domingo, novembro 26, 2006

Difícil

Confesso que não esperava tantas dificuldades no jogo de ontem. O Benfica em casa tem sabido desembaraçar-se facilmente dos seus adversários, e não esperava que a noite de ontem mostrasse um cenário diferente. Mas um desperdício enorme de oportunidades de golo (muito por culpa de uma exibição bem acima da média por parte do guarda-redes adversário) acabou por fazer com que a incerteza na vitória durasse mais tempo do que aquilo que tem sido habitual.

Apresentando exactamente o mesmo onze que derrotou os dinamarqueses do Copenhaga, o Benfica literalmente caiu em cima do Marítimo praticamente desde o princípio do jogo. As oportunidades flagrantes iam-se sucedendo a um ritmo impressionante, e não me parece que esteja a pecar por exagero se disser que ao fim de vinte minutos o Benfica já poderia ter o jogo resolvido. Mas ontem apareceu-nos pela frente um guarda-redes muito concentrado, que foi resolvendo quase todas as situações complicadas. O que ele não resolvia, eram os nossos jogadores que se encarregavam de falhar. Assim sendo, não foi surpresa que chegássemos ao golo à passagem da meia-hora de jogo. Ironicamente, e após tanto desperdício, o golo acabou por ser marcado por um adversário na própria baliza, após um livre do Simão na esquerda. Um tanto ou quanto incompreensivelmente o Benfica abrandou a seguir ao golo. Foi o que bastou para que o Marítimo conseguisse atacar um pouco durante alguns minutos, e rapidamente chegasse ao golo através de um pontapé de meia distância, que estabeleceu o resultado na saída para o intervalo (e que era claramente injusto tendo em conta a produção das equipas nos primeiros quarenta e cinco minutos).

No segundo tempo o Benfica voltou a entrar com os olhos na baliza adversária, e as coisas ficaram mais facilitadas quando o Marcinho foi expulso após uma entrada perigosa sobre o Simão. Infelizmente para o nosso lado o Miccoli foi substituído logo aos cinco minutos, com suspeitas de uma nova lesão muscular. Já com o Karagounis em campo, que substituiu o Nuno Assis (não esteve feliz ontem), chegámos ao golo na sequência de uma jogada muito bonita, em que a bola circulou rapidamente entre vários dos nossos jogadores, e foi centrada pelo Simão do lado esquerdo para que o Katsouranis aparecesse do lado oposto, mais uma vez no sítio certo e na altura certa, a finalizar. Felizmente, e ao contrário da primeira parte, desta vez o Benfica não abrandou, e continuou na procura do terceiro golo, que não conseguiu mais uma vez por incapacidade de finalização, e mais algumas boas intervenções do guarda-redes adversário.

Pelo Benfica gostei das exibições do Katsouranis (volto a repetir que desde a saída do Tiago que não tínhamos um médio com estas características e qualidade no plantel), do Simão (duas assistências e, para não variar, a causar desequilíbrios sempre que se encostava à esquerda) e do Petit. O Nuno Gomes está claramente a atravessar um período de crise de confiança, optando quase sempre pelo passe mesmo quando está em condições de rematar à baliza. E continua a fazer-me confusão que não se dê qualquer oportunidade ao Fonseca. Depois da saída do Miccoli, não se poderia ter optado pelo Fonseca para a posição mais fixa do ataque, dando maior liberdade ao Nuno Gomes? O Mantorras pouco veio acrescentar ao jogo, e custa-me a crer que o mexicano estaja assim tão mal.

A vitória foi conseguida, o que é o dado mais importante a reter. Claro que para os benfiquistas o factor de mairo preocupação será a lesão do Miccoli nas vésperas de duas deslocações importantes. Esperemos que ele seja recuperável, porque já deu para ver que existe um Benfica com o Miccoli, e outro sem ele. E o primeiro é claramente melhor.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Amor

"Foi há um dia atrás. O estádio estava semi-vazio para a Champions League. Eu, pela enésima vez, era adversário do Sportém. Pouco faltava para terminar a primeira parte, quando após passe do Stankovic, o Crespo ficou isolado. Passando pelo meio dos meus amigos Tonel e Veloso, à saída do Ricardo, fez golo. Foi o melhor golo que vi na vida.

