quarta-feira, abril 27, 2005

Latidos

O nosso já conhecido José António Lima volta a atacar na sua coluna semanal em 'A Bola'. As sucessivas faltas de respeito e acusações ao Benfica têm, aliás, aumentado de tom à medida que a Superliga caminha para o final e o Benfica insiste em manter-se no topo da classificação. Na sua coluna de hoje encontro pérolas como a seguinte:

"Por ter estado fora do país, não me foi possível ver qualquer um dos jogos mais importantes da 30ª jornada da Superliga. Mas, pelos relatos que me foram chegando e pela leitura rápida dos jornais, tudo decorreu dentro da anormalidade habitual desta Liga à portuguesa.[...] O Benfica, tendo conseguido que o Estoril jogasse fora e num estádio quase sem adeptos estorilistas, teve ainda outros ventos habituais a soprarem a seu favor: esteve 55 minutos a jogar contra 10, só chegou à vitória a jogar contra 9 e, como dizia o pobre treinador do Estoril, forma marcadas '27 (vinte e sete!) faltas contra o Estoril em zona perigosa', num jogo 'onde tudo foi feito para que o Benfica saísse vencedor'. O problema é se nem assim, com tantas e tão descaradas ajudas providenciais, os adeptos benfiquistas chegam ao título."

Ou seja, agora para emitir opiniões antibenfiquistas já nem sequer é necessário ter conhecimento de causa na matéria, e no mínimo assistir aos jogos em questão. Para tal basta ouvir 'relatos' de outros (que, sem dúvida, só poderão ser o mais imparciais e isentos possíveis), e uma 'leitura rápida dos jornais'. Ah, e claro, tomar as palavras do 'pobre treinador do Estoril' como verdades insofismáveis. Se calhar se o senhor Lima se tivesse dado ao trabalho de ver o jogo, perceberia a razão pela qual tantas faltas foram assinaladas contra o Estoril em zona perigosa. É que o Estoril limitou o seu jogo a um espaço de 35 metros à frente da sua baliza, e com instruções específicas do seu 'pobre treinador' para fazer uma verdadeira caça ao homem aos jogadores do Benfica (que eu não acredito que uma equipa jogue assim sem ser por ordem do treinador).

De facto, quando calha falar mal do Benfica é um fartar vilanagem. Dizem-se as maiores barbaridades, sem um pingo de vergonha ou sequer tento. No caso específico da coluna em questão, aqui está mais uma referência do Sr.Lima à arbitragem do jogo que não viu, quando faz uma apreciação ao 'pobre treinador' do Estoril:

"Além de liderar uma equipa jovem e recém-promovida, de os salários dos jogadores terem meses sim e meses não, ainda é confrontado, numa fase crucial da luta da equipa para fugir à despromoção, com a conivência dos próprios dirigentes do clube numa manobra antidesportiva, sob a capa de expediente financeiro. Manobra que obrigou o Estoril a trocar o seu estádio (onde conquistou 21 dos seus 26 pontos) por um terreno desfavorável e que beneficiava claramente o adversário. Como se não chegasse, a arbitragem do jogo deu o empurrão que faltava para ser derrotado."

O Sr.Lima esqueceu-se ainda, por exemplo, de mais um problema do 'pobre treinador' do Estoril: ter dispensado o seu melhor jogador, N'Doye, que se mudou para Penafiel, e onde tem sido uma pedra fulcral na fuga desta equipa à despromoção. Mas volta à carga o Sr.Lima no que diz respeito à mudança do local do jogo, afirmando que a sua equipa, baluarte na luta pela transparência no futebol (vide processo Pampilhosa), terá agora em princípio que ganhar os quatro jogos restantes para ser campeã "se o Benfica não arranjar maneira de jogar com o Penafiel no Estoril e com o Boavista em Braga". Claro, é o Benfica quem 'arranja' isto. O presidente do Penafiel, António Oliveira, quer agora jogar com o Benfica em Paris. De quem é a culpa? Do Benfica, pois claro. Toda a gente conhece até a costela (Costela? Digamos antes caixa toráxica inteira!) benfiquista do Sr.António Oliveira, pelo que ele só poderá ter, em última análise, intenções antidesportivas para beneficiar o Benfica na luta pelo título. A meu ver, a culpa do Benfica nisto será a de ter capacidade para encher qualquer estádio do país, o que leva os dirigentes das outras equipas a procurar estádios maiores. Será isto que o incomoda, Sr.Lima? Será o facto de o Estoril x Benfica ter tido 30.000 espectadores, enquanto que contra o seu clube o Estoril apenas conseguiu ter cerca de 4.800?

