quarta-feira, janeiro 30, 2019

Regresso

De regresso a casa após o assalto de que fomos vítimas em Braga, retomámos o trilho das vitórias com nova goleada, desta vez frente ao Boavista. Desde que o Bruno Lage pegou na equipa marcámos 15 golos em três jogos disputados na Luz. Já menos positivos são os cinco golos sofridos nesses mesmos jogos.


Apresentámos quase o mesmo onze que foi vigarizado em Braga, sendo a única alteração na baliza, onde regressou com naturalidade o Vlachodimos. E desde logo vimos aquilo a que começamos a habituar-nos no Benfica do Bruno Lage. Uma equipa disposta em 4-4-2, com os dois médios centro a jogar a par, com uma pressão agressiva sobre adversário ainda bem dentro do seu meio campo, e que quando tem a bola joga um futebol bastante mais vertical do que fazia quando o Rui Vitória era o treinador. A equipa tenta chegar o mais depressa possível junto à baliza adversária e está constantemente à procura do golo, em vez de andar pacientemente a trocar a bola em passes laterais à espera de uma ocasião. Claro que jogando assim também nos expomos mais, pois os passes de risco são muito mais frequentes, mas isso é largamente compensado pelas situações de golo, em quantidade e qualidade, que acabamos por criar. O jogo até poderia ter começado da pior maneira, pois logo nos primeiros minutos um mau atraso do Gabriel para o Vlachodimos deixou um adversário completamente isolado, mas o remate deste acertou na base do poste e foi para fora. Não marcaram eles, marcámos nós quase de seguida. Livre na direita do nosso ataque marcado pelo Pizzi para a zona do segundo poste, onde o João Félix voou e antecipou-se de cabeça para fuzilar a baliza. Logo a seguir, oportunidade para o VAR mostrar mais uma vez que os critérios para se assinalar penálti a favor do Benfica são muito diferentes daqueles aplicados para outros. Neste caso, fazer um carrinho com o braço levantado é considerado normal (noutros casos, por exemplo, levar com a bola no braço quando se está de costas e o remate é desferido a meio metro dá direito a penálti). O Benfica continuou a construir oportunidade umas atrás das outras, viu o Seferovic falhar isolado, viu o Rúben Dias cabecear à barra após novo livre marcado pelo Pizzi, e antes da meia hora chegou com toda a naturalidade ao segundo golo. Mais um falhanço do Seferovic isolado (grande passe de trivela do Rafa) mas o Pizzi chegou a tempo de fazer a recarga com sucesso. Depois disto o jogo acalmou um pouco, não que o Benfica tenha deixado de ter muito mais bola, mas pelo menos a ocasiões deixaram de se suceder em catadupa. E como que para acordar toda a gente, mesmo antes do intervalo e completamente contra a corrente do jogo, o Boavista reduziu a diferença. Depois de um canto a bola ficou solta no centro da área e sobrou para o Talocha rematar de primeira sem possibilidades de defesa para o nosso guarda-redes.


No início da segunda parte o Boavista apareceu um pouco mais atrevido. Nada de particularmente preocupante para nós, mas provavelmente depois de terem reduzido acreditaram que seria possível chegar ao empate e tentaram avançar um pouco mais no terreno. Depressa pagaram por esse atrevimento. Este Benfica sai de forma muito mais rápida e directa para o contra-ataque, e depois de uma tentativa de remate do Boavista, que foi interceptada, segundos depois e tendo passado por três jogadores em cinco toques, a bola estava dentro da baliza oposta. Mérito quase total para o João Félix, que pela direita e ainda sobre a linha do meio campo evitou um adversário que entrou à queima, progrediu no terreno e depois fez um passe rasteiro absolutamente perfeito para o poste mais distante, onde apareceu o Seferovic para finalizar. Estavam decorridos apenas nove minutos da segunda parte (o Benfica conseguiu marcar aos nove minutos de ambas as partes) e este golo acabava com quaisquer veleidades por parte do Boavista. Daqui para a frente foi uma vez mais um desfilar de ocasiões por parte do Benfica, e a expectativa passou a ser apenas quantos golos mais conseguiria o Benfica marcar. O quarto nasceu de mais uma transição rápida, que começa com um lançamento de linha lateral junto da nossa área. Mais uma vez o João Félix na jogada, a virar-se e a ganhar bem a posição ao marcador directo para depois deixar no Pizzi. Remate cruzado deste, defesa do guarda-redes e recarga do Seferovic já de ângulo apertado. O Benfica estava completamente à vontade no jogo e trocou dois dos jogadores em maior destaque, Pizzi e Seferovic, pelo Gedson e o Ferreyra mas nem isso alterou o pendor do jogo. Foi mesmo o Gedson a ter intervenção decisiva no lance do quinto golo, libertando-se com classe de dois adversários para depois progredir até à entrada da área, ameaçar o remate e deixar a bola no Grimaldo. Depois saiu uma bomba dos pés do espanhol que fez a bola entrar bem junto ao ângulo superior. Golaço. Antes do final, o Samaris pontapeou um adversário e cometeu um penálti indiscutível. Oportunidade para o Vlachodimos brilhar, já que com uma enorme defesa impediu que o Boavista seguisse os exemplos do Rio Ave e do Braga e saísse da luz com dois golos marcados.


