quinta-feira, março 31, 2005

Arrogância

Uma das coisas que eu tenho notado que os adeptos dos nossos rivais gostam de dizer sobre nós, benfiquistas, é que somos arrogantes. Então depois destes anos sem sucesso no campeonato, a coisa tornou-se pior. Dizem eles que não percebem como é que adeptos de um 'clube que não ganha nada há 10 anos' continuam a ser tão 'arrogantes'. Pergunto eu: 'Arrogância'? Então paixão clubística e orgulho é agora, no caso benfiquista, arrogância? Segundo entendo eu, ser adepto de um clube significa precisamente ter orgulho nesse clube e defendê-lo sempre. Acreditar que o nosso clube é o melhor mesmo quando perdemos é o que define a paixão clubística. Nós, como qualquer verdadeiro adepto de outro clube, acreditamos que o nosso clube é o melhor. Podemos ter perdido o último jogo, mas no próximo de certeza que vamos mostrar porque é que somos os maiores. E dado o passado brilhante do Benfica, o nosso orgulho nesse mesmo passado é algo que nunca nos conseguirão tirar, passemos nós dez, vinte, ou trinta anos sem ganhar o campeonato. Se querem confundir a nossa teimosia em esquecer esse passado com arrogância, o problema não é nosso. Se calhar será de quem, ao ouvir-nos dizer que somos os maiores, sente uma pedrinha no sapato que o deixa a pensar e a recear que possa ser mesmo verdade. Ou então o desepero de não conseguir submeter-nos a uma ideia que na sua mente é uma verdade insofismável (que o seu clube é que é o maior, não o nosso).


Ser adepto significa ser capaz de dizer (e acreditar!) 'Somos os maiores!' na segunda-feira a seguir a uma derrota humilhante no fim-de-semana. Do que é que estavam à espera? Que após este jejum de dez anos, os benfiquistas passassem a dizer 'Pois é pá... o nosso clube é mesmo mau. Vocês é que têm razão... os vossos clubes são muito melhores...'? Que raio de lógica é esta? Se alguém que se diz adepto de um clube não for capaz de acreditar que o seu clube é o maior mesmo depois de uma derrota, e defendê-lo em vez de se esconder, então não é adepto. É oportunista.

Imagem retirada do site dos Diabos.

quarta-feira, março 30, 2005

Selecção


Enquanto assistia à nossa selecção satisfeita com um empate feliz contra uma selecção da segunda divisão europeia, dei comigo a pensar: afinal, que trabalho é que o nosso seleccionador faz? Pensava eu que uma das funções de um seleccionador seria assistir aos jogos em que potenciais seleccionáveis actuassem, escolher aqueles que estão em melhor forma, e chamá-los à equipa nacional. Scolari, em vez disso, chama sempre os mesmos, quer estejam em forma ou não. Há vários jogadores, que hoje até jogaram, que estão nitidamente em péssima forma, e no entanto continuam a ser seleccionados e titulares. Hoje por acaso até conseguimos o empate, com o golo a ser marcado por um desses jogadores que estão num péssimo momento de forma, e assim evitámos ter que andar a fazer contas sobre o apuramento no grupo de qualificação para o Mundial mais fácil da zona europeia. Mas se esta tendência se mantiver (e de certeza que isso vai acontecer), o que é que podemos esperar do Mundial, onde de certeza encontraremos equipas mais fortes?

Não me agrada esta política de lugares cativos na selecção. A selecção deve ser precisamente uma selecção dos melhores jogadores, e não um clube com um plantel quase fixo. Está-me a parecer que o Figo, por exemplo, tem lá a almofadinha a marcar a cadeira. Se nos apurarmos, como tudo o indica, será que ele vai ter a lata de aparecer para jogar no Mundial? Se isso acontecer, para além de injusto para o jogador que eventualmente será excluido, parece-me também imoral.

quarta-feira, março 23, 2005

The horror...