Este circo montado à volta do Estoril x Benfica é absolutamente ridículo. Ridículo sobretudo na forma como querem à viva força imputar culpas ao Benfica no processo. Ainda se quisessem criticar os regulamentos omissos da Liga que permitem estas situações, compreenderia. Mas estarem a querer fazer do Benfica o mau da fita só revela, na minha opinião, um antibenfiquismo e uma dor de cotovelo gritante. E a situação torna-se ainda mais ridícula quando olhada à luz do que tem sido normal nos últimos anos: já houve mais de 100 jogos nos últimos anos cuja localização foi alterada de forma a permitir maiores receitas (alguém se recorda de um V.Setúbal x Benfica jogado no Estádio da Antas, por exemplo?). Só agora, nesta situação específica, é que certos iluminados se resolveram a vociferar contra o antidesportivismo de tudo isto. Pois. Antiácidos vendem-se em qualquer farmácia.

domingo, abril 24, 2005

Sofrido

Ganhámos de uma forma sofrida e aumentámos a nossa vantagem sobre os nossos rivais do Lumiar. Mas confesso que não estou satisfeito. Porque uma equipa que joga em termos práticos em casa, contra o último classificado, e durante mais de uma hora em superioridade numérica, tem que arranjar outra solução para furar a muralha defensiva do adversário que não seja despejar bolas literalmente à toa para a àrea. Valeu o querer dos jogadores, a revelarem muita vontade de alterar o rumo dos acontecimentos, e o resultado, mas fico preocupado com a ansiedade que a equipa revela, que parece afectar a qualidade do futebol exibido.


No Benfica, três novidades: Bruno Aguiar no lugar do Manuel Fernandes (forçada), Fyssas em vez do Dos Santos, e Moreira no lugar do Quim (sendo eu um 'moreirista', esta deixou-me satisfeito). O Estoril entrou com grande agressividade no jogo, com os seus jogadores a não hesitarem em recorrer à falta para travar os jogadores do Benfica. Ao fim de dez minutos praticamente sem sairem do seu meio campo, assim que se aventuraram na frente viram-se em vantagem, com um auto-golo do Ricardo Rocha. Entretanto, do outro lado parecia que tínhamos mais um guarda-redes na linha do Mora e Costinha das últimas jornadas, com uma noite particularmente inspirada. As coisas começavam a parecer demasiado um déjà vu daquilo que foram as últimas jornadas.

O jogo agressivo do Estoril culminou numa expulsão logo aos 25 minutos. Se o primeiro cartão do Rui Duarte ainda tem 'desculpa', uma vez que agarrou o Nuno Assis quando este seguia em posição perigosa, o segundo foi perfeitamente escusado, ao pontapear o Fyssas a destempo e numa zona em que ele ainda estava longe de poder causar perigo. Se o Estoril já parecia pouco interessado em apostar no ataque, após reduzido a dez, então o ataque desapareceu, e limitou-se a tentar segurar a magra vantagem a todo o custo. Diga-se de passagem que isto até nem parecia ser muito difícil, dada a pouca inspiração ofensiva que o Benfica parecia demonstrar. Nesta fase, Trapattoni esteve bem, pois ao aperceber-se que o Estoril abdicava de atacar, não perdeu tempo e fez entrar mais um avançado cerca da meia hora de jogo. Mas o Benfica não revelou arte nem engenho para marcar, e chegou-se ao intervalo com o Estoril em vantagem, vantagem essa obtida no único remate feito na primeira parte (isto já começa a parecer um jogo do Championship Manager).


Na segunda parte, o pendor do jogo não se alterou: Benfica totalmente ao ataque (a atacar muito, mas muito mal), e Estoril totalmente à defesa. Trapattoni, mais uma vez bem, fez entrar o Karadas logo aos cinco minutos, abdicando de um defesa. Pouco depois, mais um jogador ofensivo a entrar: Carlitos. Foi após muita pressão que o Luisão, finalmente, quebrou a resistência estorilista, num cabeceamento após livre do Petit. Pouco depois, o Estoril ficou reduzido a nove, e confesso que não consegui aperceber-me da razão para a expulsão. E foi com mais dois jogadores em campo que o Mantorras, mais uma vez, foi o salvador da noite, ao marcar o golo da vitória aos 82 minutos. A partir daqui, o jogo praticamente acabou, e assistiu-se ao Benfica a controlar os acontecimentos perante um Estoril em frangalhos.


