sexta-feira, setembro 30, 2005

Miséria

Foi uma semana miserável para o futebol português na Europa. Seis jogos, uma vitória, um empate, e quatro derrotas. Das quatro equipas na UEFA, apenas uma seguiu em frente. Se nos casos de Benfica e Setúbal as derrotas se podem considerar resultados 'normais', face ao valor dos adversários, no caso dos nossos dois rivais as derrotas foram escandalosas, e deveram-se provavelmente ao excesso de confiança - que no futebol se deve traduzir por 'mau profissionalismo', já que os jogos devem todos ser encarados com a mesma atitude, independentemente do adversário da ocasião. Provavelmente o Peseiro deve estar arrependido agora de ter julgado que podia aproveitar um jogo que à partida seriam favas contadas para passar uma imagem de pulso forte, suspendendo o Liedson.

Quando se esgotarem os efeitos pontuais do 'furacão' Mourinho no ranking de Portugal na UEFA, devemos voltar a ter duas equipas na Taça UEFA, e uma e meia na Champions. É que o nosso futebol não parece mesmo ter valor para mais.

P.S.- O Braga foi manifestamente infeliz nesta eliminatória. Fizeram tudo para ganhar o jogo, mesmo com o azar de terem os dois avançados principais lesionados, ficando reduzidos a um único avançado, de qualidade manifestamente inferior ao João Tomás e ao Delibasic. Durante o jogo chegaram ao ponto de ter que fazer entrar um defesa central para jogar no ataque. Mereciam ter chegado à fase de grupos.

terça-feira, setembro 27, 2005

Infeliz

Sofremos hoje uma derrota infeliz em Manchester, e com algum sabor a injustiça. Acho que não é todos os dias que se dispõe de uma oportunidade tão boa para vencer em Old Trafford. O amargo de boca com que fico deve-se ao facto de estar convencido que perdemos este jogo sobretudo por causa da falta de ambição revelada após a obtenção do empate.

No onze inicial, duas alterações, e um pouco surpreendentes: O Ricardo Rocha no lugar do Anderson, e o Beto no lugar do Geovanni. No primeiro caso, parece-me evidente que apesar do Anderson ser um excelente central, o Koeman tem preferência pelo Ricardo. Talvez por o Ricardo ser mais rápido, e ser capaz de subir com a bola nos pés. De qualquer forma, julgo que a troca pouco se fez notar. Quanto ao Beto, ao colocá-lo em campo o Koeman praticamente abdicou de ter um elemento mais ofensivo do lado direito, povoando mais o meio-campo ao colocar o Beto a jogar quase ao lado do Manuel Fernandes, com o Petit mais recuado, e entregando o flanco ao Nélson. Na minha opinião o Beto foi o pior jogador do Benfica em campo. Na primeira parte parecia estar apavorado, e tudo lhe saía mal: remates, passes, controlo de bola, enfim, disparates uns atrás dos outros. Na segunda parte melhorou um pouco, mas mesmo assim não justificou a aposta: foi um autêntico desastre. Na frente, e ao contrário dos últimos jogos, o Nuno Gomes ocupou mais frequentemente a posição mais avançada, ficando o Miccoli mais solto e recuado. E acho que isto se notou, porque o Nuno Gomes hoje esteve muito desaparecido do jogo.

Estava à espera de um Man Utd dominador logo de início, mas surpreendentemente o jogo revelou-se muito equilibrado, com o Benfica a dar a ideia de ter as coisas sob controlo. Quando acelerávamos as trocas de bola conseguíamos quase sempre encontrar alguém solto no ataque, e criar situações de algum perigo. Tivémos situações de remate pelo Miccoli, Simão, e Ricardo Rocha (no seguimento de um canto) que poderiam ter dado algo mais. Do lado do Manchester, o Cristiano Ronaldo (que era um dos jogadores que eu mais temia) estava a ser bem controlado, e a maioria dos ataques surgia pelo lado contrário, com combinações entre o Richardson e o Giggs, que apareciam quase sempre em superioridade sobre o Nélson, já que o Beto raramente acompanhava o lateral (improvisado) do Utd. Muitas das vezes era o Luisão quem se deslocava para a direita para apoiar o Nélson. No entanto, o Man Utd criou apenas uma grande oportunidade de golo, num lance genial do Van Nistelrooy em que a bola foi à barra.

