segunda-feira, outubro 30, 2006

Patético

E eis que os patetas que elaboram os comunicados do FCP nos presenteiam com mais uma obra de arte cómica. Agora sairam-se com uma acusação de premeditação na lesão do Anderson. Este comunicado é uma autêntico manifesto da arte da hipocrisia, da mentira e da pequenez. Além de que tem partes que me levam a duvidar se os seus autores estariam num estado pleno de lucidez quando o elaboraram.

"O futebol é um desporto que costuma destacar os melhores artistas, aqueles nos surpreendem repetidamente e enchem estádios, reforçando a magia do espectáculo. Anderson é um desses craques. O prodígio do F.C. Porto diverte-se com uma bola nos pés e encanta quem dirige o olhar para a sua arte. Anderson é um valor que o jogo deve proteger."

Estranhamente, nunca vi tais preocupações da parte das agora virgens ofendidas em relação à protecção de, só para citar alguns dos nossos jogadores tradicionalmente mimoseados pelos 'artistas' que sempre grassaram pelo plantel das Antas com marcações especialíssimas, Simão ou JVP. Eu percebo até que estejam à viva força a tentar criar um 'prodígio' (cujas maiores contribuições durante a meia-hora que esteve em campo foram esbugalhar os olhos de cada vez que fez um passe, e atirar-se para cima do Léo e sacar uma falta perto da área), à custa de muito repetirem a palavra 'magia' de cada vez que o jogador em questão cospe para o lado ou efectua um lançamento de linha lateral, mas este tipo de discurso vindo de quem vem nem sequer chega a soar a falso. É pura e simplesmente risível.

"Este sábado, porém, Anderson foi vítima da violência de uma equipa que, a ter em conta a folha disciplinar, não é propriamente bem comportada. Os dados da Liga Portuguesa de Futebol Profissional não mentem: Mesmo com um jogo em atraso, a tal equipa «vítima» já somou 25 cartões amarelos e cinco vermelhos e tem o segundo pior registo do campeonato 2006/07. Sintomático."

Exacto. Sobretudo quando se recebem arbitragens encomendadas (vá-se lá saber por quem) que em jogos sem qualquer espécie de violência conseguem mostrar um total de dezoito cartões, é fácil ter um registro disciplinar péssimo. Enquanto uns são expulsos por bater palmas, outros há que se viram para o mesmo juíz e o saúdam jovialmente com um 'Vai tomar no cu, seu filho da p...' e seguem cantando e rindo dentro do campo. A diferença parece ser que o vermelho das nossas camisolas estimula a agressividade e intolerância dos juízes, enquanto que o azul os acalma e suaviza, deixando-os mansos como cordeiros, e cegos e surdos para o que os rodeia.

"O que se passou ontem no Estádio do Dragão foi mais um atentado ao futebol espectáculo, uma coincidência lamentável que roubou ao desafio um dos seus maiores pólos de interesse. Precisamente como na temporada passada, no mesmo local do terreno, no meio-campo, junto aos bancos de suplentes, o jogador que mais podia desequilibrar foi intencionalmente atingido com violência por um grego, confirmando a teoria de quem vê estes casos como manobras planeadas. Há um ano foi Lisandro Lopez, derrubado ao minuto 21. Desta vez foi Anderson, ao minuto 31. E o cenário de coincidência sai reforçado com nova constatação: o árbitro era o mesmo e a opção de não sancionar o lance e o agressor, da mesma nacionalidade e adquirido na respectiva época, foi decalcada..."

Aqui eu acho que os autores foram demasiado ambiciosos. Quiseram ser tão irónicos, tão irónicos que acabaram por escrever algo que ninguém percebe. O que é que eles querem dizer com isto? Que existe alguma vendetta por parte dos futebolistas gregos contra os jogadores do FC Porto? Será recalcamento pela eliminação do Panathinaikos há três anos? Porque é que o facto de ter sido um grego a lesionar o Anderson confirma '
a teoria de quem vê estes casos como manobras planeadas'? Será que os gregos contratados pelo Benfica têm uma cláusula no contrato que exige que mandem um jogador portista para o estaleiro, senão não recebem? Ou será que o Benfica, sabendo do temperamento explosivo e agressivo dos gregos contra as camisolas azuis (é preciso ver que nenhum dos clubes de topo na Grécia equipa de azul, apesar das suas cores nacionais serem o azul e o branco), os contrata já na premeditação de que quando chegar o jogo contra o FCP, é certo e sabido que eles vão à viva força tentar chacinar os artistas portistas? O facto de ser junto ao nosso banco de suplentes também não é inocente. Porque como é óbvio, a brutalidade grega por si só não é suficiente: eles ainda por cima são incitados pelo nosso banco a fazer aquilo mal a vítima potencial tem o azar de passar ali próximo. Aliás é pena que a SportTV não tenha mostrado uma imagem do nosso banco antes do lance, onde o Veiga e o Fernando Santos agitavam panos azuis com a foto do 'prodígio' na direcção do Katsouranis (e o ano passado do Karagounis). E depois em câmara lenta é possível ver o efeito que isto teve no nosso jogador: de dentes cerrados e olhos vermelhos de raiva, ele investiu sobre a pobre criança indefesa que brincava pacíficamente com a bola, com a intenção específica de lhe partir o perónio (são muito cirúrgicos estes gregos: basta encomendar a lesão desejada que eles entregam-na na hora). E depois ainda a pièce de résistance: há um ano o Lisandro era o jogador que mais podia desequilibrar. Fica assim justificada a derrota do ano passado. Ah, valentes! Para terminar em beleza:

"Estas sim são situações que devem ser definitivamente banidas do futebol. Se, todavia, continuarem a repetir-se, sem a resposta célere e adequada dos órgãos competentes, ninguém poderá acusar o F.C. Porto de deixar de apostar em artistas que ajudam a encher o campo dos adversários, para passar a apostar em atletas robustos capazes de resistir à violência e dançar ao som da mesma música."