Melhor do Benfica, para mim, o João Félix. Muito bem acompanhado pelo Pizzi e o Seferovic (pena que não tenha tido melhor aproveitamento nas ocasiões de que dispôs, porque poderia facilmente ter acabado o jogo com o dobro dos golos que marcou). O Gabriel começou o jogo com aquela asneira mas foi subindo de rendimento e assinalou uma exibição muito positiva. Menção também para o 'recuperado' Samaris, que de jogador praticamente dispensado passou a titular e hoje fez um bom jogo. Parece claramente mais à vontade no papel de médio centro neste 4-4-2 do que a jogar como médio mais recuado no 4-3-3. Uma última menção para o Grimaldo, quanto mais não seja pelo golaço que fechou o resultado da melhor maneira (mas voltou a ser extremamente activo e influente nas investidas pela esquerda).

Foi um bom regresso à normalidade e a confirmação daquilo que os nossos jogadores disseram no final da vergonha da pedreira. Por mais que tentem, não é com jogadas subterrâneas que conseguem vergar o espírito desta equipa. Agora é preciso manter esta atitude e encarar cada jogo como uma final, porque não há qualquer margem de manobra.

terça-feira, janeiro 22, 2019

Rejuvenescido

Começando por pedir desde já desculpa por nada ter escrito sobre os dois jogos em Guimarães (não pude vê-los, e portanto não fazia sentido escrever sobre jogos que não vi) digo que neste meu regresso a este espaço me sinto rejuvenescido. Sinto-me como se tivesse uns vinte e cinco anos a menos.


Mas depois reparo que hoje houve um jogo de futebol, porque olho para o  calendário e em vez dos anos noventa estamos em 2019. Pelo menos não tenho que estar a estudar para exames, o que é sempre uma coisa positiva. Quanto ao jogo, é simples. Aconteceu futebol (português). Não vale muito a pena andar a remoer as coisas; quando o adversário é superior há que dar a mão à palmatória e reconhecer essa mesma superioridade, dar-lhe os parabéns pela vitória, deitar o passado para trás das costas e olhar já para o próximo jogo. E foi isso mesmo que aconteceu esta noite. O VAR foi um adversário fortíssimo, na linha daquilo que tem sido durante a primeira volta do campeonato, e literalmente inultrapassável. Tentámos tudo, mas não tivemos argumentos para levar de vencida um adversário tão bem coordenado e numa forma tão estupenda. Parabéns portanto pela vitória e consequente passagem à final da Taça da Liga.

sábado, janeiro 12, 2019

Segunda

Previa-se uma deslocação complicada do Benfica aos Açores, mas acabámos por conseguir uma vitória relativamente fácil. Tão fácil, aliás, que no final até ficou uma ligeira sensação de decepção por não termos conseguido um resultado bem mais dilatado, tantas foram as ocasiões flagrantes desperdiçadas.