Estava o jogo nesta toada quando praticamente do nada surgiu o golo do Man Utd. Livre mal marcado pelo Giggs e a bola bate na barreira com tal infelicidade que apanhou o Moreira em contrapé e entrou mesmo junto ao poste (tinha logo que ser um dos meus jogadores preferidos a marcar). Isto aconteceu a cinco minutos do intervalo, o que significou que o Man Utd chegou ao final da 1ª parte em vantagem no marcador apesar de pouco ter feito para o merecer. No segundo tempo, tudo na mesma, mas o Benfica parecia continuar a conseguir controlar com alguma facilidade o rumo do jogo, trocando muito bem a bola entre os seus jogadores e mantendo a sua posse. E ao fim de 15 minutos, chegou o empate: falta sobre o Miccoli, e o Simão a fazer aquilo que sabe melhor, marcando o livre de uma forma perfeita.

Nesta altura pensei que fosse possível ganharmos o jogo, mas a partir dos 65 minutos a equipa recuou imenso, e cedeu o domínio do jogo ao adversário. Claro que o Man Utd terá mérito nisto, mas de qualquer forma pareceu-me que a nossa equipa não está isenta de culpas, pois adoptou uma atitude mais medrosa. Foi nesta altura que fomos sujeitos a uma pressão maior, embora diga-se de passagem que esta foi sobretudo feita à custa de cruzamentos longos para a área, e muitas bolas metidas nos pés do Cristiano Ronaldo, na esperança que ele inventasse algo (ele esteve muito mais activo na segunda parte, enquanto que o Giggs eclipsou-se). Mas a verdade é que o Benfica conseguiu suster este ímpeto do United, e numa altura em que as coisas pareciam estar a equilibrar novamente, e mais uma vez a apenas cinco minutos do final, veio o golo da desilusão. Canto do lado direito do ataque do United, cabeceamento falhado do Ferdinand, a bola a bater no Nuno Gomes e a sobrar para a pequena área, onde apareceu o Van Horseface sozinho a empurrar para o fundo, marcando um golo que lhe é habitual. Sofrer um golo assim (deixando um dos avançados mais oportunistas do mundo sozinho na pequena área) a cinco minutos do fim é de uma infantilidade atroz.

Já era tarde demais para conseguirmos alterar grandemente o rumo do jogo, e o final chegou, com uma derrota que custa a digerir. Mas espero que a equipa não desmoralize. Considero que fizemos uma exibição muito positiva. Os jogadores revelaram um grande espírito de entreajuda, e gostei muito de ver a forma como, durante certos períodos do jogo, fizemos a bola circular. A nível individual, destaco o Nélson, que apesar de levar com dois jogadores em cima muitas vezes esteve sempre muito seguro, e confiante a partir do ataque; e também o Manuel Fernandes, que para mim foi o melhor jogador do Benfica. Correu quilómetros, movimentou-se bem, recuperou imensas bolas, e distribuiu bem o jogo. Este já me parece o Manuel Fernandes que nós conhecemos.

sábado, setembro 24, 2005

A crescer

Muito bem, tenho duas perguntas a fazer:

1- Quem é aquele tipo que joga com a camisola número 21 do Benfica?
2- O que é que ele fez ao Nuno Gomes para estar a jogar no lugar dele?

Agora a sério. O Benfica ontem conseguiu a terceira vitória da época, e a equipa parece estar a crescer muito, com os níveis de confiança a aumentarem. Não posso falar muito sobre o jogo, porque não tive a oportunidade de o ver. Registo apenas a minha satisfação pelo resultado (uma vitória descansada fora de casa já não acontecia há algum tempo), e pela forma como essa vitória foi conseguida. É que tudo se passou da forma mais conveniente para uma equipa que na próxima terça-feira terá um jogo dificílimo para a Champions League. Aos doze minutos de jogo já o Benfica vencia por dois a zero, e isto permite sempre fazer alguma gestão do esforço e poupar os jogadores para o próximo jogo. E, felizmente, em princípio não tivemos nenhuma lesão grave (apesar de ainda não saber qual é o estado do Geovanni), o que até parece difícil dada a pancadaria que me pareceu que os penafidelenses deram.

