quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Derbies

Quando, no Domingo à noite, me sentar no estádio situado no Lumiar, estarei a assistir ao meu vigésimo derby consecutivo em casa dos nossos rivais (quando penso que já são tantos aqueles a que já assisti, começo a sentir-me velho). Comecei a assistir aos derbies quando vivia no Algarve; o Benfica era uma paixão que não se satisfazia apenas vendo-o jogar uma vez por ano, sempre que defrontava o Farense no Estádio de S.Luís. Então chateava o meu pai e acabava por vir a Lisboa assistir aos 'jogos grandes'. Como as vitórias em casa do rival nesses primeiros anos eram quase uma constante, habituei-me ao saborzinho especial que elas me proporcionavam, e então nunca mais consegui evitar assistir ao vivo a este jogo que, para mim, é especial.

Sim, porque eu cresci numa época em que me perguntavam sempre 'És do Benfica ou do Sportém?". O rival do Benfica para mim sempre foram eles, e o Porto nunca passou de um bando de gente estranha que acha que é de outro país, e que gosta de fazer muito barulho lá nesse país imaginário deles quando ganham alguma coisa, para ver se a gente lhes dá alguma atenção. É assim uma espécie de pato bravo, que de repente se apanha com muito dinheiro e resolve ir comprar o Mercedes com a buzina folclórica, a santinha no tablier e o CD pendurado no retrovisor para dar nas vistas. Acelera muito sempre que passa na vila, para fazer mais barulho com o motor, e toca a buzina, que faz soar o 'La Cucaracha', convencido que isso lhe dá estilo e respeito, mas a única coisa que acaba por conseguir é um encolher de ombros, um abanar de cabeça, e um comentário sussurrado entre dentes: 'Parolo...'. Já o Sportém é o vizinho que vive mesmo ao nosso lado, num casebre modesto que pertenceu ao bisavô e que lá se vai aguentando em pé, forrado a azulejos para disfarçar o mofo, e que passa o tempo todo a olhar por cima da sebe para as nossas galinhas, relva e vacas, insistindo que o bando de pardais que ocupa o seu quintal dá mais ovos, que as urtigas dele são mais verdes, e que a ovelha que ganhou na última rifa de Natal dá mais leite. Claro que nós sabemos que isto é tudo mentira, mas o matraquear constante deles vai sempre moendo o juízo, e por isso dá sempre gozo demonstrar-lhes o quão estão errados.

Mas eu divago. Eu queria mesmo era recordar alguns dos derbies a que já assisti ao longo destes anos, por isso vamos a isto.

1988/89: Foi o primeiro. O Benfica chegou a Alvalade já campeão, e nem sequer me passava pela cabeça que o resultado fosse outro que não a vitória. Do nosso lado havia jogadores como o Valdo ou o Mozer, e do outro lado aparecia-nos o Rui Correia na baliza. Vencemos por 2-0, com golos do Valdo e do estrambólico Abel Campos. Assisti ao jogo debaixo da pala do velho Alvalade, e na minha inocência festejei efusivamente os nossos golos, o que provocou alguns olhares de solsaio. Sentado ao meu lado, um sportinguista simpático aconselhou-me a ter calma porque 'o pessoal ali é um bocado intolerante'. OK, conselho acatado.

1989/90: Nova vitória, desta vez por 1-0, e com um golo do César Brito. Desta vez fui para a bancada 'nova', do lado oposto à pala (e fiquei mais uma vez frustrado por não estar no Topo Norte, onde se concentravam os benfiquistas). Ainda sorrio quando me lembro de uns sportinguistas à minha volta estarem dedicados ao seu passatempo favorito, ou seja, falar mal seja do que for relativamente ao Benfica. Neste caso específico estavam a cascar nos suecos do Benfica, que só jogavam porque o treinador do Benfica era o Eriksson, e mostravam-se particularmente críticos do Thern, que apelidavam de 'jogador banal'. Logo no início do jogo o Thern recebe a bola e manda um estoiro a uns bons trinta metros da baliza, que embate com estrondo na barra. Não voltaram a falar mal do Thern durante o jogo.

1990/91: Três jogos em Alvalade, três vitórias. Como se pode perceber, fiquei bem habituado. Desta vez foi por 2-0, e fui eu a fazer uma figura triste. O Isaías era um jogador que eu adorava, mas que conseguia fazer-me perder a cabeça facilmente devido às opções disparatadas que por vezes tomava (como optar por um remate a trinta metros da baliza quando tinha dois colegas a desmarcarem-se isolados). Nesse jogo o Isaías começou o jogo num dia particularmente inspirado, acumulando disparates uns atrás dos outros, o que ao fim de alguns minutos já me tinha posto a rogar-lhe pragas. Depois de mais um remate disparatado não me contive e berrei 'Epá, ó Isaías, és uma besta!'. No ataque seguinte o Isaías marcou o 1-0, e um miúdo que estava sentado à minha frente voltou-se para trás e disse 'Fala lá mal do Isaías agora!'. Não me restou outra opção senão engolir. Perto do final o inevitável César Brito lá entrou, a tempo de marcar o segundo golo.

1993/94: Acho que todos os benfiquistas têm uma história para contar sobre este jogo, por isso não vou contar aqui nada de novo. Depois de no ano anterior ter pela primeira vez assistido a uma derrota do Benfica em Alvalade (com o Balakov a marcar aos doze segundos), e depois de ter levado com a lagartagem a prometer-me goleadas durante a semana toda, estava um pouco apreensivo para o jogo, mas com sede de 'vingança'. O que se passou durante o jogo todos sabem. Chorei, andei abraçado a desconhecidos, pela primeira vez na vida andei a gritar pelo Sportém (durante grande parte do segundo tempo), fiquei afónico e constipado, e recordo esse fim de tarde como um dos momentos mais fantásticos que já vivi num estádio de futebol. Mas o momento cómico que nunca esqueci foi mesmo quando no carro do meu pai, que me levou ao estádio mas não foi ao jogo, enquanto faziam a antevisão do jogo pediram um prognóstico ao Sousa Cintra. "Iste hoje vai sair daqui um resultade estórique!". Na mouche, presidente.

1997/98: A chegada do Artur Jorge ao Benfica significou o iníco de um jejum nas vitórias em Alvalade, e só quatro anos depois voltámos a vencer. Também tirámos a barriga de misérias, e foi logo por 4-1, num jogo em que o Poborsky brilhou, o Deane fez gato-sapato do Marco Aurélio e mostrou que tosco era só alcunha, e o João Pinto voltou a marcar em Alvalade. Uma imagem que me ficou foi a do Carlos Manuel (na altura no banco de Alvalade) a voltar as costas ao jogo quando o Sousa se isolou para fazer o 2-0.

