo disparate.

P.S.- Se quem jogava em casa éramos nós, não percebo porque motivo fomos nós a apresentar o equipamento alternativo.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

Maturidade

Hoje era a nossa noite. Concentração quase absoluta, muita solidariedade, grande disciplina táctica, eficácia quase total e uma dose de felicidade valeram-nos uma rara vitória no Porto, que nos deixa ainda mais folgados na liderança. Acima de tudo a nossa equipa deu hoje no Porto uma enorme demonstração de maturidade e reforçou o estatuto de maior candidata à conquista do campeonato.

No anúncio do onze titular para este jogo a presença do Lima em vez do Jonas terá causado alguma apreensão - afinal, o Lima tem atravessado uma fase muito pouco inspirada e nesta altura seria provavelmente o nosso avançado em pior forma. Mas o jogo encarregar-se-ia de dar razão, e de que maneira, à escolha do nosso treinador. Os primeiros minutos de jogo não foram fáceis: o Benfica tentou jogar com um bloco compacto e bastante subido no terreno, e o Porto respondeu com lançamentos longos para as costas da nossa defesa, aproveitados pelos jogadores das laterais. Isso valeu um amarelo ao André Almeida praticamente na primeira jogada de ataque do Porto, por falta sobre o Tello, e mais algumas situações de maior aperto que felizmente não resultaram em males maiores. Depois do primeiro quarto de hora o Benfica conseguiu assentar o seu jogo, conseguindo equilibrar a luta no meio campo e com isso fazendo com que o Oliver, que estava a ser o médio mais incómodo, deixasse de ter tanta liberdade. Conseguimos também bloquear a saída de bola do Porto e, mais importante, manter os extremos do Porto sob controlo. O Tello e o Brahimi praticamente não criaram um lance de perigo, sendo de destacar a forma como o Maxi conseguiu marcar o Brahimi, raramente deixando que ele pudesse receber a bola de frente para a baliza e arrancar com ela - e o Brahimi é, na minha opinião, um dos jogadores claramente muito acima da média na nossa liga. Depois de conseguirmos ter o Porto relativamente sob controlo - ainda tiveram uma grande oportunidade de golo, num remate do Jackson a que o Júlio César respondeu com uma grande defesa - o passo seguinte foi sermos eficazes e marcar na primeira ocasião digna desse nome de que dispusemos (antes disso apenas remates de fora da área do Gaitán e do Talisca). Num lançamento lateral longo do Maxi, para o interior da área, o Danilo ficou a dormir e viu o Lima antecipar-se-lhe e desviar a bola para a baliza com a barriga. Foi a dez minutos do intervalo, e não querendo parecer arrogante, a verdade é que quando nos colocámos em vantagem e depois de ver a forma como o Benfica tinha acalmado e jogava agora de forma tranquila no Porto, achei que só muito, muito dificilmente perderíamos este jogo.