O clubismo levado ao limite. Mais que fanatismo: loucura, com todas as letras. O Miguel Sousa Tavares, quando se decide a escrever sobre futebol, perde toda a credibilidade.

Entretanto, no seu espaço n'A Bola de hoje, o director do Expresso, José António Lima, volta a manifestar o seu descarado antibenfiquismo. Já tive a oportunidade de discutir este assunto com o próprio, numa troca de e-mails, em que ele atenciosamente me respondeu dizendo que, com seriedade, não poderia acusá-lo de antibenfiquista. O que é que eu posso dizer de alguém que escreve:

"Se não for o clube do Lumiar* a ganhar o campeonato, que seja o FC Porto (ou o Sp. Braga ou o Boavista se puderem...). [...] E que o clube do Lumiar* repita na Luz o que se passou em 1986."

E alguém que deseja a derrota do seu próprio clube apenas para prejudicar o Benfica? Isso não o define primeiro como antibenfiquista, e apenas depois como adepto do seu clube?

Ao menos vou-me divertindo enquanto assisto ao estrebuchar dos antibenfiquistas quando confrontados com a possibilidade medonha do Benfica ser campeão.

*Obviamente, o senhor José António Lima escreveu aqui o nome do clube do qual é adepto, mas quem lê este blog sabe que eu me recuso a escrever esse nome, daí o uso do termo 'clube do Lumiar'.

terça-feira, março 22, 2005

Satisfatório

Para variar, e dado o interesse que o Benfica tinha no resultado, acabei por ver o jogo desta noite (perdi os primeiros 20 minutos de jogo, por isso só posso comentar os restantes 70). Confesso que torci pelo empate. Eu sei que o resultado que se verificou até foi o melhor para o Benfica, mas o inferno há-de congelar antes que eu consiga desejar uma vitória do clube do Lumiar seja em que jogo for.

O resultado parece-me justo. Ganhou quem procurou mais a vitória, e estranhamente o FC Porto pareceu demasiado apático para uma equipa que, das duas, seria a que, em caso de vitória, poderia sair do jogo com uma esperança mais legítima de lutar pelo título. O McCarthy voltou a mostrar que todos os sumaríssimos que lhe instauraram foram poucos, e com mais uma atitude idiota tornou tudo muito mais difícil para a sua equipa. Mais um uso parvo do cotovelo, e agora lá virão os dois joguitos da ordem (se tanto). Se calhar, se ele não sentisse as costas quentes pelas sucessivas tentativas de desculpabilização que o seu clube lhe proporciona, ele já teria corrigido o seu comportamento. A tão famosa disciplina interna do FC Porto parece andar muito permissiva este ano... ainda me recordo do Fernando Couto suspenso e a treinar à parte da equipa principal depois de uma expulsão sua por agressão ao Mozer ter ajudado o Benfica a bater o FC Porto por 2-0.

Quanto ao outro lado, pareceu-me que o Peseiro esteve mal. Com tudo para ganhar confortavelmente, andou a sofrer até ao último minuto. Com mais dois jogadores em campo, o mais indicado é jogar um futebol apoiado e de passe curto. É trocar, trocar, trocar a bola, que há-de aparecer sempre um jogador solto para a receber (o segundo golo é um exemplo óptimo disto). Em vez disso, a sua equipa parecia ter vontade de fazer tudo muito depressa, e acabava por perder a bola demasiado rapidamente. E a substituição do Douala, um avançado rápido e muito móvel, pelo Niculae, muito mais fixo, numa altura em que espaço livre lá na frente para aproveitar as características do Douala era o que não faltava, não lembra o diabo. Se no final a sua equipa acabar em igualdade pontual com o FC Porto, e isso lhe custar uma posição importante, talvez se arrependa de não ter tentado anular o resultado da primeira volta. Oportunidades para o fazer como esta acontecem muito raramente, por isso não percebo a falta de ambição para agarrá-la.