1998/99: Este tinha que figurar aqui só por um motivo: a exibição memorável do Beto neste jogo - desde este dia que passei a torcer todos os anos para que o Real Madrid não o viesse roubar aos nossos rivais. Vitória por 2-1 com dois excelentes golos do central goleador (nunca soube ao certo se era verdade ou apenas mito urbano o facto do Vale e Azevedo num jogo da selecção ter-se dirigido ao Beto como 'o nosso goleador', mas se o fez, foi sem dúvida o momento mais inspirado da presidência dele), e o Cadete a tentar desesperadamente que lhe atribuíssem o segundo golo. E eu e os meus amigos a rirmos a bandeiras despregadas no Topo Norte.

1999/00: Como poderia faltar este nesta lista? Considero que ir assisitir a este jogo foi talvez a maior expressão de benfiquismo que tive. Penúltima jornada, era a festa do título anunciado, o título que lhes escapava há dezoito anos. E com o prazer adicional de terem o Benfica como cabeçudo. Acho que nunca vi tão poucos benfiquistas em Alvalade. Não sei quantos seríamos no Topo Norte. O massacre começou desde o apito inicial. O Acosta caía perto da área e o árbitro apitava. Logo no primeiro livre a bola foi ao poste. O Acosta continuou a cair, e o árbitro a apitar. Livres para o André Cruz, da esquerda, da direita, do centro. E os lagartos a suspirarem de cada vez que a bola passava ao lado ou morria nas mãos do Enke. Não havia volta a dar-lhe, aquilo era para ficar decidido aquela noite. Mais cedo ou mais tarde o Acosta conseguria arrastar-se até ao interior da área, cair ali, e estava feito. Quem caiu dentro da área adversária foi o Nuno Gomes, mas o convidado de honra para a festa do título, Lucílio Baptista, mandou seguir. Pouco depois é o João Tomás quem cai na área, mas o bom do Lucílio transforma aquilo num livre. Aos 88 minutos, o primeiro do jogo a favor do Benfica, em contraponto aos trinta que foram assinalados para o outro lado. Da outra ponta do estádio vejo o Sabry beijar a bola antes de a ajeitar. E mal ela saiu dos pés do egípcio e o Schmeichel ficou pregado, comecei a gritar golo. Eles foram campeões na semana seguinte, mas caramba, cabeçudos nunca!

2002/03: No ano anterior fomos lá estragar-lhes a festa outra vez, com um golo no Jankauskas e o quadragésimo nono penálti da época a dar-lhes um empate caído do céu. Mas recordo este jogo por ter sido o último disputado no velho Alvalade, e apenas o segundo jogo do Camacho à frente do Benfica. Foi uma superioridade incontestável. O recém descoberto lateral direito Miguel a meter no bolso um miúdo chamado Cristiano Ronaldo e depois outro chamado Ricardo Quaresma. O Tiago, mesmo com o nariz partido, a marcar o segundo golo e a sair para o intervalo enquanto os benfiquistas entoavam o seu nome e ele respondia com uma vénia. Confesso que este jogo me deixa nostálgico por já não ter um Miguel ou um Tiago no meu Benfica (e podem criticá-los à vontade, eu sei que eles não se portaram bem, mas caramba, eles eram umas máquinas a jogar à bola).

2003/04: Ganhámos o último jogo no estádio antigo; ganhámos o primeiro no estádio novo. Os bons hábitos são para se manter. Foi um jogo muito difícil, sobretudo na primeira parte, em que o Moreira brilhou, e muito, segurando o nulo. Na segunda parte, e com as coisas mais calmas, o Camacho de repente lança o Fernando Aguiar e o Geovanni para dentro do campo, e o jogo vira completamente. O Geovanni ameaça uma, duas vezes, e à terceira marca aquela obra de arte, na baliza por detrás da qual eu estava, enquanto eu fico surpreendido ao aperceber-me de quantos benfiquistas estavam no estádio. A imagem mais marcante desse momento foi mesmo o Álvaro Magalhães a sair do banco e a vir para junto da bandeirola de canto, perto dos benfiquistas, a festejar que nem um doido. E claro, há ainda o factor cómico da invasão de campo por parte da Juve Leo a seguir ao golo, e da perseguição à Benny Hill que se seguiu.

2006/07: Foi o ano passado. Quem ganhará: algumas dúvidas? O insuportável Eduardo Barroso a afirmar que nunca se sentiu tão tranquilo antes de um derby. E o calhau do Rocha que nunca marcou um golo na vida, e que no ano anterior até tinha ido para rua. Aquilo eram favas contadas. Trigo limpo, farinha amparo. Logo no primeiro minuto, primeira oportunidade para o Benfica. No canto que se seguiu, tomem disto, e o Rocha a marcar. Ainda abananados continuam a ver-nos jogar e mais uma vez têm que levar com a humilhação de verem o seu odiozinho de estimação marcar-lhes um golo. E perto do intervalo o ponto de ruptura: o Miccoli, mesmo ao pé coxinho, manda um estoiro à barra, e eu vejo a lagartagem à minha volta lívida. Tanto esperavam uma goleada e agora estavam a ver é que teriam sorte se não fosse o contrário. Claro que com o fair play típico de quem tem sangue azul, alguns deles começaram a ameaçar fisicamente os benfiquistas presentes. É só classe.

Domingo que vem, é apenas mais um capítulo nesta história de rivalidade. E se por acaso ganharmos, já sabemos o que se segue. A culpa é do árbitro.

Cinzenta

Com mais uma exibição cinzenta em casa, o Benfica conseguiu derrotar o Moreirense e carimbar a passagem às meias-finais da Taça de Portugal. Mas foi preciso recorrer mais uma vez ao Rui Costa para resolver uma situação que parecia estar complicada.

Quando vi a constituição da equipa do Benfica, pensei na possibilidade de jogarmos em 4-1-3-2, mas o Camacho manteve-se fiel ao seu 4-2-3-1, alinhando com o Maxi Pereira ao lado do Binya como médios mais recuados, e com o trio Di María/Adu/Nuno Assis no apoio ao Cardozo. Este trio jogou praticamente sem posição definida, já que alternaram bastante de posições e qualquer um dos três pareceu ter total liberdade para se movimentar pelo ataque. Do outro lado apareceu um Moreirense desinibido, sem 'autocarros', mas também, claro, com as limitações próprias de uma equipa da Segunda Divisão B. O Benfica mostrou desde o início alguma atrapalhação para construir jogadas de ataque. Um facto que parece ser evidente é a falta de visão de jogo que a maioria dos nossos jogadores tem. Mesmo tendo colegas desmarcados, raramente os conseguem ver, e acabam por afunilar o jogo e encaminhar a bola de volta para o local de onde veio. Isto facilita imenso a tarefa de quem defende. Assim se explica que o Benfica, mesmo tendo tido posse de bola, a tenha feito circular quase sem progressão, criando muito poucas oportunidades de golo durante toda a primeira parte - recordo-me apenas de duas: uma recarga do Nuno Assis que foi desviada para fora, e um cabeceamento do Cardozo que foi bem defendido para canto pelo guarda-redes do Moreirense. De resto, muitos passes falhados e muita falta de ideias, que resultaram no natural nulo ao intervalo.