Vou esperar que esta onda positiva seja para manter nos próximos jogos do campeonato, porque temos pontos a recuperar. E, quem sabe, um resultado positivo contra o Man Utd poderá melhorar ainda mais a confiança da equipa. Bem sei que será um jogo extremamente difícil, em que o Benfica não é obviamente o favorito, mas hoje estive a ver o Man Utd vs. Blackburn, e a verdade é que o Utd parece estar longe do seu melhor, por isso sonhar não custa nada.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Primeira

O Benfica conseguiu esta noite a primeira vitória no campeonato 2005/2006. Foi uma vitória fácil, obtida sem grandes sobressaltos, num jogo em que quase tudo correu bem.

Iniciámos o jogo com o mesmo onze da passada quarta-feira. A imprensa diz que jogamos em 4-4-2, o Koeman prefere chamar-lhe 4-3-3, eu por mim não vejo quase diferenças nenhumas para o 4-2-3-1 a que estamos habituados nos últimos anos. Quanto ao Leiria, veio jogar num 4-4-2, com um losango no meio campo em que o Harison era o vértice mais avançado, em apoio aos dois avançados móveis. E pode-se dizer que o Leiria foi uma equipa simpática em termos defensivos, pois nunca pareceu vir com grandes intenções de se fechar toda na defesa e defender com unhas e dentes. Claro que para isso deverá ter contribuído, e muito, o facto do Benfica ter praticamente começado ao jogo a ganhar. Foi na sequência de um canto, em que houve uma confusão dentro da pequena área leiriense e a bola acabou dentro da baliza. A mim pareceu-me até autogolo de um defesa do Leiria, mas o golo foi atribuído ao Anderson.


Com este bom começo, o Benfica tinha tudo para fazer um jogo tranquilo, e a verdade é que nos minutos seguintes ao golo continuámos a jogar bem, a atacar, e a criar oportunidades de golo (fiquei com a sensação de ter ficado um penalti por marcar por um corte com a mão de um remate do Miccoli). Mas a partir dos 15 minutos a equipa caiu numa espécie de apatia, e a qualidade do futebol decaiu muito. Foi durante este período que a U.Leiria dispôs da única oportunidade de golo de que me recordo durante toda a partida. A cerca de dez minutos do final, o Benfica acelerou mais uma vez, muito por culpa das acções do Nélson do lado direito, e acabou por chegar mesmo ao 2-0 numa dessas acções: cruzamento rasteiro do Nélson do lado direito, a bola a atravessar toda a área, e o Nuno Gomes a aparecer ao segundo poste a marcar. Um golo a abrir o jogo, e outro mesmo antes do intervalo. Desta vez não nos podemos queixar de falta de sorte.


Na segunda parte, ainda menos Leiria do que na primeira, e um Benfica com vontade de voltar a marcar. Aliás, a única dúvida era quando é que o terceiro golo surgiria. Pode-se mesmo dizer que a história desta segunda parte resume-se às oportunidades de golo do Benfica. O terceiro golo acabou por aparecer após um livre do lado direito marcado pelo Manuel Fernandes, em que mais uma vez o Nuno Gomes surgiu ao segundo poste a empurrar para o fundo da baliza. E com meia hora ainda por cumprir, pareceu-me evidente que o resultado não ficaria por ali. Após mais algumas oportunidades desperdiçadas (que pena a jogada de calcanhares entre o Miccoli e o Nuno Gomes não ter acabado em golo...), o hat trick do Nuno Gomes surgiu a cinco minutos do fim: remate de longe do João Pereira, o Nuno Gomes a meter o pé à bola, e esta a acabar no fundo das redes. Foi nesta altura que tive que me beliscar, porque quando vejo o Nuno Gomes fazer um hat trick começo a suspeitar que de alguma forma fui parar à twilight zone...


