Triplete
Ao conquistarmos a nossa vigésima sexta Taça de Portugal fechámos da melhor forma possível uma época quase perfeita (só faltou a Taça da Liga para o pleno). Foi também a conquista de um triplete 'à antiga' (Supertaça, Taça e Campeonato), algo que não era conseguido há muitos anos - em 2014 tínhamos conquistado as duas taças e o campeonato, ficando a faltar-nos a Supertaça.
Foi um jogo algo diferente dos outros que disputámos contra o Vitória esta época, mas que em comum teve a nossa incontestável superioridade. Durante a primeira parte o Vitória ainda manteve o jogo equilibrado, tapando de forma mais eficaz os caminhos pela zona central que tão bem tínhamos explorado no jogo anterior e recorrendo a um futebol musculado que pareceu dar resultados no terreno cada vez mais pesado devido à chuva que caía. Da nossa parte, sofremos também pelo excessivo apagamento do Jonas durante o primeiro tempo, demasiado amarrado na frente - confesso que a uma dada altura cheguei mesmo a ter a dúvida se ele estaria a jogar, porque é muito pouco habitual ver a bola passar-lhe tão poucas vezes pelos pés. A lesão do Fejsa, ocorrida antes do meio da primeira parte, também pareceu afectar um pouco a nossa equipa, já que o Vitória cresceu no jogo após a sua saída. Na segunda parte mudou tudo radicalmente. O Benfica entrou de rompante, o Jonas finalmente apareceu no jogo, e a partir do momento em que a ligação Pizzi-Jonas começa a funcionar os nossos adversários estão em apuros. Foram dois golos de rajada, o primeiro logo aos três minutos, do Jiménez numa recarga a um remate do Jonas (muito boa a forma como conseguiu picar a bola sobre o guarda-redes com ele quase em cima da bola) e cinco minutos depois veio o segundo, num grande cabeceamento do Salvio depois de um cruzamento do Nélson Semedo, a culminar toda uma jogada que começa na nossa área e durante a qual a bola circulou por mais de meia equipa, com dezenas de passes, sem que o adversário a cheirasse. Depois disso o jogo foi um bocado como aqueles dois que fizemos em Guimarães, desperdiçando ocasiões que dariam para construir um resultado bem volumoso. Apesar do nosso terceiro golo estar sempre mais perto de acontecer, foi o Vitória que conseguiu reduzir a doze minutos do final, na sequência de um canto (que tinha resultado de uma grande ocasião de golo, cortada no limite pelo Samaris) e num lance em que me pareceu que o Ederson não ficou isento de culpas. Mas apesar do golo ter lançado alguma incerteza no resultado, no jogo é que não alterou nada. Porque até ao final nem sequer deu para ter alguma preocupação junto da nossa baliza, e pelo contrário, foi o Benfica quem desperdiçou ocasiões flagrantes, pelo Pizzi e pelo Jiménez, de acabar com todas as dúvidas. No final, vitória justíssima e incontestável, mesmo com o o Hugo Miguel a arbitrar (aquela falta que ele inventou ao Samaris no último lance do jogo para dar uma oportunidade ao Vitória para despejar a bola para a área é Hugo Miguel vintage) e o vídeo-árbitro (aquela coisa mágica que vai fazer com que os nossos adversários passem a ganhar sempre) a ajudar.
Acho que a equipa esteve bem num todo, com jogadores como o Nélson Semedo, o Salvio (teria dado muito jeito que este Salvio não tivesse aparecido só a partir do jogo em Vila do Conde) ou o Pizzi a destacarem-se, na minha opinião.
E assim fechamos mais uma época brilhante na qual fomos a força dominadora do futebol em Portugal. Isto apesar de um presidente da Liga lá colocado pelos nossos adversários e sem o nosso apoio, de um presidente dos árbitros lá colocado pelos nossos adversários mais uma vez sem o nosso apoio, ou daqueles dados estatísticos a que em épocas anteriores os nossos supostos rivais na luta pelo título se agarram em desespero de causa, como penáltis a favor, ou expulsões de adversários, ou minutos em superioridade numérica mostrarem que ficámos em desvantagem clara em relação a eles. Mas ainda há quem, ignorando completamente aquilo que é a história fascista do seu clube (e do outro clube por quem se voltaram a apaixonar recentemente) consiga ter o desplante de falar em Liga Salazar. Só desejo que mantenham esta mentalidade pequenina durante as próximas épocas, porque é para o lado que eu durmo melhor. O futebol para mim entra agora de férias (conforme já estou farto de escrever, a equipa da FPF não me interessa absolutamente para nada) e ficarei na expectativa para ver se não perdemos muitos dos nossos jogadores mais importantes. Expectativa, mas não preocupação. É que depois de viver uma época destas tendo perdido o Gaitán e o Renato no final da época passada, é difícil sentir grande preocupação com saídas.