segunda-feira, março 21, 2011

Passeio

O Benfica acabou por ir dar um passeio até Paços de Ferreira, resolvendo as coisas muito cedo com uma entrada em jogo simplesmente brilhante, passando depois a gerir o resultado, e encerrando o jogo da melhor forma com a entrada do capitão em campo para construir a nossa vitória mais robusta nesta Liga até ao momento.

De fora do onze ficaram os dois jogadores em risco de suspensão: Coentrão e Salvio, rendidos pelo Carole e pelo Jara - que foi ocupar a esquerda, surgindo o Gaitán na direita. Também de fora ficou o Sídnei, por troca com o Jardel. A entrada do Benfica no jogo foi demolidora. Muita velocidade e jogadores em constante movimento, aproveitando o atrevimento do Paços, que raramente joga com grandes cautelas defensivas. E com cinco minutos de jogo, tivemos um penálti claro a nosso favor (espanto por o Artur Soares Dias assinalar o penálti...). O Cardozo desta vez não tremeu, e enviou a bola para um lado e o guarda-redes para o outro. Continuou o Benfica a atacar, e um minuto depois do Jardel ter falhado o golo de forma incrível, cabeceando mal e sem oposição após um canto quando o mais fácil era mesmo acertar na baliza, o Benfica voltou a marcar, numa jogada argentina: Jara para Saviola na direita, passe para o Aimar na área, que controlou com um toque e já perto da baliza, perante a saída do guarda-redes, com o outro fez a bola passar-lhe sob o corpo. Ia decorrida apenas uma dúzia de minutos. E o massacre do Benfica continuava, com ocasiões de perigo a surgir quase em cada ataque.

A conclusão lógica foi mais um golo do Benfica, numa jogada de ataque fantástica, com a bola a passar por vários jogadores em velocidade até chegar ao Maxi na direita, que passou rasteiro para o Cardozo e este tocou para trás, aparecendo depois o Gaitán ainda de fora da área e sobre a direita a fazer um remate de primeira e em arco que meteu a bola literalmente na gaveta. Estavam decorridos vinte e cinco minutos de jogo, e o Benfica já vencia por três golos sem resposta. Nesta altura, pelo que se via, se as coisas continuassem por este caminho o mais provável seria este jogo acabar com um resultado histórico. O que acabou por salvar o Paços foi o infeliz autogolo do Carole (tocou de raspão com a cabeça na bola, após livre da esquerda), três minutos depois, que serviu para arrefecer um pouco a euforia do Benfica e dar alguma confiança ao Paços. Que, dois minutos depois, poderia ter voltado a marcar, já que um livre de muito longe levou a bola a bater no poste da nossa baliza (pareceu-me que o Roberto ainda lhe tocou). O jogo entrou então numa toada mais equilibrada, com ataques de parte a parte, mas a cinco minutos do intervalo o jogador do Paços que cometeu o penálti voltou a fazer uma falta estúpida, agarrando o Saviola, e viu o segundo amarelo, facilitando ainda mais a tarefa ao Benfica.

A segunda parte foi bem menos interessante do que a primeira. O Benfica veio mais apostado em gerir a vantagem sem dispender grande esforço, e foi-o conseguindo apesar da boa vontade dos jogadores do Paços, que nunca baixaram os braços. Os nossos ataques eram feitos em menor velocidade e com menos jogadores, muitas vezes perdendo-se devido a excessos individuais. As coisas só voltaram a animar mesmo nos dez minutos finais, numa altura em que o Nuno Gomes, Carlos Martins e Peixoto já estavam em campo. Primeiro foi o Aimar que, isolado por um passe muito longo do Luisão, viu o golo ser-lhe negado pelo pé do guarda-redes do Paços (quase que saía um golo igual ao que ele marcou ao Guimarães, na altura a passe do Sídnei). Um minuto depois, apareceu o Nuno Gomes em cena para, aproveitando a liberdade que lhe foi concedida pela defesa do Paços, à segunda recarga a um primeiro remate do Peixoto, fazer o quarto golo. Animado por este golo, o Benfica voltou a imprimir mais velocidade, com o Carlos Martins bastante activo na direita, e ainda foi a tempo de fazer um quinto golo, novamente pelo Nuno Gomes, desviando de forma oportuna mais uma insistência do César Peixoto.

