domingo, janeiro 28, 2007

Recuperação

Ir ao Restelo ver o Benfica já é uma tradição para mim. E uma tradição agradável, já que estou habituado a ver o Benfica ganhar frequentemente lá. Ontem tive ainda o prazer acrescido de poder ver o jogo na boa companhia dos meus amigos Pedro Ferreira, S.L.B. e TMA, o que tornou a noite ainda mais agradável.

Ao contrário do que havia sido noticiado durante a semana, o Benfica não se apresentou no mesmo 4-3-3 da Taça, e em vez disso regressou ao losango, entrando o Karagounis para o meio campo no lugar do Manú. O Simão fez dupla na frente com o Nuno Gomes, jogando bastante solto por toda a frente de ataque, enquanto que o Rui Costa assumia o vértice mais adiantado do losango. Quanto ao Belenenses, assumiu uma postura bastante corajosa logo desde o início do jogo, jogando com a defesa bastante subida e a apostar no fora-de-jogo. Com isto eles conseguiram empurrar o nosso meio-campo quase para cima da defesa, pressionar muito rapidamente o nosso jogador que recebia a bola, e praticamente não deixar tempo nem espaço aos nossos médios para pensar o jogo. O perigo disto era o enorme espaço vazio deixado nas costas da defesa, que poderia ser explorado pelo Benfica com solicitações para a velocidade do Simão. O Belenenses cedo assumiu as despesas do jogo, enquanto que o Benfica se ia ficando pela expectativa. O facto do Rodrigo Alvim não ter qualquer adversário directo (o Simão tinha mais tendência a cair sobre a esquerda, enquanto que o Nuno Gomes ficava no meio) era bem explorado pelos de Belém, que assim apareciam frequentemente em situações de dois para um sobre o Nélson. Deu também para ver que não foi por acaso que o Jorge Jesus disse o que disse acerca do fair play: logo no início do jogo o Katsouranis ficou lesionado após um toque por trás, e mesmo com ele estendido no chão o Rodrigo Alvim arrancou por ali fora em direcção à baliza, com os jogadores do Benfica todos parados.

Poucos minutos após, o Belenenses construiu uma boa oportunidade de golo, com o Quim a revelar bons reflexos e a realizar uma grande defesa a um remate do Roma à entrada da área (durante a primeira parte foi o jogador mais perigoso do Belenenses), que acabou até por ser a única digna desse nome que acabou por fazer durante todo o jogo. O domínio do Belenenses era evidente, mas de certa forma inconsequente, já que não conseguia criar muitas oportunidades flagrantes de golo, uma vez que a bola esbarrava quase invariavelmente no Luisão ou no Petit. E foi assim que, quase na primeira vez que se aproximou com perigo da baliza adversária, o Benfica marcou. O Rui Costa inventou (de pé esquerdo) um passe 'à Rui Costa' para o tal vazio enorme que existia nas costas da defesa belenense, e o Simão, rápido, intrometeu-se entre o Rolando e o Costinha para, com um ligeiro toque, colocar a bola entre as pernas do guarda-redes (que saiu da baliza de uma forma muito pouco decidida). Este golo acalmou um pouco o jogo, mas o domínio do Belenenses continuou, embora um pouco menos evidente. A melhor oportunidade que tiveram foi mais uma vez criada pelo Roma, que entrou pelo lado esquerdo da nossa defesa e rematou à malha lateral. E foi quando já se caminhava para a fase final da primeira parte que o Benfica praticamente resolveu a partida. Na transformação de um livre a punir uma falta sobre o Karagounis do lado esquerdo, o Rui Costa (segunda assitência no jogo) enviou a bola para a cabeça do Luisão que, saltando com uma estranha ausência de oposição, fez um golo que quase se pode apelidar de fácil. Com 2-0 ao intervalo, e o Belenenses a parecer ter acusado os nossos golos, o jogo parecia estar resolvido.