Tendo vivido no Algarve por bastantes anos, tenho consciência da quantidade de adeptos benfiquistas que por lá existe. Eles hoje foram insuperáveis na resposta que deram, e no apoio dado à equipa. Foram um verdadeiro 12º jogador, e o exemplo perfeito da onda vermelha a que o nosso presidente se tem referido, e que esperamos que possa empurrar a nossa equipa em direcção ao título.

sexta-feira, abril 22, 2005

Estoril

Hoje, nos jornais desportivos, é possível lermos declarações do presidente do FC Penafiel, António Oliveira, em que admite mudar o local do jogo contra o Benfica na 32ª Jornada, de forma a poder tirar os dividendos financeiros resultantes da disputa do jogo num estádio com maior capacidade que o Estádio 25 de Abril. António Oliveira, ex-jogador do clube do Lumiar e do FC Porto, é, conforme se sabe, um homem sobejamente conhecido pelas suas tendências marcadamente benfiquistas, pelo que só pode estar envolvido na enorme conspiração destinada a levar o Benfica ao título. Ou como consequência do seu benfiquismo latente, ou por se ter deixado comprar pelo José Veiga.


Entretanto o Estoril regozija-se com uma receita relativa ao jogo do próximo Domingo de cerca de 600 mil euros, que é a maior do seu historial, enquanto que o Estádio do Algarve vai registar a maior lotação de sempre. Estes dados só vêm reforçar a escolha da SAD estorilista, que desde o início sempre admitiu ser a componente financeira a razão maior para a alteração do local do jogo. Aliás, em declarações prestadas ontem, António Figueiredo foi claro ao dizer que se o FC Porto ou o clube do Lumiar fizessem chegar ao Estoril, antes de um jogo a disputar com eles, a quantidade de pedidos de bilhetes que o Benfica fez chegar, não pensaria duas vezes em mudar o jogo contra o FC Porto para o Bessa, ou o jogo contra o clube do Lumiar para o Municipal de Leiria.

Sinceramente, confesso que o facto do jogo se realizar no Algarve não me agradou. Excluindo o factor puramente pessoal (se o jogo fosse na Amoreira teria a possibilidade de assistir ao jogo ao vivo, e assim não), o que me aborrece nisto é o Benfica sujeitar-se à maledicência da miríade de antibenfiquistas que está sempre à espera de uma oportunidade destas. Quem pediu a alteração do local do jogo foi o Estoril, pedido esse a que o Benfica acedeu, mas quem ouvisse falar os que criticam todo este processo pensaria que toda esta operação teria sido congeminada e executada nos gabinetes do Estádio da Luz.

Alterações do local de jogos que envolvem os clubes grandes são comuns no nosso campeonato (o Gil Vicente ou o Moreirense são clubes que já fizeram isto por diversas vezes), mas basta envolver o Benfica para que se faça logo um escarcéu. Alguém se recorda da barulheira feita o ano passado por causa do adiamento de um jogo do Benfica contra a Académica? Na altura, as justificações para a indignação geral foram centradas numa razão tão estapafúrdia como o Benfica estar a ser beneficiado porque o adiamento permitir-lhe-ia defrontar a Académica numa fase da época em que os seus jogadores estariam em melhor forma, e em que alguns dos seus jogadores já estariam recuperados de lesões. Convém dizer que, mais uma vez, a iniciativa de pedir o adiamento do jogo partiu da Académica, tendo o Benfica aquiescido ao pedido, mas para variar tentaram fazer do Benfica o mau da fita nesta história.


Navegando na crista da onda da indignação em situações destas, aparece invariavelmente o clube do Avozinho*, quase sempre na figura do seu presidente Dias da Cunha (embora às vezes secundado por alguns vice-presidentes de quem nunca se ouviu falar, e que aproveitam estas alturas para se darem a conhecer). É uma obsessão que eles têm. Mas considerando o que se passou este ano em relação ao jogo da Taça com o Pampilhosa, cuja data foi alterada de forma a poderem limpar a suspensão de um jogo ao seu melhor jogador para que este pudesse defrontar o Benfica, estas críticas soam, no mínimo, a hipocrisia. O referido jogador até acabou por ser decisivo no derby, marcando os dois golos com que o Benfica foi derrotado. Em relação a tudo isto, alguém viu o circo de imprensa a que temos assistido desde que se soube que o jogo do Estoril seria disputado no Algarve? Mais: alguém viu alguma manifestação pública dos dirigentes do Benfica em relação a este processo? São estas subtis diferenças de comportamento que às vezes me deixam a pensar se na verdade quem mais fala sobre o assunto estará mesmo interessado em pacificar o futebol português.