Há vários jogadores que merecem destaque. O Aimar é um deles: fez um grande jogo, e aparenta estar numa forma física muito boa, sendo dos jogadores que amntiveram um ritmo mais constante durante todo o jogo. O Maxi Pereira já não é surpresa que se apresente num ritmo altíssimo, já que parece que nunca se cansa. Gostei, ao contrário do jogo com o Portimonense, do Jardel. Javi García o pêndulo do costume, e o Jara fez um jogo muito agradável, mas com o senão de não ter estado particularmente inspirado na altura do remate, sobretudo por demorar quase sempre demasiado tempo a fazê-lo. O Gaitán continua a mostrar a sua classe em cada toque na bola, e o golo que marcou foi sublime. Fiquei também agradado com o Carole, que não merecia aquele azar do autogolo. Mas parece estar a integrar-se, e o atrevimento que vai ganhando no ataque fica-lhe bem, porque parece saber subir bem no terreno. Finalmente, claro, o elogio para a eficácia do nosso capitão Nuno Gomes.

Aquela entrada do Benfica no jogo ter-nos-á deixado a todos muito satisfeitos, quer pela alta qualidade do futebol praticado, quer pela eficácia. E ainda por cima sem utilizar dois jogadores nucleares como o Coentrão e o Salvio. Mas hoje gostei também muito que a equipa tenha mostrado uma muito melhor condição física, ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos jogos. Claro que marcar e resolver cedo permite gerir o jogo e o cansaço de forma muito mais eficaz, mas mesmo o Aimar, que não é dos jogadores fisicamente mais resistentes, fez os noventa minutos aparentemente sem quaisquer problemas. Agora espero que aproveitemos a paragem no campeonato para recuperar ainda mais, e atacarmos a fase final da época na melhor condição física possível. Ainda há muito para conquistar.

quinta-feira, março 17, 2011

Raça

Até pode não ter havido muita 'arte' no jogo do Benfica esta noite, mas houve raça, querer e ambição até mais não. Os grandes jogos também se fazem assim. Foi um jogo difícil e de muita luta, mas conseguimos o resultado necessário para o nosso objectivo: carimbar a passagem aos quartos-de-final da Euroliga, repetindo assim pelo menos o desempenho da última época.

Foi quase num segundo Estádio da Luz que o Benfica entrou em campo com aquele que poderemos considerar o seu onze base. Apoio fantástico dos nossos adeptos em França, que encheram as bancadas do Parque dos Príncipes e devem ter deixado os nossos jogadores a sentirem-se em casa. Quanto ao jogo, desde o primeiro minuto que se percebeu que seria difícil. Não porque o Benfica tenha sido muito pressionado, mas sim porque foi quase sempre um jogo de muita luta. As duas equipas empenharam-se no jogo, pressionando sempre muito de parte a parte, o que resultou num futebol não muito atractivo, em que a bola andava pouco pelo chão, as posses de bola eram curtas de parte a parte, e não havia muitas jogadas construídas de forma organizada. Para o Benfica, o problema maior parecia chamar-se Nenê, já que não havia maneira de o Maxi acertar com a marcação ao brasileiro, que por diversas vezes surgia solto por aquele lado e depois era difícil de travar quando embalava com a bola. Conforme disse, o Benfica nunca esteve sujeito a pressão intensa, muito por culpa do imenso esforço e trabalho que os nosso jogadores colocavam em cada lance - até mesmo o Aimar dava mais nas vistas pelo trabalho na ajuda ao Javi no meio campo do que a atacar. Mas num jogo destes um golo poderia cair para qualquer um dos lados num lance fortuito, e sabendo-se que bastaria um golo do franceses para ficarmos em desvantagem na eliminatória havia a preocupação de que esse golo pudesse acontecer, pelo que seria fundamental sermos nós a marcar primeiro.

E disso se encarregou o Gaitán, poucos minutos antes de chegarmos à meia hora de jogo, na conclusão de um contra-ataque conduzido desde a entrada da nossa área - após uma recuperação de bola do Aimar. Conseguimos colocar cinco jogadores na frente contra quatro defesas do PSG, e na altura em que o Gaitán recebeu a bola sobre a esquerda, à entrada da área, toda a gente esperaria um cruzamento - incluindo o guarda-redes. Só que em vez disso saiu um remate rasteiro que levou a bola a entrar junto ao poste mais próximo, deixando o guarda-redes algo mal na fotografia (já no princípio do jogo tinha tido uma péssima saída a um cruzamento, que quase resultou num golo para nós). Quem não esteve nada mal na fotografia foi o Roberto, que um minuto depois do golo defendia com as pernas um remate de um adversário isolado, evitando assim o empate. Mas já nada pôde fazer a dez minutos do intervalo, quando num grande remate de primeira à entrada da área o Bodmer fez o empate, resultado com que se foi para intervalo e que se ajustava perfeitamente ao que se viu durante os primeiros quarenta e cinco minutos.