Na segunda parte o treinador do Belenenses resolveu apostar no novo reforço panamiano, mas estranhamente resolveu retirar o Roma, que para mim estava a ser o jogador mais perigoso deles. Esta segunda parte teve pouco a ver com a primeira. O Benfica controlou completamente o jogo, com a tranquilidade que uma vantagem de dois golos pode dar, e o Belenenses já nem sequer conseguia incomodar o Quim. Foi mesmo o Benfica quem esteve mais perto de marcar o terceiro golo, tendo disposto de algumas boas oportunidades para o fazer, a mais flagrante delas uma do Nuno Gomes, que depois de ter ultrapassado o guarda-redes adversário conseguiu acertar no defesa do Belenenses que estava em cima da linha de golo. A melhor oportunidade de golo do Belenenses acabou por ser mais uma demonstração de fair play, com o estreante avançado panamiano a prosseguir uma jogada em que um jogador de cada equipa estava caído dentro da nossa área, obrigando o Quim a uma boa intervenção. Foi já quando não se esperava, a cerca de três minutos do final, que o Belenenses chegou ao golo, após uma jogada bonita que acabou por permitir o remate do Silas. Mas em vez de ser o Benfica a descontrolar-se com este golo, o que aconteceu foi o contrário. Os jogadores de Belém passaram a querer recuperar a bola de forma quase desmiolada, recorrendo a faltas e entradas duras sucessivas, resultando daí diversos cartões, que culminaram com uma expulsão no derradeiro lance do encontro. O Benfica nunca perdeu a compostura, e limitou-se a gerir o tempo que faltava mantendo sempre a bola bastante longe da sua baliza.

A nossa vitória assentou, a meu ver, sobretudo na acção de quatro jogadores: Luisão, Petit, Karagounis e Simão. O Luisão esteve simplesmente intransponível na defesa, e ainda ajudou com um golo. O Petit recuperou um sem-número de bolas e foi sempre a primeira barreira aos ataques adversários. O Karagounis esteve intratável a guardar a bola: é quase impossível desarmar o grego sem recurso à falta, e para além disso ele consegue inventar passes incríveis (o lance em que ele, no meio de três adversários, consegue desembaraçar-se deles e isolar o Nuno Gomes é um exemplo). O Simão continua no pico de forma das últimas semanas. Basta a bola chegar aos pés dele para que eu tenha esperança que um lance perigoso surja. Ele parece mover-se a uma velocidade muito superior à de todos os outros jogadores em campo, e ontem só lamento que num para de ocasiões ele não tenha sido mais egoísta, e tenha optado por tentar servir um colega em vez de seguir para o golo. Menção também para o Rui Costa, que apesar de apresentar ainda alguma falta de ritmo (mais notória para o final da partida) acabou por ser decisivo ao fazer as assistências para os nossos golos.

Reduzida a distância para o primeiro lugar para cinco pontos, o panorama desanuvia-se um pouco e permite-nos ter mais um pouco de esperança. Afinal sempe ficámos um pouco menos dependentes de outros (já só precisamos que o FCP perca mais dois pontos para ficarmos dependentes de nós). E com o calendário favorável da segunda volta (em que recebemos quase todas as equipas mais fortes na Luz), julgo que estamos longe de ter que atirar a toalha. A minha preocupação agora é o facto de o Simão e o Luisão estarem ambos á beira da suspensão, e o jogo de ontem mostrou o quão indispensáveis eles são.

P.S.- Ontem, surpreendentemente, fiquei a saber que o pessoal do Belenenses gosta de ser chamado de 'pastel', já que o speaker de serviço incitava as massas aos gritos de 'Quem bate palmas é pastel'. O que é que se segue? A megera ululante de Alvalade a incitar o público aos guinchos de 'Olé, olé, e quem salta é lagarto', ou o nosso speaker (meu ódio de estimação) a urrar 'Quem salta é lampião'?