Esperava uma reentrada forte do Porto no segundo tempo para tentar chegar ao empate o mais rapidamente possível, mas não foi isso que aconteceu. O jogo manteve-se num registo muito semelhante àquele com que a primeira parte tinha terminado. E à medida que a confiança da nossa equipa aumentava e o Porto ia concedendo mais espaços atrás, também o Benfica se ia atrevendo a explorá-los. Foi assim que, com onze minutos decorridos, o Benfica aumentou a vantagem. Foi um lance conduzido pelo Gaitán, que chamou a si diversos adversários e depois soltou a bola para o Talisca. O Fabiano foi incapaz de segurar o remate rasteiro desferido de fora da área e o Lima foi mais rápido a aparecer para a recarga. Se o primeiro golo já me tinha dado praticamente a certeza de que não perderíamos este jogo, o segundo fez com que ficasse convencido que a vitória não nos escaparia de forma alguma. Aliás, pela forma como o jogo decorria e o Porto se revelava absolutamente incapaz de ameaçar minimamente a nossa baliza (tinha posse de bola mas um domínio que era perfeitamente consentido pelo Benfica), até achei que fosse bastante provável o Benfica conseguir voltar a surpreender o Porto em contra-ataque e dilatar a vantagem. Mas a quinze minutos do final aconteceu a lesão do Luisão, que forçou a sua substituição pelo César. O Luisão não é apenas um defesa excepcional, é também o líder incontestável desta equipa dentro do campo e até à altura em que saiu estava a ter uma exibição quase imaculada. A sua saída poderia ter, portanto, consequências graves e fazer perigar uma vitória que até àquela altura parecia inevitável. E a verdade é que foi nesse período final que o Porto dispôs das suas melhores oportunidades, e foi a altura da dose de sorte aparecer. Por duas vezes o Jackson, na sequência de cruzamentos, cabeceou aos ferros da nossa baliza, e num desses lances até acabou mesmo por marcar um golo que foi correctamente anulado. Felizmente não houve consequências piores, e o apito final assinalou uma vitória para calar muito imbecil que pulula por essa comunicação social fora.

Podia destacar qualquer um dos jogadores que hoje defenderam a nossa camisola no Porto. O Lima tem que ser obviamente o homem do jogo, porque marcou os dois golos que abateram o adversário, mas podia elogiar a forma como o Maxi anulou o Brahimi, ou como o André Almeida apesar de amarelado logo no início do jogo conseguiu evitar a expulsão e continuar a cumprir as suas tarefas defensivas. Podia destacar a exibição dos nossos centrais, ou os quilómetros corridos pelos nossos médios - a propósito, será que depois do jogo de hoje já há quem consiga começar a ver um médio defensivo de qualidade no Samaris, ou ainda há muita falta de fé no Jesus? Ou a qualidade incomparável do Gaitán - passei o jogo todo a desejar que a bola lhe chegasse sempre aos pés de cada vez que atacávamos.

Falta ainda imenso campeonato por jogar, por isso a vitória de hoje foi tudo menos decisiva. Foi obviamente muito importante, por ter alargado a vantagem para o nosso rival na luta pelo título e também pela enorme injecção de confiança que proporciona. Especialmente quando estamos a entrar na fase em que tradicionalmente o Benfica treinado pelo Jesus costuma saltar para patamares de qualidade futebolística superiores. Mas tal como foi dito antes do jogo, foram apenas mais três pontos e há ainda muito trabalho pela frente. A começar já pelo difícil jogo da próxima quinta-feira frente ao Braga, em que defenderemos o nosso título de detentores da Taça de Portugal.

P.S.- Nunca pensei que algum dia pudesse escrever isto sobre o Jorge Sousa e em especial depois de um jogo contra o Porto no Dragão, mas tendo em conta que no passado ele sempre foi um dos meus ódios de estimação, tenho que admitir que hoje fez uma arbitragem praticamente sem falhas.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Reservas

Um jogo que já nada decidia para o Benfica e que valia apenas pelo prestígio e o prémio monetário, uma noite fria, transmissão em canal aberto, um Benfica de reservas e o resultado disto foi uma das piores assistências que tenho memória de ver na Luz.