A segunda parte foi um pouco mais calma. O Nenê esteve mais sossegado, e o ritmo do jogo pareceu abrandar um pouco. O Benfica podia ter resolvido a coisa logo a abrir, mas o Cardozo, em noite desinspirada, atirou torto quando se apanhou completamente só em frente à baliza, após cruzamento do Salvio. E ainda no primeiro quarto de hora, por mais três vezes o Benfica ameaçou: primeiro pelo Saviola, a emendar mal um passe do imparável Coentrão, depois num remate do Cardozo, defendido pelo guarda-redes, e finalmente numa cabeçada do Luisão após um canto, em que falhou o alvo por pouco quando o normal numa ocasião daquelas é o nosso capitão não perdoar. A resposta do PSG foi igulmente perigosa, com o Erding a falhar o golo após um lance em que o Sídnei decide, de forma incompreensível, deixar passar uma bola cruzada da esquerda. Ao ver o tempo a passar e a eliminatória a fugir-lhe, o PSG aumentou a pressão nos quinze minutos finais, lançando para o jogo o Giuly e o Hoarau. Poderiam ter sido recompensados a dez minutos do final, mas uma defesa do Roberto por instinto, a um remate desferido à queima-roupa, evitou o golo, e praticamente carimbou a passagem, já que os franceses foram apostando cada vez mais em bolas altas para o gigante Hoarau, sem grandes resultados práticos, até porque o Benfica se resguardou com as entradas do Peixoto e do Jardel nos minutos finais.

Melhores do Benfica, para mim: Coentrão, Roberto e Luisão. O nosso defesa esquerdo é praticamente imparável, e continua a todo o gás quando todos os outros parecem já não ter fôlego para dar mais um passo. Aquela arrancada fantástica que ele tem perto do final, em que vai deixando todos os adversários para trás e só é travado à entrada da área em falta (na minha opinião, para vermelho directo) é exemplificativa disto. O Roberto esteve seguro, e fez duas defesas cruciais, uma em cada parte. O Luisão foi o pilar habitual na defesa, e na fase final de despejo de bolas do PSG para a nossa área não deu hipóteses. Muito bem também o Gaitán, em especial na primeira parte, mas foi-se apagando à medida que o cansaço foi levando a melhor sobre ele. Gostei também do Javi e do Aimar, tendo o argentino surpreendido pelo muito trabalho defensivo que fez na primeira parte. A nossa dupla de avançados esteve apagada, com muitos passes falhados de forma estranha pelo Saviola, e muitas perdas de bola do Cardozo.

Está cumprida a missão, e amanhã lá estaremos na Suíça para ver quem nos calha em sorte. Não creio que tenhamos que temer quem quer que seja dos possíveis adversários. A Euroliga é uma competição muito equilibrada, e podemos ter ambições legítimas em chegar mais longe. Assim o desejamos todos.

domingo, março 13, 2011

Aposta

E à quinta foi de vez. Depois de, pela quinta vez consecutiva, permitirmos aos visitantes que se adiantassem no marcador, hoje já não conseguimos a reviravolta no resultado, talvez por culpa das várias poupanças feitas - e poderíamos até ter perdido o jogo, já que apesar de termos atacado sempre mais, as melhores oportunidades acabaram por pertencer ao Portimonense.

