sexta-feira, abril 29, 2011

Passo

Esta noite demos um passo em direcção à final de Dublin. Só foi pena ter sido apenas um pequeno passo, porque mesmo com a equipa inferiorizada por ausências, julgo que o Benfica mostrou superioridade em relação ao Braga, e poderia ter construído outro resultado que nos desse mais tranquilidade para a segunda mão.

Sem grandes opções devido às lesões e indisponibilidades físicas, o Benfica acabou por alinhar com o onze mais ou menos esperado, em que o trio do meio campo à frente do Javi foi constituído pelo Aimar, Martins e Peixoto. Na defesa o Jardel manteve a titularidade, e na baliza regressou o Roberto, com o resto da equipa a ser constituída pelos titulares habituais. O Braga veio à Luz para fazer aquilo que tem feito habitualmente e com eficácia nesta competição: defender, e espreitar eventualmente um golo nalguma jogada fortuita. Foi por isso com naturalidade que o Benfica assumiu a iniciativa do jogo desde o primeiro minuto, e isto no sentido literal do termo, já que com vinte segundos de jogo foi apenas por falta de jeito do Saviola para controlar uma bola vinda de um mau passe de um defesa do Braga que não criámos uma grande ocasião de golo. A resposta do braga foi dada um par de minutos depois, através de um bom remato do Sílvio. E esse acabou por ser o único remate do Braga em toda a primeira parte, o que pode exemplificar a atitude com que entraram na Luz. O Benfica continuou a ter o domínio do jogo, até porque o Braga não parecia ter grandes problemas em deixar que o Benfica o tivesse, e até chegou a marcar um golo aos dez minutos, mas este foi bem anulado por fora-de-jogo ao Cardozo. Nunca conseguimos propriamente sufocar o Braga, mas ainda assim conseguimos criar oportunidades de golo que justificariam termos chegado ao intervalo em vantagem. A melhor de todas foi mesmo no final da primeira parte, quando o Cardozo, após isolado por um passe do Saviola para as costas da defesa, tentou desviar tanto a bola do guarda-redes que acertou no poste.

A segunda parte começou praticamente com um susto dado pelo Roberto, ao não segurar um remate rasteiro, mas o jogador do Braga que surgiu para a recarga estava deslocado. A resposta do Benfica foi marcar, quando estavam decorridos cinco minutos. O Maxi entrou como quis pela direita, centrou para um bom e colocado cabeceamento do Cardozo levar a bola novamente ao poste, e depois o Jardel em esforço conseguiu fazer a recarga para a baliza vazia. Estava feito o mais difícil, mas a felicidade durou pouco, já que um par de minutos depois o Braga repôs a igualdade. Foi num lance aparentemente inofensivo, em que despejaram um livre de muito longe para a grande área, e quase à entrada desta o Vandinho, de uma forma que nem pareceu muito intencional (estava de costas para a baliza) acabou por desviá-la de cabeça para fora do alcance do Roberto. Honestamente, não me pareceu que o Braga tivesse feito o suficiente para justificar marcar um golo, mas foram felizes naquele momento e o Benfica tinha que ir novamente à procura da vantagem. E também não foi necessário esperarmos muito por um novo golo: sete minutos depois, a fechar o primeiro quarto de hora, já o Benfica estava em vantagem outra vez. Depois da infelicidade de ter acertado nos postes por duas vezes, e da desinspiração que tem mostrado nos últimos jogos, na marcação de um livre à sua medida (uns metros longe da área, descaído para a direita), o Cardozo teve um lampejo dos seus melhores momentos e marcou o livre mesmo 'à Cardozo', enviando a bola em arco para junto do ângulo superior, sem quaisquer hipóteses de defesa para o guarda-redes. Três golos no espaço de menos de dez minutos prometiam uma segunda parte bem animada, mas foram enganadores. A partir daí o Benfica foi perdendo fulgor, e durante a maior parte da segunda metade destes quarenta e cinco minutos assistimos a um jogo muito pouco interessante, em que as duas equipas pareceram estar minimamente satisfeitas com o resultado. Uma parecia acreditar que a vantagem era suficiente, e a outra que desvantagem era recuperável na segunda mão. O Benfica ainda fez entrar o Gaitán e o Jara, mas estes pouco vieram acrescentar ao jogo. O Gaitán mostrou mesmo a razão pela qual não terá jogado de início, pois aparentou estar mal fisicamente, muitas vezes parecendo mesmo mais cansado do que muitos dos colegas que jogavam desde início.

Gostei de ver o Aimar (viu um amarelo e está de fora do segundo jogo), que lutou até à exaustão e foi dos mais esclarecidos durante todo o jogo. O Maxi Pereira e o Javi García também estiveram em bom plano, tal como o Coentrão, mas isso não é surpresa. O Cardozo não esteve brilhante na primeira parte, mas acabou por estar nos lances mais perigosos do Benfica, tendo acertado nos ferros duas vezes, marcado um golo, e estado directamente ligado ao outro. O livre que marcou deve ter-lhe feito muito bem á confiança, já que subiu de produção e passou a ganhar lances de cabeça e a conseguir segurar a bola para a passar aos colegas. O que mais me preocupa é que a equipa não parece estar fisicamente bem, e nos últimos minutos dos jogos isso tem-se notado.

Conforme escrevi, o primeiro passo está dado, embora mas ainda tenhamos pela frente muito trabalho. Mas nesta caminhada europeia já saímos da primeira mão com este resultado frente a equipas que, honestamente, mostraram bem mais do que o Braga quando jogaram na Luz, e isso não nos impediu de seguirmos em frente. E, como não me canso de repetir, em Braga não haverá outra vez um Xistra ou um Sousa como interveniente. Se trabalharmos e dermos o nosso melhor para lutarmos pelo resultado que nos interessa, não deveremos correr os riscos habituais de vermos o nosso esforço traído por algum dos artistas que já conhecemos, podendo então concentrar-nos em contrariar apenas o futebol do nosso adversário.

domingo, abril 24, 2011

Terceira

Vitória natural e esperada na final da Taça da Liga, frente a um Paços de Ferreira que valorizou essa vitória porque nunca desistiu, e num jogo com duas partes muito diferentes. O mais importante foi mesmo a conquista da terceira Taça da Liga consecutiva que, espero, possa devolver à nossa equipa alguma da confiança que parece andar algo arredada dos nossos jogadores.