A segunda parte pouco demorou até mostrar estar a ir pelo mesmo caminho da primeira, pelo que ao fim de dez minutos o Camacho optou por lançar o insubstituível Rui Costa mais o Makukula, passando a jogar em 4-4-2. O Benfica melhorou um pouco: os dois avançados vieram dar mais preocupações à defesa do Moreirense, e com o Rui Costa em campo passou a haver alguém para segurar a bola e desmarcar os colegas (na primeira parte o único que tentou, a espaços, fazer algo parecido foi o Adu). Quanto ao Moreirense, esteve mais retraído neste segundo tempo, e praticamente nem conseguiu aproximar-se da nossa área. O golo acabou por surgir após um passe do Binya para o Nuno Assis na direita, que em esforço conseguiu centrar para o Cardozo (subiu muito de rendimento nos minutos que esteve em campo acompanhado do Makukula), tendo o paraguaio amortecido para a entrada da área, onde o Rui Costa rematou de primeira para o golo. Alcançado o golo, as coisas facilitaram-se para nós. O Benfica continuou a insistir muito pela direita do ataque (o Rui Costa acabou por posicionar-se sobre esse lado), e uma boa entrada em jogo do Mantorras também veio complicar a tarefa do Moreirense. Muito mexido, o angolano causou dificuldades à defesa adversária, e acabou mesmo por assistir de cabeça o Makukula para o segundo golo, a cerca de cinco minutos do final.

Se vou falar dos melhores do Benfica, tenho que inevitavelmente mencionar o Rui Costa. Não creio que a eliminatória alguma vez tenha estado em perigo para o Benfica, mas se ele não tem entrado se calhar a esta hora ainda lá andávamos, a tentar encontrar uma maneira de chegar ao golo. Os mal amados Butt e Zoro também estiveram bem, seguros e sem falhas ao longo de todo o jogo, tendo o guarda-redes respondido sempre bem quando foi posto à prova, e o defesa sido dos mais esclarecidos. Infelizmente (porque não me agrada estar sempre a bater nos mesmos), nem mesmo contra o Moreirense o Luís Filipe conseguiu fazer uma exibição convincente. Foi substituído aos 55 minutos, e durante o tempo que esteve em campo conseguiu ser assobiado pelos pouco mais de dez mil adeptos presentes na Luz.

Uma palavra ainda para dois jogadores que eu tinha alguma curiosidade me ver a titulares: o Sepsi e o Adu. Quanto ao romeno, pareceu-me um pouco tímido. Teve um par de boas iniciativas a ganhar a linha de fundo na primeira parte, e tentou desmarcar-se mais vezes, mas os colegas não reparavam nele. Na segunda parte quase não dei por ele. Pareceu ser um defesa seguro, mas também um pouco lento para lateral. Quanto ao Adu, foi dos que mais tentou quebrar a monotonia da primeira parte (
foi aquele que mais passes de risco tentou), mas as coisas nem sempre lhe saíram bem, porque complicou em demasia ao agarrar-se à bola mais tempo do que o necessário. Com liberdade para ocupar qualquer posição no apoio ao avançado, acabou por mostrar preferência pelo centro e, sobretudo, pela direita, o que não deixa de ser curioso dado ser canhoto. Pareceu-me sinceramente que sofreu uma falta para penálti na primeira parte, mas o árbitro não entendeu assim e mostrou-lhe um amarelo.

O objectivo da passagem às meias-finais lá acabou por ser conseguido, mas sem grande brilhantismo, ficando mais uma vez a preocupação da dependência que a equipa tem do Rui Costa. É preciso não esquecer que defrontámos uma equipa do meio da tabela da Segunda Divisão B, e mesmo assim foi necessário recorrer ao 'Maestro' para desencalhar o resultado. É que convém não esquecer que só vamos ter mais três meses de Rui Costa.

P.S.- E porque já passa da meia-noite, e já é dia 28 de Fevereiro: Parabéns Sport Lisboa e Benfica!

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Nojo

Miguel Sousa Tavares, em mais uma das suas crónicas sobre o Benfica na edição de hoje d'A Bola, volta a espalhar o perfume nauseabundo que emana do nojo da sua escrita. Já conheço bem a obsessão que o senhor tem pelo Benfica. Mas irrita-me solenemente quando ele mente despudorada e descaradamente, apenas para poder falar mal do meu clube. Hoje voltou mais uma vez à carga com a história da entrada do Katsouranis sobre o Anderson (cada vez mais me convenço que aquele comunicado anedótico e xenófobo que sobre este assunto foi publicado no site do FC Porto teve o seu dedo). E tem o desplante de fazer equivaler essa entrada à recente entrada horripilante do jogador Taylor do Birmingham sobre o Eduardo do Arsenal, que arriscou uma amputação. E para fazer isto chega ao ponto de mentir. Mente, e tenho a certeza que sabe perfeitamente que está a fazê-lo, mas com a desonestidade intelectual que o caracteriza não se preocupa minimamente com isso. Ele afirma que o Anderson inclusivamente fracturou ambos os ossos da perna nessa jogada, tal como o Eduardo - é mentira, o Anderson fracturou 'apenas' o perónio. Mas de certeza que todos nos lembramos da forma bárbara como, à semelhança de Taylor, o Katsouranis entrou de pitons em riste sobre a canela do Anderson (e não estejam para aí a dizer que não foi nada assim, que o Katsouranis até corta a bola com um pé e é ao deslizar que atinge com o joelho o tornozelo do Anderson, provocando-lhe a lesão - não sejam mentirosos e não contrariem a versão orwelliana do MST). Francamente, não sei porque é que ainda não deportaram o nosso grego. Aliás, as semelhanças são tantas que, após a entrada de que foi vítima, o Eduardo ainda reentrou em campo (os dez minutos em que esteve a ser assistido e o ter saído do campo a oxigénio foram uma ilusão nossa), e no final do jogo Birmingham x Arsenal até foi possível ver o Eduardo aos pulos no campo a festejar o empate do seu clube.

A entrada do Martin Taylor foi aliás, e pelos vistos, uma bênção para algumas pessoas que não perdem uma oportunidade para nos atacar. O Record, sempre expedito nestes comportamentos ignóbeis em relação ao Benfica, não perdeu tempo e, ao noticiar o facto, não teve pejo em classificar logo o lance como uma entrada em tudo semelhante à do Binya (não fôssemos nós por acaso esquecer-nos do 'animal' que o camaronês é).

Outra das novas obsessões do MST é a suposta 'sorte' que o Benfica tem. Mais uma vez, nas suas divagações, aproveita para mentir de forma a justificar os disparates que insiste em escrever sobre o Benfica. Um dos exemplos flagrantes desta suposta 'sorte' é, segundo o MST, o facto de não se lembrar da última eliminatória da Taça que o Benfica teve que jogar longe da Luz, afirmando que pelo menos a última dúzia de jogos do Benfica para essa competição foi disputada em casa. Tem a memória muito curta, o MST. É que a época passada, por acaso, e logo na segunda eliminatória em que participou, o Benfica caiu na Póvoa de Varzim. Eu ao princípio ainda pensei que estas 'mentiras' fossem apenas o resultado de distracção, pouca preocupação em informar-se antes de escrever sobre assuntos que desconhece (mas sabe-se que falar sobre muita coisa que desconhece com o ar de quem tudo sabe é uma das suas especialidades - e não, dizer disparates sempre de trombas, com ar de quem vai bater na avó, não os torna mais credíveis ou verdadeiros), ou um qualquer efeito secundário de um eventual estado de etilização. Mas a frequência com que estas mentiras e falsidades sobre o Benfica aparecem já me convenceram que isto é mesmo desonestidade.