Entre os jogadores, para além do destaque natural de um jogador que marcou três golos, a defesa esteve bastante bem. Os dois centrais estiveram muito fortes, e acho que com o Anderson ao nível que mostrou nos últimos dois jogos será muito difícil ao Ricardo Rocha recuperar o lugar. O destaque maior na defesa foi mesmo o Nélson, que fez daquele corredor direito a sua casa, e não parou um minuto. E, mais uma vez, sem grande ajuda do Geovanni (embora este já tenha estado melhor do que contra o Lille), ao contrário do que se passa do lado oposto, em que o Léo e o Simão combinam bastante. Com o Nélson a jogar assim, alguém tem saudades do Miguel? O Manuel Fernandes também fez uma segunda parte bastante boa. Uma vez que, devido à lesão, ele não fez a pré-época, espero que com o acumular de jogos possamos voltar a ter o Manuel Fernandes que o ano passado se tornou um ídolo para os adeptos.


A juntar à vitória sobre o Lille, espero que este resultado sirva para que a equipa continue a ganhar confiança. Por algum motivo, e ao contrário do que sucedia a época passada, acredito muito mais na equipa do que então. O ano passado no início da época ganhávamos jogos, mas eu esperava muito pouco da equipa. Este ano, mesmo com os maus resultados, de alguma forma eu tenho a sensação que há ali um potencial muito grande por explorar.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Suado

Foi difícil, mas conseguimos entrar na Champions League com o pé direito, graças a uma vitória arrancada no cair do pano. Foi pena que no regresso à Champions sete anos depois o público não tenha correspondido, pois a assistência foi de apenas meia casa (32.176 espectadores). Mas diga-se que o público presente hoje na Luz comportou-se muito bem, e apoiou a equipa até ao último minuto.


Confirmaram-se as previsões dos jornalistas: Ronald Koeman mudou a equipa, e apresentou uma formação que à partida todos apontavam como um 4-4-2 clássico, mas que na minha opinião foi mais o 4-2-3-1 a que os benfiquistas já se habituaram nos últimos anos. Isto porque o Miccoli e o Nuno Gomes raramente jogaram lado a lado, tendo, a exemplo do que se passou em Alvalade, o Miccoli ocupado sempre a posição mais avançada enquanto que o Nuno Gomes recuava e actuava nas suas costas. Este foi no entanto um 4-2-3-1 coxo, porque o Geovanni voltou a revelar aquela estranha apetência pelo centro do relvado, tendo passado, sem exagero, quase três quartos do tempo apaticamente acampado dentro do círculo central, ou nas suas imediações. Aliás, o posicionamento do Geovanni foi um autêntico enigma para mim durante toda a primeira parte, porque eu não consegui compreender quais seriam as suas funções em campo. Quanto à sua exibição enquanto esteve em campo, talvez dê uma grande ajuda a encontrar a resposta à pergunta que tantos benfiquistas fizeram: 'Porque é que o Carlitos jogou em vez do Geovanni em Alvalade?'. Eu gosto muito do Geovanni, mas a jogar assim não tem lugar nem no banco de suplentes. É que nem se trata de jogar mal: é uma perfeita ausência do jogo, sem sequer, no mínimo, ocupar a posição que lhe corresponde, e ajudar a tapar as subidas do lateral esquerdo adversário.

Quanto ao Lille, apresentou um 4-4-1-1, sendo o Mathieu Bodmer o médio que actuava mais avançado em relação ao quarteto do meio-campo, em apoio directo ao avançado Moussilou (andaram o tempo todo a falar do Odemwingie, do perigo que ele representava, que já tinha marcado ao Benfica, etc, e no final ele ficou no banco). A atitude da equipa era a que se esperava: jogar essencialmente para manter o nulo, espreitando o contra-ataque sempre que possível.

O Benfica entrou, naturalmente, a pressionar. E logo aos nove minutos desperdiçou a primeira grande oportunidade: passe do Manuel Fernandes a desmarcar o Simão na esquerda, centro largo, e remate de primeira a levar a bola à barra. Este foi o primeiro aviso de uma noite inspirada do nosso avançado italiano. O Benfica jogava bem, embora com dificuldade em romper a muralha defensiva francesa, assente sobretudo num meio-campo muito povoado. O Léo subia bem em combinações com o Simão, e do outro lado o Nélson também mostrava vocação atacante, apesar de não contar com qualquer ajuda da parte do Geovanni. As oportunidades foram-se sucedendo, quase todas pelo Miccoli. O Lille ainda ia espreitando o contra-ataque, e teve mesmo uma oportunidade flagrante de marcar, com o Moussilou a rematar ao lado já com o Moreira fora da baliza. O intervalo acabou por chegar com o nulo no marcador, após mais uma boa oportunidade do Benfica nos últimos segundos, para variar pelo Miccoli, que foi negada pelo Tony Silva (um guarda-redes muito seguro). Na saída para os balneários, um grande aplauso do público (justo) para o Miccoli.