O Benfica apresentou um onze onde apenas a titularidade do Moreira terá sido algo inesperada. De resto, e face aos impedimentos, poderia haver alguma dúvida sobre se o Peixoto jogaria de início ou não. Como não jogou, foi o Jara quem ocupou o lado esquerdo, cabendo ao Carlos Martins jogar na direita do meio campo. Desde o apito inicial que o Benfica quis justificar o seu natural favoritismo, e tomou conta do jogo. Com o Aimar a jogar um pouco mais recuado do que o habitual, aparecendo mais próximo do Javi, e com o Saviola a recuar também, o Benfica ocupava eficazmente os espaços e submetia os jogadores do Paços a uma forte pressão quando tinham a bola, remetendo o adversário ao seu próprio meio campo. Aproveitando o pendor ofensivo dos laterais do Paços, o Benfica conseguia explorar bem as faixas laterais, sendo só de lamentar o mau aproveitamento que depois tinha das várias ocasiões em que conseguia libertar alguém nas laterais e ganhar a linha - sendo de destacar nesse aspecto o Carlos Martins, que só nos primeiros minutos deve ter tido uma meia dúzia de ocasiões para centrar a bola à vontade, e -lo quase invariavelmente mal. O golo acabou por surgir pois com naturalidade, e relativamente cedo - pouco após o primeiro quarto de hora - depois de uma insistência do Fábio Coentrão na esquerda, concluída com um centro para a entrada da pequena área, onde surgiu o Jara à vontade a finalizar de cabeça. Com vantagem no marcador, o Benfica continuou a dominar o jogo com alguma facilidade, e parecia que esta final decorreria conforme o esperado.

Mas um pouco antes da meia hora parecemos abrandar um pouco, e o Paços conseguiu finalmente acercar-se da nossa área. E já deveríamos estar fartos de saber que sempre que facilitamos um pouco, ficamos ao alcance de qualquer imprevisto, como por exemplo da arte do Proença, que à meia hora de jogo, e para aí na segunda vez que até aí um jogador do Paços conseguiu entrar na nossa área com a bola controlada, decidiu, com um rigor enorme, assinalar penálti do Maxi - a propósito de penáltis, não sei se muitos terão reparado, mas para aí aos dez minutos de jogo um defesa do Paços, já com a bola longe, empurrou e derrubou ostensivamente o Saviola dentro da área, o que seria um penálti claro porque a bola ainda estava em jogo, mas como é óbvio e normal nenhum membro da equipa de arbitragem viu o lance. Felizmente para nós, o Moreira defendeu o penálti, e este lance pareceu despertar novamente a nossa equipa, que voltou a dominar o jogo, e acabou por chegar ao segundo golo a três minutos do intervalo. Depois de um livre do Carlos Martins, o Luisão tocou para o centro da área, onde surgiu o Javi com tempo para tudo, incluindo para falhar o primeiro remate e depois marcar à segunda, apesar dos esforços do Cardozo para estragar o lance. E mesmo sobre o intervalo, Proença ao seu melhor estilo, esquecendo-se do rigor com que tinha assinalado o penálti contra nós minutos antes, e fechando os olhos a um penálti claro sobre o Saviola, que foi ceifado por um defesa do Paços.

Com dois golos de vantagem e uma superioridade clara demonstrada durante a primeira parte, poucos esperariam algum sobressalto na conquista da terceira Taça da Liga. Mas esta equipa do Benfica, actualmente, está longe daquela equipa que, ainda há poucos meses atrás, nos encantou e estabeleceu um novo recorde de vitórias consecutivas. E está longe sobretudo, parece-me, no aspecto mental. É que fica-se com a sensação que à menor contrariedade a equipa treme e começa a duvidar de si própria. O que, por outro lado, deve dar bastante confiança a quem nos defronta. A contrariedade neste jogo foi um autogolo do Luisão, num lance perfeitamente controlado e sem qualquer perigo para a nossa baliza. A partir daí o jogo foi outro. O Paços passou a ter muito mais posse de bola e a jogar no nosso meio campo, enquanto que nós fomos quase inofensivos no ataque. É verdade que nunca fomos propriamente sufocados, mas quem quer que visse o jogo apostaria mais facilmente no golo do empate do que no golo da tranquilidade para o Benfica. Ao fim de uma hora de jogo veio mais uma vez (já lhes perdi a conta - eu não estou a brincar sempre que escrevo isto) a rábula das dificuldades físicas do Carlos Martins, forçando a entrada do Peixoto e a passagem do Jara para a direita. Parece-me estranho que, sendo o Jara dextro, pareça complicar muito mais o seu jogo quando passa para o lado direito. E quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final, o Benfica pareceu admitir claramente que a prioridade era conservar a vantagem mínima, fazendo entrar o Aírton para o lugar do Saviola: a substituição deu resultado, pois se o Benfica continuava a não insistir muito no ataque - ainda esboçou alguns contra-ataques que deveriam ter tido melhor finalização - a verdade é que o Paços também não voltou a conseguir pressionar tanto como vinha fazendo até então, e foi com alguma tranquilidade que se escoaram os minutos até ao apito final.