Um dos principais motivos de interesse para ter ido à Luz esta noite era mesmo a oportunidade para ver em acção alguns dos jogadores menos utilizados esta época, e oportunidade para isso não faltou: apenas um único dos onze jogadores que têm sido titulares ultimamente entrou de início, e foi ele o André Almeida. Artur na baliza, Benito, César e Lisandro a completarem a defesa, Cristante e Pizzi no meio campo, Ola John e 'Tiago' nas alas e uma dupla de avançados constituída pelo Lima e o Derley. Foi bastante evidente que o jogo foi disputado sem grandes preocupações de parte a parte, uma vez que o Leverkusen já estava apurado e apenas poderia eventualmente estar interessado na vitória para garantir o primeiro lugar. Mas isso não impediu que deixasse de fora jogadores importantes como o Son e, principalmente, o Kiessling. Durante a primeira parte foi o Benfica quem esteve melhor no jogo. Após uns primeiros minutos um pouco incertos, a equipa estabilizou e ganhou alguma superioridade, tentando aproveitar os extremos para sair rapidamente para o ataque. Infelizmente parece que o golo marcado ao Belenenses não foi suficiente para acabar com a desinspiração do Lima, que aos dez minutos desperdiçou de forma inacreditável um lance em que tinha tudo para marcar. Solto de marcação, perto da baliza e com esta escancarada (o guarda-redes estava no chão depois de ter desviado o cruzamento/remate do Ola John) conseguiu rematar por cima - a bola ainda tocou na barra. Apesar das diversas ausências, achei que a equipa até conseguiu, a espaços, produzir um futebol agradável, mas houve demasiada atrapalhação por parte de alguns jogadores, em especial no ataque. O Ola John começou bem mas foi-se tornando cada vez mais complicativo, o 'Tiago' teve algumas boas arrancadas mas perdeu-se demasiado em iniciativas individuais desnecessárias, e os dois avançados tiveram uma noite pouco inspirada. Nulo ao intervalo sem surpresa - se aquela ocasião do Lima não entrou, então seria difícil que alguma coisa entrasse.


O Leverkusen veio para a segunda parte a tentar pressionar mais alto e de forma mais agressiva, e com isso conseguiu equilibrar a posse de bola e ser mais perigoso do que tinha sido nos primeiros quarenta e cinco minutos. Mas a tónica geral do jogo continuou a ser mais ou menos a mesma, sem muitas preocupações defensivas por parte de nenhuma das equipas, com muita luta a meio campo e com cada equipa a ser incapaz de manter a bola em seu poder por muito tempo. Ao contrário da primeira parte, durante a qual não teve quase trabalho algum, o Artur foi obrigado a um par de intervenções mais complicadas, e no ataque continuou a haver demasiada atrapalhação dos nossos jogadores, algo que a troca do Lima pelo Talisca pouco ou nada alterou. No período final do jogo o Benfica teve um assomo de brio e procurou marcar um golo que lhe permitisse chegar à vitória, tendo construído algumas jogadas de relativo perigo - a mais flagrante delas uma em que o 'Tiago' surgiu desmarcado sobre a direita e depois acabou por demorar demasiado tempo a decidir, vendo a sua tentativa de remate ser interceptada por um defesa quando tinha o Talisca completamente sozinho no meio a pedir-lhe a bola. Mas houve outras situações em que conseguimos apanhar a defesa do Leverkusen desguarnecida em contra-ataque, e que não soubemos aproveitar ou por asneira do jogador que conduzia a bola, ou mesmo por falta de inteligência da parte de colegas que se colocavam em fora de jogo, impedindo assim que o passe fosse feito. Para variar, desta vez não fomos nós quem acabou um jogo da Champions em inferioridade numérica mas sim o nosso adversário, que à entrada para o período de compensação ficou reduzido a dez depois de uma falta sobre o estreante João Teixeira.


Gostei particularmente da exibição da dupla de centrais hoje. Estiveram sempre seguros e o adversário não criou perigo pelo centro ou pelo ar. O Artur também esteve bem. O Pizzi e o Cristante mostraram que podem ser opções válidas. O Ola John começou bem mas foi-se afundando ao longo do jogo. O 'Tiago' não aproveitou a oportunidade - teve algumas arrancadas interessantes durante a primeira parte, mas na maioria das vezes complicou sempre as jogadas e agarrou-se demasiado à bola. Além disso não compreendo o motivo pelo qual, tendo a compleição física que tem, foge quase sempre ao choque e às bolas divididas. A dupla de avançados esteve bastante apagada, e o Lima em particular teve uma noite para esquecer.