Quem ama assim tanto um clube, assume."

quarta-feira, novembro 22, 2006

Gestão

Bem, eu nem sei bem o que escrever sobre o jogo desta noite. A obrigatória vitória foi conseguida de forma bastante fácil, mas aquela segunda parte, e em especial os últimos 25 minutos foram tão mauzinhos que me fizeram sair do estádio com uma sensação desagradável.

Apenas uma alteração em relação à equipa que tão má conta dera de si em Braga: a entrada do Léo (em boa hora regressou) e a saída do Miguelito. De resto, tudo na mesma, incluindo a táctica. A falada entrada do Karagounis para o lugar do Nuno Assis acabou por não acontecer, e portanto viu-se o losango do costume, com o Simão a ter a incumbência de dar o apoio mais directo aos dois avançados. Quanto aos dinamarqueses, confesse que nunca na minha vida tinha visto um 4-4-2 tão rígido na vida. Aquilo é que é disciplina táctica: o treinador deve-lhes ter dito 'Joguem em 4-4-2', e os tipos foram para dentro do campo, ocuparam as suas posições, e dali não saíam nem a tiro. Quando vi a defesa a jogar claramente em linha fiquei contente, porque não é preciso muita inteligência para romper uma defesa assim, mas ao mesmo tempo, e conhecendo bem os nossos avançados (em particular o Nuno Gomes), comecei a prever um festival de foras-de-jogo. O único jogador dinamarquês com alguma liberdade táctica era o Gronkjaer, que fazia diagonais do centro para a esquerda e vinha atrás buscar jogo (muitas vezes parecia que os restantes dez jogadores ficavam simplesmente à espera para ver o que é que o Gronkjaer iria fazer).

O início de jogo deixou-me um pouco apreensivo, porque perante um esquema tão rígido e estático dos adversários o Benfica respondia com pouca mobilidade e sobretudo pouca velocidade. Para além disso o meu receio em relação aos foras-de-jogo parecia confirmar-se, já que foram assinalados logo três nos primeiros cinco minutos de jogo. Mas perto do quarto-de-hora, assim que o Simão se deslocou para a esquerda, e o Léo resolveu avançar para acompanhar o ataque (do outro lado o Nélson passou o jogo quase todo muito retraído, talvez porque apanhava sempre com o já referido Gronkjaer) o Benfica marcou. Foi uma boa combinação entre o Léo, Simão e Katsouranis, com o grego a atrasar para um remate cruzado do Léo, que marcou assim o seu primeiro golo pelo Benfica. Praticamente na jogada seguinte os dinamarqueses foram ao tapete, quando uma bola recuperada pelo Simão na direita acabou nos pés do Miccoli, que rodou e rematou de pé esquerdo com a bola a entrar junto ao poste. Se dúvidas havia nesta altura em relação ao resultado, eram apenas relacionadas com quantos golos seria o Benfica capaz de marcar. As oportunidades de golo sucediam-se para o Benfica, mesmo tendo em conta que o Benfica nunca deu a sensação de estar realmente a carregar a fundo no acelerador. Por isso não foi surpresa quando o terceiro golo surgiu, já perto do intervalo, numa recarga do Miccoli a um remate de fora da área do Nuno Gomes. A partir deste momento o Benfica fechou nitidamente a loja, e limitou-se a deixar correr o tempo.

Na segunda parte foi exactamente isso que se passou: o Benfica a deixar o tempo passar, e sem aparentar grande preocupação em marcar mais. Ainda houve algumas iniciativas meritórias por parte do Benfica, mas a partir do momento em que, cerca dos setenta minutos de jogo, o Miccoli foi substituído o ataque do Benfica desapareceu. Daí até final o jogo foi apenas um longo bocejo, enquanto os dinamarqueses tentavam chegar ao golo de honra, o que acabaram por conseguir mesmo em cima dos noventa minutos (com o Ricardo Rocha a ficar muito mal na fotografia). As perguntas que eu faço no entanto são: com o jogo resolvido ao intervalo, e o Katsouranis em risco de suspensão para o jogo decisivo em Manchester, porquê mantê-lo em campo até aos oitenta e cinco minutos? E tendo em conta que o Nuno Gomes anda claramente numa fase desinspirada (hoje foi desumano: mal conseguiu segurar uma bola, perdeu 100% dos lances aéreos - é verdade que estava a ser marcado por uma torre com 1,95m - e invariavelmente movimentou-se e colocou-se mal nos lances de ataque do Benfica), não seria este um jogo ideal para dar minutos ao Kikin? Não foi o Fernando Santos quem disse que o Kikin precisava de se adaptar ao futebol europeu? É deixando-o sentado no banco ou na bancada que ele está à espera que esta adaptação aconteça? Enfim, estas questões deixam-me sempre confuso, mas o homem lá saberá o que anda a fazer (espero).