Sim, porque a história recente do FC Porto está recheada de florzinhas de estufa. Jogadores como André, João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Paulinho Santos, Costinha, e tantos, tantos outros que se os fôssemos recordar ficaríamos aqui a noite toda eram nada mais que 'artistas' do mais fino recorte técnico. Porque o Porto nunca, nunca (homessa!) usou nem abusou da intimidação física a adversários e árbitros. O Porto nunca moveu "marcações" (assim mesmo, entre aspas porque aquilo assemelha-se mais a caças ao homem) especiais a jogadores influentes do adversário. O Porto sempre foi um exemplo de fair-play e correcção, e sempre desejou ver todos os 'artistas', mesmo dos adversários, em campo. Tem piada, não os vi muito preocupados com a ausência do Miccoli neste jogo. É que por exemplo, há um par de anos, quando o Deco ficou suspenso para a Luz, lembro-me do Camacho vir dizer que achava um exagero e esperava que ele pudesse jogar. Mas parece que a definição de 'artista' que está em causa aqui inclui uma cláusula em letra miudinha que diz 'por artista, entenda-se qualquer jogador que jogue de azul e branco'. Pensava que era difícil haver situações mais caricatas a envolverem o FC Porto do que o seu presidente a apelar à pacificação do futebol português, e a tentar acusar outros de corruptos. Afinal enganei-me, a hipocrisia parece fazer parte dos estatutos deles.

Eu até sei onde é que eles querem chegar com isto. Querem obviamente ver se conseguem suspender o Katsouranis. Mas só uma pessoa tresloucada consegue ver naquele lance qualquer premeditação do nosso jogador. O lance é duro, e isso é inegável, mas lances duros há-os em quantidade durante um jogo. O Katsouranis entra ao lance com a intenção de jogar a bola, e consegue-o mesmo, infelizmente atingindo o Anderson (depois ainda me pergunto como é que uma equipa médica manda um jogador com a perna fracturada de volta para dentro do campo, mas enfim, os nossos médicos é que são mesmo maus). Mas eles, talvez habituados à mentalidade que grassa naquela casa, não conseguem conceber que um jogador não queira lesionar um adversário intencionalmente, e que não queira mesmo é pô-lo fora do jogo.

É nestas pequenas coisas que se revela a pequenez daquele clube. Porque por mais que ganhem, ainda não sabem ganhar.

domingo, outubro 29, 2006

Injusto

Uma tremenda injustiça. É o comentário possível ao resultado desta noite. E apesar de alguma infelicidade, o Benfica deve sobretudo queixar-se de si mesmo por não ter conseguido sair do Dragão com o empate, ou até mesmo a vitória.

Antes do jogo especulou-se sobre se o nosso treinador apostaria no Kikin ou no Paulo Jorge para o onze titular. Ele acabou por apostar em ambos, fazendo a equipa alinhar num esquema mais próximo do 4-2-3-1. Infelizmente acabou por ser uma aposta duplamente falhada, uma vez que ambos estiveram pouco inspirados, e aliás foi notória a subida de rendimento da equipa após as suas substituições. O Benfica começou muito mal o jogo (ou podemos dizer que foi o FC Porto quem o começou bem). O meio-campo foi muito permissivo, a equipa defendeu mal, permitindo grandes espaços aos jogadores adversários, e o ataque praticamente não exisitiu, pelo que assistimos a um assalto continuado do Porto à nossa área. O resultado disto foi que aos vinte minutos de jogo já estávamos com dois golos de desvantagem, isto depois de o Quim já ter salvo um remate à queima roupa do Lucho. O primeiro golo é um autêntico 'chouriço' do Hélder Postiga (ou será que o golo deve ser atribuído ao Lisandro?). Já o segundo, foi um golo bastante bonito, mas fico sempre com a dúvida se aquilo foi intencional, ou se foi um 'centro-remate'. De qualquer forma, o que conta é que a bola entrou. E tendo em conta aquilo que estava a ver, cheguei a temer que o Porto não ficasse por ali.

Mas a partir da meia-hora de jogo o Benfica começou finalmente a acalmar, a trocar a bola, e a aproximar-se da baliza adversária com perigo. Isto acontecia sobretudo através de iniciativas do Léo e do Simão (e por vezes do Paulo Jorge) pelo lado esquerdo do nosso ataque, explorando as (muitas) lacunas defensivas do lateral-direito do Porto, o uruguaio Fucile. Fomos infelizes ao não conseguir marcar um golo durante esses últimos quinze minutos da primeira parte, mas também tal aconteceu muito por mérito do Hélton, que com duas grandes defesas negou o golo ao Kikin e ao Paulo Jorge. Quando o árbitro apitou para o intervalo já me sentia um pouco mais confiante, já que acabámos os primeiros quarenta e cinco minutos a controlar o jogo, e a carregar sobre o adversário. O problema é que já lhes tínhamos dado dois golos de avanço...