A péssima campanha europeia acabou de uma forma pouco digna de registo, sem golos numa noite gelada. Fica o empenho das segundas escolhas que jogaram. Agora espero que aqueles que foram poupados possam tirar o melhor partido do descanso para vencer o jogo do próximo domingo.

sábado, dezembro 06, 2014

Paciência

Ganhou a única equipa que jogou para ganhar, num jogo de sentido praticamente único no qual o Benfica teve que ter paciência para conseguir ultrapassar o autocarro do Belenenses. O adversário mostrou boa organização defensiva, mas é evidente que se torna uma equipa mais fraca no ataque não podendo contar com o Miguel Rosa e o Deyverson, que mais uma vez não puderam jogar contra nós.


Não foi preciso passar muito tempo para percebermos o que é que o Belenenses vinha fazer à Luz. Onze jogadores constantemente a defender atrás da linha da bola, a tapar todos os caminhos para a baliza, e tímidas tentativas de saída para o ataque quando conseguiam alguma recuperação. Mas houve mérito na forma como o Belenenses defendeu, pois não se limitou simplesmente a acantonar jogadores à frente da baliza. Defendeu de forma organizada, sendo evidente que têm uma equipa bem orientada na qual os jogadores sabem bem o que têm que fazer dentro do campo - houve bastante entreajuda entre todos, de forma a que aparecesse sempre alguém para dobrar um colega que fosse ultrapassado ou ganhar uma segunda bola. Se houve mérito do Belenenses, houve também algum demérito do Benfica na forma como jogou na primeira parte. Acima de tudo, pareceu-me que houve alguma lentidão nas transições para o ataque. Se temos pela frente uma equipa a defender da forma como descrevi, então nas raras ocasiões em que eles saem para o ataque devemos conseguir fazer a bola chegar à frente o mais rapidamente possível assim que a recuperamos, mas não foi isso que aconteceu. Na maior parte dos casos o tempo que demorámos a sair significava que na altura em que chegávamos ao ataque já tínhamos novamente a fortaleza defensiva do Belenenses toda armada e organizada. Para além da pouca velocidade, outro dos problemas do Benfica foi algo que já se viu noutros jogos recentes, ou seja, a falta de presença dentro da área adversária. Os jogadores mais avançados, Talisca e Jonas, não jogam de forma muito fixa na frente e por isso em mais de uma ocasião os nossos jogadores ganharam a linha de fundo e acabaram por não cruzar a bola por não terem ninguém dentro da área. Foram por isso muito poucas as ocasiões de perigo que conseguimos criar: um remate do Talisca que desviou num defesa e obrigou o guarda-redes a uma intervenção mais apertada, um remate do Gaitán com o pé direito que passou ao lado e um cabeceamento do Luisão depois de um lançamento lateral que fez a bola passar muito perto do poste. O Belenenses respondeu com um cabeceamento que exigiu algum trabalho ao Júlio César.


Ao intervalo o Benfica fez uma substituição mais ou menos óbvia, retirando o apagado Talisca para fazer entrar um avançado - Lima. Viu-se desde o recomeço um Benfica mais agressivo que remeteu o Belenenses ainda mais para junto da sua baliza. No ar havia apenas a expectativa de se saber por quanto tempo mais o nosso adversário conseguiria manter a organização defensiva e segurar o nulo, já que outro objectivo não parecia ter neste jogo. a dificuldade, como tantas vezes acontece nestes jogos, seria marcar o primeiro golo, e a partir daí certamente que tudo se tornaria muito mais fácil. Este surgiu quando estávamos quase a completar vinte minutos da segunda parte, na sequência de um pontapé de canto. O Gaitán marcou-o na esquerda, o Jardel ganhou de cabeça junto da marca de penálti e a bola foi ter com o Jonas perto do segundo poste, que apenas conseguiu cabeceá-la por instinto para perto do outro poste, onde o Lima cabeceou para o golo quase sobre a linha. Depois do golo aconteceu o que se previa e a defesa do Belenenses desmoronou-se, permitindo ao Benfica ocasiões de golo suficientes para construir uma goleada. Cinco minutos depois do primeiro surgiu o segundo golo, da autoria do Enzo na conversão de um penálti cometido sobre ele próprio. E a sete minutos do final, já depois do Luisão ter feito a bola roçar a trave e do Salvio ter falhado na cara do guarda-redes, o golo mais bonito do jogo. Iniciativa individual do Gaitán, que começou no círculo central, foi deixando adversários pelo caminho, entrou na área descaído para a esquerda e centrou com perfeição para uma cabeçada fácil do Salvio ao segundo poste. Final tranquilo de jogo, que permitiu ao Benfica retirar o Enzo e o Maxi de campo de forma a evitar que um possível amarelo os retirasse do próximo jogo no Porto.