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Não

Hoje, em alguns dos desportivos, é anunciado o interesse do Benfica no Derlei. Sinceramente, espero que não seja verdade. Sim, eu sei que o homem se calhar até é bom jogador, e no fundo será isso que interessa mais. Mas eu não me consigo esquecer de diversos comportamentos deste indivíduo em campo, com especial destaque para a final da Taça de Portugal de 2003/04, em que ele andou em campo com uma fúria assassina a tentar arrumar com todos os nossos jogadores que lhe passassem ao alcance (um resumo do jogo, dividido em sete partes, está disponível no YouTube para quem tiver paciência). O Derlei para mim, independentemente da sua qualidade futebolística, sempre foi um epítome do jogo sujo e maldoso que tradicionalmente faz escola nas Antas. Imaginá-lo a jogar no Benfica é para mim quase tão difícil quanto imaginar o Paulinho Santos na mesma situação. Chamem-me lírico se quiserem, mas eu antes preferiria que o Benfica não contratasse nenhum avançado a ter que ver o 'Ninja' com a águia ao peito (além disso o Derlei tem 31 anos e deve ter um ordenado bem alto - ficaria bem mais contente se, por exemplo, se lembrassem de ir buscar o austríaco Linz).

Soltas

Estranhei os desabafos do Miccoli ontem. Até gostei do discurso dele, dizendo que não está cá apenas para ganhar dinheiro sem dar nada em troca, mas cá para mim parece-me que ele não deverá ter ficado nada satisfeito com aquela declaração do Nandinho acerca do peso dele. De certeza que o Miccoli já deve andar frustrado com tantas lesões, e frustrados com isso andam também os benfiquistas, que na generalidade admiram a qualidade do italiano. Algo de errado tem que se estar a passar para que um jogador sem qualquer historial de lesões, habituado a fazer mais de 30 jogos por época no exigente campeonato italiano, de um momento para o outro venha para Portugal e passe metade do tempo lesionado. Nem sequer posso estar a apontar o dedo ao Bruno Moura, porque o ano passado foi a mesma coisa e o preparador físico era outro. Enfim, o que eu sei é que este fim-de-semana lá vamos nós estar no Restelo e provavelmente vamos suspirar pelo Miccoli (e o ano passado até ganhámos lá com um golo lindo marcado por ele).

Hoje completam-se três anos sobre aquela noite fatídica que nos deixou a quase todos incrédulos, colados aos ecrãs, e de repente a aperceber-nos que o futebol e o resultado de um jogo afinal podem perder toda e qualquer relevância no espaço de um segundo. Aquela noite foi o pior momento que vivi enquanto adepto de futebol, e por mais anos que passem aquelas imagens nunca mais me sairão da cabeça. Sempre que passo em frente à entrada principal do nosso estádio não consigo evitar recordar o Fehér, e os acontecimentos daquela noite e dos dias que se seguiram.

Mas para que não sejam tudo negativo, o dia de hoje serve também para celebrar o sexagésimo-quinto aniversário do nosso Eusébio. Parabéns, King!


terça-feira, janeiro 23, 2007

Transferências

Bem, está oficialmente confirmado. O Ricardo Rocha saiu mesmo para o Tottenham. É inegável que se trata de um bom negócio para o Benfica, mas vamos agora ver as consequências desportivas que ele poderá ou não trazer. Repito no entanto que fico com uma certa pena de ver mais este jogador 'do Camacho' abandonar o clube.

Este período de transferências está a ser uma espécie de oposto do que se passou a época passada. Há um ano o Benfica desatou a comprar jogadores, de utilidade duvidosa, e que poucos ou nenhuns benefícios trouxeram ao clube. Basta aliás ver a situação desses 'reforços' actualmente: o Manduca foi despachado para a Grécia, o Robert para Espanha, o Marcel ainda não arranjou colocação, e os outros dois (Marco Ferreira e Moretto) praticamente não fazem parte dos planos do treinador, e estão em vias de sair. Este ano só se vêem jogadores a sair, e neste momento resta-nos pouco mais de uma semana para conseguirmos contratar um defesa-central e um avançado (que são mesmo necessários, sob pena de nos próximos meses termos que andar a ver o Katsouranis a jogar a central, ou o Simão a ponta-de-lança).

