Passo
Mais uma vitória importantíssima, e mais um passo dado em direcção ao título. O jogo não foi dos mais conseguidos na vertente artística, tendo o Benfica talvez abusado um pouco na gestão do esforço, mas o que interessava mais hoje era mesmo o resultado, e por isso podemos considerar que a missão foi cumprida a contento.
Regresso dos titulares que tinham ficado de fora no último jogo, sendo a única alteração no onze habitualmente titular a presença do Sílvio na direita de defesa em vez do Maxi. Desde o apito inicial que deu para perceber que não iríamos ter vida fácil, porque o Braga entrou a pressionar de forma bastante agressiva e com a equipa a jogar muito compacta e subida no campo. Mas durante os primeiros minutos o Benfica conseguiu sair dessa pressão e através de movimentações rápidas na frente criar algumas situações de perigo. O primeiro aviso foi dado pelo Gaitán, que depois de se desmarcar e ultrapassar o guarda-redes rematou com o pior pé à rede lateral. O mesmo Gaitán voltou a ter uma boa ocasião, na qual finalizou mal, e pouco depois, aos treze minutos de jogo, o Benfica colocou-se em vantagem. Arrancada do Rodrigo pela esquerda, a percorrer todo o meio campo do Braga, e depois, já junto da linha de fundo, deixou o marcador directo para trás com uma finta e centrou rasteiro para a finalização do Lima, que se tinha desmarcado bem entre os defesas contrários. Novamente a dupla de avançados a fazer estragos. Colocarmo-nos em vantagem cedo era o melhor que poderíamos fazer para simplificar a tarefa, mas a seguir ao golo o Benfica baixou demasiado o ritmo. Nem sequer posso considerar que o que fizemos foi gestão do jogo ou do resultado, porque isso já o vi ser feito pela nossa equipa com resultados magros. Hoje não procurámos guardar a bola do adversário, mas sim tentar impedir que o adversário pudesse criar ocasiões de perigo. E não conseguimos no entanto criar ocasiões para chegar a um segundo golo que nos desse mais tranquilidade, pois revelámos dificuldades em libertarmo-nos da pressão do Braga de forma eficiente, que nos permitisse as habituais transições rápidas para o ataque - neste aspecto notou-se o jogo menos feliz do Enzo hoje. Verdade seja dita que fomos relativamente eficazes na tarefa de manter a nossa baliza longe de perigo, já que apenas na sequência de um canto o Braga ameaçou seriamente marcar - mas em mais de uma ocasião foi necessário que o nosso último defesa fizesse um corte no limite para evitar males maiores.
A segunda parte foi mais animada, tendo no início ficado com a impressão de que o Benfica iria tentar procurar o segundo golo. Durante os primeiros minutos atacámos mais e levámos perigo à baliza do Braga, mas depois o Braga respondeu com um cruzamento perigoso, ao qual o seu jogador não soube dar o melhor seguimento (falhou a primeira emenda, e depois tentou uma finalização de calcanhar) e o Benfica pareceu retrair-se. E portanto, durante um longo período da segunda parte voltámos a assistir ao mesmo cenário da primeira parte, em que o Benfica não geria coisa nenhuma e apenas se limitava a tentar defender bem e evitar que o Braga conseguisse causar perigo. Mas embora tenhamos sido eficazes nisto, já que o Oblak praticamente não teve trabalho nem foi obrigado a qualquer intervenção mais complicada, durante todo este tempo permaneceu sempre a tensão de sabermos que a vantagem era magra, e que um golo fortuito pode acontecer a qualquer altura. A meio do segundo tempo entrou o Rúben Amorim, mas tacticamente não mudámos a nossa forma de jogar, já que foi uma troca directa com o Enzo. A equipa ganhou alguma solidez com esta troca, já que como disse antes o Enzo hoje não esteve nos seus melhores dias. Mas apenas nos últimos dez minutos é que o Benfica voltou a aparecer novamente com mais insistência no ataque, talvez aproveitando alguma fadiga do adversário, que já concedia mais espaço para sairmos para o ataque - a forma como correram e tentaram pressionar durante quase todo o jogo já devia fazer-se sentir nas pernas por essa altura. Já no período de descontos assisti ao evento raríssimo de ver o Pedro Proença assinalar um penálti a favor do Benfica (juro que não me lembro da última vez que tal aconteceu, se é que alguma vez tinha acontecido). Incompreensivelmente, estando o Lima em campo, foi o Rodrigo quem tentou converter, e falhou. Não sei qual foi o motivo para a escolha - talvez recompensá-lo por ter sido dos melhores - mas o Lima ultimamente tem sido irrepreensível na marcação de penáltis, e além disso com o golo poderia aproximar-se mais do topo da tabela dos melhores marcadores, com a motivação extra que isso poderia representar. É certo que o jogo estava quase no final, mas dada a importância do mesmo não me pareceu correcto facilitar assim.
Não fosse o penálti falhado e talvez escolhesse o Rodrigo como o melhor jogador do Benfica esta tarde. Está muito confiante, a jogada do golo é muito boa, e de cada vez que consegue arrancar com a bola controlada ficamos à espera que saia dali perigo. A defesa no geral esteve bem, e o Gaitán foi outro dos mais activos no ataque.
Ficam agora a faltar oito pontos para garantir o título, o que significa que, com três jogos por disputar em casa, bastará vencê-los para resolver o assunto. Quanto mais cedo conseguirmos resolver isto, melhor, porque então poderíamos inverter a programação e passar a fazer a gestão de esforço no campeonato, para nos concentrarmos nos restantes objectivos que ainda podem ser conquistados. Do jogo de hoje trazemos uma vitória importantíssima e difícil, e a certeza de que estamos cada vez mais próximos do merecidíssimo título de campeão.