*Para os que não sabem porque razão utilizei o termo 'Clube do Avozinho', passo a explicar. A história tem a ver com a fundação do clube do Lumiar. Em 1906 existia um clube chamado Campo Grande Football Club, que tinha sido fundado por um grupo de rapazes da alta sociedade (que no início do século passado o futebol era um desporto 'bem'). Estes rapazes um dia zangaram-se uns com os outros e formaram-se duas facções dentro do clube: uma que defendia que o clube deveria dedicar-se sobretudo à organização de eventos desportivos, e a outra que defendia que o clube deveria dar mais importância à componete lúdica, com a organização de festas e bailes. A zanga culminou na organização de um piquenique por uma das facções, para o qual a outra facção não foi convidada. No meio destas discussões o senhor José de Alvalade, numa atitude bastante típica de menino mimado, bateu com a porta, e ao sair proferiu a célebre frase: "Vou ter com o meu avozinho, e ele dar-me-á dinheiro para fundar um novo clube!". Esta frase lapidar ficará, para mim, para sempre associada à génese do clube do Lumiar.

quinta-feira, abril 21, 2005

Final

O Benfica assegurou esta noite a passagem à final da Taça de Portugal, a disputar no Estádio Nacional no próximo dia 29 de Maio, frente ao V.Setúbal.


O Estrela pareceu entrar decidido no jogo, e logo no primeiro minuto proporcionou ao regressado Moreira uma boa defesa. Mas a seguir a isso, apenas a cinco minutos do fim do jogo voltou a haver um remate digno desse nome por parte do Estrela, já na fase em que tentava o golo de honra. O Benfica apresentou o onze habitual, com apenas três alterações: entradas de Moreira, Fyssas e André Luís para os lugares de Quim, Dos Santos e Luisão. Longe de ser uma exibição brilhante por parte do Benfica, jogámos no entanto de uma forma segura, e controlámos o jogo do princípio ao fim. O primeiro golo surgiu pouco depois da meia hora de jogo, numa finalização aparentemente fácil do Nuno Gomes após um belíssimo centro do Geovanni na direita.

Na segunda parte, e sem termos que carregar muito no acelerador, o resultado avolumou-se naturalmente. O 2-0 apareceu numa jogada quase a papel químico da jogada do primeiro golo, mas do lado contrário: recuperação de bola a travar uma tentativa de saída de contra-ataque por parte do Estrela, o Manuel Fernandes a abrir na esquerda para o Geovanni, e este novamente a tirar um cruzamento perfeito (com o pé esquerdo) para o Nuno Assis finalizar à boca da baliza. Pouco depois veio o 3-0, num lance de oportunidade do Nuno Gomes após um falhanço infantil do central do Estrela, e o jogo acabou por ali, sendo que até final se assistiu ao Estrela a lutar para tentar marcar o golo de honra.

Hoje gostei de ver o Ricardo Rocha, Miguel, e Geovanni (é para mim o elemento em melhor forma do sector atacante). Foi também bom que os golos tivessem sido marcado pelos Nunos, porque pode motivá-los numa altura em que eles pareciam andar em sub-rendimento. Outra nota positiva, na minha opinião, foi o amarelo do Manuel Fernandes, que assim fica 'limpo' para os últimos jogos do campeonato. Assistimos também à estreia do André Luís. Dado o pouco trabalho que teve, não deu para tirar grandes conclusões, mas pareceu-me ser um jogador tranquilo, que gosta de jogar calmo, tem bom jogo de cabeça (com a altura que tem, não admira) e, ao contrário do Alcides, privilegia o posicionamento no terreno em vez da velocidade, já que não parece ser muito rápido. Hoje deu até para ele fazer uma assistência para o Nuno Gomes no terceiro golo, embora quase sem querer. Provavelmente será o André Luís o substituto natural do Luisão na próxima época.