Mudando de assunto, hoje lá me diverti um pouco com mais um capítulo da interminável cruzada do cada vez mais ridículo MST para nos tentar convencer que toda a corrupção no futebol português se resume a um único jogo, o famigerado FCP x E.Amadora de 2003/04, e que o processo Apito Dourado não passa de um estratagema montado e organizado pelo Benfica e os benfiquistas de forma a poderem retirar os títulos e a hegemonia 'honestamente' conquistados pelo FCP e o seu impoluto presidente durante a última vintena de anos. Depois de me ter baralhado numa recente crónica, em que de alguma forma tentava mostrar que o facto do FCP ganhar jogos esta época era uma demonstração evidente da inocência do seu clube e presidente em relação a tudo aquilo de que são acusados de ter feito nos últimos vinte anos (ainda estou a tentar perceber de que forma é que uma finta do Quaresma poderá ser anexada ao processo pela defesa do PC, de forma a provar a sua inocência), depois de encenar um julgamento do processo em que consegue mostrar-nos de que forma a sua visão parcial consegue toldar-lhe os pensamentos, sendo que a sua descrição presumivelmente irónica do cenário deverá ser um retrato mais ou menos fiel da visão que ele próprio tem deste processo, agora volta à carga com o tal jogo contra o Estrela, porque aparentemente o facto de não ter havido qualquer benefício evidente ao FCP no referido jogo será prova mais que evidente da inocência virginal dos acusados.

O FCP do Mourinho não precisava de ajudas para vencer o Estrela? Pois, a Juventus de Lippi, Del Piero, Nedved, Buffon, Trézéguet, Camoranesi, etc, bicampeã indiscutível da Série A, não precisava de ajudas. O Milan de Kaká, Shevchenko, Pirlo, Seedorf, Gilardino, Maldini, Gattuso e outros também não precisava de ajudas de ninguém. Depois viu-se. A questão do referido jogo com o Estrela não é que o FCP tivesse precisado de ajudas 'externas' para o vencer. A questão é que se viesse a precisar, elas estariam asseguradas. Antes de um jogo decorrer não se pode saber o que vai acontecer, se vai ser necessário um empurraozinho do árbitro ou não. O importante nestes casos é mesmo assegurar-se que se for preciso, o empurrão aparece. A título de exemplo, antes do jogo com o Atlético também ninguém diria que o FCP precisaria de ajudas. Mas no decorrer do mesmo veio a verificar-se que afinal até daria um certo jeitinho se caísse qualquer coisita. E viu-se o que aconteceu. Julgará o MST que o jogo com o Estrela foi um caso isolado? Uma situação que antes ou depois não se terá já repetido infindáveis vezes? O MST tem uma certa tendência para se comportar como um puto mimado que nunca admite não ter razão seja em que assunto for. Depois sujeita-se às figuras tristes que faz quando fala de bola. Já aquando da questão das ajudas que o FCP recebeu por parte das autarquias na construção do novo estádio andei a vê-lo ser repetidamente remetido à sua ignorância pelo Santana Lopes na discussão que mantiveram nas páginas d'A Bola. Agora, movido talvez por um qualquer sentimento de pânico desde que a MJM pegou no processo Apito Dourado, semana após semana vem escrevendo crónicas cada vez mais patéticas. Ao menos sempre vai dando para rir um bocado.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Feliz

Foi preciso sofrer, muito por culpa própria, mas o Benfica lá conseguiu ser feliz, dar a volta ao resultado, e marcar presença na próxima eliminatória da Taça de Portugal.