Se era para poupar jogadores, então poupou-se mesmo: nada menos do que dez dos habituais titulares ausentes do onze, mantendo-se apenas o Aimar, a quem coube a honra de envergar pela primeira vez a braçadeira de capitão. A baliza foi entregue ao Moreira, defesa com Luís Filipe, Carole, Jardel e Roderick, meio campo com, para além do Aimar, Airton, Peixoto e Meneses, e o ataque entregue a Kardec e Jara. Apesar de tantas ausências, desde início que se assistiu a um jogo com o perfil habitual dos jogos na Luz, como Benfica a ter a iniciativa e o adversário a fechar-se o mais possível atrás, tentando sair depois no contra-ataque. O problema é que cedo se percebeu também a falta de capacidade da equipa que tínhamos em campo para encontrar soluções para chegar ao golo. O jogo parecia um autêntico solteiros contra casados, com passes fáceis falhados, jogadores a não conseguirem controlar uma bola, e a quase ausência de jogadas com princípio, meio e fim. O único sinal de perigo foi dado por uma cabeçada do Kardec, logo aos cinco minutos, mas pouco mais se viu depois disso. Quando o Portimonense resolveu vir até à frente, primeiro enviou uma bola à trave, num remate de fora da área sem hipóteses para o Moreira, e no minuto seguinte (aos vinte e sete), beneficiou de um penálti, cometido de forma muito infantil pelo Roderick, colocando a mão na bola num lance aparentemente sem qualquer perigo. Só nos últimos cinco minutos é que o Benfica conseguiu pressionar de forma mais consistente, criando algumas ocasiões de perigo - em particular uma situação em que o Airton, na pequena área e com tudo para marcar, conseguiu não acertar na bola.

A segunda parte trouxe o Salvio e o Gaitán nos lugares do péssimo Meneses e do Carole. Trouxe também mais ataque do Benfica, mas com o Portimonense a conseguir aguentar-se sem muitas aflições, e a mostrar-se sempre perigoso nas saídas para o contra-ataque, já que na maior parte do tempo a nossa equipa esteve literalmente partida ao meio, com os cinco jogadores mais avançados a não recuarem para defender. Se havia um canto ou um livre a nosso favor, em que os centrais e o Airton subiam, caso o Portimonense recuperasse abola, conseguia quase sempre fazer um contra-ataque em igualdade ou mesmo superioridade numérica. Num destes lances, colocaram um jogador isolado na cara do Moreira, e a bola, depois de picada sobre ele, acabou por acertar no poste. No minuto seguinte (setenta e sete), o Benfica chegou ao empate: canto na esquerda, cabeçada do Jardel para defesa apertada, tentativa de recarga do Roderick, e finalmente o inevitável Nuno Gomes, quase sobre a linha, a cabecear para o golo. A partir daqui a pressão do Benfica intensificou-se, obrigando o guarda-redes do Portimonense a bastante trabalho até final - negou o golo ao Nuno Gomes e ao Jara. No entanto, mais uma vez num contra-ataque, o Portimonense podia também ter marcado, valendo-nos a defesa do Moreira com o pé.

Do jogo de hoje salvaram-se talvez o Moreira e o Jara. Gostaria que o Nuno Gomes tivesse jogado de início, ou pelo menos que tivesse entrado mais cedo. O Carole - havia a curiosidade de ver a sua estreia - não comprometeu. Mas a verdade é que a maior parte dos que jogaram hoje mostraram que não são titulares por alguma razão. Não quero estar a particularizar e a desancar alguns jogadores, porque também compreendo que há factores como a falta de ritmo, ou mesmo estar em campo toda uma equipa que praticamente nunca jogou junta, acusando por isso uma natural falta de entendimento. Mas não tenho dúvidas de que alguns dos jogadores que vimos esta noite em campo não estarão no plantel da próxima época.

Foi uma aposta arriscada do nosso treinador, e acabou por perdê-la. Mas compreendo-a: a liga já nos foi roubada, e os objectivos são agora outros. Temos um jogo importante na quinta-feira, e se havia ocasião para descansar jogadores, era esta. Agora é concentrarmo-nos naquilo que podemos ganhar.

sexta-feira, março 11, 2011

Vantagem

Vantagem mínima conquistada na primeira mão da eliminatória, num jogo em que 'jogámos' talvez cerca de meia hora dos noventa minutos de jogo - por alguma culpa própria, mas também por culpa do adversário, que não é de forma alguma tão fraco como às vezes me parece que alguns estão convencidos.