Ao intervalo, uma substituição para cada lado. No Benfica foi troca por troca, entrando o Anderson para o lugar do Ricardo Rocha, provavelmente para prevenir um eventual expulsão do Ricardo, que já estava amarelado. O Geovanni deve ter ouvido ao intervalo, porque passou finalmente a actuar no lado direito, embora sem grandes melhorias exibicionais. No Lille, houve uma alteração táctica, pois o Bodmer passou de médio mais avançado para médio mais recuado, passando o Lille a alinhar em 4-1-4-1, denotando assim as suas intenções defensivas. E a verdade é que na segunda parte foi mais difícil ao Benfica chegar à baliza adversária. Continuámos a dominar o jogo, mas as oportunidade foram mais escassas. Quanto ao Lille, o contra-ataque praticamente despareceu. Lembro-me de apenas uma oportunidade de golo deles, num remate espectacular de muito longe, descaído para a direita, e que passou a centímetros do poste com o Moreira já batido. Para além disso, pouco mais de relevo. O Moreira não fez uma defesa na segunda parte.

A primeira tentativa do Koeman de alterar as coisas deu-se com a entrada do Karagounis para o lugar do Petit (que não me pareceu fisicamente a 100%), só que estranhamente era o Manuel Fernandes quem aparecia mais vezes junto da baliza adversária do que o grego. Finalmente, a dez minutos do fim, entrou o Mantorras para o lugar do Geovanni (como é possível que a jogar assim ele se tenha aguentado 80 minutos em campo?). Com a entrada do Mantorras, o Simão veio para a direita, o Miccoli descaíu para a esquerda, e o Benfica passou a jogar praticamente em 4-2-4. Logo a seguir, mais uma boa oportunidade pelo Karagounis, mais uma vez defendida com muita segurança pelo guarda-redes adversário. Depois o Miccoli a antecipar-se de cabeça no seguimento de um livre, mas a bola sai por cima.


Finalmente, já em período de descontos, a justiça no marcador. O Mantorras recebe na esquerda, faz um cruzamento perfeito, e o Miccoli, bem no meio da área, foge à marcação e cabeceia sozinho para o ângulo da baliza do Lille. Nenhum jogador em campo merecia mais o golo do que ele. Com este golo, a vitória ficou garantida, e com ela o primeiro lugar provisório do grupo, já que o outro jogo do grupo deu empate. O jogo acabou com o estádio a gritar 'Mi-Mi-Miccoli!'. O melhor jogador do Benfica foi o Miccoli, claro. Houve momentos na primeira parte em que, passe o exagero, a equipa do Benfica parecia o Miccoli mais dez, e o jogo um duelo pessoal entre ele e o Tony Silva. Gostei também muito dos dois laterais: fizeram um jogo sempre a um ritmo elevado e com um bom nível exibicional. Referência também para o Luisão, que esteve praticamente intransponível no centro da defesa. Vamos ver se esta vitória serve para motivar a equipa, e começar a recuperação já contra a U.Leiria este fim-de-semana. Eu acho que após a exibição desta noite, o Miccoli vai passar a ter aquela atenção 'especial' por parte dos defesas adversários típica do campeonato português. Mas como ele está habituado aos defesas italianos, que são muito mais manhosos, provavelmente vai conseguir lidar bem com isto.

Já agora, uma referência para a arbitragem: perfeita! Puxou logo do cartão amarelo no início (aos 20 minutos já tinha mostrado três), para mostrar quem manda, e depois controlou o jogo como quis e não precisou de mostrar mais nenhum nem dar uma sinfonia de apito. Claro que o facto de o homem ser maior que o Luisão também deve ajudar a manter o respeito... é pena que não tenhamos árbitros assim em Portugal. O futebol seria muito mais bonito.