A forma como o Benfica se apresentou em campo foi, em termos tácticos, um regresso a um passado não muito distante, com o Nuno Gomes a alinhar praticamente sozinho no ataque. Não sei se apenas como resultado disso, ou se também por culpa da atitude da própria equipa do Benfica, a verdade é que não há quase nada a dizer acerca dos primeiros quarenta e cinco minutos. Foi um aborrecimento atroz, quase sem oportunidades de golo, julgo que os remates feitos se podem contar pelos dedos de uma mão. Parecia que o jogo se passava quase todo ali na zona do meio campo, com pouca progressão e muitos passes errados. É que se o Benfica pouco fazia em termos atacantes, a U.Leiria ainda menos fazia.

Na segunda parte o Benfica pareceu entrar um pouco mais decidido em dar alguma velocidade ao jogo, e logo no primeiro quarto-de-hora conseguiu aproximar-se mais da baliza leiriense e dar mais emotividade ao jogo do que tinha conseguido durante toda a primeira parte. Só que, contra as expectativas, e naquele que deve ter sido o primeiro remate que fizeram à nossa baliza, a U.Leiria marcou. Foi na sequência de um livre, em que o Harison cabeceou a bola de costas para a baliza, mas com bastante força de forma que o Quim não a conseguiu deter. Já há muito tempo que não me lembrava de ver o Benfica sofrer um golo (tenho a impressão que o último golo sofrido tinha sido em Old Trafford). Foi preciso isto para que o nosso treinador acordasse, e se decidisse finalmente a fazer entrar um segundo avançado em campo. A diferença foi como que da noite para o dia.

Mal o Mantorras entrou, quase marcou de cabeça, na sequência de um canto. Poucos minutos depois marcou mesmo, mas o golo foi anulado por fora de jogo. Aliás, este continua a ser o maior defeito do Mantorras, já que nos minutos que se seguiram voltou a deixar-se apanhar algumas vezes nesta situação. Mas o importante era que agora parecia evidente a incapacidade da defesa leiriense para tapar os caminhos para a baliza. O Benfica carregava e jogava cada vez mais perto da área adversária, e as oportunidades iam surgindo. Mas foi só a dez minutos do final que o empate acabou por surgir. O Simão marcou um livre sobre a esquerda, e no estádio até me deu a sensação que a bola tinha entrado na baliza do Leiria sem que ninguém lhe tocasse, mas afinal o golo foi do Nuno Gomes, que ainda lhe tocou ao de leve com a cabeça. E cinco minutos depois, estava concretizada a reviravolta, com um golo muito bonito do Mantorras. Gostei muito de ver a forma como ele reagiu ao mau alívio do defesa leiriense, rodando rapidamente sobre o seu marcador e rematado de pé esquerdo para o fundo da baliza. Eu não sou daqueles que faz um banzé de cada vez que o Mantorras se levanta para aquecer, mas tenho um carinho especial por este jogador, e fico sempre contente quando o vejo marcar. Quando ainda por cima ele marca um golo importante, que nos dá a vitória no jogo, fico ainda mais contente.

Claro que o destaque maior deste jogo acaba por ir para o Mantorras, não só pelo importante golo marcado, mas também pela forma como a sua entrada em campo mudou completamente o jogo. Mais uma vez o Simão esteve em bom plano, sendo dos jogadores mais esclarecidos do Benfica mesmo durante os piores períodos. De negativo fica mesmo aquela péssima primeira parte. O Benfica não pode voltar ao hábito de dar quarenta e cinco minutos de avanço ao adversário.

Agora, que venham os próximos.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Histeria

Sinceramente, o comportamento nos limites da histeria por parte da imprensa desportiva face à possibilidade do Ricardo Rocha se transferir para o Tottenham chega a dar-me nojo. Surfando a crista da onda da histeria está, claro, o jornal que já 'vendeu' o Ricardo Rocha pelo menos umas duas dezenas de vezes desde que ele chegou ao Benfica, há quatro épocas e meia, já o meteu a fazer exigências de saída para tudo o que fosse clube, a reclamar melhorias contratuais, etc. Hoje quase que me desatei a rir quando vi na capa desse jornal 'ROCHA FAZ PRESSÃO'. Quem não estivesse muito a par do assunto até poderia pensar que o Ricardo tinha andado a pressionar para sair, a bater o pé, ou a dar murros nas portas exigindo que o transferissem. Por acaso ontem até ouvi as declarações do Ricardo, em que basicamente após ter sido verdadeiramente assaltado por um batalhão de repórteres, um deles lhe faz a pergunta se ele gostaria de jogar em Inglaterra, ao que ele responde naturalmente 'Sim, gostava'. Isto pelos vistos foi suficiente para que se considerasse que o homem está a pressionar o Benfica para sair. Experimentem perguntar a qualquer jogador da Liga portuguesa se gostaria de jogar na Premiership, e verão se ele não responderá o mesmo.