A entrada do Benfica no jogo não foi a melhor (embora, curiosamente, tenha dado o primeiro sinal de perigo, pelo Gaitán logo no primeiro minuto) - ou poderíamos dizer que foi o PSG que começou bastante bem o jogo . Com a equipa sempre muito bem posicionada, conseguiu construir um bloco muito sólido à frente da sua área, que a nossa equipa não conseguia ter arte nem engenho para desorganizar - muito também por culpa da desinspiração ou falta de fulgor de vários jogadores nossos, em particular do Salvio (passou quase ao lado do jogo) e do Gaitán (não deve ter ganho um lance no um para um), o que deixou o ataque pelas alas praticamente entregue em exclusivo ao Coentrão e ao Maxi, com o consequente afunilamento do jogo. A equipa francesa procurava, sempre que possível, pressionar bastante alto, impedindo muitas vezes que saíssemos a jogar, e obrigando a pontapés longos - isto é algo que estamos habituados a ver a nossa equipa fazer, mas nesta fase não conseguíamos fazer nada disto, não sei se por cansaço. Recuperada a bola, eles contra-atacavam com bastante velocidade, conseguindo causar perigo em várias ocasiões. Rapidamente responderam àquela tentativa do Gaitán, e aos cinco minutos só uma defesa do Roberto impediu o golo a um adversário na sua cara. E quando marcaram mesmo, à passagem do quarto de hora (colocando mais uma vez um jogador isolado na cara do guarda-redes, após um passe entre os nosso defesas pela zona central, numa jogada em que me pareceu que o autor do passe teve demasiada liberdade para progredir sem ser pressionado), foi apenas o desenlace mais lógico para a o melhor futebol que iam mostrando durante esses primeiros minutos. Não ficaram por aqui, já que dois minutos depois atiravam uma bola ao ferro, após um cruzamento da esquerda a meter a bola no segundo poste, e mantiveram a nossa baliza sob ameaça durante quase toda a primeira parte.


Só perto da meia hora é que o Benfica começou lentamente a dar um ar da sua graça no ataque. Encarregou-se disso o Cardozo, primeiro com um remate de pé direito a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes francês, e depois num livre, que resultou em mais uma defesa difícil. Este livre deu o sinal de partida para uns últimos dez minutos em que aí sim, o Benfica foi claramente superior, e conseguiu encostar o PSG à sua área, criando várias situações perigosas - devido em boa parte ao maior atrevimento ofensivo dos dois laterais, que devem ter decidido que teriam que ser eles a assumir as despesas no ataque, visto que os seus colegas mais avançados não estavam claramente nos seus dias. Depois de ameaçar alguma vezes, o Benfica chegou mesmo ao empate, a quatro minutos do intervalo, e através do jogador que claramente mais merecia um golo - Maxi Pereira. Isolado nas costas da defesa por um passe fantástico do Carlos Martins, controlou a bola no peito e rematou de primeira, de pé esquerdo, para um bonito golo (o Maxi deve estar a tornar-se um personagem maldito para os franceses). Até ao apito para intervalo, mais uma boa situação para o Benfica, em que o Coentrão optou pelo remate quando me pareceu que o passe teria sido a melhor opção, e ainda um lance em que me pareceu ter havido falta sobre o Javi dentro da área - fora da área aquele lance seria sempre sancionado.

Esperava uma entrada para a segunda parte no seguimento daquilo que tinha sido o final da primeira, mas tal não aconteceu. O PSG pareceu apostar numa toada um pouco mais cautelosa, procurando manter mais a bola em seu poder, e arriscando pouco, e o Benfica voltava a mostrar dificuldades para causar perigo no ataque e até mesmo para conseguir ter bola. O jogo caiu assim numa toada algo aborrecida, em que as ocasiões de perigo eram quase inexistentes - apenas numa ocasião, pelo Saviola, o Benfica ameaçou a baliza adversária. O Jorge Jesus, a meio da segunda parte, acabou por fazer as substituições mais evidentes, e no espaço de cinco minutos retirou do campo o Salvio e o Gaitán, entrando para os seus lugares o Jara e o Aimar. Quando o Aimar entrou em campo, faltavam vinte minutos para o final, e na sua primeira intervenção colocou a bola no Cardozo, que com um toque desmarcou o Saviola. Este tirou um adversário do caminho, e quando estava isolado foi claramente derrubado em falta no interior da área. Penálti claríssimo (e consequente expulsão do jogador que faz a falta) que, incrivelmente, nenhum dos membros da equipa de arbitragem quis ver. Toda a gente continua a perguntar-se para que servem os árbitros de baliza. Este penálti não marcado pareceu espicaçar a nossa equipa, que nos vinte minutos finais submeteu o PSG a uma grande pressão. Os franceses foram recuando cada vez mais as linhas para perto da sua baliza, e praticamente já não tentavam contra-atacar de forma organizada, parecendo estar mais empenhados em manter o empate. Não o conseguiram, porque com nove minutos para jogar, o Jara recebeu uma bola do Aimar, à entrada da área e descaído sobre a esquerda, rodou sobre o adversário, e rematou rasteiro e cruzado para o fundo da baliza, fixando o resultado final. Nos minutos finais o Benfica ainda procurou um terceiro golo, mas apenas num remate do Saviola conseguiu criar algum perigo.