Em termos individuais, obviamente que o Miccoli merece destaque, não só pelos dois golos marcados, mas pela forma como fez o ataque do Benfica funcionar. Isto foi ainda mais evidente na forma como o nosso ataque desapareceu literalmente assim que o italiano foi substituído. Para além disso, há dois jogadores que me enchem sempre as medidas: Léo e Katsouranis. Em relação ao grego,
é um jogador que é quase perfeito tacticamente. Dá-me uma enorme satisfação ver a forma inteligente como se movimenta dentro do campo sem bola, e como sabe ocupar os espaços vazios. É sem dúvida a grande contratação do Benfica desta época, e para mim o elemento mais importante do nosso meio-campo (e tenho que deixar a devida vénia ao Fernando Santos por ter insistido tanto na sua contratação). Quanto ao Léo, o Benfica deixa de ser coxo quando ele joga, porque ele faz aquele corredor esquerdo todo, cria sempre desequilíbrios quando sobe e recupera rapidamente a posição defensiva (ao contrário, por exemplo, do Nélson, que quando sobe precisa quase que o Katsouranis faça as devidas compensações defensivas).

O Benfica nunca foi brilhante esta noite. Jogou razoavelmente bem na primeira parte, resolveu o jogo cedo e quase que em ritmo de passeio, e depois entrou em gestão de esforço talvez um pouco cedo demais. A vitória foi conseguida, e agora 'só' falta mesmo irmos ganhar a Old Trafford para seguirmos em frente. Conforme já disse antes, isto era o apuramento com que eu sonhei. Mas pergunto: depois do jogo de hoje, ainda há algum benfiquista que pense que o empate em Copenhaga foi um bom resultado?

P.S.- Fiquei muito triste com aqueles que assobiaram a equipa na fase final do jogo. Isto apesar de nessa fase o Benfica não estar a jogar bem.

terça-feira, novembro 21, 2006

Calma

O Benfica perdeu no fim-de-semana em Braga. É óbvio que nenhum benfiquista pode estar satisfeito com o resultado e, principalmente, com a forma como a equipa se exibiu. Mas para mim o pior efeito desta derrota foi ter permitido que o bando de abutres do costume, que já devia estar esfaimado devido ao jejum de algumas semanas, se soltasse para dar largas à sua sofreguidão e cair sobre o nosso clube. O facto desta gente atacar o Benfica apenas quando estamos em baixo só atesta a baixeza do seu carácter. Ontem vinha a ouvir rádio a caminho de casa, e na antecipação de um programa qualquer de discussão sobre futebol diziam algo como 'a crise no Benfica parecer má demais para ser verdade'. Esta palavra, 'crise', é uma das preferidas, e soltam-na à primeira oportunidade. A 'crise' no Benfica neste momento resume-se concretamente a uma derrota em Braga. Que é um resultado que nos deixa a todos nós, benfiquistas, tristes, mas que friamente não pode ser considerado um resultado desastroso ou mesmo completamente anómalo.

Depois querem à viva força atrelar o que se passa com o José Veiga a esta 'crise' do Benfica. Deixem que diga: o que o cidadão José Veiga, Dragão de Ouro, ex-discípulo de eleição do Pinto da Costa faz ou fez não me interessa absolutamente nada, e não diz respeito ao Benfica. A única coisa que me interessa é saber se o Director Desportivo José Veiga, enquanto empregado do Sport Lisboa e Benfica, SAD, agiu correctamente no exercício das suas funções. Se algum dia for demonstrado que isso não aconteceu, serei o primeiro crítico da nossa direcção por ter permitido que tais coisas se passassem dentro do nosso clube. Mas pelo que eu vi até agora, todos os casos reportados dizem respeito ao cidadão José Veiga. Então porque é que insistem em fazer daquilo que se passa com ele um assunto ligado ao Benfica? São estranhos critérios, que fazem com que quando dirigentes de um clube são ouvidos como testemunhas num caso que envolve suspeitas de fuga ao fisco em Portugal, não se fale nada, e só se venha a saber disso muito mais tarde. Por outro lado, quando dirigentes do Benfica são ouvidos como testemunhas num caso de suspeitas de fuga ao fisco em Itália, no qual quem são suspeitos são os dirigentes de um clube italiano, isso já é motivo de notícias de primeira página, de preferência dadas da maneira mais subjectiva possível, de forma a que quem as leia sem muita atenção possa até ficar com a ideia de que os dirigentes benfiquistas é que são suspeitos.