O melhor do Benfica foi o Moreira. Não foi propriamente massacrado durante todo o jogo, mas defendeu um penálti e correspondeu sempre de forma muito segura quando foi chamado, fazendo ainda uma defesa espectacular a um remate do Manuel José. Não merecia ter sido traído pelo Luisão. Bom jogo também o Fábio Coentrão, para não fugir à regra. Confiança e força de vontade nunca lhe faltam, e luta por cada bola até ao limite. Quanto ao pior, claramente o Cardozo. Aliás, a exemplo do que tem acontecido quase sempre nos últimos jogos do Benfica. Praticamente não ganha um lance a um adversário, não consegue segurar uma bola, não consegue fazer um passe em condições, anda a finalizar mal - normalmente quando tudo o resto falhava, nisto pelo menos ele acertava - e até atrapalha os colegas. E o que é pior, anda por ali tristonho, parecendo que conformado com uma qualquer má sorte que lhe pesa nas costas, em vez de lutar. Já disse várias vezes que gosto muito do Cardozo
mas sinceramente, nos últimos tempos, quando ele joga tem sido quase como jogar com um jogador a menos.

Salvio e Gaitán fazem mesmo muita falta, mas temos é que contar com quem temos. E é com estes que teremos que ser fortes e já na próxima quinta-feira começar a conquistar um lugar em Dublin. Esperemos que a conquista desta taça tenha servido para motivar e dar confiança à nossa equipa para esse jogo tão importante. E se precisarem ainda de uma pequena motivação extra, é lembrarem-se que o árbitro não será português.

quarta-feira, abril 20, 2011

Falhanço

Facto indesmentível: o Porto mereceu a vitória no jogo, porque foi a melhor equipa em campo. E o Benfica pode e deve queixar-se de si próprio por ter perdido o jogo. Quanto ao Porto ter conseguido precisamente o resultado de que necessitava para vencer a eliminatória, para isso já contribuiu um factor estranho e habitual nos últimos anos, na pessoa de um dos suspeitos do costume.

Quanto à parte que diz respeito ao Benfica, é óbvio que só pode haver culpa própria de uma equipa que tem um jogo perfeitamente controlado durante uma hora e uma vantagem de dois golos na eliminatória, porque não pode perder o controlo de tal forma que em dez minutos conceda três golos ao adversário sem praticamente esboçar reacção. Porque até ao fatídico período desses dez minutos, nada fazia prever o desfecho que o jogo teve. O equilíbrio foi sempre uma constante durante toda a primeira parte, com as duas equipas a encaixarem bem uma na outra e muito pouco espaço para se jogar, sobretudo no meio campo. Que me lembre, apenas uma oportunidade para cada lado, a do Benfica num cabeceamento do Jardel, completamente solto após a marcação de um canto, que falhou o alvo, e a do Porto depois de um erro do mesmo Jardel, a escorregar e a deixar a bola nos pés do Úlque para um contra-ataque perigosíssimo que terminou com uma defesa impossível do Júlio César ao remate do Falcao. Na segunda parte, pouco parecia ter-se alterado de início, mas depois fiquei com a sensação de que o Benfica começou a perder o meio campo, primeiro com a entrada do James para o lugar do inconsequente Micael, e depois porque o Carlos Martins começou a ficar cansado e a deixar de conseguir acompanhar o Moutinho. Foi ele quem, à vontade, fez o primeiro golo, num bom remate de fora da área depois de uma recuperação de bola do Porto, para aí na décima perda de bola do Jara por não a querer passar a ninguém. E não consigo perceber o motivo pelo qual, continuando em vantagem na eliminatória, a equipa acusou tanto o golo. Honestamente, no estádio, e olhando para o campo, fiquei com a nítida sensação de que aquele primeiro golo fez os jogadores do Porto acreditar que podiam vencer a eliminatória, e por outro lado, fez os nossos ficarem convencidos que a perderiam. Não deixo o Jorge Jesus de fora das críticas: julgo que ele também percebeu que estávamos com um problema no meio campo, e preparava-se para fazer entrar o Aimar quando sofremos o primeiro golo. O golo,
não sei porquê, -lo adiar a decisão, e quando o Aimar entrou, já perdíamos por três. A reacção final da equipa foi sobretudo em desespero de causa, e com tão pouco tempo para jogar, feita sem muita cabeça, pelo que poucas probabilidades tinha de dar algum resultado positivo.

Quanto ao 'factor X', o tal factor estranho, como de costume, basta fraquejarmos um pouco para que ele apareça. Não sei o que se terá passado ao intervalo, mas o Xistra pareceu voltar com a firme intenção de simplesmente não assinalar nada a favor do Benfica. Escrevo isto sem recurso a qualquer repetição, e com base apenas naquilo que vi no estádio, pelo que admito perfeitamente poder estar enganado, e isto ser também resultado da insatisfação pelo resultado. Não vou falar da tolerância que o Xistra mostrou sempre para os jogadores que já estavam amarelados e que continuavam a fazer faltas e a protestar a torto e a direito; vou falar apenas da cobardia que exibiu ao ver o Saviola ser agarrado quando se isolava - e viu-o perfeitamente, porque levou o apito à boca - e, quando se apercebeu que teria provavelmente que expulsar o infractor, resolveu não assinalar nada. No segundo golo do Porto, o Úlque está praticamente acampado junto à nossa baliza - responsabilidades sobretudo para o auxiliar, obviamente. E a jogada do terceiro golo começa no que me pareceu uma falta clara do Pereira sobre o Saviola quando saíamos para o ataque - foi mesmo à minha frente - mas ele continuava na fase em que não apitava nada a nosso favor. Depois do Porto ter a coisa encaminhada, assinalou um penálti a nosso favor que, sinceramente, me pareceu duvidoso.