Enfim, temos agora 6 pontos de vantagem sobre um pelotão de 4 equipas, e vamos poder descansar sobre esta almofada durante os próximos 15 dias. Quando o campeonato regressar, dois dos nossos perseguidores defrontar-se-ão entre si, pelo que se ganharmos o nosso jogo poderemos ter mais um fim-de-semana lucrativo. O futuro continua a apresentar-se-nos risonho.

sábado, março 19, 2005

A sorrir

Uma final já está; faltam mais oito.

De regresso à fórmula habitual, com apenas um avançado, apoiado pelo Nuno Assis, conseguimos uma vitória muito importante num campo que nos é tradicionalmente difícil. O jogo até nem nos começou de feição. O Vitória entrou muito forte, a pressionar muito, e com muita vontade de marcar cedo. Para piorar, perdemos o Petit, um dos nossos jogadores-chave, logo aos dois minutos. Mais do que este jogo, preocupa-me que a lesão o possa indisponibilizar para mais jogos nesta altura crítica do campeonato.

Só a partir dos 15/20 minutos é que o Benfica começou a pegar nas rédeas do jogo. Parece ser uma atitude típica do Benfica este ano: entra no jogo com uma imagem um pouco hesitante, a dar a iniciativa de jogo ao adversário. Depois, após este período inicial de estudo, resolve-se então a pegar no jogo. Foi nesta altura que me pareceu que ficou um penalty por marcar, por falta sobre o Geovanni. Um lance típico: avançado e guarda-redes fazem-se à bola, o avançado chega primeiro e toca na bola, e o guarda-redes não consegue evitar o contacto e faz penalty. O árbitro neste caso decidiu-se por dar pontapé de baliza para o Vitória, o que não é muito compreensível. Se não marca penalty, das duas uma: ou mostra amarelo ao Geovanni por simulação, ou marca pontapé de canto por entender que o guarda-redes tocou na bola.

Pouco depois deu-se o lance mais decisivo do jogo: excesso de confiança do Veríssimo, a deixar-se desarmar pelo Simão, e depois a puxar a camisola do mesmo quando este seguia para a baliza. Cartão vermelho evidente. A partir daqui passámos a ter tudo para ganhar, e só faltava mesmo quebrar o nulo, o que aconteceu muito perto do intervalo num remate de longe do Manuel Fernandes, com grande colaboração do guarda-redes Paulo Ribeiro (ironicamente, parece que já está contratado pelo FCP). Marcando nesta altura ideal, o Benfica sai para o intervalo em vantagem numérica e no marcador. As coisas continuavam a sorrir para nós.

Na segunda parte, o Vitória entrou na expectativa, enquanto que o Benfica parecia decidido a matar o jogo. O que acabou por acontecer aos 19 minutos: subida do Miguel pela direita, centro, o defesa do Vitória falha a intercepção, e a bola sobra para o Geovanni que, após alguma hesitação, se decidiu pelo remate com o pé esquerdo, beneficiando de um ressalto no mesmo defesa que falhar o corte. Se a vitória já parecia estar quase assegurada, depois deste golo o jogo ficou decidido. A partir daqui foi apenas gerir o resultado, e na verdade até estivémos mais perto do 3-0 do que o Vitória do 1-2 (a única ocasião de verdadeiro perigo do Vitória de que me recordo na segunda parte foi pelo Bruno Moraes, após uma falha do Luisão).

Esta noite gostei muito de ver o Ricardo Rocha, o Miguel, e o Manuel Fernandes. Em contraponto, achei que o Dos Santos e o Nuno Assis tiveram jogos menos conseguidos. Não jogaram propriamente mal, mas estiveram infelizes a passar a bola, e tiveram algumas perdas de bola desnecessárias.