Este tipo de ataques não mata mas mói. E contribui para desunir e desmotivar aquela que é a maior força do Benfica, e que é a responsável por ter feito o nome do nosso clube figurar no Guiness: a enorme massa adepta que temos. Não nos podemos deixar abater por este tipo de coisas. Podemos não gostar do treinador que temos, podemos não gostar das escolhas que ele faz para esta ou aquela posição, ou da táctica que ele utiliza. Mas quando o árbitro apita para o início de um jogo temos que conseguir esquecer tudo isto, e apoiar as nossas cores independentemente das pessoas que naquele momento se sentam no banco ou envergam as camisolas vermelhas dentro do campo. Não há nada, mesmo nada que me enfureça mais do que ouvir benfiquistas dizer coisas como 'Espero que percam hoje para ver se mandam (este ou aquele) embora'. Esta noite temos um jogo muito importante, no qual uma vitória nos garantirá a presença na Taça UEFA, e poderá manter intactas as nossas esperanças de seguir em frente na Champions League. Por isso espero que os benfiquistas tenham calma, deixem as 'crises' para quem as fabrica, e que apoiem a equipa do primeiro ao último minuto. Eu vou lá estar a fazer isso no meu sítio do costume na Bancada Sapo, Sector 24, Fila D, Lugar 18. Se algum de vocês se vai sentar perto de mim espero que venham com as mesmas intenções que eu, caso contrário vamos ter discussão ;)

Força Benfica!

domingo, novembro 19, 2006

Regressão

O interregno do campeonato trouxe de volta o pior Benfica da época. Fomos uma equipa falha de imaginação, coesão e alegria no jogo, ao contrário do que vinhamos demonstrando nos últimos encontros, e a derrota é a consequência lógica desta atitude.

Apesar da recuperação do Léo, o Miguelito manteve a titularidade no lado esquerdo da defesa. No centro, e face à ausência do Luisão (já nem me lembrava do que era jogar sem ele) apareceu naturalmente o Anderson, e de resto jogou a equipa esperada. E logo de início deu para ver que as coisas não iriam correr muito bem. Nem sequer vou entrar pelo misticismo e dizer que ao ver que jogaríamos com o equipamento deslavado (peço desculpa, mas eu não consigo mesmo dizer que cor é aquela - parece que aquelas camisolas já tiveram uma cor original, que desbotou após muitas lavagens) fiquei logo mal disposto. A verdade é que entrámos muito mal no jogo, e em contraste o Braga entrou muito forte. Durante a primeira meia-hora de jogo o Benfica mal passava do meio-campo, e nem sequer fazia cócegas à defesa bracarense. Deu logo para ver que, ao contrário daquilo que se passou nos últimos jogos, tínhamos voltado ao estilo de jogo que se resumia a chegar perto da linha de meio-campo e a tentar passes compridos para a frente, normalmente da autoria do Petit ou do Anderson.

Para compor o ramalhete o Quim resolveu celebrar o regresso à sua anterior casa oferecendo um golo aos anfitriões logo aos sete minutos de jogo. Percebo a dificuldade extrema de pontapear uma bola que está completamente parada à sua frente, quando se tem todo o tempo do mundo para o fazer. É portanto natural que esta saia a meia altura e direitinha para um avançado adversário. A avalanche do Braga só terminou perto da meia-hora, quando o Benfica, da forma mais imprevisível, chegou ao empate. E digo imprevisível por dois motivos: primeiro porque até à altura o Benfica não tinha feito absolutamente nada que justificasse um golo; e segundo porque o golo foi marcado pelo Ricardo Rocha - primeiro golo oficial pelo Benfica ao fim de cinco anos - aproveitando o obséquio do Paulo Santos ao retribuir o frango do Quim. O golo pareceu ter o condão de mudar a tendência do jogo, e a partir daí passou a ser o Benfica a jogar mais no meio-campo adversário, e a estar mais próximo do golo. Só que mais um golo estúpido, sofrido em contra-ataque, conseguiu deitar tudo a perder. Começou numa perda de bola idiota do Nélson a meio-campo (optou pela finta quando tinha o Katsouranis colocado para receber o passe), seguida de um lançamento do JVP para o Maciel que em corrida marcou. Eu não quero estar a dizer que foi mais um frango do Quim, mas digo que sempre que um guarda-redes sofre um golo em que a bola é metida entre ele e o poste mais próximo eu me sinto bastante incomodado, porque o posicionamento dele deve ser precisamente de forma a cobrir aquele ângulo.