O onze apresentado teve algumas mudanças, com a surpresa maior na titularidade do Gabriel no meio campo. Talvez o terreno mais pesado ajude a explicar a opção por um jogador de maior porte físico. Esta opção fez com que o Pizzi se deslocasse para a direita, com o Zivkovic a ocupar o flanco esquerdo. Significou isto portanto que em relação ao jogo com o Rio Ave saíram do onze os dois extremos, Cervi e Salvio. O Benfica mostrou logo ao que vinha desde o apito inicial, com o Seferovic a desperdiçar uma grande ocasião de golo logo nos primeiros instantes. O relvado não dava para exibir grandes portentos técnicos, mas o Benfica foi sempre muito agressivo na pressão, o que lhe valia diversas recuperações de bola ainda dentro do meio campo adversário que depois resultavam em jogadas de perigo. O Santa Clara apenas chegava esporadicamente à nossa área, e o golo que se ia adivinhando para o nosso lado surgiu aos vinte minutos de jogo. E até foi numa jogada aparentemente inofensiva, em que uma bola foi despejada para as costas da defesa açoriana. A situação parecia controlada pelos centrais, mas o Seferovic não desistiu e acabou por aproveitar a escorregadela do Fábio Cardoso para se isolar e com um remate rasteiro colocado ao poste mais distante bater o guarda-redes com facilidade. Continuámos depois por cima no jogo e à procura de um segundo golo, que por momentos pareceu que poderia chegar perto do intervalo, quando o árbitro assinalou um penálti por puxão ao Pizzi quando ele entrava na área. Depois de consulta ao VAR a decisão foi revertida para livre ainda fora dela, mas assim sendo o Fábio Cardoso foi expulso - o Pizzi ia isolar-se, mas qundo foi assinalado penálti ele viu apenas o amarelo para evitar a tripla penalização.


Na segunda parte nem deu para ficar muito tempo preocupado por não chegarmos ao segundo golo, porque bastaram três minutos para isso acontecer. Na sequência de um pontapé de canto marcado pelo Pizzi (que nasceu após mais uma recuperação de bola muito perto da área adversária) o Jardel cabeceou quase sem oposição para o fundo da baliza. A partir daqui, se deixou de haver preocupação, começou a crescer uma certa irritação. Isto porque nos minutos que se seguiram ao segundo golo o Santa Clara pareceu completamente desnorteado e o Benfica conseguia criar perigo quase em cada jogada de ataque. Mas ou por excesso de confiança, em que os nossos jogadores tentavam adornar demasiado as jogadas com mais um passe, como se quisessem entrar com a bola pela baliza dentro, ou por falta de pontaria, ou por inspiração do guarda-redes, ou até mesmo por infelicidade, o certo é que a bola teimava em não entrar. O acumular de situações de golo desperdiçadas foi suficiente para me enervar mesmo estando com dois golos de vantagem, com situações caricatas como o Seferovic a rematar contra o Pizzi quando tinha tudo para marcar. A única situação na qual conseguimos introduzir a bola na baliza acabou (bem) anulada por fora-de jogo do Seferovic. A irritação tornou-se maior quando nos últimos vinte minutos a equipa pareceu ter uma quebra física. Deixámos de conseguir pressionar ainda no meio campo adversário e os jogadores mais adiantados do Santa Clara começaram a ter espaço e tempo para progredir com a bola e fazerem alguns contra-ataques perigosos - aqui fiquei com a sensação de que o nosso treinador demorou tempo excessivo a reagir e a refrescar o meio campo. E apesar do Benfica ser claramente amelhor equipa no jogo, sabemos perfeitamente que se o adversário por acaso reduzisse a diferença no marcador, mesmo reduzido a dez, ganharia nova alma e poderia colocar a nossa vitória em risco, algo que felizmente não aconteceu.


A equipa no geral esteve bem, com destaques para o Pizzi, o Grimaldo, o Zivkovic enquanto teve pulmão, o Fejsa e o Seferovic. Este último poderia ter acabado o jogo, à vontade, com um hat trick, tantas foram as ocasiões de golo de que dispôs. Pelo menos marcou o golo que abriu o caminho à vitória.

Segunda vitória noutros tantos jogos para o nosso treinador interino. Para já a principal diferença tem sido o volume de jogo ofensivo e a consequente quantidade de ocasiões de golo que conseguimos criar. A defesa ainda tem que melhorar, mas hoje gostei da equipa enquanto foi capaz de pressionar e apertar o adversário no seu próprio meio campo. Aquela quebra nos últimos minutos é que seria dispensável. Segue-se um importante e difícil jogo em Guimarães, onde estará em jogo a passagem às meias-finais da Taça. Veremos o que esta equipa será capaz de fazer contra um adversário mais complicado - ainda com o Rui Vitória ao leme até foi contra os adversários mais fortes que tivemos as exibições mais conseguidas.

segunda-feira, janeiro 07, 2019

Cambalhota

Com uma valente cambalhota no resultado o Benfica regressou às vitórias e ultrapassou um Rio Ave que, apesar de não vencer há vários jogos, durante alguns minutos chegou a assustar e a fazer pensar que hoje poderiam colocar um fim a esse série negra às nossas custas.