A segunda parte iniciou-se com uma tendência semelhante à da primeira, sendo o Benfica quem revelava maior controlo das iniciativas de jogo, enquanto que o Porto se mostrava numa posição naturalmente mais expectante, e a tentar explorar o contra-ataque. A sensação que eu tinha ao ver aquilo era a de que se o Benfica marcasse, o Porto iria tremer muito. O Fernando Santos acabou por mexer na equipa ainda durante os primeiros quinze minutos, retirando as 'apostas' Paulo Jorge e Kikin, entrando para os seus lugares o Nuno Assis e o Mantorras, e passando assim a equipa a jogar num esquema mais próximo do 4-3-3. E no minuto imediatamente a seguir à entrada do Mantorras o Benfica marcou. Foi na sequência de um canto do Simão na direita, com o Katsouranis a surgir ao primeiro poste antecipando-se ao Fucile (sem surpresas...) e cabeceando para as redes. Confesso que cada vez me agrada mais este grego. É um jogador bastante completo e muito disciplinado tacticamente, sendo que neste momento só me parece que precisa de ter um pouco mais de segurança no passe.

Se o Benfica já estava na mó de cima antes do golo, a partir daqui o nosso domínio começou a ser muito mais evidente. Agora era o Porto quem já quase não conseguia atacar, e limitava-se praticamente a repelir as nossas investidas. Entusiasmei-me com o futebol que jogávamos, com a bola a circular muito em passes curtos entre os nossos jogadores, sempre em progressão. O Léo continuava muito activo no lado esquerdo, e do outro lado era o Nélson quem começava a surgir cada vez mais no apoio ao ataque, forçando até o treinador do Porto a substituir um dos extremos de forma a tentar travar estas investidas dos laterais. E golo surgiu com uma certa naturalidade, após uma solicitação do Mantorras para o Nélson na direita, que centrou de primeira para o golo do Nuno Gomes (e vão três assistências consecutivas do Nélson nos últimos três jogos do campeonato). Fiquei obviamente contente com o empate, mas confesso que tendo em conta a forma como o jogo decorria, desejei que não abrandássemos, e fôssemos em busca da vitória. Infelizmente tal não aconteceu. Pareceu-me que o Benfica abrandou um pouco, e apesar de a esse abrandamento não ter correspondido um regresso do Porto ao ataque, a verdade é que deixámos de jogar tanto no meio-campo adversário. Depois no último minuto veio aquilo que todos sabemos: um golo perfeitamente idiota quase às três tabelas, no seguimento de um lançamento de linha lateral, e que me deixou com um profundo sentimento de injustiça.

A mim custa-me muito perder um jogo em que fiquei com a sensação que não fomos inferiores ao adversário, e fomos até a melhor equipa durante longos períodos do jogo. Mas conforme disse, só nos podemos queixar de nós próprios. Num jogo destes não se pode dar meia-hora e dois golos de avanço ao adversário. E pior ainda, depois de incrivelmente melhorarmos o nosso rendimento ao ponto de recuperarmos dessa desvantagem, não se pode sofrer um golo estúpido daqueles no seguimento de um lançamento lateral. É preciso não esquecer que o Bruno Morais apareceu completamente sozinho junto à baliza a cabecear. Mas confesso que apesar da tristeza, por outro lado me sinto cada vez mais confiante nas capacidades desta equipa. O que o Benfica fez hoje, ao reagir à adversidade, encostar o Porto lá atrás, mandar no jogo e recuperar de dois golos de vantagem em casa do adversário não é algo que se deva menosprezar. Esta derrota custou, mas não é o fim do mundo. Estamos a seis pontos do primeiro lugar, temos um jogo a menos, e ainda há muito campeonato para jogar. Eu acredito nos nossos jogadores, e acredito que isto vai ao lugar.

P.S.- Esta crónica hoje está sem fotos, porque os simpáticos senhores do FC Porto responsáveis pela organização do jogo resolveram não dar a acreditação à Isabel Cutileiro para que fizesse a reportagem fotográfica no Estádio do Dragão, e assim nos presenteasse com as suas habituais excelentes fotografias. Pelos vistos terem lá 50.000 sócios azuis e brancos a apoiá-los não era suficiente, e tiveram receio de deixar entrar uma benfiquista que fosse.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Jantar - Parte IV

Os bons hábitos são para se manter. Por isso mesmo a comissão organizadora (eu, o S.L.B. e o Pedro F. Ferreira (não fomos eleitos para isto, apenas tomámos o poder de uma forma abusiva) decidimos que estava na altura da blogosfera benfiquista se voltar a reunir, uma vez que a última vez que tal aconteceu já foi há cerca de seis meses. Assim sendo, estamos a organizar a quarta edição do nosso jantar, que se realizará no Sábado, dia 11 de Novembro, às 20h no local do costume - a Catedral da Cerveja. Quem estiver interessado em passar um serão na companhia de outros benfiquistas ferrenhos, e descobrir que afinal não são tão malucos como pensavam, já sabem: confirmem a vossa presença enviando um e-mail ao S.L.B. para o endereço naosemencioneoexcremento@hotmail.com. Se preferirem podem também contactar-me (ndarcy@trioptimum.com), e eu encarregar-me-ei de passar a informação ao S.L.B.

Esperamos poder contar com a vossa presença, de forma a repetir o sucesso das anteriores edições (o sucesso é medido pelo número de vezes e de sítios de onde acabamos por ser enxotados, porque a conversa nunca mais acaba e eles querem fechar as portas).

terça-feira, outubro 24, 2006

Bingo!

Ena, que surpresa! É que não estava mesmo nada à espera (eu e mais uns milhões de benfiquistas)... Só no EuroMilhões é que não acerto.