Confesso que não me agrada a ideia de ver o Ricardo Rocha sair neste momento. Pela simples razão que é um jogador de quem eu gosto, e que eu considero fazer parte do chamado 'núcleo duro' da equipa (mais um dos jogadores 'do Camacho'). Além de que uma saída de um jogador titular, que estará provavelmente a fazer a sua melhor época de sempre, a meio do campeonato nunca é aconselhável. Mas por outro lado, a serem verdadeiros os valores envolvidos que têm sido noticiados, compreenderei se ele acabar por sair. A proposta é boa para o Benfica, por um jogador com 28 anos. Além disso o Ricardo não terá muito mais hipóteses de, com esta idade, conseguir uma saída para o estrangeiro e fazer o 'contrato da sua vida'. E sendo o Ricardo Rocha um jogador a quem eu julgo que não se pode apontar o dedo por falta de dedicação ou empenho em campo, acho que nesta situação seria injusto cortarem-lhe as pernas e negarem-lhe uma oportunidade destas para jogar no melhor campeonato do mundo.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Bonito

Que todos os jogos do campeonato fossem como este... o Benfica conseguiu esta noite a terceira vitória fora no campeonato (uma performance bastante sofrível para uma volta inteira) num jogo bstante aberto, e disputado a um ritmo anormalmente elevado. Foi um jogo a que gostei bastante de assistir, e uma agradável excepção à sonolência que parece imperar na maior parte dos jogos da nossa Liga.

Alinhando com o onze mais provável, o Benfica entrou no jogo a ganhar, já que no primeiro ataque que fez marcou. Foi numa recarga do Ricardo Rocha (este ano anda a tirar a barriga da miséria que tinha sido o seu registro de golos pelo Benfica até agora) a um cabeceamento do Luisão, após um livre 'de laboratório'. Este golo fica no entanto manchado pela clara posição irregular do Ricardo na altura em que o Luisão cabeceia. Reagiu a Académica da melhor forma possível, e veio completamente para cima do Benfica, que nos vinte/vinte e cinco minutos seguintes praticamente só contra-atacava esporadicamente, enquanto que a Académica se mantinha em cima de nós. Durante este período valeu-nos a atenção do Quim, que foi negando o golo do empate em várias ocasiões. Nesta altura o nosso meio-campo parecia demasiado macio, sendo incapaz de segurar a bola e perdendo-a com alguma facilidade para os jogadores da Académica, que pressionavam em quase todo o terreno.

Só perto da meia-hora é que o Benfica reagiu, através de mais um livre, que resultou em golo (bem) anulado ao Katsouranis. No minuto seguinte, novo golo anulado ao grego, mas desta vez sem qualquer justificação, após uma boa jogada do nosso ataque com o Nuno Gomes a proporcionar uma finalização fácil ao Katsouranis, sem que tivesse havido qualquer irregularidade no lance (se calhar o fiscal-de-linha já sabia que tinha feito asneira no golo do Ricardo e resolveu compensar). Nesta fase o jogo estava num ritmo quase frenético, em que cada vez que uma das equipas atacava se ficava com a sensação que poderia haver golo. A Académica enviou uma bola ao poste, no seguimento de um livre que resultou num lance confuso dentro da área, e só não marcou na recarga devido a um corte providencial do Ricardo Rocha em cima da linha. Quase na resposta foi o Nuno Gomes a estoirar à barra. Antes do intervalo ainda vimos o Quim a ter que fazer mais uma boa defesa após um cabeceamento adversário. No fim dos primeiros quarenta e cinco minutos fiquei com a nítida sensação que o empate era capaz de ser um resultado mais justo para o que se passou na primeira parte, já que a Académica tinha criado oportunidades suficientes para chegar ao golo. Custa perceber como é que uma equipa que é capaz de jogar assim consegue estar numa posição tão baixa na tabela.