Mas volto a dizer: a responsabilidade principal da derrota é do Benfica (e do mérito do Porto). O Xistra simplesmente ajudou a empurrar ainda mais para baixo. O Benfica não pode acusar um golo daquela forma, desorganizar-se, e deitar fora uma vantagem de dois golos no espaço de dez minutos. Simplesmente, não é admissível. E teria sempre que haver uma intervenção imediata do banco ao aperceber-se do estado das coisas. Reagir quando o mal já estava feito de pouco serviu. Isto não é uma crónica de jogo habitual, porque não me sinto em condições de fazer uma crónica habitual e está a custar-me estar aqui a escrever, não apenas pelo que se passou no jogo, pelo que peço desculpa se esta análise não corresponder às expectativas. Não vou estar sequer a escolher melhores ou piores; houve jogadores que estiveram muito mal naquele período crítico, e julgo que terá sido evidente para todos quem foram. Podemos lamentar ausências de jogadores como o Salvio ou o Gaitán, ou até mesmo a lesão prolongada do Rúben, mas se nos faltam depois opções à altura, também não será simplesmente por acaso.

Esta competição era para ganhar. Não há volta a dar-lhe, e a obrigação de a ganhar era ainda maior depois do resultado da primeira mão. Sermos eliminados é o falhanço rotundo de um dos objectivos da época, tal como a revalidação do título e mesmo a Supertaça eram objectivos. Para mim não há 'salvações de época', há objectivos, e a Taça da Liga do próximo Sábado é um deles, tal como chegarmos a Dublin é outro. Temos que saber concentrar-nos para atingir os objectivos que nos restam. E analisar seriamente as causas para os que falhámos.

domingo, abril 17, 2011

Morno

Mais uma sessão de Benfica em serviços mínimos, algo que em princípio teremos que nos habituar a ver até final do campeonato. Mas hoje até vimos esta equipa secundária estar um pouco melhor do que tinha mostrado contra Portimonense e Naval, conquistando uma vitória merecida e sem discussão.

A maior novidade no onze foi provavelmente a titularidade do Fernández pela primeira vez no campeonato. Depois foram os habituais suplentes, com ajuda dos mais 'experientes' Sídnei, Aimar, Carlos Martins e Jara. A primeira parte foi disputada a um ritmo bastante morno. Nenhuma das equipas conseguiu ou quis imprimir grande velocidade ao jogo, e creio que nem por uma vez vi o Benfica sair com velocidade para o ataque, de forma a fazer uma jogada em que não apanhasse a defesa do Beira Mar perfeitamente posicionada. Mas mesmo jogando-se quase sempre a um ritmo de fim de época, não deixou de haver oportunidades de golo, e para os dois lados. Da nossa parte, o Kardec e o Carlos Martins, ambos por duas vezes, estiveram perto do golo, tendo o Carlos Martins acertado mesmo de raspão no poste, após remate de fora da área. Do outro lado, o Júlio César teve que estar atento, e por um par de vezes evitou o golo ao Beira Mar, que ainda enviou uma bola ao poste. Após os primeiros minutos, viu-se o Benfica mudar tacticamente: tinha começado a jogar no esquema habitual, com o Carlos Martins sobre a direita e o Aimar nas costas da dupla de avançados (Jara e Kardec), mas depois passou a jogar em 4-4-2, com o Martins praticamente ao lado do Aírton, o Jara na direita e o Aimar como segundo avançado (na minha opinião, dada a ausência do Salvio, o Jara será a melhor opção para ocupar o lugar sem serem necessárias grandes alterações à nossa forma habitual de jogar). Mesmo a fechar a primeira parte, o Benfica chegaria ao golo mas, incompetente como de costume, o Elmano Santos e a sua equipa decidiram que não. O Aimar marcou um livre indirecto junto à esquina da área, a bola tocou num defesa do Beira Mar, e entrou na baliza. De alguma forma, a equipa de arbitragem não conseguiu ver aquilo que toda a gente viu, e anulou o golo, considerando que a bola tinha entrado directamente.

A segunda parte trouxe um Benfica um pouco mais decidido, que cedo deu o primeiro sinal de perigo, num remate do Kardec ao poste após uma iniciativa individual. E chegou ao golo ainda antes de decorridos dez minutos. A jogada começa num mau passe do Sídnei ainda no nosso meio campo. Ainda se ouviam assobios ao mau passe e já o mesmo Sídnei recuperava a bola, tendo esta ainda passado pelos pés do Carlos Martins e do Kardec, para depois novamente o Sídnei aparecer na pequena área para finalizar o cruzamento rasteiro da direita (aproveitando uma simulação do Aimar). Com vantagem no marcador, o Benfica continuou a dominar o jogo, e acabou por praticamente resolvê-lo a vinte minutos do final, com o segundo golo, da autoria do Jara, que sobre a direita recebeu a bola do Maxi (tinha entrado para o lugar do lesionado Luís Filipe), furou por entre a defesa do Beira Mar, e depois rematou cruzado para o poste mais distante. Foi uma espécie de golo 'à Salvio'. A perder por dois o Beira Mar tentou arriscar mais um pouco no ataque, mas o Benfica não soube aproveitá-los para ampliar a vantagem. O Beira Mar também conseguiu criar perigo, e só uma defesa incrível do Júlio César com o pé o impediu, mas depois já nada pôde fazer no último lance do encontro, quando o 'nosso' Yartey desferiu um remate indefensável à entrada da área, que resultou num grande golo.

O Júlio César esteve bastante bem em todo o jogo, evitando o golo do Beira Mar em três ou quatro ocasiões, e não merecia sofrer um golo mesmo a acabar. Gostei também de ver o Carole, que me parece poder ter algo a oferecer ao Benfica à medida que se for integrando e ganhando confiança. O Carlos Martins foi dos mais activos e rematadores na primeira parte, mas foi perdendo fulgor à medida que o cansaço foi aumentando. O Jara também não esteve mal, marcou um bom golo, e tem aquela qualidade de lutar sempre até ao limite mesmo quando as coisas não correm pelo melhor. Pareceu-me também que a equipa melhorou com as entradas do Peixoto e do Maxi no jogo.