O melhor jogador do Benfica foi o Maxi. Qual cansaço, qual quê. Joga sempre com o mesmo ritmo, tem pulmão que nunca mais acaba, e passou os noventa minutos a subir e a descer aquele lado direito. Mereceu plenamente o golo. Gostei também do Carlos Martins, sendo de destacar o grande passe para o golo do Maxi. O Coentrão e o Roberto também estiveram em bom plano. E mais uma vez, entrada importante do Jara no jogo - o sua mentalidade batalhadora que não lhe permite dar um lance por perdido é importantíssima. Outros jogadores houve que estiveram muito abaixo do seu normal. O Sídnei teve uma primeira parte horrível, com inúmeros passes e cortes a acabarem sempre nos pés de um adversário. Os já citados Gaitán e Salvio passaram praticamente despercebidos, sendo a sua deficiente condição física a explicação mais provável para o jogo que fizeram.

Mais uma vez 'demos' um golo de avanço a jogar em casa, para depois operarmos a reviravolta e acabarmos por vencer. Foi assim nos últimos quatro jogos: Estugarda, Marítimo, sportém e PSG. Isto revela uma boa capacidade anímica da nossa equipa, mas seguramente que termos que andar a correr atrás do resultado também implicará um maior desgaste físico. O mais importante é mesmo irmos para a segunda mão com vantagem. Acredito plenamente na passagem aos quartos-de-final, mas teremos que trabalhar muito no segundo jogo. Roubado que está o campeonato, é capaz de ser boa ideia deixar alguns jogadores de fora do próximo jogo com o Portimonense.

segunda-feira, março 07, 2011

Orgulho

Acabei de chegar de Braga, e devo dizer que estou contente. Porquê? Primeiro porque consegui ir àquele estádio e ainda tenho a minha carteira, e depois porque sou orgulhosamente do Benfica, e não adepto de uma prostituta reles mascarada de clube de futebol, como aquela contra quem tentámos jogar hoje.

Querem uma crónica do jogo? É fácil: minuto quarenta, e o Benfica vence por 1-0 na cidade de Braga, contra o clube local, golo do Saviola em recarga a um livre do Carlos Martins. E vai conseguindo, apesar da poupança de dois jogadores nucleares, segurar o jogo e o adversário sem grandes problemas. O Javi García faz um alívio junto à linha lateral, em frente ao banco da equipa local. Um indivíduo com pinta de dançarina exótica num qualquer bar de alterne do Reinaldo atira-se para cima dele e, acto contínuo, mergulha para o chão enquanto esperneia, agarrado ao pescoço. Como numa peça de teatro muito bem ensaiada, o banco inteiro da equipa local levanta-se aos guinchos e pulos simiescos, o árbitro assistente (que apenas 'por acaso' é o mesmo que nos roubou um golo e um penálti no jogo em Guimarães) agita a bandeira, e o Xistra, que nada viu (porque nada se passou) dá vermelho directo ao nosso jogador. Para piorar, do livre que se segue - que deveria ter sido ao contrário, porque a falta é da dançarina exótica, que carregou o Javi quando ele aliviou a bola - sai um chouriço do jogador local que, de forma completamente não intencional, leva a bola a entrar na baliza. E assim, no espaço de um minuto, o Benfica deixa escapar da mão um jogo que estava perfeitamente controlado. Na segunda parte, a jogar em inferioridade numérica, lutámos enquanto foi possível e acabámos por sofrer o segundo golo num remate de longe, sem grandes hipóteses, da autoria de um dos dois cretinos que o ano passado agrediu impunemente o Cardozo ao intervalo.