Mas já o ano passado este nosso grande amigo esteve lá, e não foi por isso que deixámos de ganhar. Por isso este ano espero que repitamos a história.

domingo, outubro 22, 2006

Pálida

Foi uma exibição bisonha do Benfica esta noite. A vitória não me pareceu que estivesse em causa, e o mínimo exigível foi conseguido, que foi somar mais três pontos. Mas saí do estádio mais preocupado do que feliz com a vitória, porque o Benfica deixou uma pálida imagem no campo, realizando uma exibição abaixo daquilo que é exigido.

Com o mesmo onze de Leiria, o Benfica começou bem a partida, carregando logo em cima do Estrela, que se apresentou com um esquema de três defesas centrais, e tentando chegar cedo ao golo. Efectuámos diversos remates, alguns com melhor direcção do que outros, mas o guarda-redes do Estrela ou a defesa foram resolvendo as situações com amior ou menor dificuldade. Só que perto do quarto-de-hora, e na primeira vez que o Estrela subiu no terreno, conquistou um canto, e na sequência do mesmo o Dário apareceu no meio da área cabecear quase à vontade para o golo (o Petit foi o jogador que estava na marcação directa e que foi batido). Foi um golo completamente contra a corrente do jogo, e mais uma vez a equipa reagiu como vem sendo habitual: mal. De imediato os jogadres pareceram começar a querer fazer tudo muito depressa, resultando num atabalhoamento geral. Até parecia que não faltavam ainda 75 minutos para jogar. As oportunidades de golo até iam sendo construidas, mas depois parecia haver muita falta de calma para as finalizar. Só ao fim de cerca de 15 minutos deste disparate todo é que as coisas acalmaram um pouco e, coincidência ou não, o Benfica empatou. Foi numa jogada de insistência do Katsouranis após um remate falhado do Nuno Gomes, com o grego a centrar da direita e o Miccoli a aparecer em frente à baliza a finalizar. Com o empate se saiu para o intervalo, que era um resultado injusto face à produção de ambas as equipas.

Na segunda parte, sem surpresas, o Benfica entrou mais uma vez a pressionar, e nem foi preciso esperar muito pelo golo, que surgiu num penalti marcado pelo Simão, a castigar uma falta sobre o Nélson. Pensei que o golo servisse para acalmar definitivamente a equipa, ainda para mais porque o Estrela ficou reduzido a dez na sequência do lance, mas o Benfica continuou sem deslumbrar, e sobretudo a mostrar grande ineficácia na concretização. As oportunidades apareciam (quase sempre com a intervenção do Miccoli nas jogadas), mas depois falhava sempre o remate final. E, claro, havia sempre o receio de que numa jogada fortuita o Estrela voltasse a marcar. Até porque o Fernando Santos na primeira alteração que fez, decidiu surpreendentemente lançar o Karyaka no lugar do Katsouranis (que diga-se de passagem, não esteve bem neste jogo), e com isso o nosso meio-campo perdeu alguma capacidade de luta - o russo pareceu ter vontade de mostrar serviço, mas nota-se que tem falta de ritmo, já que foi o primeiro jogo oficial em que participou esta época.

Foi preciso esperar mesmo até ao fim para que o golo da tranquilidade surgisse, marcado precisamente pelo Karyaka, na terceira oportunidade flagrante de que dispôs. Depois de desperdiçar duas ocasiões isolado, o russo finalizou de cabeça uma boa jogada entre o Simão e o Léo na esquerda, com um centro perfeito deste último para a entrada da pequena área. Curiosamente já o ano passado o Karyaka tinha marcado, também de cabeça, ao Estrela da Amadora. Foi também interessante ver a forma como a equipa festejou o golo com o Karyaka, mostrando que apesar dele ter sido um 'proscrito' no início da época, tem o apoio dos colegas.

Enfim os três pontos foram garantidos, mas conforme disse não saí muito satisfeito do estádio. Irrita-me esta nova mania de empurrarem o Simão para o meio, para trás dos avançados - basta ele fugir para a esquerda e combinar com o Léo que o rendimento dele sobre logo, e começa a criar vários lances perigosos. Além disso é preocupante a falta de eficácia no ataque. Os treinadores normalmente costumam dizer que é mais preocupante quando nem sequer se criam oportunidades de golo. O Benfica cria-as, mas desperdiça-as a um ritmo impressionante, e a finalização é algo que se pode treinar e aperfeiçoar durante a semana. E depois há ainda o tal problema bem conhecido de todos os benfiquistas, que é a péssima reacção da equipa quando sofre um golo. Desta vez até correu tudo bem, e o Benfica até conseguiu dar a volta ao marcador (uma raridade), mas um adversário mais experiente e com mais valor pode sempre aproveitar aqueles minutos de desorientação a seguir ao golo para nos arrumar (foi o que aconteceu com o Celtic).

Nos jogadores, gostei muito do Léo. Sobretudo quando tinha o Simão com quem combinar. Aqueles dois entendem-se quase na perfeição, e é quase um crime destruir uma ala esquerda destas. O Miccoli também esteve bem, sempre muito movimentado, e a criar espaços quer para ele, quer para os colegas finalizarem. O Nélson também me parece estar a subir de forma, mas ainda se agarra demasiado à bola em determinadas ocasiões. Além disso na primeira parte fartou-se de escorregar, não percebi bem porquê. Mal esteve o Petit, que sobretudo durante os primeiros 45 minutos parecia andar a dormir em campo (nem estou a referir-me ao lance do golo do Estrela). O Nuno Gomes também esteve mal neste jogo, e na minha opinião não se justificava que tivesse permanecido os 90 minutos em campo.