Ao menos estes disparates semanais que debita sempre me dão vontade de rir por um motivo: é que apesar da superioridade do Porto que ele arenga em qualquer oportunidade que se lhe proporcione, apesar da enorme vantagem que têm no campeonato, ainda assim o Benfica consegue fazer-lhe comichão, ainda assim o preocupa, de tal forma que vê fantasmas de sorte em todo o lado. Este fenómeno parece ser, aliás, mais comum entre os adeptos do FC Porto do que se pensa. Como um certo árbitro auxiliar recentemente teve a oportunidade de demonstrar no Estádio da Luz.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Surpresa...

...que tanto tempo tenha passado sem que isto acontecesse. Mas ele defendeu-se que nem um valente, e tenho a certeza que até nem lhe custará muito assumir o papel de mártir.

P.S.- Não pretendo com este post glorificar ou mesmo apoiar a acção dos referidos encapuzados.

P.P.S- Tenho testemunhas que podem confirmar que estava em casa à altura do incidente. E não possuo capuzes ou barrotes de madeira.

domingo, fevereiro 24, 2008

Martírio

E continua o verdadeiro martírio que tem sido jogar em casa esta época. Apenas quatro vitórias em dez jogos - julgo que isto deve ser o pior desempenho de sempre do Benfica em casa. Do jogo de hoje salva-se apenas uma ligeira melhoria na atitude, já que quanto à qualidade média do nosso futebol estamos conversados. Pelo menos notou-se que os jogadores tentaram lutar contra o destino, mas também faltou uma pontinha de sorte para que pudessem ser felizes.

Mantendo o 4-2-3-1, a surpresa maior foi mesmo a entrada do Di María para o onze titular, em detrimento do quase indispensável Maxi Pereira. O Nuno Assis manteve a titularidade, regressando ainda ao onze o Binya, o Nélson e o Cardozo, para os lugares do Edcarlos, Luís Filipe e Makukula. E a exemplo do que tinha acontecido no jogo com o Paços de Ferreira, resolvemos que como bons anfitriões deveríamos deixar o adversário colocar-se em vantagem logo no início do jogo. O que para uma equipa cuja intenção óbvia era mesmo jogar para o empate, era o melhor que poderia acontecer. O Benfica no entanto não pareceu acusar muito o golpe, e foi em busca do empate, embora de forma atabalhoada. Com o Petit (numa posição um pouco mais adiantada do que é costume) e o Rui Costa em noite pouco inspirada, faltaram ideias à equipa. Ainda assim, bastou um quarto de hora para voltarmos à igualdade no marcador, com o Luisão a concluir de cabeça um livre lateral do Rui Costa. E os minutos logo a seguir ao golo acabaram por ser um dos melhores períodos do Benfica no jogo. Isto porque o Benfica começou a pressionar mais o adversário, logo à saída da sua área, enquanto que estes se atrapalharam e perdiam facilmente a bola. Infelizmente faltou arte para marcarmos logo o segundo golo, e por isso fomos para o intervalo empatados.

A segunda parte, surpreendentemente, não deu seguimento à primeira. O Benfica voltou a adormecer no jogo, e a primeira metade deste segundo tempo foi o pior e mais aborrecido período de todo o jogo. Isto porque apesar do Benfica ter o controlo do jogo, pouco ou nada conseguia retirar disso, enquanto que o Braga não saía do seu meio-campo. As coisas melhoraram um pouco com a entrada do Sepsi, não pela acção directa do romeno, mas mais pelo facto do Nuno Assis ter passado para o centro, assumindo as funções que o Petit até então ia demonstrando não ser capaz de exercer. À medida que o tempo foi passando, foi aumentando a pressão do Benfica, e com a bola a passar muito mais tempo a rondar a área adversária foi também aumentando a sensação de que poderíamos marcar. As oportunidades surgiram, mas a falta de jeito e de alguma sorte acabaram por ditar que a bola não entrasse. O público reagiu a este esforço final dos jogadores, e apoiou a equipa até ao fim, quase sendo recompensado por isso. Mas os remates do Nuno Assis, Cardozo e Nélson (mesmo no fim) não entraram, e por isso lá voaram mais dois pontos. Nesta segunda volta ainda não conseguimos ganhar em casa, porque temos uma dificuldade enorme em defrontar equipas que se fecham na sua defesa. A lentidão e previsibilidade do nosso jogo torna bastante difícil causar algum desequilíbrio nas defesas adversárias.

O melhor jogador do Benfica foi o Binya, para mim sem qualquer tipo de discussão. Está em todo o lado, recupera bolas pelo chão e pelo ar, lança os colegas, enfim, é um achado. E tem sido bastante inteligente na forma como moderou o seu jogo, após terem tentado à viva força colar-lhe o rótulo de jogador violento (já agora, estou curioso para saber qual vai ser a punição que a UEFA vai dar ao jogador Tremoulinas, do Bordéus, após ter sido expulso por uma entrada igualzinha à do Binya). Bom jogo também do Luisão, a confirmar o bom momento de forma que atravessa. Conforme já referi, acho que foi uma noite menos feliz do Petit (que ainda me parece longe da forma ideal) e do Rui Costa, que teve algumas decisões nada habituais nele durante o jogo.

O único ponto verdadeiramente positivo a retirar desta noite foi precisamente o ponto ganho aos nossos adversários do próximo fim-de-semana. Malgrado a melhoria de atitude, a qualidade continua a faltar no nosso jogo, e um pecúlio de dezassete pontos em trinta possíveis, e apenas quatro vitórias em dez jogos é um desempenho inadmissível para o Benfica em casa. Até o Paços de Ferreira em casa já conseguiu ganhar quatro jogos em dez.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Milagre

'Milagre' é mesmo a melhor palavra para definir o que se passou esta noite. Não foi propriamente um milagre que apareceu do nada, ele aconteceu porque lhe foram dadas condições para acontecer, mas essas condições só apareceram depois de passarmos praticamente uma hora e um quarto a olhar para o ar e a assobiar para o lado, deixando correr o marfim. Não são estes dois golos a acabar o jogo que vão mudar muito a minha opinião sobre o mesmo. Quando muito permitiram que o post não tenha palavrões - e também permitiram que eu pudesse estar aqui a escrevê-lo, já que caso contrário provavelmente estaria agora na Portela à espera da equipa.