Havia curiosidade na estreia do treinador interino Bruno Lage e em quais seriam as suas primeiras escolhas. Estas acabaram por não ser uma mudança radical, fazendo apenas duas alterações em relação ao onze de Portimão: saíram Zivkovic e Gedson, e entraram o Salvio (no que foi uma troca directa) e o João Félix. Este acabou por ser o rosto da principal alteração, que foi a aposta de início num esquema de 4-4-2. Honestamente, não notei assim grandes diferenças em termos da qualidade de jogo - e obviamente que nem seria de esperar muitas, tendo em conta que o novo treinador pegou na equipa há um par de dias. O que se notou principalmente foi uma diferença na atitude dos jogadores. É natural que queiram mostrar serviço ao novo treinador, e pareceu-me que eles pelo menos mostraram vontade em correr e em fazer com que as coisas saíssem bem. Tentaram sobretudo fazer com que a bola chegasse à frente de forma mais célere, apostando até por vezes em futebol directo. E houve a intenção de pressionar alto, mas isso é algo que ainda precisa de ser afinado. Em 4-4-2 com o Fejsa e o Pizzi a jogarem quase lado a lado e ainda sem grande coordenação entre as linhas sobrou ali muito espaço entre as costas da linha média e a frente da defesa que o Rio Ave explorou. E depois infelizmente também não eliminámos ainda o péssimo hábito de deixar o adversário marcar assim que cria uma ocasião de golo. Desta vez o Rio Ave marcou dois golos nas duas primeiras vezes em que se chegou à frente, no curto espaço de três minutos. Assim, com vinte minutos de jogo decorridos já estávamos a perder por dois. Se calhar se não tivesse havido a mudança de treinador isto seria um obstáculo impossível de superar. Mas a equipa (e o público) não pareceram particularmente afectados por isto e toda a gente pareceu acreditar que a vitória estava ao nosso alcance. E a confiança  mostrou ter razão de ser, já que o Benfica respondeu praticamente na mesma moeda, com dois golos no espaço de quatro minutos, e onze minutos depois do segundo golo do Rio Ave já tinha o jogo novamente empatado, graças à nova dupla atacante. No primeiro golo o Félix abre as pernas para deixar o cruzamento do Grimaldo passar, e depois um Seferovic tem uma recepção brilhante que o deixa em posição para finalizar, fazendo a bola passar entre as pernas do guarda-redes. No segundo, o Pizzi recupera uma bola no meio campo e o Seferovic corre com ela pela direita, para já depois de entrar na área a soltar à segunda tentativa para a zona da marca de penálti, onde surgiu o João Félix, que foi o único a antecipar o lance, a controlar e a fuzilar com facilidade a baliza. Depois do ritmo frenético de quatro golos em cerca de meia hora o jogo acalmou um pouco e o resultado manteve-se até ao intervalo.


A segunda parte começou com um lance individual do Grimaldo, que arrancou pela zona frontal da área e foi deixando adversários pelo caminho até eles somarem quase meia dúzia e se isolar, finalizando com um remate ao poste. Poderia ser um bom indicador, mas a verdade é que apesar daquilo que o resultado final possa fazer pensar, o jogo foi bem mais complicado do que isso. Foi sobretudo um jogo bastante aberto, onde achei que a nossa equipa foi demasiado permissiva na defesa. O Rio Ave poderia facilmente ter-se recolocado em vantagem antes de sermos nós a marcar o terceiro golo, e nunca consegui estar propriamente tranquilo a ver o jogo, porque tinha a sensação de que um golo poderia acontecer a qualquer momento. Era necessário mudar alguma coisa e após um quarto de hora o Zivkovic rendeu o Cervi. E o impacto foi imediato, pois praticamente na primeira intervenção que teve, o pé esquerdo do sérvio fez a sua magia e assistiu o João Félix para o seu segundo golo da noite. O cruzamento saiu rasteiro da esquerda para a zina do primeiro poste, onde apareceu o João Félix entre os dois centrais adversários para, com uma finalização primorosa, fazer de primeira a bola entrar no segundo poste. Um grande golo do miúdo, a colocar-nos em vantagem pela primeira vez no jogo. Estava consumada a reviravolta, mas o jogo estava longe de estar resolvido. O Rio Ave continuava a revelar-se perigoso e a nossa defesa permissiva. O quarto golo surge seis minutos depois, mas na sequência de um lance de ataque de grande perigo do Rio Ave, no qual a bola cruza toda a pequena área sem que alguém consiga fazer o desvio decisivo. A bola segui para a esquerda, onde novo cruzamento foi afastado pelo Odysseas com os punhos para os pés do Zivkovic, e a partir daqui desenhámos um contra-ataque perfeito. Zivkovic para o Pizzi, e na altura certa o Pizzi fez o passe para o Seferovic finalizar com classe perante o guarda-redes. Agora sim, já deu para respirar um pouco pois apesar do Rio Ave ter continuado a tentar chegar ao golo até final, os dois golos já nos davam alguma margem de tranquilidade.