P.S.-
O estádio hoje esteve particularmente aprazível. Não sei se são regras da UEFA, mas a verdade é que não estava por lá o speaker habitual a dar-me cabo do juízo, que me obriga a levar algodão para pôr nos ouvidos (este speaker é um ódio de estimação que eu tenho - não preciso que alguém me diga quando e como devo gritar pelo Benfica).

terça-feira, setembro 13, 2005

Kit


Parece que afinal a história que a SIC resolveu divulgar sobre o fracasso dos kits não é bem como eles a contam. O que só vem confirmar a minha opinião: o kit só pode ser considerado um fracasso face às afirmações desbocadas do nosso presidente aquando da apresentação do produto. Já agora, e em relação a estas afirmações, eu apenas me recordo do Luís Filipe Vieira dizer que se a meta dos 300.000 sócios não fosse atingida, ele 'saberia interpretar a mensagem dada pelos benfiquistas'. Não me recordo dele ter alguma vez dito que se não chegasse a esse número, se demitiria (atenção: estou a dizer que não me recordo, não estou a afirmar que ele nunca o disse). Alguém me pode confirmar se de facto o nosso presidente proferiu essa ameaça, ou se isto não é apenas uma extrapolação feita pela imprensa às declarações originais?

P.S.- Para quem duvidar, e achar que este comunicado é uma espécie de desinformação por parte do clube para esconder os eventuais maus resultados, as declarações feitas pelo nosso director de marketing aquando da apresentação do kit foram mesmo aquelas que agora vêm reproduzidas no comunicado do Benfica: "
As previsões, feitas antes da vitória na SuperLiga, apontam para 100 mil no primeiro ano e 75 mil nos seguintes. Esta notícia também confirma que o LFV fez mesmo chantagem com o número dos 300.000 sócios (fonte: Record de 3 de Junho).

domingo, setembro 11, 2005

Amargo

Mais um jogo sem ganhar, e agora um atraso de oito pontos para recuperar. Esta é uma daquelas derrotas que me custa digerir.

É-me difícil falar muito dos aspectos tácticos do jogo, porque fiquei sentado num lugar horrível que não me permitia ter uma boa visão global do terreno de jogo. Custa-me pagar 60€ (mais do que paguei pelos bilhetes para ver os três jogos da Champions League - mas já é natural toda a gente aproveitar-se para encher os cofres à custa dos adeptos do Benfica, até porque muitas vezes é a nossa própria direcção a dar o mau exemplo) para depois não conseguir ver um jogo em condições.

De qualquer forma, pareceu-me que o Benfica iniciou o jogo com o esquema de três centrais previsto, só que acabava na prática por ter sempre quatro homens mais recuados, uma vez que ou o João Pereira ou o Nélson tinham que recuar, consoante o flanco em que o Douala estava (e ele alternou bastante de lado durante a primeira parte). No meio campo o Manuel Fernandes fez dupla com o Karagounis, e na frente ficou o trio constituído pelo Simão, Miccoli e Carlitos.

O jogo iniciou-se numa toada bastante equilibrada, e durante mais de meia hora não houve praticamente qualquer ocasião de golo para nenhum dos lados. A excepção foi um lance confuso na nossa área na sequência de um canto, que acabou por ser aliviado pelo Ricardo Rocha. Mas a cerca de dez minutos do intervalo, houve o primeiro remate a uma das balizas digno desse nome, ao qual o Moreira correspondeu com uma grande defesa para canto. Na sequência desse canto, sofremos o primeiro golo, num lance em que não compreendo a ausência de jogadores do Benfica naquela zona da grande área. Depois do golo, nada mais digno de realce aconteceu até ao intervalo. O Benfica no ataque foi pouco mais que inofensivo, dado que os poucos lances do nosso ataque eram quase invariavelmente interrompidos por fora-de-jogo.