Compreendo a necessidade de se poupar algumas unidades nucleares, até por sabermos que o destino deste campeonato começou a ser traçado fora das quatro linhas desde as primeiras jornadas. Mas disse logo no início que contra estes energúmenos é que não gostava mesmo nada de poupanças. Estes tipos nem um clube são. São uma tentativa de imitação de algo. E uma imitação reles. Tentam imitar merda, mas nem merda conseguem ser. São merda de pechisbeque. São as provocaçoezinhas reles de clubeco pequenino. Não dizerem 'Benfica' uma única vez, referindo-se a nós como o 'clube visitante'. Os insultos constantes, partindo do próprio speaker do estádio, que chegou mesmo ao ponto de, com o jogo a decorrer, berrar insultos ao Benfica pelo sistema sonoro do estádio, incitando as pessoas nas bancadas que fossem suficientemente imbecis para o fazerem a imitarem-no. As bolas de golfe, isqueiros e moedas com que os nossos jogadores foram bombardeados - o Cardozo levou com uma bola de golfe no joelho, o Martins foi atingido quando se preparava para marcar um livre, o Fábio e o Maxi foram alvos constantes durante todo o jogo. As repetidas atitudes fiteiras e provocatórias dos próprios jogadores locais durante os noventa minutos. E no final, ganho o jogo, parecia que tinham sido campeões do mundo, de joelhos a agradecer ao céu, e cortejos de imbecis a buzinar pela cidade fora. Compreende-se: as putas reles ficam sempre contentes quando pensam que conseguem agradar ao seu chulo - que depois as espanca enquanto lhes jura que são as preferidas dele.

Acaba por ser emblemático que este campeonato leve aquela que deverá ser a estocada final desta forma. Da mesma forma que começou a ser cozinhado em Agosto e Setembro. Quanto aos nosso jogadores, só tenho a dizer que me sinto imensamente orgulhoso. Orgulhoso por ser do Benfica, e orgulhoso por tê-los no meu clube. Perante o ambiente doentio e intimidatório que vi hoje, portaram-se sempre de forma digna, nunca perderam a cabeça e souberam resistir a todas as provocações. Pergunto-me quantos seriam capazes do mesmo. Pergunto-me se alguma equipa, alguma vez, visitando a Luz, teve que passar por aquilo que os nossos jogadores têm que passar todos os anos quando visitam o Ladrão, e agora quando visitam este sucedâneo de clube. Nem sequer a lagartagem, que é o nosso grande rival histórico, eu alguma vez vi descer a este nível.

A nossa equipa deu-nos dezoito vitórias consecutivas, e ao décimo-nono jogo viu a vitória ser-lhe surripiada. Se alguém pensa que isto nos faz esmorecer, engana-se, porque só nos faz mais fortes. Estou com esta equipa incondicionalmente e até ao fim. E na próxima quinta-feira, lá estarei a gritar por eles, para que dêem início a uma nova série de vitórias. De forma digna, dentro do campo e fora dele.

quinta-feira, março 03, 2011

A Ferros

Vitória arrancada a ferros, complicada e valorizada por um adversário que, reconhecendo que não tem as mesmas armas que nós, fez bom uso das que tem. Manteve-se quase sempre organizado e dificultou muito a tarefa da nossa equipa, que hoje também não esteve ao seu melhor nível, acusando mais uma vez algum cansaço.

Se das quatro competições o Jesus abdicaria da Taça da Liga, não foi essa a mensagem que passou com a escolha do onze inicial: jogámos com aquela que se pode considerar a nossa equipa-tipo, apenas com a alteração do Carlos Martins no lugar do Aimar. Os primeiros minutos deixaram desde logo antever um jogo complicado. O sportém estava consciente que não poderia entrar na Luz de peito feito e tentar discutir o jogo pelo jogo com o Benfica, pelo que apostou primeiro em conter-nos e neutralizar o nosso jogo, para depois tentar saídas rápidas no contra-ataque. O Benfica, jogando a um ritmo demasiado pausado, não conseguia encontrar formas de contrariar isto, e os primeiros minutos do jogo deverão ter servido para dar confiança aos nossos adversários, já que conseguiam manter-nos mais ou menos controlados sem muita dificuldade - apenas num lance do Gaitán o Benfica criou algum perigo. Para piorar as coisas, o sportém colocou-se em vantagem praticamente na primeira vez que chegou à nossa baliza: aos vinte minutos de jogo, livre despejado de muito longe para a área, o Roberto hesitou na saída e quando o fez já chegou tarde à bola, permitindo a antecipação de cabeça do Postiga.