Melhores do Benfica, naturalmente, a dupla de avançados. O Seferovic fez um dos melhores jogos no Benfica, onde mostrou sempre uma enorme raça e vontade, sendo recompensado com dois  golos e uma assitência. Justa a atribuição do prémio de melhor em campo no final. Foi acompanhado de muito perto pelo miúdo João Félix, que marcou os outros dois golos e se tecnicamente não somou uma assistência, a forma como deixou a bola passar entre as pernas no primeiro golo para abrir espaço para o Seferovic é meio golo. Não é novidade para ninguém o talento que ali temos, mas dá para perceber nos mais pequenos pormenores que podemos estar perante um jogador muito especial. A intuição que tem e a rapidez e inteligência com que lé o jogo não está ao alcance de muitos. E depois tem uma qualidade técnica invulgar, como ficou bem expresso na finalização do segundo golo que marcou. Se há alguém no plantel que pode ser o sucessor do Jonas, é ele.

Foi muito importante vencer este jogo, e acabou por ser ainda mais importante tê-lo vencido nestas condições. Ver que a equipa foi capaz de dar a volta a uma desvantagem de dois golos aos vinte minutos de jogo é um reforço de confiança muito grande - a título de comparação, quando no jogo contra o Moreirense o adversário marcou o segundo golo e deu a volta ao resultado, a sensação com que ficámos quase todos foi a de que a derrota seria uma inevitabilidade. Muitos dos grandes problemas da nossa equipa continuam todos lá, mas a atitude mostrada hoje é um bom primeiro passo para os minimizar.

quinta-feira, janeiro 03, 2019

Agonia

Mais uma etapa na lenta agonia da nossa equipa. Fizemos noventa minutos que foram a continuidade exacta daquilo que tínhamos feito contra o Aves. Ou seja, praticamente nada. 


Um jogo paupérrimo, com todos os defeitos que já se tornaram hábitos no nosso futebol, aos quais conseguimos acrescentar ainda mais algumas novidades. Nomeadamente dois autogolos, um de cada um dos centrais, perfeitamente escusados e evitáveis. O primeiro, do Rúben Dias, numa tentativa de interceptar um cruzamento que não levava qualquer perigo e que iria morrer nas mãos do Odysseas. O segundo, do Jardel, de tal forma patético que quase que pareceu que foi de propósito. Depois de uma má tentativa de chapéu ao nosso guarda-redes o Jardel ficou com todo o tempo do mundo para fazer o que quisesse e afastar a bola da forma que muito bem entendesse. Em vez disso, cabeceou a bola para dentro da própria baliza. Não há nada a acrescentar a tudo o que eu já escrevi sobre o que o nosso futebol tem de errado, porque os defeitos mantêm-se e agudizam-se. Já escrevi também antes que não acredito que o nosso treinador tenha capacidade para corrigir estes erros e inverter a actual situação. E como se não bastasse todo o disparate, depois ainda somos presenteados com um vermelho directo ao Jonas por um lance normal de futebol, que quando muito valeria um amarelo. Enfim.

Os únicos jogadores que escaparam à mediocridade foram o Odysseas (sem ele o resultado poderia ter sido ainda mais humilhante) e o Fejsa.

Conseguimos, pela primeira vez na história, perder com o Portimonense. E se algo não for feito e continuarmos a assobiar para o ar à espera que miraculosamente tudo entre nos eixos, o mais provável é que continuemos a fazer história com feitos como este.