Um pormenor no entanto continua a fazer-me confusão. Se é verdade que o Simão está lesionado, então porque razão não o poupam nem um bocadinho? Era mesmo necessário obrigá-lo a jogar os noventa minutos? Não se poderia tê-lo sequer poupado aos últimos quinze minutos da partida, quando o resultado já nos era favorável por 3-0?


O Sport Lisboa e Benfica atingiu assim a sua 33ª final em 65 edições da Taça de Portugal, o que significa que estivemos presentes em mais de metade das finais. Das 32 finais jogadas até agora, ganhámos três quartos delas (24), e se conseguirmos vencer este ano, somaremos o mesmo número de conquistas que as do FC Porto e clube do Lumiar juntas. A Taça de Portugal é, sem dúvida, uma competição bem ao nosso gosto. E agora espero uma grande final contra o Vitória, que tem uma grande massa adepta, e que de certeza irá trazer muita gente de Setúbal, para dar um grande ambiente de festa da Taça ao Estádio Nacional. Como bónus este ano não vamos ter que gramar com a lengalenga bafienta do costume sobre o 'Estádio de Oeiras', que nos é proporcionada todos os anos em que o FC Porto chega à final.

terça-feira, abril 19, 2005

Eclectismo


O Benfica, por tradição, sempre foi um clube ecléctico. Isso foi, aliás, outro dos grandes motivos para a grandeza do clube. É por isso justo salientar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta direcção, e sobretudo pelos benfiquistas dedicados que lideram as respectivas secções de forma a manter vivo este eclectismo. Depois de um período negro, em que se chegou mesmo a falar da extinção de diversas modalidades históricas no clube (como por exemplo o hóquei, de que sou adepto), hoje é com satisfação que vejo que não só essas modalidades se mantiveram vivas, como também o Benfica apresenta equipas que lutam pelo título em diversas delas, como o referido hóquei, futsal, voleibol, râguebi, ou basquetebol. Conforme já foi algumas vezes referido pelo nosso presidente, sem que a isso tenha sido dado especial relevo, o Benfica manteve-se fiel à sua tradição de eclectismo ao ser o único clube que, aquando da construção dos novos estádios, incluiu no projecto a construção de dois pavilhões para as modalidades. Fica aqui a manifestação do meu agrado pelo que me parece ser o bom estado actual das modalidades no nosso clube.

domingo, abril 17, 2005

Em queda

O Benfica averbou ontem à noite um mau resultado. A derrota em Vila do Conde pode ser considerada um acidente de percurso, mas o empate de ontem à noite frente à União de Leiria é mais preocupante. Porque o Benfica tinha a obrigação de ter ganho aquele jogo. Não o ganhou e, pior que isso, voltou a demonstrar lacunas que já tinha demonstrado esta época, e que já há algum tempo não apareciam. Há jogadores que estão em sub-rendimento nesta altura crucial da época, e isso afecta toda a equipa.


O Leiria apresentou-se na Luz num 5-4-1, a desdobrar-se em 4-3-3 quando a equipa atacava, com o Otacílio a assumir as funções de terceiro central. Quanto ao Benfica, utilizou o esquema habitual de 4-2-3-1. Com o Trapattoni não há surpresas. O Leiria entrou bem no jogo, dispôs de um par de oportunidades, e pouco antes dos vinte minutos chegou ao golo. A partir daqui o jogo acabou para o Leiria no que diz respeito ao ataque, e os restantes 70-75 minutos foram passados a defender o resultado. Quanto ao Benfica, depois do golo, começou a pressionar o Leiria, e o último quarto de hora da primeira parte foi de sufoco total, com o Costinha a brilhar e a defender tudo o que havia para defender. Era fundamental termos chegado ao intervalo pelo menos empatados, e ao não conseguirmos isso as coisas ficaram muito mais difíceis.

Na segunda parte, ao contrário do que esperava, não conseguimos entrar com o mesmo ritmo com que terminámos a primeira. Continuámos a atacar, até porque o Leiria não parecia interessado em mais do que segurar o resultado, mas já sem conseguir criar tantas oportunidades de golo. Era necessário fazer entrar mais um avançado, o que o Trapattoni fez, mas fê-lo com uma decisão incompreensível. Tal como na semana passada, voltou a tirar o Geovanni que, na minha modesta opinião, estava a ser um dos jogadores mais perigosos, com sucessivas entradas pelo lado direito. Em campo ficou o Nuno Assis, que voltou a ser um jogador completamente redundante. A partir desta substituição, passámos a criar ainda menos perigo, porque começámos progressivamente a optar pelo futebol directo.