A segunda parte foi um seguimento da primeira. Logo a abrir o Benfica podia ter marcado, quando o Pedro Roma (guarda-redes que eu admiro bastante, e não apenas por já ter passado pelo Benfica) primeiro defendeu um remate do Simão após iniciativa individual, e depois faz uma defesa incrível com a ponta do pé à recarga do Nuno Gomes. A Académica continuava a tentar responder, mas agora já não era capaz de se aproximar tanto da nossa baliza com perigo. A substituição do Miccoli pelo Manú também pareceu dar um pouco mais de estabilidade à nossa equipa, que passou a ocupar melhor os espaços que no primeiro tempo eram deixados livres na zona do meio-campo. Via-se que agora o Benfica optava por segurar mais a bola, explorando eventuais contra-ataques quando a recuperava, em vez de responder à letra ao estilo de jogo do adversário atacando desenfreadamente. Quando o Rui Costa entrou (e viva o seu regresso) já era mais ou menos claro que só por asneira é que o Benfica não venceria este jogo. A Académica continuava a tentar atacar, mas os seus jogadores já não tinham pernas para recuperar quando perdiam a bola, e assim deixavam muito espaço cá atrás para os nossos contra-ataques. Foi assim que, já depois de uma ocasião soberana desperdiçada (alguém que dê um valente puxão de orelhas ao Nélson - aquele egoísmo foi imperdoável), um passe do Karagounis deixou o Léo isolado na esquerda, e este matou o jogo (outro defesa que resolveu este ano marcar golos - já é o segundo).

Gostei muito do jogo de hoje, mas não fiquei propriamente muito entusiasmado com o Benfica. Houve períodos em que me pareceu estar demasiado preso de movimentos, e lento a desenvolver as jogadas, sendo que o meio-campo revelava muito pouca agressividade (com a excepção do costume do Petit). O Quim merece destaque, já que, conforme disse, durante a primeira parte teve diversas intervenções muito boas que mantiveram o nulo no marcador (e com este faz cinco jogos consecutivos no campeonato sem sofrermos golos - parece que finalmente começamos a ter alguma estabilidade na defesa). O Luisão (apesar de, sinceramente, achar que ele não deveria ter sido convocado para este jogo como castigo por aquele episódio da embriaguez) esteve sempre bem na defesa, como é habitual. Gostei também muito do nosso capitão, que está num período de forma muito bom. E claro que tenho que mencionar o Léo, que fez mais um bom jogo e bem mereceu o golo marcado.

Temos agora oito pontos de desvantagem para o primeiro lugar, finda a primeira metade do campeonato. É uma tarefa muito difícil recuperar tantos pontos, ainda para mais num campeonato mais curto. Resta-nos não desperdiçar pontos da forma estúpida como o andámos a fazer durante a primeira volta (se a defesa não comprometer as coisas tornam-se mais fáceis), e ir esperando por escorregadelas do líder. Infelizmente este campeonato não se tem revelado muito pródigo em grandes surpresas.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Dubai

Ao fim de um enorme bocejo que durou 180 minutos, o Benfica lá ganhou o torneio no Dubai. Tive a oportunidade de ver ambos os jogos que disputámos, e foram mesmo muito aborrecidos. O Nandinho até nos jogos a feijões consegue aborrecer o pessoal ;) De positivo fica o dinheiro ganho, a solidez defensiva evidenciada (tendo em conta o que têm sido os nossos jogos longe da Luz este ano, ficar dois jogos sem sofrer golos contra Bayern e Lazio não é nada mau), alguns pormenores do Manú (gostava que tivesse mais oportunidades para jogar), ver o Rui Costa jogar aparentemente sem limitações, e ainda os nossos dois guarda-redes suplentes terem em conjunto conseguido defender cinco penaltis num total de doze, o que é muito acima da média.