E pelo que se passou durante a primeira parte, até nem eram previsíveis estas aflições que passámos. O Benfica adoptou uma atitude claramente cautelosa, regressando ao esquema de um único ponta-de-lança. Infelizmente, a escolha recaiu sobre o Makukula. Ora sendo o Makukula um jogador cujo ponto forte será o jogo de cabeça no interior da área, sendo ele o eleito para jogar na frente não faz muito sentido que depois não se coloque nenhum verdadeiro extremo em campo, para ir à linha e cruzar. Em vez disso o Camacho apostou no Nuno Assis e no Maxi Pereira, e sabemos bem que nenhum deles possui essas características. E nem sequer o Nélson jogou, já que ele ainda poderia ir disfarçando essa lacuna pelo lado direito. Isto resultou numa quase total inexistência do Benfica em termos atacantes. Por outro lado, talvez por consequência directa do sobrepovoamento do meio-campo, fomos controlando o jogo nessa zona, e o Nürnberg raramente conseguiu sequer começar a preocupar-me, já que era mantido eficazmente longe da nossa baliza. Só nos minutos finais da primeira parte conseguiram contruir duas situações de verdadeiro perigo, dando então o mote para um início de segunda parte desastroso para nós.

Na segunda parte, vá-se lá perceber porquê, os jogadores pareceram ter-se esquecido de como geriram o jogo durante os primeiros quarenta e cinco minutos. Por exemplo, o Petit, claramente ainda fora de forma, pareceu estar mais preocupado em discutir as decisões do árbitro do que em jogar, o Katsouranis ficou completamente perdido em campo, o Rui Costa desapareceu literalmente do jogo, e o Makukula, quem sabe por ter percebido que face ao jogo do Benfica andava ali a fazer figura de corpo presente (já que parece ter uma dificuldade extrema em controlar e segurar uma bola, ou até mesmo em solicitar um colega com um toque de primeira) resolveu assumir em pleno esse papel, pelo que se deslocava tranquilamente a passo pela frente de ataque, e já nem se incomodava em pressionar os defesas adversários ou mesmo saltar às bolas para os incomodar. Resultou isto no primeiro golo dos alemães, após um ataque rápido em que o Charisteas fugiu para a esquerda, ganhando em velocidade ao Léo e metendo a bola entre as pernas de um quase apático Quim. A propósito deste lance, e não querendo estar a culpar o Quim, já que o avançado estava isolado, confesso que não percebi a forma como ele se fez à bola. Pensava eu que o mais normal seria sair o mais rapidamente possível da baliza, e lançar-se aos pés do adversário para fazer a mancha. Em vez disso ele ficou ali mais ou menos a meio do caminho, e fez-se à bola com uma convicção tal que o remate frouxo do avançado grego lhe passou entre as pernas.

As nossas preocupações só aumentaram a partir daí. Com a eliminatória empatada os alemães, longe de se mostrarem satisfeitos, continuaram a insistir, Logo a seguir enviaram uma bola ao poste, após um remate espectacular do argentino Pinola. E pouco depois conseguiram mesmo virar a eliminatória a seu favor, graças a um lance inacreditável de apatia da defesa do Benfica, e do Luís Filipe em particular. Seria muito fácil estar aqui a desancar o homem por causa disto. Mas a verdade é que isto não foi propriamente uma surpresa. Quando sistematicamente se insiste num jogador que já provou não ter categoria para ser titular do Benfica, o mais provável é que uma situação destas acabasse por acontecer. Não foi por falta de avisos. Tudo bem, há a atenuante do Nélson ter acabado de regressar de lesão, e por isso não se querer arriscar (mas pelos vistos com jogadores como o Petit ou o Rodríguez esse tipo de reservas já não se aplicam). Mas se o Camacho tem um fetiche inexplicável pelo Maxi Pereira, então que o colocasse a ele como lateral. Pode ser fraquito, mas pelo menos não costuma comprometer tanto. Agora construir uma ala direita com o Luís Filipe e o Maxi é que não me parece muito apropriado. Principalmente quando o Maxi pouca ou nenhuma ajuda deu ao Luís Filipe a defender.

Com os dois pés fora da Taça UEFA, finalmente o nosso treinador decidiu-se a alterar a equipa, fazendo entrar o Cardozo e o Sepsi (para médio ala) para os lugares do Maxi e do Edcarlos, isto quando faltavam vinte minutos para o final. Menos de cinco minutos depois, o Cardozo conseguiu fazer aquilo que em setenta e cinco minutos o Makukula foi incapaz: fugir à defesa adversária e criar uma oportunidade de golo (a passe do Sepsi). Infelizmente desperdiçou-a de uma forma quase escandalosa. A dez minutos do fim entrou o Di María (finalmente!) para o lugar do Nuno Assis. E digo finalmente porque, em especial na ausência do Rodríguez, este seria, na minha modesta opinião, um jogo à medida dele. Além de que ele é um jogador de quem eu pelo menos espero que consiga tirar algum coelho da cartola, coisa que 'extremos' como o Nuno Assis ou o Maxi não conseguem. Durante este últimos minutos o Benfica conseguiu finalmente encostar os alemães à sua área, enquanto estes apenas pareciam naturalmente interessados em defender a vantagem alcançada. Quando tudo parecia estar perdido, no último minuto o Cardozo inventa um remate de ressaca à entrada da área, e marca o golo salvador. Depois, já com os alemães de cabeça perdida, foi fácil num contra-ataque rápido construído pelo Cardozo e o Léo (após o golo do Cardozo o Sepsi passou a ser o lateral, enquanto o Léo subiu para médio) isolar o Di María, para este marcar o seu primeiro golo oficial pelo Benfica e colocar um ponto final na eliminatória.

Só posso mesmo destacar o Cardozo neste jogo. Jogou apenas vinte minutos, mas foi decisivo. Não consigo perceber a aparente embirração que o Camacho parece ter pelo paraguaio. Ele terá os seus defeitos e limitações, mas é claramente um avançado de nível superior, e sem qualquer discussão possível o melhor que temos no plantel. Se é para jogarmos só com um avançado, então o escolhido deveria ser o Cardozo, e o Makukula quem deveria entrar num momento de aflição. Não o contrário. Incompreensível também continua a ser a fixação pelo Luís Filipe ou pelo Maxi Pereira. Se no caso do português há a justificação de jogar apenas quando o dono do lugar se lesiona, já no caso do uruguaio isso não se aplica, porque ele desde que esteja apto joga sempre, seja em que posição se consiga encaixá-lo. E a verdade é que ele pouco acrescenta ao nosso futebol.

Se hoje tivéssemos sido eliminados da Taça UEFA por uma equipa que nos é claramente inferior, isso seria um justíssimo castigo para a atitude da equipa em largos períodos do jogo, e para as opções da equipa técnica. Tal acabou por não acontecer porque temos no plantel jogadores que são, de facto, de um nível superior, e que num simples instante conseguem fazer a diferença. Houve alturas hoje em que me senti verdadeiramente enraivecido com o que conseguia ver na televisão (depois da transmissão televisiva de hoje fiquei definitivamente convencido que preciso de comprar um LCD com widescreen). Não havia necessidade.

domingo, fevereiro 17, 2008

Luta

Vitória difícil mas importante num jogo feio e mal jogado de parte a parte, e que significou o fim da malapata na Figueira. Até esta época ainda não tínhamos conseguido vencer a Naval em jogos para o campeonato, mas desta vez acabámos com essa história. E a importância desta vitória é ainda maior quando o Benfica iniciou o jogo sem Nélson, David Luíz, Di María, Rui Costa e Petit.