Agora, quando chegar 2ªFeira, vamos instalar-nos confortavelmente nos nossos sofás, e assistir ao jogo dos nossos rivais. Pode ser que no fim da noite o arguido no processo Apito Dourado tenha que pensar em mais algum estratagema para desviar a atenção dos seus adeptos das asneiras que tem feito esta época. Isto de um arguido num caso de corrupção andar desesperadamente a acusar outros do crime do qual ele é acusado seria digno dos Monty Python. Quanto à minha preferência para o jogo de 2ªFeira: que percam os dois!

P.S.- Algumas pérolas da transmissão televisiva de hoje:

1- Aos 41 minutos de jogo, com o nulo no marcador, mostram o resultado: Vitória de Setúbal 1 - Benfica 0. Isto até nem seria muito escandaloso, mas o pior é que eles arranjaram um marcador para o golo e tudo: Jorginho, aos 40 minutos! Wishful thinking, talvez? Infelizmente para eles, um minuto depois o resultado ficou mesmo em 1-0, mas ao contrário das previsões.

2- A tristeza do repórter de campo após o golo do Geovanni, ao comentar taciturnamente: 'Mais um golo de sorte... é o desalento completo no banco...'

3- A tentativa do repórter nas entrevistas finais de fazer o José Rachão culpar o árbitro pela derrota. Felizmente o Rachão não caiu na esparrela.

quinta-feira, março 17, 2005

Amigos

Ao menos o FC Porto sempre tem a consolação de ter sido eliminado por um grande amigo. Sim, porque o Mancini era o treinador da Lazio quando estes foram entusiasticamente recebidos pelos adeptos do FCP no aeroporto Sá Carneiro, antes de jogarem a pré-eliminatória da Liga dos Campeões contra o Benfica a época passada. Deram-se até ao trabalho de levar uma faixa com 20 metros a dizer 'BENVENUTI AMICI LAZIALE'. Por isso tenho a certeza que os adeptos do FCP devem estar muito contentes com o sucesso do seu grande amigo Roberto Mancini e, já agora, dos outros amigos Mihajlovic, Stankovic, e Favalli, também eles jogadores da Lazio o ano passado.

domingo, março 13, 2005

Olha!

Parece que agora só há uma equipa que apenas depende de si própria para ser campeã...


Há muito tempo que não tínhamos um fim-de-semana assim tão positivo. Depois de Couceiro ter ignorado o Benfica como candidato ao título, e mandado outras bocas despropositadas na nossa direcção, levou uma pequena lembrança de que é melhor ser um bocadinho mais humilde, para depois não ter que engolir sapos vivos. E a equipa que, segundo o seu treinador e jogadores, é a mais forte candidata ao título e a que melhor futebol joga em Portugal, foi derrotada sem apelo nem agravo em casa por um dos aflitos. Se no próximo fim-de-semana ganhássemos em Setúbal (e prevejo uma maré vermelha a apoiar a equipa no Bonfim), poder-nos-íamos dar ao luxo de assistir ao jogo grande de segunda-feira com uma vantagem de 6 e 9 pontos sobre os nossos rivais, no que seria um verdadeiro jogo de 'mata-mata', para utilizar a expressão de Scolari.

Esta é uma oportunidade de ouro, como raras vezes tivemos nos últimos dez anos. Por favor, aproveitem-na.

Sozinhos

E, após tantas jornadas passadas, eis que regressámos à liderança isolada da Superliga. Durante estes longos dez anos, é bem capaz de ser a primeira vez que isto acontece a apenas nove jornadas do final. Hoje conseguimos aproveitar o trambolhão do FC Porto ontem, ao contrário de outras ocasiões.