A perder ao intervalo, o Fernando Santos optou por trocar de gregos, uma opção que não me agradou muito, principalmente devido à importância do Katsouranis nos lances pelo ar (o nosso golo resultou de um livre em que, mais uma vez, o grego conseguiu aparecer completamente sozinho na área a cabecear). É que foram raríssimas as ocasiões em que conseguimos ganhar bolas de cabeça na área adversária, apesar dos vários cruzamentos tentados. O segundo tempo foi completamente diferente do primeiro. O mal já estava feito, por isso o Benfica é que tinha que correr atrás do resultado, e o Braga limitou-se a geri-lo. O jogo foi passado na sua grande maioria dentro do meio-campo do Braga, com grande superioridade do Benfica no tempo de posse de bola, mas foi tudo muito inócuo, já que foram criadas pouquíssimas oportunidades (lembro-me apenas de uma do Simão em que ele cabeceou por cima quando estava completamente sozinho) e quase nem se rematava à baliza. O Braga por outro lado, quase sem ter que se esforçar, acabou por chegar ao terceiro, o que até nem foi inesperado dado que esta época não é uma verdadeira derrota do Benfica se o adversário não marcar três golos.

A derrota foi uma consequência lógica de uma exibição muito desinspirada, e que não teve nada a ver com o que o Benfica tinha vindo a demonstrar nos últimos jogos. Nem vale a pena estar a entrar em grandes apreciações individuais aos jogadores, dado que nenhum deles atingiu um nível de realce. Mesmo aqueles que mais pareceram tentar remar contra a maré (Simão - quando se encostou à esquerda - e Petit) estiveram bastante infelizes. Mas apesar de isto ser um tema que causa sempre grande discordância entre os benfiquistas, apetece-me perguntar: o Moreira não merecia já uma oportunidade?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Veiga

Fui agora surpreendido pela notícia do pedido de demissão de José Veiga do cargo de Director-Geral do nosso clube. Confesso que me sinto um bocado dividido. Não sou, conforme já o afirmei aqui algumas vezes, um admirador ou defensor dele, nem sequer tenho especial prazer em vê-lo no nosso clube. Por isso não vou ser hipócrita e dizer que fico cheio de pena se ele sair (e digo 'se', porque ele apenas colocou o lugar à disposição do nosso presidente, e duvido que o LFV acabe por deixá-lo cair). Mas penso que Veiga tomou a atitude correcta. O que se passou hoje (o arresto dos bens na sua casa de Cascais) não tem nada a ver com o Benfica, mas sabemos bem como é fácil usar este tipo de coisas como arma de arremesso contra o clube. Aliás, não faltará quem tentará usar isto como termo de comparação para a partir daí inferir as qualidades angelicais e virginais de certos energúmenos do nosso futebol.

Por outro lado, não me agradam convulsões tão radicais no nosso futebol a meio de uma época, e é por isso que vejo estes acontecimentos com algum desagrado. Goste-se ou não do homem, olhando os factos o que se pode concluir é que nos pouco mais de dois anos que ele ocupa estas funções, ele não tem feito um mau trabalho. Regressámos aos títulos, e temos hoje um plantel que nos dá algumas garantias de qualidade. Resta-nos esperar para ver no que é que isto vai dar. E quanto ao efeito que isto possa ou não ter na equipa, este fim-de-semana teremos um bom teste para podermos tirar algumas conclusões.

domingo, novembro 12, 2006

Jantar - Epílogo

Estiveram lá os habituais: eu, o Pedro, o S.L.B., o Superman Torras, a Lena e o tma. Mais dois estreantes, o Galaad e o Gwaihir (finalmente conseguimos o 'cromo' mais difícil). Esteve também a 'convidada de honra' Leonor Pinhão. E mais tarde apareceram o Papo-Seco, a Trilby e o Corto Maltese (desculpa lá a cena do café, mas fica prometido que pago para a próxima). O motivo da reunião foi apenas rever e fazer novos amigos, e até planear estratégias (a invasão bloguiquista ao Lumiar já está em marcha...), mas oficialmente o IV Jantar da blogosfera benfiquista serviu para comemorar a oficialização do nosso clube como o Maior do Mundo (nada que não soubéssemos já).