Foi já com três avançados em campo, e num dos últimos lances do jogo, que chegámos ao empate através do Mantorras (outra vez salvador). O empate acaba por ser um mal menor, já que permite mantermo-nos isolados no primeiro lugar. Mas arriscamo-nos a ver a nossa vantagem novamente reduzida este fim-de-semana. A equipa voltou a falhar em frente a um estádio cheio, como tem sido habitual esta época. Parece estar talhada para desiludir nos momentos decisivos, e como daqui até ao final do campeonato todos os jogos vão ser decisivos, estou muito apreensivo em relação ao futuro. A dificuldade em marcar golos, que se deve na minha opinião ao mau momento de forma de muitos dos jogadores mais avançados (Simão, Nuno Assis e Nuno Gomes), é muito preocupante nesta altura, ainda para mais quando o treinador insiste em substituir sempre o jogador do quarteto ofensivo que parece estar em melhor forma - Geovanni. A equipa está a entrar em queda precisamente quando isso não podia acontecer, e resta saber se o plantel tem capacidade para travar esta queda ou não.

quarta-feira, abril 13, 2005

O meu onze ideal (III)

Depois do guarda-redes (Preud'Homme) e do lateral direito (Miguel), esta é a minha terceira escolha para o onze ideal do Benfica, constituído por jogadores que eu tive a oportunidade de ver jogar.

Lateral Esquerdo

Stefan Schwarz


Depois de várias épocas ocupada por bons jogadores como Álvaro, Veloso e Schwarz, quando o Veloso abandonou e o Schwarz saiu para o Arsenal seguiu-se um período negro, em que foram várias as experiências sem sucesso naquela posição. Por lá passaram jogadores tão maus como o El Hadrioui (que cada vez que jogava, o Benfica não ganhava), Escalona, Rojas, ou Harkness. A única excepção durante este período foi o Scott Minto, que infelizmente não ficou muito mais que uma época no clube. Houve também a fase das adaptações, com o Caneira e o Ricardo Rocha, que cumpriam, mas era doloroso ver desperdiçar um central como o Ricardo Rocha numa adaptação destas.

Na escolha do melhor que vi jogar naquela posição, não tive dúvidas. O Schwarz foi mesmo o melhor lateral esquerdo que vi no Benfica. Também podia jogar como médio, descaído para a esquerda (jogou, por exemplo, nesta posição no jogo dos 6-3) ou na zona central como trinco, mas era como lateral esquerdo que eu gostava de o ver jogar. Veio para o Benfica pela mão do Eriksson, ainda muito jovem (21 anos) após o Mundial de Itália. Logo na primeira época, após um início muito promissor, teve uma lesão grave, que o afastou para o resto da temporada. Quando regressou, já na época seguinte, pegou de estaca. Era um jogador admirável na entrega, daqueles que deixava a pele em campo. Conseguia fazer o flanco esquerdo inteiro, e muitas vezes preferia flectir para o interior e usar o pontapé potente que tinha, que lhe valeu alguns golos (estou agora a lembrar-me de um grande golo que ele marcou assim ao Boavista na Luz, numa vitória por 3-1). Curiosamente, tinha um temperamento que mais parecia latino do que nórdico, e vivia intensamente os jogos.

Desde que ele saiu, no final da época de 1993/94, durante processo de auto-flagelação que foi a destruição da equipa campeã e a contratação de Artur Jorge (cujas consequências considero que ainda estamos a pagar hoje em dia), que não voltámos a ter um lateral esquerdo com esta qualidade. É dos jogadores que vi jogar no Benfica que recordo com mais saudade.

domingo, abril 10, 2005

Decepção

Há algum tempo que não me sentia tão nervoso e irritado a ver um jogo do Benfica. Isto porque sabia que o jogo de hoje era muito importante. Uma vitória significaria um paaso de gigante, talvez mesmo decisivo, em direcção ao título, e seria uma injecção de moral enorme.