Melhores no Benfica, para mim, Enzo, Luisão e Gaitán. Achei também que se voltou a notar alguma evolução na adaptação do Samaris à posição de médio mais recuado, na sequência do que já tinha mostrado em Coimbra na última jornada. O Jonas é um jogador que raramente faz alguma coisa errada, e que provavelmente brilharia muito se jogasse nas costas de um avançado mais fixo. O Talisca voltou a ter uma actuação apagada, sendo acertada a sua saída ao intervalo.

Acabou por ser uma vitória relativamente tranquila da nossa equipa antes de um ciclo de dois jogos importantes, frente ao Porto e ao Braga (o jogo da Champions é apenas para cumprir calendário, e acredito que o Benfica vá apresentar uma equipa com bastantes jogadores que habitualmente não são titulares). Sobre o Miguel Rosa e o Deyverson, acho que seria positivo que de uma vez por todas fosse clarificado qual é o acordo que foi feito aquando da cedência destes dois jogadores ao Belenenses, em vez de termos que andar sempre a gramar constantemente com novelas 'joga ou não joga' até à última - obviamente aproveitadas por idiotas que quando os jogadores estavam no Benfica diziam que não valiam nada, mas que agora querem vender a ideia que com esses dois jogadores esta noite teriam sido favas contadas para o Belém.

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Controlo

Uma boa entrada que valeu um golo madrugador e um jogo em que o controlo do Benfica existiu praticamente do primeiro ao último minuto resultaram numa vitória aparentemente fácil frente a um adversário quase inofensivo, e que nos permite manter a liderança.


Digno de realce no onze do Benfica só mesmo a relegação do Lima para o banco, o que nem é uma surpresa dada a forma pavorosa que atravessa nos últimos tempos. Como homem mais avançado jogou então o Jonas, contando com o apoio do Talisca. Desta vez assistimos a uma boa entrada do Benfica no jogo, sob a batuta inspirada do Enzo e do Gaitán, que construíram o lance do primeiro golo logo aos sete minutos. O passe foi do Enzo para as costas da defesa, e depois a arte e a classe do Gaitán fizeram o resto: um toque com a ponta do pé para controlar a bola, outro toque com a coxa para evitar o guarda-redes, e um terceiro toque com a parte exterior do pé para o golo. Com o mais difícil já feito, o Benfica continuou dono e senhor do jogo, com o perigo a surgir quase sempre que a bola chegava aos pés do Gaitán, que em arrancadas sucessivas para a área parecia estar imparável. Podíamos e devíamos ter dilatado a vantagem mais cedo, e ocasiões para isso não faltaram. Mencionando apenas as mais flagrantes, o Jonas cabeceou a bola à trave após um centro do Gaitán (sempre ele), e o Enzo, depois de trabalhar bem no interior da área, rematou colocado e fez a bola passar muito perto do ângulo da baliza. Num jogo em que achei que o Samaris pareceu um pouco mais ambientado (apesar da gritaria constante que se ouviu da parte do Jesus, quase sempre dirigida a ele), o Benfica impôs-se sempre na zona do meio campo e a Académica quase só conseguia chegar à nossa área através de livres despejados de bastante longe lá para dentro. Já no período de compensação da primeira parte, foi precisamente a partir de um livre que o Benfica chegou ao merecido segundo golo. O livre foi apontado na esquerda pelo Enzo e o Luisão, dentro da área mas ainda bem longe da baliza, aproveitou a saída disparatada do guarda-redes adversário para cabecear para a baliza deserta - no entanto, no momento em que o livre foi marcado, o Luisão estava em posição irregular.