Na ausência de Nuno Gomes e Nuno Assis, Trapattoni apresentou uma táctica ligeiramente diferente, com dois avançados. Quanto ao Gil Vicente, apresentou-se num 4-5-1, que na prática acabou por ser um 5-4-1, uma vez que o médio mais recuado (Ednilson), acabava por juntar-se aos centrais, e passar muito tempo a marcar o Mantorras. O Gil Vicente entrou bem no jogo. A pressionar o Benfica logo à entrada do seu meio-campo, e a trocar bem a bola, o que me deixou preocupado. Mas ao fim de 15/20 minutos acabou o gás, e partir daí só deu Benfica. Começaram a surgir diversas oportunidades, ingloriamente desperdiçadas (em especial uma perdida escandalosa do Karadas, e um remate disparatado do Simão após um livre 'à Camacho' executado na perfeição). Chegámos mesmo a marcar um golo pelo Mantorras, que foi anulado por fora-de-jogo (pareceu-me que bem). O intervalo chegou com o nulo no marcador, e eu só esperava que não viéssemos a lamentar as oportunidades perdidas.

Na segunda parte entrámos com o mesmo espírito, à procura do golo. Que acabou por chegar, após uma boa jogada do nosso puto-maravilha Manuel Fernandes, a deixar a bola no Mantorras que, com um remate muito colocado fez aquilo pelo que todos nós esperávamos. Um golo do Benfica é sempre motivo de alegria, mas um golo do Pedro Mantorras, depois de tudo aquilo que ele passou nos últimos dois anos, é motivo de alegria redobrada. Ele bem o merece. Mais tarde foi substituido, pois obviamente ainda não tem ritmo para 90 minutos.


Sem surpresas, a nossa qualidade de jogo diminuiu depois do golo. Já vem sendo hábito no Benfica deste ano. Depois de se colocarem em vantagem, parece que ficam com medo da reacção do adversário, recuam em demasia, e passam a jogar cheios de receio. Não que o Gil Vicente tenha criado alguma oportunidade de golo flagrante, mas pareceu-me que tirámos o pé do acelerador, e demos a iniciativa do jogo ao adversário. Depois da expulsão do jogador do Gil Vicente, passámos a jogar ainda pior. Não conseguia compreender como é que uma equipa com menos um elemento conseguia manter a posse de bola durante tanto tempo dentro do nosso meio-campo, enquanto que nós actuávamos numa toada de contra-ataque.

O golo da confirmação surgiu assim mesmo: numa jogada de contra-ataque, marcado pelo Miguel no último minuto, após um passe excelente do João Pereira. Eu já tinha escrito a semana passada que o Miguel mostrou que estava a começar a regressar à boa forma a que nos habituou, e hoje exibiu-se ainda melhor. O golo foi também uma forma agradável dele comemorar o jogo 150 com a camisola do Benfica. Gostava que ele pudesse fazer pelo menos mais 150.


Gostei da atitude que a equipa revelou hoje na procura do golo. Outra coisa de que gostei muito foi da mudança na forma como a bola era reposta em jogo, quer pelo guarda-redes, quer nos pontapés de baliza. Hoje não houve pontapés para a frente. Enquanto procurámos o golo, a bola foi sempre posta nos pés de um jogador, de forma a sairmos a jogar. Quanto a jogadores, para além do Miguel, menciono o Luisão. Não me recordo de um único lance que ele tenha perdido na defesa durante todo o jogo. Para além disso, empurrou várias vezes a equipa para o ataque. Está feito um belíssimo defesa, e se é verdade que vamos ficar sem ele no final da época, então vai ser uma grande perda para a nossa equipa. Obviamente menciono também o Manuel Fernandes, porque para mim ele joga sempre bem. Já começa a ser repetitivo estar sempre a destacar as exibições deste jogador, mas hoje ele foi mesmo um dos melhores em campo. E gostei de ver o 'nosso' Ednilson na equipa do Gil Vicente.