Agora que regresse o campeonato depressa, que já estou farto de jogos a brincar.

domingo, janeiro 07, 2007

Normal

Conforme esperado, o Benfica não teve quaisquer dificuldades em golear o Oliveira do Bairro no jogo da Taça de Portugal, e seguir em frente na competição. Foram cinco golos e até poderiam ter sido mais, mas a última meia-hora do jogo não foi mais do que uma peladinha para desentorpecer os músculos da paragem prolongada durante o Natal e Ano Novo. Realce para o regresso do Rui Costa, o bis de ambos os avançados, e ainda para a notável assistência de 34.034 espectadores num jogo destes. Infelizmente os clubes estão reféns dos interesses televisivos, e não podem passar sem essas receitas, mas gosto muito mais de futebol à tarde, e de certeza que as assistências seriam maiores se os jogos fossem sempre disputados nessa altura. Isto é capaz de ser um pouco nostálgico da minha parte, mas quando era miúdo era assim que eu via o futebol. Os jogos 'normais' eram sempre à tarde, enquanto que as noites ficavam reservadas para os jogos 'especiais', normalmente os das competições europeias.

P.S.- E viva a Taça! \o/ Acabei de saber do feito do Atlético, que nem mesmo com um penalti aos 95 minutos se deixou abater :)

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Regresso

O ano começou praticamente com uma má notícia, que foi a suspensão do Nuno Assis por um ano (menos os cinco meses e meio já cumpridos). Não sei o suficiente sobre todo este processo para estar a dar uma opinião avalizada. Se na verdade ele tomou alguma substância ilegal, acho muito bem que seja punido por isso. Mas a verdade é que em todo o processo se passaram certas situações que no mínimo não podem acontecer, e foi com base nelas que o primeiro recurso do Benfica foi apresentado e ganho. Quem acaba por ser o principal prejudicado é o próprio jogador, que me parece ser a vítima de guerrilhas entre as diversas entidades envolvidas nisto. Ainda mais frustrante é pensar que lhe faltavam apenas 19 dias para cumprir a suspensão original na totalidade, e que por lhe terem sido 'perdoados' esses 19 dias agora vê-se na situação de ter que cumprir mais seis meses de suspensão. Nunca consegui no entanto compreender a sanha do inútil Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, contra o Nuno Assis. Talvez tenha necessidade de mostrar que faz alguma coisa, já que em relação a diversos assuntos que são na verdade importantes para o desporto português a gente nem dá por ele. Desde que o vi na TV a amochar e a meter o rabinho entre as pernas perante o arguido Valentim Loureiro que fiquei logo com a impressão de que temos ali homem.

Amanhã regressa o futebol, com o jogo da Taça perante o Oliveira do Bairro. Provavelmente teremos a alegria de assistirmos ao regresso aos relvados do nosso Rui Costa, que muito nos pode ajudar na segunda volta do campeonato. Ainda em relação a este jogo, fico um pouco surpreendido com a aparente decisão do nosso treinador de nem sequer neste jogo entregar a baliza a um dos outros guarda-redes do plantel. Estamos a falar de um jogo para a Taça de Portugal, em casa, contra o Oliveira do Bairro. Nem assim? Será que o engenheiro tem assim tantas dúvidas no valor dos nossos outros dois guarda-redes que hesita em entregar-lhes a guarda da nossa baliza num jogo destes? Que boa maneira de gerir o plantel e motivar os jogadores... melhor que isto só mesmo o velho Trap quando, em vésperas de defrontarmos na Luz a Oliveirense para a Taça, afirmou que tinha que ir analisar o DVD do adversário para saber se poderia alinhar com dois avançados ou não.