O resultado foi o do costume: muita conversa sobre o nosso Benfica, e não só, as horas a passar a correr, e o tradicional cenário de sermos enxotados para fora do restaurante (mas desta vez não foi para fora do estádio porque fomos pro-activos e jogámos em antecipação). Como bónus, fomos ainda brindados com uma pequena exibição 'privada' da nossa águia Vitória.

Em suma: uma noite muito bem passada. Obviamente, a repetir.

quinta-feira, novembro 09, 2006

O Ruço

Se quiserem ler uma entrevista a alguém que é mesmo, mesmo, mesmo benfiquista, e um grande contador de histórias, basta darem um saltinho ao Cromo dos Cromos e lerem a entrevista que o Pedro fez ao Artur Correia, o Ruço. Eu já não o vi jogar, mas sempre foi um nome que eu ouvi os benfiquistas mais velhos mencionar com admiração e respeito como um dos melhores, se não o melhor lateral de sempre do Benfica, isto apesar dele ter feito a 'traição' de jogar do clube do Lumiar.

"
Quando estava no Sporting, chegava ao intervalo e a pergunta era, invariavelmente, 'Olha lá, pá, como é que está o Benfica?'.

Vale a pena ler :)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ataque

Esta noite conseguimos uma vitória clara, justíssima, e em que a equipa mostrou uma atitude bastante paciente na procura do golo, em vez de entrar no disparate das pressas excessivas que tantos dissabores nos têm dado esta época. Gostei.

Mais uma vez apresentámos o onze que parece neste momento ser o mais estável, e que tinha vencido o Celtic (apenas a alteração forçada do Léo pelo Miguelito). Do outro lado apareceu um Beira-Mar com um único objectivo: manter o nulo. Os aveirenses foram praticamente inexistentes em termos ofensivos, mas também é verdade que nem consigo dizer se foi por escolha própria, ou se a isso foram obrigados pelo Benfica. É que nós nem os deixávamos passar do meio campo, e tenho a certeza que não estou a exagerar se disser que devemos ter tido perto de 70% de posse de bola. Como vem sendo habitual, cedo começaram a aparecer diversas oportunidades de golo para o nosso lado. Em contraste com épocas recentes, quando o Benfica joga assim é um prazer assistir, porque o jogo é feito com velocidade, e parece que se está sempre na iminência de ver um golo. O Beira-Mar resistiu como pôde durante os primeiros 45 minutos, defendendo com toda a equipa metida no seu meio-campo, e contando com um guarda-redes inspirado que por vezes até parecia fazer defesas por acidente. O empate ao intervalo era claramente injusto, e ainda poderia ter sido pior, porque a única oportunidade de golo do Beira-Mar surgiu já durante o período de descontos, quando num contra-ataque um jogador deles se isolou, mas rematou ao lado.

A atitude do Benfica manteve-se na segunda parte. Era óbvio que este era mais um daqueles jogos em que o que era difícil era marcar o primeiro, e felizmente a fortaleza defensiva aveirense começou a ruir pouco tempo depois do reinício do jogo. Foi numa incursão do Nélson pela direita, com um centro para a finalização de cabeça do Katsouranis. Mais uma assistência para o Nélson, e mais um golo para o Katsouranis. Estou a ficar mesmo muito satisfeito com este grego, que me parece ser finalmente um substituto à altura do Tiago, sobretudo na forma como se movimenta para aparecer na área a finalizar os lances. E quem vir os jogos do Benfica perceberá o interesse do FCP em que ele fosse suspenso por muito tempo. Três minutos depois matámos o jogo, desta vez com um golo do Petit após passe do Miccoli (e é de notar que apareceram dois jogadores do Benfica - o outro era o Katsouranis) em posição de finalização.