Como disse, estamos de novo sozinhos na frente. Faltam agora nove finais, e dependemos apenas de nós. Vamos ver se conseguimos ser suficientemente fortes para resistirmos até ao fim. Que esta liderança isolada dê aos jogadores uma motivação extra para que se superem durante os próximos dois meses e meio.

sexta-feira, março 11, 2005

Poesia

Momento poético da noite: o Nacional prepara-se para bater um livre à entrada da área do FC Porto. No silêncio sepulcral do Dragão, perante o resultado negativo de 0-3, ouve-se nitidamente Baía gritar, enquanto orienta a barreira: "Quatro! Quatro! Quatro!". E o Bruno fez-lhe a vontade.

Foi também particularmente aprazível escutar o tom fúnebre dos comentadores de serviço durante os últimos minutos do jogo, em nítido contraste com a histeria habitual sempre que o Benfica está a perder contra uma equipa menor.

Vamos ver se amanhã conseguimos aproveitar a benesse desta noite.

quinta-feira, março 10, 2005

Ignorantes!

Vejo uma sondagem online do jornal espanhol 'As' perguntando qual dos galácticos deverá o Real Madrid dispensar. Espanto: Figo lidera as preferências dos adeptos espanhóis para que lhe seja mostrada a porta de saída. Mas então estes tipos querem dispensar o jogador que, de acordo com os insuspeitos jornalistas portugueses, tem sido sistematicamente, desde há quatro anos a esta parte, o melhor jogador em campo em cada encontro do Real Madrid em que alinha? Ainda hoje, depois da eliminação do Real ontem aos pés da Juventus, 'A Bola' classifica a exibição de Figo de 'jogo soberbo', numa peça com o título sugestivo de 'Só Figo soube brilhar'. Os espanhóis esses, preferiram insultar os jogadores todos do Real ainda no aeroporto, chamando-lhes 'peseteros' e 'mercenarios', apenas escapando à ira deles Casillas, Helguera, e Gravesen. Não devem ter reparado no brilho intenso do português sobre o relvado de Turim.

Estes espanhóis não percebem nada de bola.

Desentendimentos

Parece que Luís Filipe Vieira e José Veiga estão de costas voltadas. E que José Veiga deverá estar de saída do Benfica no final da época. Não sei até que ponto estas notícias são ou não verdadeiras (com o Benfica na liderança do campeonato a 10 jornadas do fim, olho sempre para as notícias que surgem sobre assuntos internos do nosso clube com muita desconfiança), mas a verdade é que já há algum tempo que tinha a impressão de existir um certo afastamento entre LFV e Veiga. Aliás, as declarações de Luís Filipe Vieira dão a entender que algo vai mal lá dentro, e a recente aproximação ao empresário Jorge Mendes (com quem Veiga chegou a vias de facto no aeroporto) pode ser mais um sinal deste afastamento.

Pessoalmente, se isto for verdade, ficarei bastante satisfeito ao ver José Veiga pelas costas. Nunca me agradou vê-lo no Benfica. Mas se ele sair mesmo, o nosso presidente não pode ficar isento de culpas. Porque foi ele o principal responsável e defensor da entrada de Veiga no clube. O falhanço de Veiga será, em última análise, um falhanço pessoal de Luís Filipe Vieira.

terça-feira, março 08, 2005

(In)justiça

O CD da Liga decidiu arquivar (com toda a justiça) o processo sumaríssimo que tinha sido instaurado ao Simão, após o recurso apresentado pelo Benfica. Imediatamente se insurgiram os adeptos do FC Porto, logo se juntado ao coro de protestos os seus fiéis acólitos que apoiam o clube do Lumiar (sempre que for para atacar o SLB, tornam-se todos portistas de gema sem reflectirem um instante que seja).


Para demonstrar a injustiça, apresentam como termo de comparação o sumaríssimo instaurado ao Seitaridis. Na verdade, como já escrevi neste blog, considero que o sumaríssimo ao Seitaridis um perfeito disparate, à semelhança do sumaríssimo ao Simão. Mas a semelhança pára aqui. As situações não podem ser comparadas porque o FC Porto, pura e simplesmente, resolveu não apresentar recurso.O Benfica foi para a frente com o recurso, e viu os seus argumentos aceites. O FC Porto não, e viu o Seitaridis suspenso por dois jogos.