Em relação à arbitragem, o melhor é nem me alongar muito. O Xistra já é peça bem conhecida, mas tenho que confessar que há muito que não via tamanha incompetência. Apenas com base naquilo que vi no estádio (ainda não pude ver nenhum resumo do jogo), foram penalties por marcar, foras-de-jogo assassinos, cantos transformados em pontapés de baliza, e, sobretudo, um critério disciplinar de bradar aos céus. Num jogo que nem sequer foi violento, o homem conseguiu mostrar julgo que uns 16 amarelos, e expulsar três jogadores. E mais uma vez seguiu aquela regra tão conhecida dos árbitros portugueses: no princípio do jogo permitiu porrada de criar bicho, limitando-se a aconselhar calma aos jogadores. Depois de repente desatou a mostrar amarelos a jogadores só porque olhavam para ele de uma maneira estranha. O resultado mais gravoso para nós disto é que Miccoli no Dragão é mentira.

terça-feira, outubro 17, 2006

...

Obviamente que não tenho nenhuma vontade de estar a escrever muito sobre o jogo desta noite. Nem vou fazê-lo, por isso peço desculpa a quem esperava ver algo mais extenso aqui. Não gosto de escrever quando não sinto vontade para tal. Neste momento nem sequer estou chateado; estou antes triste com o que se passou, e ainda tenho a sensação de que o resultado é falso como Judas e não reflecte aquilo que se passou em campo, mas sim uma grande diferença de eficácia no ataque.

Para mim o Benfica até nem jogou mal. Susteve-se o ímpeto inicial do Celtic, mas a partir dos dez minutos o jogo pareceu estar controlado. E à medida que o tempo ia passando o Benfica, apesar de coxo no ataque pelo lado direito, ia subindo cada vez mais, e empurrando o Celtic para o seu meio-campo, chegando-se ao ponto de acabar os primeiros quarenta e cinco minutos completamente em cima dos escoceses, e com uma oportunidade flagrante falhada pelo Katsouranis. Na segunda parte as coisas nem pareciam ter mudado muito, mas depois aconteceu aquilo que eu temia, que foi o Celtic chegar à vantagem. A partir daí a equipa desencontrou-se (e a bola na barra do Nuno Assis convenceu-me que não era noite para ganhar), o Celtic apostou na contenção e contra-ataque, e acabou por revelar uma eficácia quase total no aproveitamento das oportunidades que criou. Agora vai ser muito difícil seguir em frente na Champions.

Se calhar vai haver muita gente que aproveitará o resultado desnivelado para bater no Benfica, no treinador, ou nos jogadores, já que não teve oportunidade para fazê-lo durante as últimas semanas. Não vou por esse caminho porque, conforme disse, não sou da opinião que tenhamos jogado mal, e muito menos que tenhamos jogado tão mal que se justifique uma derrota tão desnivelada. Mas o futebol é isto mesmo, ganha quem marca e o Celtic soube marcar e o Benfica não. Se calhar a opinião que tenho do jogo está completamente errada, e toldada pelo meu clubismo, mas que se lixe, este blog serve precisamente para eu manifestar as minhas opiniões, por mais clubistas que sejam ou não, e a verdade é que quando o árbitro apitou para o final do jogo esta era a opinião que tinha, e ainda mantenho. Fui vencido, mas não estou convencido, e acho que vamos vencer estes escoceses quando eles cá vierem. E nem me parece que isso vá ser muito difícil. Pode parecer esquisita a minha confiança depois de perdermos por 3-0, mas volto a dizer que é a opinião com que fiquei. E mais não tenho a dizer.

P.S.- Afinal tenho: o Alcides é um cepo - e não, não estou a dizer que ele teve responsabilidades directas na derrota, mas é mesmo um cepo. Deixem-me saborear o meu pet hate.

domingo, outubro 15, 2006

Perfeito

Ontem à noite fomos brindados com aquela que terá sido talvez a melhor exibição do Benfica esta época, num jogo em que tudo correu na perfeição, e onde se pode dizer que se o resultado não correspondeu à exibição, só mesmo se for por pecar por escasso.

O Benfica entrou em campo demonstrando claramente a intenção de pegar no jogo, dominar, resolvê-lo o mais depressa possível, que terça-feira há um jogo importantíssimo. Face à ausência do Paulo Jorge, jogámos claramente em 4-3-3, em vez do mais habitual 4-2-3-1 (não percebo como é que o comentador insistia que o Benfica estava a jogar em 4-4-2 quando não era nada disso que se via em campo). E não foi preciso esperar muito para começarem a aparecer oportunidades de golo. Muito por culpa de um Simão que na primeira parte esteve praticamente imparável, mas também porque o trio atacante mostrava uma mobilidade notável, confundindo completamente as marcações do Leiria, que às vezes parecia estar completamente perdido em campo, com os jogadores sem saberem quem marcar. Além disso o Nuno Assis e o Katsouranis apareciam muitas vezes em apoio dos avançados, o que ainda baralhava mais as coisas à defesa adversária. Contámos também com dois laterais a subirem muito bem - com especial realce para o Léo, que ontem já foi aquele jogador incansável a que nos habituámos, fazendo o vai e vem de todo o flanco esquerdo durante os 90 minutos. E ainda por cima, 'apareceu' o grande Miccoli, a jogar como gosta, solto na frente de ataque, e a surgir a rematar de pronto nas mais diversas posições.