Novamente a aposta nos dois pontas-de-lança, e no 4-4-2, com o regressado Binya a fazer dupla com o Maxi Pereira no centro do campo, e as alas entregues ao Rodríguez e ao Assis. O jogo começou praticamente com um grande susto, já que a Naval enviou uma bola ao poste. Na resposta, o Benfica ia marcando quando um defesa da Naval enviou a bola ao poste da sua própria baliza. Exceptuando esses dois lances, o jogo foi quase sempre mal jogado e sem grandes motivos de interesse. A bola andou muito pelo ar, o vento forte que soprava também não deve ter ajudado, e ainda houve a sinfonia de apito do árbitro do jogo, que interrompia por tudo e por nada. Com o regresso do Binya regressou também o perigo nos lançamentos laterais perto da área, e foi precisamente assim que o Benfica, aos dezoito minutos, se colocou em vantagem. Após um lançamento lateral o Cardozo tocou a bola para trás e o Rodríguez, aproveitando a saída disparatada do guarda-redes, enviou a bola de cabeça para a baliza (o Benfica voltou a tentar esta mesma jogada mais algumas vezes, mas sem sucesso). Até ao final da primeira parte, pouco mais se passou digno de registo. Conforme disse, o jogo foi muito mal jogado, com a bola quase sempre na zona do meio-campo, e com constantes interrupções por parte do árbitro, por isso foi com naturalidade que o resultado de 1-0 se manteve.

Na segunda parte a Naval entrou decidida, e pressionou o Benfica na busca do empate, tendo conseguido criar alguns lances perigosos (quase sempre na sequência de livres laterais, que iam sendo assinalados a um ritmo vertiginoso). Ainda assim, nunca me senti particularmente preocupado, já que o ascendente da Naval nunca chegou a ser sufocante. A partir do meio da segunda parte, o Benfica conseguiu acalmar o jogo e passar a controlar mais, mantendo a Naval longe da sua baliza e começando a ameaçar marcar o segundo. E quando a cinco minutos do fim o Rui Costa entrou, viu-se a diferença que ele faz na equipa, já que naqueles poucos minutos o Benfica conseguiu criar jogadas com princípio, meio e fim. Já depois de, numa dessas jogadas, o Makukula ter 'roubado' o golo ao estreante Sepsi, o romeno entrou na área, guardou bem a bola, e centrou atrasado para o Nuno Assis colocar um ponto final no jogo, no ultimo minuto do tempo de compensação. Nada mau para uma estreia de menos de cinco minutos, começar logo com uma assistência.

O jogo foi, como já disse, mau. Não houve nenhum jogador que se possa dizer que tenha brilhado, já que a equipa foi bastante homogénea. Saúde-se no entanto o regresso do Binya, que foi bastante importante esta noite. Não apenas pelos seus lançamentos, mas também pela capacidade de luta que dá ao nosso meio-campo. Ele tem uma zona de acção muito grande, e não desiste das bolas. E foi muito bem ajudado por todos os outros jogadores dessa zona. Já que não houve muita arte em campo, pelo menos houve luta e suor.

É importante ganhar jogos destes. Em que se joga mal e em que nos falta quase meia equipa. Seria bom era que não andássemos em casa a estragar o que de bom se vai fazendo fora dela. Pelo menos este resultado deve permitir alguma tranquilidade durante a semana, até ao jogo em Nuremberga.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Tangencial

Mais uma fraca exibição, salva desta vez por um golo algo feliz do Makukula, que nos deu uma vantagem tangencial para uma segunda mão na Alemanha que se prevê difícil.


O Camacho fez a vontade aos críticos, e alinhou com dois pontas-de-lança de início. Infelizmente os resultados não foram famosos, já que o Cardozo e o Makukula revelaram grande falta de entendimento, e por vezes até interferiram um com o outro. O Nürnberg apareceu com uma disposição cautelosa, deixando apenas o gigante Koller na frente, mas cedo deu para perceber que eram os alemães quem controlava a partida, sobretudo devido à supremacia que tinham na zona central do campo, onde um Petit fora de ritmo não conseguia dar conta do recado. Foi mesmo uma primeira parte muito fraca por parte do Benfica, que raramente conseguiu incomodar os alemães, sendo quase inexistentes os remates à baliza adversária. O Benfica continua a revelar uma incapacidade preocupante para construir jogadas de ataque, ficando quase exclusivamente dependente das subidas do Rui Costa com a bola nos pés para conseguir criar algum desequilíbrio nas defesas adversárias. E foi precisamente assim que, aos quarenta e três minutos de jogo, o Benfica chegou ao golo. Uma subida do Rui Costa pela zona central do campo levou a que vários jogadores do Nürnberg fossem para cima dele, o que deixou o Makukula muito à vontade para receber a bola vinda do Rui, e ainda fora da área rematar rasteiro para o golo, parecendo o guarda-redes adversário mal batido no lance. Este golo surgiu no único(!) remate que o Benfica fez à baliza durante toda a primeira parte (e para fora não devem ter sido feitos muitos mais remates).


Na segunda parte as coisas melhoraram um bocadinho, mas apenas isso mesmo - um bocadinho. Até conseguimos fazer o nosso segundo remate à baliza, pelo Petit (e não voltámos a conseguir acertar mais uma vez que fosse na baliza até final do jogo - é verdade: dois remates à baliza em noventa minutos, e pelas minhas contas seis remates no total do jogo). Logo a seguir (após quinze minutos) o Camacho abdicou de um dos pontas-de-lança (Cardozo), entrando para o seu lugar o Di María, e deslocando-se para o centro o Nuno Assis, para tentar fazer frente à superioridade clara do Nürnberg nessa zona. A coisa resultou mais ou menos e o nosso jogo melhorou um pouco, sendo agora possível ver mais de três passes seguidos entre os nossos jogadores, mas nunca conseguimos apoquentar os alemães, parecendo que o resultado satisfazia as nossas pretensões. A cerca de quinze minutos do final fiquei com a sensação de que o trio do meio-campo (Rui Costa, Nuno Assis e Petit) rebentou fisicamente, e os alemães voltaram a pegar no jogo tal como tinham feito na primeira parte. Só nos minutos finais as entradas do Adu e do David Luíz (para trinco) conseguiram acalmar um pouco as coisas, segurando a vantagem mínima.