O Benfica desiludiu-me na primeira parte. Jogámos um futebol mau e desorganizado, e tudo parecia ser feito aos repelões. Notava-se vontade nos jogadores, é certo, mas as coisas não estavam a sair nada bem. Ainda assim, tivemos uma grande oportunidade do Simão, que foi bem defendida pelo Mora. Na segunda parte, as coisas melhoraram. O Benfica entrou a jogar melhor, e caiu em cima do adversário. A bola passou a estar quase sempre em nosso poder, e notou-se um grande empenho em vencer este jogo. Mas a partir dos 70-75 minutos, começou tudo a ser feito mais com o coração do que com a cabeça, com muitos dos jogadores a quererem resolver tudo sozinhos. Entretanto o Rio Ave, que tinha defendido o empate com unhas e dentes, como se a sua vida disso dependesse, começou a aproveitar os espaços concedidos para lançar contra-ataques.

E foi mesmo no cair do pano, já no período de descontos, que a decepção maior veio, com o golo do Rio Ave a surgir naquele que terá sido o único remate que fizeram na segunda parte na direcção da baliza. Continuamos isolados em primeiro, mas esta derrota pode vir a revelar-se muito danosa para as nossas aspirações.

Hoje houve jogadores que estiveram muito pouco inspirados. O Nuno Assis em particular esteve desastroso, a complicar demasiado o jogo (o lance em que ele fica isolado dentro da área e se deixa desarmar é emblemático), e o Nuno Gomes, depois do bom jogo da semana passada, esteve completamente apagado. Não gostei da substituição que o Trapattoni fez, ao tirar o Geovanni (que estava a ser um dos jogadores mais perigosos), para meter o João Pereira, que esteve bastante mal (aliás, no lance do golo, onde é que ele andava?).

quinta-feira, abril 07, 2005

Bela


Desde sempre que considero que esta é a foto mais bela da história do Benfica. Não apenas pelo momento em si (conquista da primeira Taça dos Campeões), mas pelo sorriso na cara do José Águas. É uma expressão que me transmite apenas alegria e satisfação pela vitória, sem um pingo de agressividade, como é mais habitual hoje, em que os vencedores, mais do que alegria por vencerem, parecem exprimir a sua satisfação pela derrota dos outros.

terça-feira, abril 05, 2005

Memórias

Às vezes, quando estou no estádio, nos intervalos dos jogos do Benfica começo a pensar em quantos jogos do meu clube terei eu visto ao vivo. Contas por alto, diria que uns trezentos. E se, obviamente, não me posso recordar de todos eles, alguns ficaram e ficarão para sempre na minha memória, por este ou aquele motivo.

Como o primeiro jogo que vi do Benfica ao vivo. Foi na época de 1983/84, teria eu 10/11 anos. Nessa altura já eu era benfiquista convicto. A minha 'conversão' deu-se após a final da Taça de Portugal de 1980/81, em que o Benfica de Lajos Baroti venceu o FC Porto por 3-1, com um hat-trick do Nené (que a partir daí passou a ser o meu ídolo de infância, e o número 7 aquele com que eu queria sempre jogar). Não digo que me tornei benfiquista por causa desse jogo, porque me recordo de já gostar do Benfica nessa altura, mas a partir daí passei a seguir regularmente os resultados do meu clube, e com muito mais paixão.


Voltando ao primeiro jogo. Foi no Estádio de S.Luís, em Faro, contra o Farense. Obviamente que com aquela idade não poderia ir ver o jogo sozinho, mas o meu avô, sabendo da minha paixão clubística, levou-me ao jogo. Convém dizer que o meu avô era sportinguista convicto, mas era acima de tudo um homem com um grande desportivismo. Nessa tarde, num estádio à pinha, a máquina bem afinada de Sven Goran Eriksson esmagou o Farense por 7-2, com o meu ídolo Nené em grande destaque. E o meu avô até aplaudiu. Desse jogo recordo também a impressão que me fez ver o Benfica a jogar fora de casa, e tanta gente a apoiá-lo (aliás, nem dei pelos adeptos do Farense). Foi apenas um jogo, contra uma equipa pequena, na marcha triunfal do Benfica essa época até à conquista do Campeonato. Vi muitos outros jogos ao vivo desde então, muitos deles memoráveis (e não só do Benfica, alguns deles da paixão familiar Académica), mas este ficará para sempre guardado na minha memória. Porque foi o primeiro.

segunda-feira, abril 04, 2005

Estrelinha

É por estas que eu digo que só acredito mesmo no fim, quando for matematicamente impossível apanharem-nos. Esta noite tivemos todas as condições para um jogo tranquilo, mas quase deitámos tudo a perder devido a uma defesa que hoje se revelou inacreditavelmente permissiva. Isto vai ser sofrimento até ao fim.