Apesar de inicialmente ainda ter ficado um bocado apreensivo, já que o guarda-redes leiriense parecia estar em noite inspirada (e infelizmente temos muito más recordações de jogos contra guarda-redes sobre-humanos do Leiria), e o fiscal-de-linha que acompanhava o nosso ataque revelava uma propensão irritante para andar a levantar a bandeira a torto e a direito de cada vez que um jogador nosso se isolava, a verdade é que cedo comecei a ver que era muito difícil não vencermos este jogo. Ver a velocidade com que a bola circulava entre os nossos jogadores perto ou mesmo dentro da área adversária, e as constantes movimentações e desmarcações era um prazer. E quando finalmente marcámos, foi com um golo à medida do espectáculo até então: uma verdadeira obra de arte do Miccoli, ao optar por um chapéu perfeito, redimindo-se do falhanço poucos minutos antes. Este é o jogador por quem os benfiquistas suspiraram que ficasse no Verão. Que ele não se volte a lesionar-se é o meu grande desejo, porque não sei se haverá outro jogador no nosso campeonato com a qualidade do pequeno italiano.

Outro aspecto positivo foi que após o golo o Benfica não se encolheu, e pelo contrário, continuou a carregar sobre o adversário. Conforme disse, há jogo terça-feira, e este jogo era para resolver depressa e bem. Por isso, e tendo em conta a qualidade do nosso jogo, não foi surpresa que chegasse o segundo golo, mesmo antes do intervalo, em mais uma boa jogada de ataque da nossa equipa: uma incursão do Léo pela esquerda, a conseguir entrar na área e a centrar rasteiro para o Nuno Gomes, que tocou atrasado para o remate de primeira do Miccoli. Leiria ao tapete e jogo resolvido.

No início da segunda parte assistiu-se a um natural abrandamento por parte do Benfica, e a uma tentativa do Leiria de chegar cedo a um golo que relançasse a partida, mas ficaram-se mesmo pela tentativa, já que raramente conseguiram sequer ameaçar incomodar a nossa defesa (onde os dois centrais estiveram insuperáveis). Aliás, nesse período foi o Benfica que quase marcou, num lance casual em que um alívio do Ricardo Rocha acabou por deixar o Miccoli isolado. Ao fim de cerca de 15 minutos o Benfica acelerou novamente o ritmo e viu-se que o resultado não ia ficar por ali. E fomos então brindados com mais um grande momento, quando o Nuno Gomes marcou o seu centésimo golo pelo Benfica no campeonato após centro do Nélson na direita. Não podia haver melhor maneira de atingir esta marca importante. Pouco depois, nova incursão do Léo pela esquerda, centro atrasado para o remate de primeira do Miccoli, e penalti, que foi transformado pelo Simão no 4-0. Daqui até final restava saber se o Benfica ainda marcaria mais, porque deu para tudo. Para poupar o Simão, Nuno Gomes e Katsouranis (que receberam os merecidos aplausos), para deixar o Beto estrear-se, e para os jogadores do Benfica recrearem-se autênticamente em campo. Houve alturas em que a bola deve ter estado na nossa posse, a circular dentro do meio campo do Leiria, durante minutos a fio, sem que os adversários a conseguissem tocar.

Foi uma vitória indiscutível, aliada a uma exibição que só nos pode deixar confiantes, e desejosos que a qualidade de jogo evidenciada seja para manter. É difícil estar a destacar este ou aquele jogador, mas obviamente que Miccoli, Simão e Nuno Gomes merecem uma referência, porque destroçaram completamente a defesa adversária. Também o Léo esteve a um alto nível, e queria ainda mencionar o Katsouranis. Ele está em crescendo e creio que será um jogador muito importante para o Benfica. Ontem jogou um pouco mais adiantado no terreno, com o Petit nas costas, e gostei de ver, já que ele aparece muitas vezes a integrar-se nas acções de ataque (a fazer-me lembrar muito o Tiago), e ontem até esteve em dois dos golos, ao fazer o passe para o Miccoli no primeiro, e ao desmarcar o Nélson na jogada do terceiro golo.

Com oito golos nos dois últimos jogos do campeonato, a confiança só pode estar elevada. Quando me lembro que ontem ainda deixámos de fora jogadores como o Paulo Jorge, Rui Costa ou Karagounis, só para citar alguns, reforço a minha convicção de que temos um plantel como há muito não tínhamos na Luz. Se o treinador souber tirar o melhor partido dele, esta pode ser uma época de sucesso. Agora vou esperar que esta onda positiva se mantenha em Glasgow na próxima terça-feira, já que vamos jogar a nossa continuidade na Champions. É nestes dois jogos que tudo se decidirá.

P.S.- O comentador de serviço ao nosso jogo ontem foi uma coisa indescritível. Gostei particularmente da forma como insistia na 'eficácia total' que o Benfica estava a demonstrar, assim como quem tenta vender a ideia de que o Benfica marcou um golo em cada remate que fez. Isto enquanto nós assistíamos a um vendaval atacante por parte do Benfica, com oportunidades a aparecerem umas atrás das outras. Até me ri com a cara de espanto do FS quando o repórter de campo, na flash interview lhe mandou com essa atoarda. E o homem ainda tentou vender a ideia que o penalti (claríssimo) era bola na mão - o Rui Águas é que lá o tentou corrigir.