Só a partir da meia hora é que o Benfica começou finalmente a conseguir empurrar o sportém para a sua área. E pelo inevitável Polga (hoje não esteve em campo o brilhante Grimi, mas aquele Evaldo também parece ser um moço promissor), acabou por ter um penálti a favor, após um 'abraço' demasiado evidente ao pescoço do Javi. O Cardozo encarregou-se de a falhar, permitindo a defesa ao Patrício, mas ainda os Benfiquistas lhe rogavam pragas e a lagartagem celebrava alegremente e o mesmo Cardozo, com uma cabeçada fulminante após um canto, igualava o jogo. Foi aos trinta e quatro minutos de jogo, e o sportém pareceu acusar o golo, já que daí até ao intervalo praticamente só deu Benfica, e aí deu para perceber que se o Benfica conseguisse imprimir uma maior intensidade e velocidade ao seu jogo, o sportém já revelava maiores dificuldades para manter a organização defensiva e as suas linhas bem posicionadas.

Esperava mais do mesmo para a segunda parte, mas o intervalo fez mal ao Benfica - ou bem ao sportém. O Benfica até criou uma boa ocasião de início, com uma incursão do Coentrão pela esquerda a oferecer o remate ao Cardozo, que de pé direito atirou para a bancada - a isto respondeu o sportém com um remate do Postiga. Mas depois o jogo entrou numa espécie de impasse, com o Benfica a jogar novamente a uma velocidade reduzida, e o sportém bem organizado no seu meio campo a conseguir anular e cortar as nossas jogadas de ataque quase à nascença. Tinha esperanças que a entrada do Aimar, a vinte e cinco minutos do final, viesse trazer uma nova alma ao ataque, mas ele acabou por sair lesionado dez minutos depois. Mas os minutos finais do jogo trouxeram novamente um Benfica mais dominador, enquanto que o sportém foi recuando cada vez mais e parecendo estar apostado em levar a decisão para os penáltis. O Cardozo enviou a bola à trave, e a este lance seguiram-se outros em que os nossos jogadores surgiam em boas condições para rematar e causar perigo, quase sempre a partir da esquerda, onde mesmo o recém-entrado Abel não parecia ter pernas ou capacidade para estancar as investidas do Coentrão e do Jara (que ocupava a esquerda do ataque). Apostado em evitar os penáltis, o Benfica forçava cada vez mais, mas o sportém podia ter acabado por resolver a coisa, pois teve uma grande oportunidade a um minuto do final, mas o Roberto redimiu-se do golo sofrido com uma grande defesa a remate do Fernandez. E já com dois minutos de compensação decorridos, o Benfica acabou por chegar à desejada recompensa para o seu esforço. Mais uma investida do Jara na esquerda, com o cruzamento a cair nos pés do Cardozo e a bola a ressaltar deste para o Javi García, que bateu o Patrício. Game over.

Melhores do Benfica, para mim, Luisão e Javi García. O Luisão no registo do costume, perante um adversário irritante como o Postiga, e o Javi impecável nas dobras e na luta do meio campo, onde na maior parte das vezes estava em desvantagem para os adversários que ali surgiam. O Cardozo foi importante na fase de assédio final, pois ganhou quase todas as bolas que lhe enviavam, para depois solicitar um colega vindo de trás (tirando partido de estar a ser marcado pela nulidade do Polga). Apesar de mostrar evidente cansaço, nessa fase o Coentrão foi também importante no ataque, onde contou com a preciosa ajuda do Jara. Menção ainda para o Maxi que, como de costume, parece ser imune ao cansaço, e para o Saviola, cujas movimentações entre as linhas do sportém me parecem ter sido muitas vezes mal aproveitadas.

E a ferros lá arrancámos a décima oitava vitória consecutiva, que nos permite ir à final da Taça da Liga defender o troféu cujas duas últimas edições conquistámos. Penso que há justiça na nossa vitória, porque fomos quem mais a procurou. Há mérito do sportém por ter conseguido jogar de forma organizada e dificultado muito a nossa tarefa, mas terão pago o preço de terem apostado demasiado cedo em querer levar o jogo para a lotaria dos penáltis. Se fossem uns tipos decentes, provavelmente deveriam destacar isto, mas para não fugir à regra preferiram enveredar pelo discurso idiota da arbitragem, desta vez de uma forma generalista, ou seja, não conseguem sequer queixar-se de lances concretos; queixam-se da arbitragem porque sim, e pronto (sim, claro, o Jorge Sousa - olha quem - é um fervoroso apoiante do Benfica). O cansaço em algumas unidades-chave do Benfica parece começar a ser evidente, mas não deixa de ser irónico - e um atestado do brio e querer da nossa equipa - que tenhamos conseguido arrancar as duas últimas vitórias nos últimos minutos dos jogos, depois de termos submetido os adversários a pressão constante.