Hoje foi-nos permitido, para além de ver os jogadores do Benfica menos utilizados, voltar a verificar a péssima qualidade do Elmano Santos como árbitro. Até num jogo fácil como este, ele conseguiu complicar e cometer erros grosseiros, mostrando uma dualidade de critérios gritante no que diz respeito às faltas assinaladas. Parecia que estava a ver se conseguia provocar os jogadores do Benfica ao ponto deles perderem a cabeça e dar-lhe um motivo para expulsá-los. Quanto ao jogo em si,
a obrigação de vencer foi cumprida sem grandes sobressaltos. Agora é prepararmo-nos para os três jogos decisivos que aí vêm.

quinta-feira, abril 14, 2011

Qualidade

Ainda apanhámos um pequeno susto e foi necessário sofrermos um pouco, mas a nossa qualidade acabou por vir ao de cima e, assim, carimbámos a esperada e desejada passagem às meias-finais da Liga Europa.

Com uma vantagem confortável no bolso, o Benfica entrou de forma descomplexada no jogo, parecendo apostado em marcar cedo um golo que dissiparia quaisquer dúvidas ténues que ainda pudessem existir sobre o desfecho da eliminatória. O PSV, algo surpreendentemente, considerando-se que teria que marcar pelo menos três golos, apareceu a jogar praticamente em contra-ataque, preferindo dar a iniciativa de jogo ao Benfica para depois tentar explorar saídas rápidas em contra-ataque. Mas mais uma vez, revelava insegurança na defesa, sobretudo quando os seus jogadores eram pressionados. Para termos uma noite tranquila, eu pensava que o ideal seria marcarmos primeiro, ou então não sofrermos um golo durante o primeiro quarto-de-hora do jogo. Durante esse período, o Benfica teve pelo menos duas boas oportunidades para marcar, pelo Gaitán, e pelo Saviola, este após interceptar um mau passe de um defesa. O PSV, nem sequer ameaçou a nossa baliza, mas marcou mal findou este período, numa das primeiras vezes que foi à frente. Foi precisamente num contra-ataque rápido, conduzido pela direita, finalizado com um centro para o segundo poste, onde apareceu o Dzsudzsák a marcar.

O golo motivou o PSV, mas nem assim me pareceu que tivesse tomado conta do jogo, pois continuou a apostar na mesma estratégia de esperar pelo Benfica no seu meio campo, e depois lançar contra-ataques rápidos com bolas metidas para as costas da defesa (onde, por diversas vezes, o Lens caía em fora-de-jogo). Mas as coisas complicaram-se mais para o nosso lado, primeiro porque ficámos sem o Salvio, que foi obrigado a sair por lesão (já jogava inferiorizado desde os sete minutos), e depois, porque o PSV, oito minutos depois do primeiro golo, fez o segundo. Eu não tenho dotes de adivinho, mas juro que quando vi o Carlos Martins (que tinha entrado para o lugar do Salvio) a pastelar com a bola no nosso meio campo defensivo comecei logo a torcer o nariz. O que se seguiu foi um passe em esforço para o Saviola, uma perda de bola, e no contra-ataque o Lens, à segunda (depois do Roberto ter defendido o primeiro remate) fez o golo. Após apenas vinte e cinco minutos de jogo, o PSV via-se na situação de ter que marcar apenas mais um golo para seguir em frente. O Benfica acusou a situação e tremeu um pouco, quase sofrendo mesmo um terceiro golo depois de um erro do Maxi, mas nos minutos finais pareceu acalmar novamente, acabando por chegar ao golo no último lance da primeira parte. Aproveitando uma má saída do guarda-redes Isaksson a um livre marcado da direita pelo Carlos Martins, o Luisão controlou a bola e, sem a deixar cair, com um remate à meia volta colocou-a junto ao ângulo superior da baliza, levando-a ainda a tocar na barra. Este terá sido o momento decisivo do jogo.

A segunda parte, conforme seria natural, mostrou que o PSV tinha acusado muito o golo sofrido, enquanto que o Benfica voltou mais confiante, e apostado em controlar a posse de bola e reduzir o ritmo do jogo, o que foi conseguindo sem grande dificuldade, já que o PSV não arriscava muito para pressionar os nossos jogadores. Com tempo e espaço para construir as suas jogadas de ataque com calma, o Benfica foi-se aproximando da baliza holandesa, e já depois de uma ameaça séria num remate do Gaitán, acabou por beneficiar de um penálti pouco após a passagem da hora de jogo, por falta clara sobre o Peixoto - não se percebe porque é que o Marcelo, autor da falta e já amarelado, continuou em jogo. O Cardozo converteu o penálti (se calhar pode-se dizer que foi mal marcado, já que a bola entra rasteira a meio da baliza, mas para mim qualquer penálti que resulte em golo é bem marcado) e acabou com todas as dúvidas sobre quem passaria às meias-finais, já que ao PSV seria necessário marcar quatro golos em menos de meia hora. Daqui até final, foi apenas torcer para que o Benfica ainda conseguisse vencer o jogo, já que o PSV praticamente entregou-se, e apenas num livre do Dzsudzsák obrigou o Roberto a esforçar-se, mas o Benfica também não me pareceu particularmente preocupado em forçar muito à procura de mais um golo.

Entre os melhores, destaque para o César Peixoto (não, não é engano). Esteve tacticamente muito disciplinado, quer nas trocas de posição e dobras ao Coentrão, quer na ajuda à zona central do meio campo. E ainda ajudou bem no ataque, sendo o lance do penálti cometido sobre ele um exemplo. Bom jogo também do Luisão, que mais uma vez apareceu no momento certo para marcar um golo decisivo. Gostei também bastante do jogo do Javi García.