P.P.S.- Já agora, menção para o discurso do Domingos (que até nem é alguém com quem eu simpatize muito) no final do jogo. Uma análise lúcida e um reconhecer do mérito ao adversário, em vez de se refugiar em desculpas esfarrapadas, para além de ainda nos ter desejado felicidades para terça-feira, algo que me pareceu sincero. Foi digno e gostei de ver. Mas a continuar assim será difícil fazer carreira na sua casa mãe ;)

segunda-feira, outubro 09, 2006

O meu onze ideal (VII)

Lembrei-me há pouco que já há algum tempo que não tocava no tema da 'minha' selecção dos melhores jogadores que vi actuarem pelo Benfica. Depois de elegida meia equipa (Preud'Homme; Miguel, Mozer, Ricardo Gomes e Schwarz; Thern) acho que posso aproveitar o interregno do campeonato por causa dos jogos da selecção (que, conforme já disse algumas vezes, raramente me entusiasmam muito) para retomar este tema, e eleger mais um membro para este onze ideal.


Médio Ofensivo

Valdo

O Rui Costa que me desculpe, mas número dez no Benfica nunca vi nenhum como o Valdo. E ainda havia na minha memória mais um sério candidato a esta eleição, o Diamantino quando após ter jogado nas mais diversas posições, de ponta-de-lança a extremo, acabou por assumir as funções de organizador de jogo no Benfica de Mortimore (o que fez precisamente até à chegada do Valdo). Só que na hora da escolha só podia ser o Valdo. Mais um jogador de indíscutível classe mundial que tive o privilégio de ver jogar com a camisola do Benfica.

Não havia muito mais que se poderia desejar num jogador para aquelas funções. O Valdo corria, rematava, fintava, passava, marcava livres e cantos, empurrava a equipa para a frente, e ajudava a defender quando era preciso. Ainda há pouco tempo apanhei na RTP Memória uma repetição de um jogo do Benfica fora contra o Honvéd para a Taça dos Campeões, e fiquei surpreendido ao ver e recordar o quanto o Valdo defendia, e quantas bolas recuperava à entrada da nossa área para depois iniciar o contra-ataque. Ele era o jogador para quem se olhava nas horas de aflição, na esperança que inventasse algo e resolvesse os jogos. Quando parecia que não havia muito mais a fazer, a solução era colocar a bola nos pés do Valdo e esperar. Quase sempre aparecia 'magia' (para usar um termo que agora é utilizado a torto e a direito mal um jogador faz uma finta e dois passes certos). E quando não criava golos para os colegas, marcava-os ele, muito por 'culpa' da excelente colocação de remate que possuía (obrigado S.L.B.), e que o tornava também mortífero na marcação de livres. Lembro-me até de que no campeonato de 1988/89 ganhei uma aposta a um amigo lagarto à custa desta destreza do Valdo: esse meu amigo tinha um ódio particular ao Valdo, e eu apostei que o Benfica iria ganhar a Alvalade, e o Valdo marcaria de livre. Isso aconteceu mesmo, e o Benfica ganhou 2-0 (o outro golo foi do Abel Campos).
O Valdo tinha também uma característica que eu aprecio sempre nos jogadores: humildade. Apesar de ser um jogador de nível mundial, nunca o vi assumir posições de vedeta dentro ou fora do campo, e lá dentro trabalhava tanto ou mais do que os outros.

Chegou ao Benfica na época de 1988/89, e foi logo campeão (era um trio brasileiro de luxo o que tínhamos nessa época: Mozer/Ricardo/Valdo). O Artur Jorge levou-o para o PSG em 91, mas trouxe-o de volta em 95, para jogar mais duas épocas. E este foi daqueles em quem a idade não parecia ter tido grande efeito: num Benfica que entrava na sua fase negra, o Valdo era ainda um dos poucos que nunca jogava mal. Aliás, sempre que o Valdo 'engatava' para um grande jogo, era difícil o Benfica perder. Pouca gente fala nisso, mas na célebre vitória do Benfica nas Antas em 91, com os dois golos do César Brito, o Valdo encheu o campo, e fez uma exibição memorável.

O Valdo é daqueles poucos estrangeiros que eu sempre identifiquei como benfiquista. Era ainda um tempo em que a mística (essa palavra que os adeptos de outros clubes têm tanta dificuldade em compreender e aceitar) existia nos balneários da Luz, e era transmitida pelos mais velhos aos jogadores que chegavam, mesmo estrangeiros, que pouco tempo depois já pareciam sentir a camisola em campo. E mesmo depois de sairem do Benfica, continuaram a dizer-se benfiquistas. E basta ver os jogadores desse tempo que continuaram benfiquistas para vermos que as coisas eram então diferentes: Mozer, Ricardo, Schwarz, Magnusson, Valdo... acho que desde então o único outro estrangeiro que eu vi vestir a nossa camisola com a mesma paixão foi o Luisão. Mas já estou a divagar. O que fica mesmo é o registo: para mim, número dez como o Valdo não voltou a haver no Benfica.

Obrigado ao Pedro Ferreira por me ter arranjado a foto do Valdo com o nosso equipamento vestido.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Incompetência

Não percebo que raio de ecografias se realizam que não detectam uma rotura que neste momento vai em 2cm. É uma lesão que deveria ser mais que visível em qualquer ecografia da zona afectada. Ou as ecografias foram mal feitas, ou quem olhou para elas é incompetente.

À custa disto ficámos sem um jogador importante para os dois jogos com o Celtic e o jogo com o FCP. É preciso o Rui ficar nas mãos do nosso departamento médico para arranjar lesões como nunca teve na sua carreira? Quem paga as eventuais graves consequências desportivas que podem resultar disto? Estou irritadíssimo com esta história.

segunda-feira, outubro 02, 2006

q.b.