Na segunda parte o Koeman trocou o João Pereira pelo Nuno Gomes, desviando o Ricardo Rocha para esquerda e passando a actuar num 4-4-2 mais clássico (ou 4-2-3-1, dado que o Miccoli e o Nuno Gomes não jogavam lado a lado). A equipa até parecia estar mais arrumada e bem distribuída sobre o campo, mas infelizmente pouco depois do reinício do jogo ficou tudo estragado para o nosso lado. Foi um lance típico de um derby. O Ricardo Rocha entra de carrinho, o Rogério dá um triplo mortal encarpado e rebola no relvado em agonia, a turba da casa ulula indignada, e bom do Costa, solícito, mostra um vermelho directo ao nosso jogador por uma falta a meio campo merecedora de amarelo. Estranhamente, na primeira parte, uma entrada quase igual do Loureiro sobre o Karagounis foi apenas merecedora de amarelo, e ainda assim perante a indignação do público da casa, que agora se agitava nas bancadas e exigia o sangue do Ricardo Rocha. As grandes diferenças entre estes dois lances foram a ululação do público (que no caso do Loureiro apenas se deu depois deste ter visto o amarelo), e o facto do Karagounis não ter ficado a rebolar-se no chão em agonia enquanto que os seus colegas rodeavam e pressionavam o árbitro, ao contrário do que aconteceu com o Ricardo Rocha.

Obviamente que não posso afirmar com certeza que o Benfica deixaria de perder o jogo caso continuasse com onze jogadores em campo. O que posso afirmar com toda a certeza é que consigo imaginar as declarações envolvendo expressões como 'levados ao colo', e 'sistema' que seriam proferidas caso o lance se passasse ao contrário. Aliás, basta-me recuar uns meses no tempo e recordar uma eliminatória da Taça de Portugal entre estas duas equipas para ter bem presente a forma como esta gente reage a uma situação semelhante.

Enfim, connosco reduzidos a dez elementos, assisti finalmente a uma superioridade evidente da equipa da casa durante os minutos que se seguiram, e confesso que deixei de acreditar que fosse possível dar a volta ao resultado. Mas com a entrada do Beto (para lateral direito, voltando o Nélson para a esquerda), aos poucos o Benfica conseguiu reorganizar-se e travar mais eficazmente as investidas dos da casa. E num livre muito feliz do Simão, chegámos mesmo ao empate, e com ele voltou a esperança. Como resposta imediata, os nossos adversários abriram a frente de ataque fazendo entrar um extremo esquerdo (Wender), fixando o Douala definitivamente do lado direito. A isto respondeu o Koeman com a entrada do Alcides para lateral direito, subindo o Beto para o meio campo, e passando a equipa a jogar em 4-2-3. Verdade seja dita que perante as condições do jogo, não me importaria de ver o Benfica defender o resultado, que até se poderia considerar positivo dado que estávamos em inferioridade numérica. Mas o Benfica não o fez: manteve os três avançados em campo (Simão, Miccoli e Nuno Gomes), e nunca vi qualquer tentativa de queima de tempo, ou de quebra do ritmo de jogo.

Os nossos adversários foram à procura do segundo golo, e carregaram sobre nós. O Benfica tinha uma lacuna: é que a táctica com que jogávamos deixava o Simão sobre a esquerda, mas o Miccoli e o Nuno Gomes ficavam ambos no meio. Alguém deveria descair sobre a direita, e isso não aconteceu, o que significa que o Tello tinha sempre todo o corredor livre para subir, e o Alcides era diversas vezes confrontado com dois adversários. Foi numa destas subidas que sofremos o segundo golo, num lance com muitas culpas para o Luisão. Ele falha o tempo de salto, deixa a bola passar-lhe por cima, e nas costas dele estava o Liedson a aproveitar provavelmente aquela que foi a única oportunidade real de golo que teve durante a partida. Já o ano passado no mesmo jogo, ele marcou um golo quase igual.

A partir daqui, o nosso adversário praticamente acabou em termos ofensivos. Dedicaram-se a defender a vantagem, e até a queimar tempo sempre que possível. Acreditei que podíamos chegar ao empate, porque o Benfica conseguiu esquecer a desvantagem numérica e foi à procura do golo, enquanto que a defesa adversária parecia tremer sempre que o Benfica atacava (particularmente quando a bola chegava aos pés do Simão). À parte mais uns quantos foras-de-jogo (não sei se bem ou mal assinalados, mas pelo menos um ao Simão pareceu-me muito mal tirado) a invalidarem as nossas tentativas de ataque, ainda houve uma óptima oportunidade, desperdiçada pelo Luisão, e em que depois de falhar o golo este foi vítima de uma entrada digna de artes marciais por parte do Nélson. Para além de ter sido ele a bater no Luisão, depois ainda aproveitou para queimar mais algum tempo e fingir que estava lesionado.