A lamentar neste jogo temos a lesão do Salvio, que pelos vistos o poderá afastar da equipa numa altura em que teremos tantos jogos decisivos. Temos agora o Braga entre nós e a final de Dublin. Infelizmente, e ao contrário do que o sorteio tinha ditado, a ordem dos jogos foi invertida e teremos que jogar a segunda mão fora. Mas como o jogo é organizado pela UEFA, e não deverá ser arbitrado por um qualquer Sousa ou Xistra, esta inversão da ordem dos jogos já não me preocupa tanto.

domingo, abril 10, 2011

Miserável

Exibição miserável da segunda equipa do Benfica, e consequente e natural derrota miserável, frente a uma das mais miseráveis equipas da Liga. Bem sei que as prioridades do Benfica são outras, e compreendo que se poupem jogadores e se faça alinhar uma equipa como a desta noite. Mas isso não significa que estes jogadores não tenham a obrigação de fazer melhor, ou não fizessem eles parte do plantel do Benfica.

Foi de facto, a exemplo do jogo com o Portimonense, uma equipa completamente secundária aquela que o Benfica apresentou de início esta noite. Sídnei, Carlos Martins e Jara eram aqueles que costumam ser mais vezes chamados à titularidade, mas depois, começando com o Júlio César na baliza, daí para a frente vimos Luís Filipe, Carole, Roderick, Aírton, Meneses, Peixoto e Kardec. E a verdade é que pouco ou nada fizeram para mostrar que não merecem o estatuto de suplentes. Eu nem sei bem o que escrever sobre o jogo. Foi de tal forma mal jogado e desinteressante que tive muita dificuldade em manter-me atento. Muito má a forma como a nossa equipa quase nunca mostrou, durante todo o jogo, capacidade para ultrapassar uma (má) defesa em linha, pura e simplesmente porque os jogadores caíam em posição de fora-de-jogo e depois deixavam-se lá ficar. Foram tantas as vezes que isto aconteceu que ao fim de algum tempo já me parecia que os auxiliares já assinalavam sempre fora-de-jogo, mesmo quando este não existia. A Naval chegou ao golo aproveitando uma saída infeliz do Júlio César, após um livre da esquerda da nossa defesa. O golo tanto podia ter surgido para uma como para a outra equipa, porque o equilíbrio foi a nota dominante - e quando uma equipa do Benfica faz um jogo equilibrado com a Naval, creio que está quase tudo dito sobre a qualidade do nosso jogo. O empate surgiu pelo Kardec, que desviou de cabeça um canto marcado pelo Carlos Martins, e o empate ao intervalo era um reflexo justo daquilo que se passou na primeira parte.

A segunda parte nada trouxe de novo. Pareceu-me que o Benfica teve um pouco mais de bola, mas o equilíbrio continuou a ser a nota dominante, com muita falta de qualidade no passe e muita disputa no meio campo. Mais foras-de-jogo para o Benfica (alguns deles muito mal assinalados, mas conforme disse, os nossos jogadores estavam tantas vezes acampados que aquilo já devia ser reflexo do auxiliar).
Até tivemos também a tradicional cena do Carlos Martins sair lesionado/tocado e tudo. Tentando alterar alguma coisa, ainda lançámos mão do Salvio e do Aimar (e também do Weldon), mas pouco mudou. Perto do final, o Naval marcou mesmo, num lance em que ainda antes da bola chegar aos pés do jogador que fez o remate, já eu estava a reclamar com o Roderick, tamanha foi a displicência com que abordou a jogada. Aproveitando o facilitismo na zona central da defesa, o jogador da Naval teve todo o tempo de que precisou para colocar o remate da zona da meia-lua. O Benfica ainda esboçou uma reacção, e no minuto seguinte atirou uma bola ao boste, pelo Sídnei após um canto. E no último lance do jogo, uma situação que espelha perfeitamente o jogo: após, finalmente, uma jogada em que ultrapassámos a defesa em linha da Naval (com um passe do Aimar), o Luís Filipe viu-se completamente isolado em frente ao guarda-redes. Teve tempo para tudo: parar, tirar as medidas à baliza, ver a posição do guarda-redes e escolher para onde queria mandar a bola. E revelando uma frieza imperturbável, conseguiu chutar a bola direitinha ao guarda-redes (deve ter fechado os olhos, posto a língua de fora, e cá vai disto).

Não sei quem foram os melhores do Benfica, nem quero saber. É que não consigo mesmo escolher. Só consigo dizer que fiquei triste com muito do que vi.

O jogo não contava para quase nada, e conforme disse, compreendo as escolhas, tal como as compreendi no jogo com o Portimonense. Mas o facto do jogo não contar para quase nada não desculpa tudo aquilo que vi em campo. Mesmo sendo segundas escolhas, aqueles jogadores podiam e tinham a obrigação de fazer melhor do que aquilo que fizeram.

sexta-feira, abril 08, 2011

Luxo

Creio que se disser que a vitória do Benfica sobre o PSV por quatro a um é um resultado escasso para aquilo que se viu em campo, isso dará uma ideia bastante aproximada do quão superior foi o Benfica ao PSV esta noite. Quatro foram os que entraram, e terão ficado talvez no mínimo outros quatro por marcar. Uma grande noite europeia, com exibição de luxo num Estádio da Luz cheio.