Esta noite jogámos q.b. para vencer folgadamente um adversário que se revelou relativamente fraco. Aparentemente o Benfica esteve melhor que em jogos anteriores, sobretudo na segunda parte, mas dada a fragilidade do adversário não se podem tirar grandes conclusões do jogo de hoje.

Foi com uma defesa praticamente nova, na qual o Luisão foi o único 'sobrevivente', que o Benfica iniciou o jogo esta noite. Sem grande surpresa, diga-se. A ausência do Léo foi forçada devido à expulsão na jornada anterior, mas dado o fraco rendimento do Alcides e do Anderson já estava à espera que eles acabassem por perder os seus lugares. E na minha opinião, estas alterações na defesa até ajudaram bastante ao bom início de jogo do Benfica. Com ambos os laterais a participarem nas acções de ataque (e é esta a principal característica do Nélson que me faz preferi-lo ao Alcides, que tem uma tendência natural para colar-se aos centrais) o Benfica entrou abertamente ao ataque, lutando pela posse da bola ainda no meio-campo adversário. Julgo que a intenção inicial do Fernando Santos seria colocar a equipa no tradicional 4-2-3-1, com o Miccoli nas costas do Nuno Gomes, mas dado o acanhamento ofensivo do Aves na prática o que se via em campo era um 4-2-4, com o Benfica a utilizar bastante ambos os flancos, onde os extremos combinavam bem com os dois laterais ofensivos.

Curiosamente foi o Aves quem criou a primeira oportunidade flagrante de golo, praticamente na primeira vez que arriscou atacar, mas o Quim correspondeu com uma boa defesa ao remate do avançado adversário isolado à sua frente. Pouco depois o Benfica chegou ao golo. Foi após uma boa combinação na esquerda entre o Simão e o Miguelito, com o guarda-redes do Aves a sacudir para a frente o centro deste último, e o Paulo Jorge a aparecer para marcar de cabeça. Tudo parecia apontar para uma noite tranquila, já que a equipa estava com um futebol agradável, e logo a seguir até podia ter voltado a marcar, mas foi assinalado fora-de-jogo ao Miccoli quando este seguia isolado (pareceu-me que mal, mas ainda não vi nenhuma repetição do lance). Só que a nossa equipa às vezes parece que gosta de tornar as coisas difíceis para si própria, e num remate inofensivo de muito longe o Quim acabou por dar um enormíssimo frango, e permitir o empate. Mais uma vez a equipa pareceu acusar bastante o golo, e até ao intervalo a qualidade do nosso jogo caiu muito, sendo que praticamente não criámos mais nenhuma oportunidade de golo.

Para o início da segunda parte o nosso treinador decidiu arriscar, e deixou no balneário o médio mais defensivo (Katsouranis), entrando para o seu lugar o Rui Costa. Fiquei surpeendido, porque normalmente é sempre ao Karagounis que sai a fava da substituição, mas neste caso foi uma decisão acertada, dado o pouquíssimo atrevimento ofensivo do Aves, que praticamente deixava um único homem na frente entregue à nossa defesa. A equipa pareceu reagir bem à alteração, e voltou a entrar bem no jogo. Não foi preciso esperar muito para que Benfica voltasse a colocar-se em vantagem: o Simão entrou pelo lado esquerdo, levantou a cabeça, e colocou a bola direitinha na cabeça do Nuno Gomes que, se ter sequer de tirar os pés do chão, olhou para a baliza e colocou-a no sítio certo. Este golo deu outra tranquilidade à equipa, que voltou a apresentar um nível semelhante àquele com que tinha iniciado a partida. Com o Rui Costa e o Karagounis no meio-campo a transportar a bola até ao ataque, e a fazê-la circular, os espaços iam aparecendo e adivinhava-se mais um golo.

O golo surgiu mesmo, mas na sequência de um penalti quase caricato cometido por um defesa do Aves, que completamente sozinho jogou a bola com a mão dentro da área. O Simão encarregou-se de marcar o golo da confirmação. E daqui até final restava saber se o Benfica conseguiria ainda aumentar a vantagem ou não, o que veio a acontecer já mesmo no final, com um grande golo do Karagounis na transformação de um livre ainda a alguma distãncia da baliza adversária. Espero que o Petit tenha visto, para ver se aprende que marcar livres não é chutar a bola com toda a força possível e esperar que ela vá na direcção da baliza: mesmo àquela distância, o grego conseguiu colocar a bola junto ao ângulo.

O golo foi merecido pelo Karagounis. Para mim, voltou a ser o melhor em campo. Estou muito agradado com o futebol que ele tem jogado desde que a expulsão do Petit lhe proporcionou a oportunidade de ser titular. Não só ele tem uma grande entrega ao jogo, como é um jogador bastante inteligente, fazendo na perfeição o transporte da bola da defesa para o ataque, tendo sempre a preocupação de jogar realmente a bola, e não apenas chutá-la para a frente. Raramente sai uma bola dos pés dele que não vá redondinha para os pés de um colega. Se for ele o sacrificado quando o Petit regressar, julgo que será um erro. Também gostei mais de ver o Simão hoje. Teve inúmeras incursões pelo lado esquerdo e fez o que quis do defesa direito do Aves. Pena que muitas dessas incursões não tenham sido aproveitadas da melhor maneira.

Conforme disse no início, parece-me que o Benfica esteve um pouco melhor, mas dada a fragilidade do Aves não se podem tirar grandes conclusões deste jogo. Pelo menos o resultado foi satisfatório para os benfiquistas, e espero que sirva para motivar e dar confiança à equipa. Eu continuo convencido que este ano temos um plantel como não tínhamos há anos. Só espero que saibam tirar partido dele.