Acabámos por perder um jogo perfeitamente ao nosso alcance, mas os derbies normalmente decidem-se nas pequenas coisas, e ontem foi a nossa vez de sair a perder. Se calhar digo isto como adepto, mas não acredito que perdêssemos o jogo a jogar com onze. Mas a jogar num estádio em que os adeptos quase ameçam invasões de campo quando um lançamento é assinalado ao contrário, era difícil que o árbitro não lhes fizesse a vontade no lance do Ricardo Rocha. Enfim, há que levantar a cabeça. Temos um jogo para a Champions na quarta-feira, e oito pontos para recuperar no campeonato. E vamos recuperá-los.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Derby

Faltam pouco mais de 48 horas para o primeiro derby da época. De posse do meu bilhete, já começo a antecipar as emoções de um jogo que já é um hábito na minha vida de adepto do Benfica. Se as contas não me falham, este será o décimo-oitavo derby consecutivo do Benfica que vou ver a Alvalade (o primeiro foi um em 1988/89, que vencemos por 2-0 com golos do grande Valdo e do angolano Abel). E apesar do mau início de época que estamos a ter, confesso que estou cautelosamente optimista para este jogo.

Em primeiro lugar, por uma questão de tradição. É que ao longo destes dezassete derbies, tenho a nítida sensação de que foram muito mais as vezes em que saí de Alvalade satisfeito com o resultado do que as vezes em que saí chateado. Em segundo lugar porque, sem querer menosprezar o nosso adversário de Sábado, considero que a lengalenga sobre serem a equipa que melhor futebol joga em Portugal não passa de uma lenda urbana, utilizada à guisa de consolação para a ausência de resultados. A tão propalada 'pressão alta', de que o MAUC (termo utilizado com a devida vénia ao Ninho das Águias) tanto gosta de falar é normalmente desastrosa em termos defensivos, permitindo inúmeras oportunidades de avançados adversários isolados. Espero sinceramente que a pressão alta, da forma que o Peseiro a entende, seja aplicada no jogo de Sábado, porque a perspectiva de avançados rápidos como o Simão, Miccoli, e Geovanni enfrentarem este sistema utilizado por defesas lentos como o Rogério, Polga, e Tonel é aliciante. Em terceiro lugar, a contratação do Miccoli motivou-me. Sei que ele não é um goleador, mas sei também que ele é um excelente jogador. Se ele confirmar no Benfica os créditos com que vem de Itália, então vai dotar o nosso ataque de uma mobilidade muito maior, e de mais um talento explosivo que pode resolver um jogo num único lance de inspiração.

Não sei ainda como é que o Benfica vai jogar. Mas, apesar de uma espécie de campanha por parte de alguns jornalistas para fazer crer que o 3-4-3 que o Koeman apresentou na última jornada 'não funcionou', eu tenho opinião contrária. Com esse 3-4-3 eu vi o Benfica jogar o melhor futebol nesta época, e foi por manifesta infelicidade que não vencemos aquele jogo. Não foi pela táctica que o perdemos. Claro que não é fácil apresentarmo-nos em Alvalade a jogar com apenas três defesas. Se as coisas derem para o torto, o Koeman será certamente crucificado. Mas sinceramente, agradar-me-ia o risco.

O onze que eu gostaria de ver jogar seria Moreira; Anderson, Luisão e Ricardo Rocha; Nélson, Beto, Manuel Fernandes e Léo; Geovanni, Miccoli e Simão. Não incluo o Karagounis na equipa porque ele só vai fazer um treino antes do jogo, e acho improvável que possa jogar logo. Mas se jogasse, gostaria de o ver no lugar do Beto. É uma equipa bastante ofensiva, mas em qualquer momento os laterais ofensivos podem recuar, os interiores também, colando-se às alas, e a equipa transforma-se em 5-4-1. Em caso de necessidade tira-se um defesa para entrar um avançado, e passamos a jogar num 'tradicional' 4-4-2.