Com o regresso do Maxi à direita, o Benfica alinhou com o seu onze base desta época, apenas com uma alteração no centro da defesa, onde o Jardel ocupou o lugar que habitualmente é do Sídnei. O Benfica iniciou o jogo de forma a não deixar quaisquer dúvidas sobre as suas intenções: carregar sobre o adversário e construir um resultado que nos permitisse uma segunda mão descansada. E percebeu-se cedo que o PSV teria muitas dificuldades para lidar com a nossa velocidade e movimentação no ataque, onde, com o apoio importante dos laterais, os nossos argentinos iam fazendo a cabeça em água à defesa adversária. Aos sete minutos, o Saviola criou a primeira grande ocasião, atirando ao poste depois de uma bonita rotação, e motivando ainda mais o Benfica para um pressão constante sobre o PSV, que só ao fim dos primeiros vinte minutos conseguiu respirar um pouco. Mas foi como se o Benfica tivesse abrandado durante dez minutos apenas para ganhar fôlego para um novo assalto à baliza holandesa. O mote foi dado por um grande remate do Cardozo, a proporcionar uma grande defesa ao guarda-redes, e a partir daí a pressão foi sempre muito intensa até ao intervalo. O golo adivinhava-se a qualquer momento, e a bola até chegou a entrar na baliza, mas o Cardozo estava deslocado. Mas aos trinta e sete minutos valeu mesmo: depois de uma boa combinação entre o Coentrão e o Gaitán na esquerda, o centro rasteiro deste não chegou ao Cardozo, mas a bola ficou solta na área, onde surgiu o Aimar a rematar de primeira entre os defesas para o primeiro golo. O golo não fez diminuir a intensidade do nosso jogo, e o ataque constante continuou, sendo recompensado mesmo sobre o apito para o intervalo com mais um golo (numa altura em que alguns 'impacientes' já se dedicavam à sua actividade favorita de assobiarem a sua própria equipa). Primeiro, foi o Maxi que passou por toda a gente na direita, mas de forma incrível não conseguiu oferecer o golo ao Saviola ou ao Cardozo; depois, no seguimento da jogada, a bola viajou até à esquerda, houve nova combinação entre o Gaitán e o Coentrão, e este centrou rasteiro para a entrada da pequena área, onde o Salvio finalizou com classe, fechando da melhor maneira a primeira parte.

A segunda parte trouxe mais do mesmo, com o Benfica a carregar sempre, e o PSV a conseguir pouco mais do que ver-nos jogar. Após seis minutos, e já depois de termos ameaçado a baliza do PSV por duas vezes, chegou o terceiro golo, numa iniciativa do Salvio pela direita, que depois de ganhar um ressalto a um defesa, fintou um segundo e rematou cruzado para o poste mais distante. O resultado dilatado forçou o PSV a tentar vir para a frente (incrivelmente, apesar de todos os buracos que o Benfica conseguia abrir naquela defesa, o PSV estava a tentar jogar com algumas cautelas defensivas). Conseguiram assim aproximar-se um pouco mais da nossa baliza, mas ao mesmo tempo abriram ainda mais espaços atrás, e de cada vez que o Benfica recuperava a bola e saía para o ataque dava a sensação de que poderia chegar mais um golo. O Saviola e o Cardozo estiveram ambos mais uma vez perto do golo, mas o argentino rematou por cima num lance, e cabeceou contra um defesa no outro, enquanto que o paraguaio viu o guarda-redes negar-lhe o golo com uma defesa incrível. E quando nada fazia crer que o conseguisse, o PSV conseguiu marcar, numa recarga à boca da baliza, aproveitando uma bola cruzada da esquerda que o Roberto não conseguiu agarrar. Faltavam dez minutos para o final, e o Benfica ainda reagiu e procurou mais um golo, que veio a conseguir já no período de compensação (e mais uma vez debaixo dos assobios dos 'impacientes' - a sério, se é para se chatearem, que tal ficarem em casa?) Mais uma grande incursão do incansável Maxi pela direita, que evitou um defesa e depois colocou a bola nos pés do Saviola. Este, de costas para a baliza, rodou sobre o seu marcador e finalmente marcou o golo que procurou durante todo o jogo - e bem o mereceu.

Muitos jogadores do Benfica em grande plano esta noite, mas a minha escolha pessoal vai para o Maxi Pereira. Não marcou nenhum golo, mas deu-os a marcar. Esteve imparável durante todo o jogo no apoio ao ataque, e praticamente nem se deu pelo seu opositor directo - Dzsudzsák, que é apenas o melhor jogador do PSV. No lado oposto, o Coentrão esteve ao nível a que já nos habituou a todos. Já mencionei a importância dos argentinos neste jogo, em particular do trio Aimar, Saviola e Salvio. O Aimar foi perdendo alguma frescura física, mas marcou o primeiro golo e foi quase sempre nos pés dele que as nossas jogadas de ataque começaram. O Salvio foi um parceiro à altura do Maxi, e os dois juntos fizeram a cabeça em água ao PSV. Marcou dois golos, e ainda ofereceu aos colegas oportunidades para marcar. O Saviola bem mereceu o golo que marcou, depois de ter estado algo infeliz na finalização. A forma como se movimentou e abriu espaços e linhas de passe para os colegas foi uma das principais chaves da dinâmica atacante do Benfica. Menções ainda para o Javi e a dupla de centrais, onde o Jardel mostrou grande segurança.

Demos um passo muito grande a caminho das meias-finais. Sei que o PSV costuma ser bem mais forte no ataque quando joga em casa, mas a julgar pela forma como defende, será preciso o Benfica ter uma noite muito desinspirada para que não consiga fazer golos em Eindhoven.

domingo, abril 03, 2011

Erros

Acabou tudo da pior forma, e permitimos que eles festejassem o culminar da golpada no nosso estádio. Foram demasiados os erros individuais e tácticos, e depois de praticamente oferecermos a primeira parte de vantagem, não tivemos cabeça nem sorte para recuperar. Para além disso, não serão muitas as equipas capazes de limpar a cabeça e recuperar da forma como o Benfica praticamente entrou no jogo a perder, com o adversário a marcar sem sequer ter rematado à baliza.