A avalanche ofensiva do Benfica não se deteve com o segundo golo. O Benfica desta noite foi ataque, ataque, ataque, e se já era previsível que mais cedo ou mais tarde o Benfica voltasse a marcar, quando o Beira-Mar ficou reduzido a dez (por expulsão do Buba, que foi aplaudido e ouviu o seu nome ser entoado pelos 37.062 espectadores desta noite) isso tornou-se quase uma certeza. O terceiro golo surgiu mesmo, num desvio de um defesa aveirense a um cruzamento do Luisão, 'roubando' assim o golo ao Miccoli - que esta noite parecia estar mesmo esfomeadinho por um golo. Até final só deu obviamente mais Benfica, mas o resultado não se alterou. E mais uma vez aquela sensação de que o Benfica jogou bem, ganhou confortavelmente, e ainda assim podia ter sido melhor. Isto não é uma crítica, é apenas uma observação. Neste momento o caudal ofensivo e o número de oportunidades criadas em cada jogo é tanto que uma pessoa acaba sempre com esta sensação :)

É difícil destacar jogadores esta noite, porque na minha opinião a equipa formou um bloco bastante sólido, e todos os jogadores estiveram relativamente bem. Pareceu-me que durante a primeira parte houve largos períodos em que se sentiu a falta do Léo, porque o Miguelito esteve algo retraído, e mesmo quando subia normalmente os colegas optavam por fazer o jogo mais pelo lado direito, solicitando o Nélson. Na segunda parte já foi diferente, e até fiquei com a sensação de que foi o lado esquerdo que esteve mais activo. Uma boa notícia foi também o regresso do Karagounis, que assim vem dar mais uma dor de cabeça ao Fernando Santos. Falta de opções naquele meio-campo é coisa que não há.

Parece-me que a nossa equipa está neste momento a atravessar a melhor fase da época até agora (o que diga-se de passagem, tendo em conta o que foi o nosso início de época, até não é muito difícil). Mas agrada-me ver que é notória a maior confiança dos jogadores em campo. Jogadores que começaram muito mal a época, como o Nélson ou o Léo, já estão a regressar ao nível a que nos habituaram, o Katsouranis parece estar perfeitamente integrado, e os jogadores que estão de fora entram na equipa sem que esta pareça sofrer grandes oscilações, o que reforça a ideia de que este ano temos um plantel como há muito não tínhamos na Luz. Começa a dar-me muita satisfação ver os nossos jogos. Sinto-me cada vez mais confiante nesta equipa, e agora mais uma vez tenho pena que o campeonato vá parar por causa da selecção. Porque ando com fome de ver o Benfica jogar (ainda mais do que é costume) ;)

quinta-feira, novembro 02, 2006

Too easy...

Quando há duas semanas fiz o post sobre o nosso jogo em Glasgow, terminei-o afirmando a minha convicção de que iríamos vencer o Celtic na Luz, e acrescentei ainda que fá-lo-íamos com facilidade, dado que o resultado para mim era falso, e não reflectia a diferença de valor entre as duas equipas. Foi exactamente o que aconteceu esta noite, e até acrescento que o Benfica não ganhou por mais apenas e só porque não quis. Bastava ter forçado mais um bocadinho.

A primeira menção ao que se passou esta noite tem obviamente que ser para os adeptos do Celtic. Simplesmente fantásticos. Pelo número deles que acompanhou a equipa, pela homenagem ao Fehér, e pela atitude demonstrada durante todo o jogo, em que mesmo a perder desde cedo nunca deixaram de entoar cânticos de apoio à sua equipa. Só posso mesmo admirá-los e aplaudi-los, mesmo tendo em conta a visão grotesca que era aquele piso 3 da bancada Coca-Cola completamente repleto daquelas camisolas horrendas ;)

Alinhando com o tão malfadado losango de início, o Benfica surpreendeu-me um pouco ao não 'cair' imediatamente em cima dos escoceses. É certo que entrámos numa atitude dominante, a bola raramente saía da nossa posse, mas as coisas eram feitas com calma, sem demonstrarmos aquela atitude aparente de querer fazer tudo com pressa, como se faltassem cinco minutos para acabar o jogo. E as coisas depressa começaram a correr bem, já que logo aos oito minutos ficámos em vantagem, após um excelente cruzamento do Nélson para o Nuno Gomes, que o defesa do Celtic, Caldwell, introduziu na própria baliza. E doze minutos depois, quase por acaso, chegou o segundo golo, quando o mesmo Caldwell amorteceu para o Nuno Gomes um pontapé longo do Quim, que o Nuno aproveitou para finalizar com facilidade. Algo que era evidente aos olhos de todos é que os jogadores do Celtic, assim que pressionados, desatavam a fazer disparates. Mandavam bolas para fora, passavam-na aos nossos jogadores, faziam passes disparatados, enfim, parecia que a bola tinha picos. Mas o Benfica não quis tirar proveito disso, e ao invés, assim que marcou o segundo golo pareceu fechar a loja, e ficar apenas numa atitude expectante. Assim, a primeira parte acabou por arrastar-se até ao apito do árbitro para o intervalo, apenas com um ou outro safanão para impedir o pessoal de adormecer.