O melhor jogador do Benfica esta noite foi o Luisão. Pelos vistos fez-lhe bem a polémica com o Mozer (embora, por uma questão de respeito para com um dos jogadores mais importantes do actual Benfica, eu prefira não entrar em comparações entre o Luisão e o Mozer). Qual Koller, qual quê. Mesmo com menos uns dez centímetros que o checo, o Luisão dominou completamente nas alturas. E não contente com isso, dominou pelo chão também, entrando sempre na altura certa para conseguir desarmes limpos. Já há muito tempo que não via o Luisão jogar assim. Importante também, pelas razões já referidas, foi o Rui Costa, para não variar. E pode ser que seja apenas o meu habitual facciosismo por este jogador, mas gostei da exibição do Nélson.

Mais um jogo em que não podemos sair satisfeitos da Luz. A qualidade do nosso futebol deixou muito a desejar, e é preocupante que o antepenúltimo classificado da Bundesliga consiga vir jogar assim para nossa casa. Com um ponta-de-lança ou com dois pontas-de-lança, a verdade é que a diferença parece ser pouca no que à qualidade de jogo diz respeito. Hoje salvou-se o resultado, que não sendo famoso, pelo menos tem o factor positivo de não termos sofrido golos em casa. Ainda assim acredito que o Benfica consiga fazer melhor na segunda mão, e não me passa pela cabeça perder esta eliminatória, já que os alemães não mostraram qualidade por aí além. Se bem que lhes faltaram o Misimovic e o Mintal, que se calhar já jogam a segunda mão.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Emenda

O resultado final acaba por não espelhar bem as dificuldades por que passámos esta noite para vencer o Paços de Ferreira, e seguir assim em frente na Taça. Desta vez Camacho emendou a mão cedo, e acabou por dar a volta a uma situação que se poderia ter complicado.

Quando vi a constituição da equipa do Benfica, a primeira ideia que me ocorreu foi que iríamos jogar com um triângulo invertido no meio-campo, tendo o Katsouranis como vértice mais recuado e depois o Rui Costa e o Nuno Assis no apoio mais directo ao estreante Makukula, ficando as faixas entregues ao Rodríguez e ao Pereira. Mas não foi isso que se passou, pois os jogadores acabaram por encaixar-se no 4-2-3-1 do costume, com o Maxi Pereira a jogar como médio defensivo ao lado do Katsouranis, e o Nuno Assis como extremo direito. Nem deu para ver muito bem se isto iria resultar, porque o jogo ficou logo condicionado pelo golo do Paços de Ferreira na primeira vez que entraram na nossa metade do campo. Muito graças à cortesia do Edcarlos, andando eu ainda a tentar perceber o que é que ele terá assim de tão melhor do que o Miguel Vítor. Foi uma boa entrada no jogo do Paços e, em contraste, uma má entrada nossa. A equipa parecia incapaz de construir uma jogada que fosse, estando mais uma vez dependente da capacidade do Rui Costa para pensar o jogo e transportar a bola para a frente. Desta vez, o nosso treinador resolveu reagir de forma mais célere, e pouco depois da meia-hora retirou o pior jogador em campo, recuando o Katsouranis para central, e fazendo entrar o Cardozo para jogar ao lado do Makukula. Isto deu resultado, pois os dois avançados passaram a conseguir prender o Paços lá atrás, e causar mais dificuldades à defesa adversária, abrindo espaços para as entradas dos nossos médios e laterais. O empate acabou por surgir já perto do intervalo, num penalti convertido pelo Cardozo após falta sobre o Rodríguez (bom toque do Makukula, com o peito, a passar para o uruguaio na área).

O Benfica entrou melhor na segunda parte, e um novo penalti, desta vez cometido sobre o Makukula, proporcionou ao Cardozo a oportunidade de voltar a marcar, colocando-nos em vantagem. Como agravante para o Paços, ficou ainda reduzido a dez, por expulsão do autor da falta. A partir daqui o Paços praticamente deixou de existir, pertencendo ao Benfica o controlo do jogo, muito por culpa das iniciativas do Rui Costa e das incursões do Léo pela esquerda. O Paços não se rendeu, e tentou apostar mais no ataque, mas isso acabou por deixar ainda mais espaços abertos cá atrás, que o Benfica foi explorando da melhor forma possível, ainda que sem grande brilhantismo. O terceiro golo, da tranquilidade, acabou por surgir, e merecidamente foi da autoria do Rui Costa. O mesmo Rui Costa, ainda antes de ser substituído quase em cima do apito final, ainda teve tempo para fazer mais uma boa jogada e deixar a bola para o remate de primeira do Nuno Assis, ainda de fora da área, que fechou o marcador com um confortável 4-1 para o Benfica.

O melhor jogador do Benfica esta noite, como deve ser fácil inferir dos meus comentários, foi para mim o Rui Costa. Soube, como sempre, jogar sempre com lucidez e fazer o transporte da bola para o ataque, sendo também aquele que mais arriscou na altura do passe para os colegas. Bom jogo também do Léo, em particular na segunda parte. Quanto ao estreante Makukula, não fez um mau jogo. Esteve nos dois primeiros golos, mostrou que nos dá um aumento considerável de força no jogo aéreo, e ainda se revelou útil na ajuda à defesa em cantos e livres laterais, com as bolas a serem cruzadas para a área. Acredito que a dupla Cardozo/Makukula possa vir a ser bastante útil. Quanto ao pior, bem, ele conseguiu em pouco mais de meia-hora, que foi o tempo que esteve em campo, fazer mais asneiras do que qualquer um dos seus colegas no jogo inteiro. Apenas reforçou a opinião que tenho de que não é um defesa para o Benfica, e preferia ter ainda o Miguel Vítor como quarto central do plantel.

Hoje não notei grandes melhorias no nosso jogo. A única diferença terá sido, para adoptar um discurso semelhante ao habitual do Camacho, que a bola hoje entrou. Que ao menos isto sirva para motivar um pouco os nossos jogadores é o meu desejo.

sábado, fevereiro 09, 2008

Cebola

Aparentemente o Christián Rodríguez afirmou que seria difícil continuar na Luz. Digo 'aparentemente' porque também não me custaria nada acreditar que notícias destas (que aparecem em conjunto com outras que noticiam o interesse do Porto no jogador) aparecessem apenas com o intuito de desestabilizar o Benfica e um dos jogadores mais valiosos do seu plantel.

Mas, a ser verdade, para mim a solução seria simples. Pura e simplesmente este jogador não voltaria a jogar no Benfica até ao final da época. Temos jogadores jovens no plantel, que são mesmo nossos, e que devemos valorizar e dar experiência, como são os casos do Di María e do Adu. Se calhar o 'Cebola' (alcunha que, no grau de ridículo, só encontra rival à altura naquela tentativa d'A Bola de chamar 'Manelelé' ao Manuel Fernandes) já se esqueceu do desastre que foi a sua anterior experiência na Europa, em que chegou ao ponto de nem sequer ser convocado no PSG, e acabando desempregado e sem clube no final da época. Agora só porque faz meia-dúzia de bons jogos no Benfica já se julga alguma coisa especial? Se ele na verdade não vai ficar, porque razão andaremos nós até ao final da época a valorizar um activo de outros? Por caridade com os seus empresários? Por mim, se se quer ir embora, que faça bom proveito. Daqui a uns meses já nem me vou lembrar que ele jogou no Benfica. E bem podem acenar com o papão do Porto (que eu até duvido que seja verdade, e não me admiraria nada que fosse apenas uma manobra para levar o Benfica a tomar alguma decisão precipitada) que pouco me preocupo. Ele até pode ser muito bom jogador, mas o Benfica é mais importante.