Um dos grandes problemas para o Benfica neste jogo seria sempre a ausência do Maxi. Compreende-se que não se tenha arriscado, já que o jogo com o PSV é mais importante, mas o Airton não foi uma boa solução. O Benfica foi uma equipa coxa, atacando muito mais pelo lado esquerdo, e mesmo em termos defensivos foi sempre pelo lado do Airton que tremeu mais. Depois, custou-me compreender a repetição do erro táctico que já nos tinha custado duas derrotas frente a este adversário: contra uma equipa que mete tantos jogadores no meio campo (até o avançado-centro recua) o Benfica não se pode dar ao luxo de jogar em 4-1-3-2 e deixar aquela zona praticamente entregue ao Javi sozinho. Sempre que este é ultrapassado, fica uma enorme clareira à frente da defesa, por onde aparecem múltiplos adversários. Jogar com dois médios no centro deve ser o mínimo. Claro que com mais ou menos médios, nada pode prever que o Roberto tenha um erro brutal daqueles e, com um autogolo, deixe o adversário em vantagem ainda antes dos dez minutos de jogo. É que nem foi um remate à baliza: foi um cruzamento tirado junto à linha de fundo, e de alguma forma que eu nem percebi a bola bate no Roberto e entra na nossa baliza (também não quero ignorar a forma como, no início do lance, o Javi parece ter tudo sob controlo à entrada da área e acaba por perder a bola). Indicação mais clara de que a noite iria correr mal era difícil.

Ainda assim, pouco depois do primeiro quarto de hora, o Benfica conseguiu empatar, através de um penálti convertido pelo Saviola, depois de um eventual puxão ao Jara dentro da área (escrevo 'eventual' porque confesso que no estádio não me apercebi da falta, e obviamente que não tenciono ver quaisquer imagens deste jogo). Mas não soube aproveitar alguma motivação que pudesse sair deste lance; o Porto reagiu bem, e menos de dez minutos passados voltou à vantagem. Depois de uma perda de bola do Benfica, aproveitou o enorme espaço dado no meio campo (fiquei com a sensação de que o Guarín teve todo o tempo e espaço do mundo para progredir com a bola, e escolher o momento de passá-la ao Falcao), e o lance acabou com o penálti clássico (e evidente) do guarda-redes sobre o avançado, que foi convertido pelo Úlque. Pareceu-me sempre que os nossos jogadores lidaram mal com a pressão feita quase no campo inteiro pelos jogadores do Porto, e acumularam erros e más decisões por causa disso. No último quarto de hora o Benfica mostrou algum inconformismo, mas o Porto nunca se desorganizou. Depois, ao contrário da eficácia do adversário, o Saviola conseguiu permitir a defesa ao Hélton num lance em que parecia ser mais fácil fazer o empate.

Sem surpresas, o Benfica voltou para a segunda parte com duas alterações (saídas do Jara e Aimar, entradas do Peixoto e do Cardozo), e organizado em 4-4-2. Mas o mal já estava feito. Foi mesmo o Porto quem começou com uma boa oportunidade, após (mais) um erro do Javi, que escorregou e perdeu a bola numa zona proibida, valendo o pé do Roberto a defender o remate do Falcao. A resposta do Benfica foi dada pelo Saviola, que viu o seu remate ser defendido em dificuldade pelo Hélton. Para não variar, a seguinte grande oportunidade do Porto voltou a surgir graças a um erro tremendo: desta vez foi o Sídnei que chutou a bola contra o Falcao e este, isolado, não acertou na baliza. Salvo algum lance de inspiração individual não me parecia, nesta altura, que o Benfica conseguisse inverter a situação. Mas a vinte minutos do final o Otamendi foi expulso, e o Benfica ganhou novo fôlego (mesmo que nesta altura já jogasse com o Sídnei a lateral direito). O Porto encostou-se mais trás, deixando o Úlque sozinho na frente, e o Benfica aproveitou para pressionar mais, mas fazendo tudo muito mais com o coração do que com a cabeça. O Cardozo teve uma oportunidade flagrante, mas na pequena área acabou por cabecear à figura do guarda-redes. E a cinco minutos do final, fez-se expulsar de forma estúpida, por agressão. Já nos descontos, oportunidades para os dois lados. Primeiro o Sídnei, solto na direita, permitiu a defesa do Hélton, e depois o Gaitán na recarga acertou no poste. Depois foi a meretriz uruguaia que conseguiu isolar-se, mas desta vez o Roberto fez uma defesa enorme.

Melhores no Benfica, talvez o Coentrão e o Saviola. Piores, podiam ser quase todos os outros. Em particular, Airton (tem a atenuante de não ser de forma alguma defesa lateral), Javi, Sídnei ou Roberto (por razões óbvias - mesmo contando com as duas grandes defesas que fez depois, não é admissível marcar um autogolo daqueles).

E pronto, este capítulo está fechado. Agora é pensar em ganhar o importante jogo de quinta-feira contra o PSV, e tentar fazer da Taça de Portugal uma competição mais limpa.

P.S.- Sei que porventura muitos discordarão comigo nisto, mas não posso deixar de criticar o que foi feito após o fim do jogo. Claro que não é agradável ver aquela gente a festejar no nosso estádio, mas eu prefiro simplesmente ignorá-los. A indiferença é a resposta mais digna. Quando o jogo acabou, aplaudi a minha equipa e os meus jogadores, gritei pelo Benfica, e depois voltei as costas e fui-me embora. Já disse várias vezes que nem sequer os considero rivais; são um adversário de ocasião, e quando o merceeiro que comanda a pandilha de vigaristas de bairro for inevitavelmente derrubado pelo tempo (que não há fruta que o compre), ao bairro voltarão. O que me disseram que se passou no nosso estádio depois do apito final (não o vi pessoalmente, porque já lá não estava) em nada dignifica o Benfica.
Para mim, aqui aplica-se exactamente o mesmo princípio daquele ditado sobre não discutir com um idiota. Se descemos ao nível deles, eles ganham-nos em experiência.