A segunda parte iniciou-se na mesma toada. O Celtic a não saber fazer mais, e o Benfica a não lhe apetecer. Houve uma boa oportunidade para o Celtic, embora me tenha parecido quase por acaso, que foi defendida meio pelo Quim, meio pela barra, e pouco mais. As coisas só mudaram a cerca de vinte e cinco minutos do final, quando o Fernando Santos mexeu na equipa e fez entrar o Karyaka. O russo, a exemplo do que se passou no jogo com o Estrela da Amadora, voltou a entrar muito bem. Ele tem um bom toque de bola, e é inteligente a passá-la e na forma como se movimenta em campo, criando opções de passe para os colegas. O Benfica melhorou, e pareceu começar a jogar um pouco mais rápido. E menos de dez minutos depois, chegámos ao terceiro golo, na conclusão do mesmo Karyaka de uma jogada bonita, em que o Nélson apareceu a centrar atrasado para a finalização do russo. Por mim podem continuar a bater no Nélson o que quiserem, que eu vou-me rindo, e contabilizando as assistências dele. Hoje foram mais duas.

Até final, realce apenas para mais uma boa oportunidade para o Benfica, criada pelo Simão e finalizada pelo Nuno Gomes, tendo o guarda-redes do Celtic correspondido com uma defesa com o pé; e talvez a úncia defesa digna desse nome feita pelo Quim durante todo o jogo, quando já depois da hora se opôs a um livre do Nakamura (acho que a defesa até acabou por ser um bocado para a fotografia, mas ele já devia estar com um bocado de frio e fazia-lhe bem esticar-se um pouco). O jogo lá chegou ao fim, com os adeptos do Celtic a cantarem a plenos pulmões, e eu com um bocadinho de pena por não termos marcado um quarto golo, que era capaz de ser bem útil tendo em conta a potencial confusão que pode acontecer no nosso grupo.

Em termos individuais gostei do Nélson, que esteve bastante activo no apoio ao ataque, e teve alguns pormenores técnicos bastante bonitos, além de que, conforme disse, esteve em dois dos nossos golos. Mesmo quando na segunda parte passou a ter o McGeady (um escocês que surpreendentemente parece ter alguma técnica individual) como adversário directo, deu sempre conta do recado. O Ricardo Rocha também me pareceu ter estado bem, e até mais confiante do que o Luisão, que na primeira parte teve algumas intervenções pouco consentâneas com o valor que lhe reconhecemos. Por último, também gostei do Simão. Tive pena que nas funções em que ele actuou acabasse por não explorar mais o nosso lado esquerdo, naquelas combinações típicas com o Léo, porque o lateral-direito do Celtic é um furo autêntico, mas ele esteve sempre muito em jogo, ajudou na luta do meio-campo, e lançou vários dos ataques do Benfica.

Apesar da vitória robusta, não fiquei propriamente eufórico. Estou satisfeito, acho que o Benfica realizou uma boa exibição, controlou sempre o jogo, e esteve relativamente seguro na defesa. Mas saí mais uma vez (e esta época isto tem acontecido tantas vezes) com a sensação que até seria possível fazer melhor, mas que pura e simplesmente não quiseram fazê-lo. Além disso, conforme disse, eu não tinha esta equipa do Celtic em muito boa conta, e a vitória de hoje ajudou-me a confirmar o quão má foi a derrota de há duas semanas. Agora a vitória do Copenhaga veio lançar confusão no grupo, mas de qualquer forma não me parece que tenhamos grandes alternativas a ganhar em Old Trafford se quisermos seguir em frente. É difícil, mas digam lá que não era bonito o Celtic ganhar ao Man Utd na próxima jornada, e depois sermos nós a mandá-los para fora pelo segundo ano consecutivo? ;)