Argumentam os que defendem a tese de que o Benfica 'está a ser levado ao colo' que o recurso no processo Seitaridis não foi apresentado devido ao que se passou como McCarthy. Isto é comparar alhos com bugalhos. Ao contrário do Seitaridis, o sumaríssimo ao McCarthy foi mais que justificado. Se houve erro do CD da Liga, foi em ter suspendido apenas por dois jogos um jogador que já foi apanhado pelo menos três vezes pelas câmaras a esmurrar adversários, o que não é comparável à pseudo-cotovelada do Seitaridis. Na minha opinião, é preciso não ter mesmo vergonha nenhuma na cara para ainda assim se apresentar recurso desta situação, e estar à espera que o jogador fosse despenalizado. Claro que o CD da Liga cometeu depois um erro ainda mais grave do que suspender o McCarthy apenas por dois jogos, que foi modificar a pena inicial. Dois errados não fazem um certo, e ainda bem que este erro foi posteriormente corrigido.

Mas estar a usar isto para se dizer que o arquivar do sumaríssimo ao Simão é um favorecimento ao Benfica é anedótico. Em termos do lance em si, o caso do Simão é comparável ao do Seitaridis (embora com menor intensidade). O Benfica recorreu, o castigo foi levantado. O FC Porto não recorreu, o castigo ficou. Estarem a querer atacar o Benfica com base em suposições ('se recorrêssemos o castigo era agravado ou então ficava na mesma') não é apenas injusto; é um perfeito disparate.

segunda-feira, março 07, 2005

Abençoada

Hoje os Deuses estiveram connosco quando aquele penalti do Adriano bateu na barra e a bola ressaltou para fora. Assim conseguimos aproveitar a derrota do clube do Lumiar, e passar a partilhar a liderança apenas com o Porto. Deve ser um bocadinho chato andar regularmente, a cada quinze dias, a encher o peito de ar, a pôr-se de bicos de pés, e enquanto se dão saltinhos a gritar com uma vozinha esganiçada para ver se alguém lhes dá atenção: "Nós somos os principais candidatos ao título!" e "Nós somos a equipa que melhor futebol pratica em Portugal!". Depois, acto contínuo, perder o jogo seguinte (invariavelmente). Enfim, adiante.

Hoje até gostei um pouco mais de nos ver jogar. Pelo menos criámos diversas ocasiões de golo, ao contrário do que se passa habitualmente. Infelizmente não as soubemos concretizar, e assim lá passámos pelas aflições do costume. Gostei de ver os dois laterais hoje. O Miguel pareceu estar a caminho da melhor forma, e o Dos Santos esteve bastante activo pelo seu lado. A jogar assim, e considerando o que o Fyssas tem andado a fazer, o lugar é dele. Os dois centrais também estiveram, regra geral, bem, e os dois médios defensivos correram quilómetros como sempre (em especial o Petit). Foi bom que o Nuno Gomes tivesse voltado a marcar, para ver se ganha confiança, mas a lesão pode deitar tudo a perder.

O pior hoje foram mesmo os últimos 10/15 minutos, em que a equipa recuou em demasia, e parecia não ter capacidade para segurar a bola. Ainda bem que o penalti não entrou, porque provavelmente seria impossível conseguirmos dar a volta. Bem, o importante é que ganhámos num campo difícil, e seguimos na frente do campeonato. O pior treinador do Benfica nos últimos anos prossegue a sua cavalgada na senda de uma possível dobradinha, distribuindo dores no peito, úlceras, e cabelos brancos aos adeptos benfiquistas. Vamos ver se no fim todo este sofrimento compensa.

sexta-feira, março 04, 2005

Fófó

Depois de um jogo aceitável no Dragão, o regresso à normalidade Trapattoniana. Jogamos em casa do primeiro classificado, e em casa com o penúltimo classificado, e a táctica é a mesma. Um avançado abandonado à sua sorte, cautelas e mais cautelas, e o resultado é uma péssima exibição, com uma segunda parte simplesmente inaceitável. Parece que não é o Benfica que está a jogar em casa contra o penúltimo classificado da Superliga, mas sim o Fófó.