P.S.- Ontem ou anteontem li n'A Bola uma entrevista ao Yuran (jogador por quem, por acaso, eu sempre tive simpatia enquanto esteve na Luz, apesar de todos os seus defeitos fora do campo), em que este critica a postura e atitude dos jogadores do Benfica. Ao que isto chegou! O Yuran, esse exemplo de profissionalismo, a dar lições de moral. Pelos vistos as noitadas, o chegar completamente embriagado aos treinos matinais, ou o assassínio de uma pessoa no Porto - de que obviamente escapou incólume, ou não fosse o Porto uma cidade onde também se pode, por exemplo, ordenar impunemente o espancamento de alguém que nos incomoda, que depois enviam os Keystone Cops para fazer a (des)necessária investigação (mas estas leis de excepção são válidas apenas para uma casta de cidadãos selectos) - já se lhe varreram da memória.

domingo, fevereiro 03, 2008

...

Caros jogadores e equipa técnica do futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica, com todo o devido (muito) respeito que me merecem, dado representarem o meu clube, queria apenas dizer-vos uma coisinha após o jogo desta noite: Vão-se todos lixar! Se não são maus profissionais, e não andam a fazer estas coisas de propósito, então deixem que vos diga que imitam muito bem. De resto, não tenho palavras para classificar o que vi esta noite, e daí o título deste post.

É certinho como um relógio: sempre que conseguem uma boa exibição ou resultado, logo a seguir estragam tudo. Sempre que o líder do campeonato escorrega e nós aproveitamos para nos aproximarmos, passamos uma semana a ouvir as vossas declarações que o título ainda é possível, e que é preciso acreditar, e depois, no jogo seguinte, são vocês os primeiros a mostrar que parecem não acreditar, e a borrar a pintura toda. É que isto é ainda mais doloroso para os adeptos. Esta montanha russa emocional custa muito mais a aguentar. Nós somos benfiquistas, e como tal queremos sempre acreditar. Vemos a nossa esperança esmorecer semana após semana, e quando atingimos o ponto mais baixo (aquele em que somos capazes de ponderar a possibilidade de não irmos golear no próximo jogo) vocês surpreendem-nos (ex: Shakhtar ou Guimarães) e nós, uma vez mais, perdoamos e esquecemos todas as mágoas anteriores que nos deram, pensando que finalmente estamos no caminho certo. E sadicamente, logo a seguir, vocês voltam ao mesmo e esmagam o nosso optimismo à nascença. Se vocês fossem todos um bando de cepos e coxos, então paciência. Mas não são. O problema é que nós sabemos muito bem (porque já o vimos) que vocês sabem fazer muito mais e muito melhor. E é por isso que jogos como o desta noite são tão difíceis de digerir.

O que eu vi esta noite foi uma vergonha de jogo. Uma primeira parte hedionda, e uma segunda parte um bocadinho melhor, que foi, vá lá, apenas horrível. E isto frente a um adversário como o Nacional que, sem menosprezo, não é propriamente um colosso, e que nem sequer se apresentou na Luz com uma disposição exageradamente defensiva. Aliás, a coisa foi tão má da nossa parte que até deu para o Nacional jogar o jogo abertamente. A jogar em 4-4-2, desde o início do jogo que foi evidente o quão orfã a equipa estava do Rui Costa. E se não havia Rui Costa, o mais natural seria que estivesse alguém em campo capaz de segurar a bola no meio campo e progredir com ela. O Katsouranis e o Petit definitivamente não são esse tipo de jogador, e passaram a maior parte do tempo a atrapalharem-se um ao outro e aos demais colegas, e a complicar o nosso jogo. Com um Maxi Pereira que não defendia nem atacava, a equipa do Benfica ficou quase exclusivamente dependente do Di María para causar alguma aceleração ou desequilíbrio no jogo. O Nuno Gomes, até se lesionar, passou completamente ao lado do jogo (ou até poderia dizer que foi verdadeiramente atropelado pelo jogo), e o Cardozo até fez pena. Pouquíssimos remates e apenas uma oportunidade real de golo, através do inevitável Di María, foi a produção do Benfica na primeira parte. De resto foi muito pontapé para o ar e para onde quer que estivessem virados, raramente mais de três passes seguidos em progressão, e um desfilar de cantos e livres pessimamente marcados pelo 'especialista' Petit.

Na segunda parte, já com o Rodríguez em campo, as coisas foram um bocadinho menos más, mas produção ofensiva e fio de jogo nem vê-los. A equipa mudou, passando o Di María para a direita e o inenarrável Pereira para o centro, e apenas por isso conseguimos passar a criar mais algum perigo pela direita. Mas o Don Camacho resolveu ser excêntrico, e apesar da evidente falta de organização no meio campo optou por manter os dois trincos em campo durante os noventa minutos. Mais os brilhantes Luís Filipe e Maxi Pereira. Na altura das substituições, o inevitável Nélson lá saiu, e depois, inexplicavelmente, saiu o único jogador em quem eu ainda depositava alguma esperança para inventar alguma coisa, que era o Di María. Para o seu lugar entrou mais um para contribuir para a confusão que era o jogo do Benfica. Duas oportunidades flagrantes de golo foi o que o Benfica conseguiu criar, pelo menos que eu me lembre: um remate de ressaca do Pereira, bem defendido pelo guarda-redes adversário, e um centro perfeito do Di María para o Cardozo, que em posição frontal conseguiu cabecear na direcção da bandeirola de canto. O nulo final não é apenas justo, é o único resultado que poderia sair de uma exibição tão desastrada como a desta noite.

O melhor jogador do Benfica foi, para mim, o Di María, e continuo sem perceber porque razão é que ele saiu. Ou melhor, porque razão é que o Maxi Pereira tem lugar cativo. Se calhar foi para não colocar em causa esse lugar cativo que o Benfica na reabertura de mercado optou por não ir buscar nenhum jogador para a posição de médio direito, aquela em que é evidente estar mais necessitado. Quanto ao pior, foram todos os outros. Ou melhor, corrijo: o pior de todos foi o Camacho. Foi visível desde o início o que estava mal, e ele optou por fazer duas substituições disparatadas que em nada nos ajudaram. E sentadinhos no banco, ao lado dele, ficaram o Nuno Assis e o Adu, que na opinião deste ignorante blogger seriam as escolhas óbvias para o tipo de jogo a que estávamos a assistir. Só que eu não percebo nada disto.

Depois de mais uma marretada no optimismo dos benfiquistas, estou para ver quanta gente vai aparecer no próximo jogo contra o Paços. Eu por acaso até já tenho bilhete, por isso o melhor é ir-me preparando para mais hora e meia de irritação.