O jogo não podia ter começado melhor. O Benfica entrou decidido, e a jogar francamente bem. Creio até que os primeiros 25 minutos do Benfica hoje terão sido do melhor futebol que vi a equipa jogar esta época. Aos seis minutos de jogo já ganhávamos, com um golo do Nuno Gomes após passe do Miguel (e um grande passe do Simão a desmarcar o Miguel). Mas na primeira descida à nossa área, e num lance em que os centrais se revelaram estranhamente apáticos, o Marítimo empatou. Isto no entanto não afectou a equipa, que três minutos depois voltou a marcar, desta vez pelo Miguel. Alguns minutos depois, mais um golo. Desta vez um grande golo do Nuno Gomes, a aproveitar uma boa jogada do Geovanni na esquerda. Com 3-1 aos 23 minutos de jogo, e dada a produção atacante da equipa, as coisas pareciam estar a compor-se.


Mas mais uma vez, a defesa voltou a comprometer. Muita lentidão a afastar a bola, e no meio da confusão o Van Der Gaag a marcar. Justiça seja feita ao Marítimo, que fez um jogo honesto (pelo menos durante a primeira hora). Tentou discutir o resultado, e nunca baixou os braços. O treinador deles foi também inteligente ao se aperceber que se mantivesse a auto-estrada do lado direito para o Miguel, as coisas iriam dar para o torto, e depressa corrigiu isso, com duas substituições ainda na primeira parte. Eles foram ambiciosos, e não são muitas as equipas que eu vi jogarem na Luz num esquema que era praticamente um 4-2-4.


Após o intervalo, o Marítimo regressou na disposição de chegar ao empate, o que acabou por conseguir em mais um lance infeliz da defesa: centro largo do lado direito, o Quim a socar para a frente (mas porque é que ele é tão avesso a agarrar as bolas?), a bola a tabelar nas pernas do Miguel e a sobrar para o Pena. Com 3-3 no marcador, pouco tempo depois o treinador do Marítimo cometeu o que me parece ter sido um erro. O Benfica parecia estar abalado pela recuperação do Marítimo, que aparentava ter o jogo sob controlo. Mas ao retirar um avançado (Pena, autor de dois golos) para colocar um médio defensivo (Bino), devolveu a iniciativa de jogo ao Benfica.

Cinco minutos depois entrou o Mantorras, que teve o condão de acordar os adeptos, que estavam (compreensivelmente) atordoados na altura (é impressionante a empatia que os adeptos benfiquistas revelam ter com o Mantorras - basta ele saltar do banco para aquecer para provocar uma manifestação de alegria). Os adeptos começaram então a empurrar a equipa para a vitória, e agora o jogo praticamente só dava Benfica, com o Marítimo remetido ao contra-ataque (perigoso, diga-se). Sem mais opções, assistiu-se à raridade de ver Trapattoni colocar três avançados simultaneamente em jogo, com a entrada do Karadas para o lugar do Nuno Assis. E foi num período de muita pressão, ao colo dos incentivos dos adeptos, que os dois jogadores entrados construiram o golo da vitória, a cinco minutos do fim: centro muito largo do Ricardo Rocha, o Karadas a ganhar nas alturas, e o Mantorras a rematar de primeira para a baliza. Até aqui foi preciso sofrer, pois o Marcos ainda toca na bola, e ficámos depois a vê-la a rolar muito, muito devagarinho para lá da linha de golo.


Conseguimos assim superar mais uma final, ficando a faltar sete. Não vou destacar nenhum jogador hoje, porque o jogo foi demasiado emotivo para me conseguir concentrar em exibições individuais. Houve jogadores que estiveram bem, outros nem tanto, mas a equipa revelou união, e gostei muito da forma como procuraram a vitória. Hoje ganhámos com muita estrelinha. Estrelinha... de campeão?


P.S.- Entretanto acabei de apanhar de relance na televisão um resumo de jogo do FC Porto. Vi um penalti evidente do Jorge Costa, que não foi assinalado. Até aqui tudo bem, pode-se mais ou menos dizer, porque penalties não assinalados acontecem em vários jogos. Agora quando soube que o nome do árbitro do referido jogo dava pelo nome de... Olegário, já não me senti tão à vontade.