Conforme disse, o Benfica apresentou-se a jogar com a táctica do costume, um 4-2-3-1, mas desta vez, dada a ausência do Simão, o ponta-de-lança ficou ainda mais sozinho do que é hábito. O Beira-Mar jogou de forma diferente da que tinha feito quando nos venceu por 2-0. Já não houve um esquema de três centrais, mas sim uma daquelas tácticas que parece que em teoria era para ser um 4-3-3, mas que na prática acaba por ser 4-1-4-1, com o médio mais recuado a marcar sobretudo o Nuno Assis, mas também muitas vezes o Nuno Gomes, porque o resto da equipa estava tão recuado que o Nuno Gomes tinha que recuar também para tentar receber algum jogo, ficando assim bastante longe da zona de acção dos centrais adversários. Chegámos ao golo num contra-ataque rápido, concluido pelo João Pereira após passe do Nuno Gomes (foi das poucas coisas positivas que o Nuno conseguiu fazer hoje).


O Benfica jogou mal esta noite, sobretudo na segunda parte, em que, como é hábito de Trapattoni, tendo ido a ganhar para o intervalo o importante passou a ser defender a todo custo. As substituições que o treinador faz são de um conservadorismo e de uma falta de ambição terrível. Normalmente são sempre feitas nos últimos 15 minutos de jogo, mesmo quando há jogadores que já estão há largos minutos a mostrar que estão esgotados. Já o disse, é mesmo doloroso ver a minha equipa jogar assim. O Benfica não é isto. Depois não admira que o estádio esteja vazio. Só pessoas doentes como eu é que estão dispostas a enfrentar o frio para assistirem a péssimos espectáculos destes (mas de acordo com o nosso treinador, estamos a jogar como nunca jogámos). Para mim, o melhor desta noite foi o Ricardo Rocha (um defesa, claro). Infelizmente ouvi recentemente uns rumores que dão certa a sua saída no final da época (e não, não é para rumar ao Porto). O João Pereira também esteve bem, e gostei de ver o Moreira a ocupar o lugar dele outra vez.


O incrível no meio disto tudo é que um dos piores treinadores que já vi no Benfica ainda se arrisca a fazer a dobradinha: estamos nas meias-finais da Taça de Portugal (e não me admirava nada que o sorteio ditasse um jogo em casa contra o Estrela da Amadora), e seguimos na liderança do campeonato com dois terços das jornadas cumpridas.

P.S.- Já agora, e apenas para esclarecer uma coisa: apesar de detestar ver a forma como o Benfica joga sob o comando do Trapattoni, e de um dos meus grandes desejos ser ver o italiano pelas costas, eu nunca o assobiei ou mostrei um lenço branco. Isso é contra os meus princípios. Nunca na minha vida, por mais insatisfeito que estivesse, assobiei o Benfica ou um dos seus jogadores, mesmo aqueles que mais detestava. Não gosto mesmo nada de ouvir a nossa equipa ser assobiada pelos próprios adeptos, mas compreendo a sua insatisfação. O problema é que mesmo quando os assobios são dirigidos ao treinador, os jogadores sentem-nos (alguns mais que outros), como foi visível ontem no Luisão.

terça-feira, março 01, 2005

Pois

Claro que tanto fair play já era de estranhar, e o Couceiro já arranjou uma justificação para o empate: o Karadas agrediu barbaramente o Ricardo Costa, o árbitro ajuizou mal o lance, e foi por isso que o Porto sofreu o golo. É o regresso à normalidade do futebol português.