Sobre a segunda parte, torna-se difícil escrever o que quer que seja. O Benfica baixou claramente o ritmo, e fez a sua preocupação principal gerir o resultado e a posse de bola, o que conseguiu sem grandes sobressaltos - pese a tentativa de reacção da Académica, que se revelou no entanto completamente infrutífera. Nem sei se o Júlio César terá sido obrigado a alguma defesa minimamente apertada. No que diz respeito a futebol jogado, o segundo tempo foi geralmente pobre e com muito pouco interesse. A partir da altura em que o Talisca cedeu o lugar ao Ola John e o Gaitán ocupou uma posição mais central ainda vimos algumas jogadas que quebraram um pouco a monotonia reinante, mas a ideia com que fiquei foi mesmo que ou o resultado se arrastaria exactamente como estava até final, ou então seria o Benfica a ampliar a vantagem sem no entanto despender demasiados esforços para isso. E durante o último quarto de hora o recém-entrado Derley, que rendeu o Jonas, teve duas boas ocasiões para o fazer, mas foi pouco expedito no remate e desperdiçou-as. Digno de realce até final apenas a carga policial sobre alguns adeptos que fez com que saíssem das bancadas para a pista e levou à interrupção do jogo durante alguns minutos (confesso que não sei qual foi o motivo para a intervenção policial, se é que houve motivo) e ainda o vermelho directo ao Marinho já em período de descontos, depois de uma entrada muito feia de sola no tornozelo do Samaris, e que poderia ter tido consequências graves.


Sem qualquer dúvida o Gaitán foi o melhor jogador em campo esta noite. Marcou um golo bonito, no qual exibiu toda a sua classe, e foi sempre o jogador de cujos pés mais jogadas de perigo surgiram. Gostei também da exibição do Enzo, que parece estar a atravessar um bom momento de forma. Confesso que nunca consegui compreender as acusações que por vezes ouço de alguns benfiquistas quanto a uma eventual falta de empenho da sua parte, associando-a a algum amuo que tenha surgido por não ter ido para o Valência. Para mim o Enzo é simplesmente um jogador que não sabe jogar mal. Talvez o início de época dele não tenha sido fulgurante, mas ele esteve no Mundial até à final e portanto começou a época com a preparação atrasada em relação aos restantes colegas (as dificuldades físicas que sentia nesse período eram visíveis). E junte-se a isso a falta de um colega rotinado à posição de médio defensivo, que o obriga a trabalho reforçado no meio campo. Se houve jogos que lhe correram menos bem certamente nunca foi por falta de empenho. O Talisca teve mais um jogo algo apagado, e o Salvio tem mesmo que agarrar-se menos à bola, porque o que tem feito ultimamente começa a ser um exagero.

Foi muito positivo vencer este jogo, porque isto ajuda a matar à nascença qualquer tipo de crise que tentem colar-nos depois da infeliz derrota na Rússia e consequente eliminação europeia. Foi, conforme escrevi na altura, uma desilusão grande, mas julgo que não temos motivos para nos queixarmos muito da prestação da nossa equipa na Liga. Compreendo que os nossos adversários tenham muito interesse em arrastar a onda negativa europeia para as competições internas, mas parece-me escusado que nós benfiquistas queiramos ajudá-los a conseguir esse intento.