quinta-feira, novembro 28, 2013

Complicada

Vitória escusadamente complicada na Bélgica, que nos garante a Liga Europa e mantém em aberto o possível apuramento para os oitavos de final da Champions. Mais uma vez fiquei com a convicção de que o maior adversário do Benfica foi ele próprio, porque me parece que poderíamos ter evitado tanta complicação para ganhar este jogo.


Novas mexidas no onze, a principal delas no meio campo, para onde entrou o Fejsa. Na defesa as laterais foram entregues ao Maxi e ao André Almeida. Em teoria o Benfica deveria jogar em 4-3-3, mas na prático o que vimos acontecer por diversas vezes foi o Markovic a vir para o meio, enquanto que o Enzo ocupava a direita, deixando a equipa mais próxima de um 4-4-2 tradicional. A entrada do Benfica no jogo foi positiva, já que assumimos maior iniciativa e controlámos a posse de bola, enquanto que o Anderlecht se fechava perto da sua área para depois tentar explorar algum contra-ataque. Não criámos muitas ocasiões de golo, mas era o Benfica quem parecia estar claramente por cima. Só que, como tem vindo a acontecer frequentemente, praticamente da primeira vez que o Anderlecht deu sinal de si no ataque, chegou ao golo. Primeiro o Artur defendeu para canto um remate perigoso, e na insistência do canto um dos centrais adversários aproveitou da melhor maneira uma bola embrulhada entre ele e o Luisão para fazer o golo. O golo belga aconteceu aos dezoito minutos, e o Benfica acusou o golpe, pois durante os minutos que se seguiram passámos por algumas dificuldades, com o Anderlecht, empolgado pelo público, a ganhar algum ascendente no jogo. Mas quinze minutos depois chegámos ao empate, num cabeceamento do Matic após livre do Enzo, e a equipa voltou a serenar.


A segunda parte começou bem para o Benfica, pois com apenas sete minutos decorridos conseguimos colocar-nos em vantagem, numa jogada de contra-ataque construída pelo Gaitán e pelo Enzo. Com um toque fantástico o Gaitán tirou um adversário da jogada já dentro da área, e depois o remate para o poste mais distante (que iria para fora) tabelou num adversário e acabou em golo. Este golo foi um golpe muito forte para o Anderlecht, e fiquei com pena e até mesmo irritado que não o tenhamos aproveitado, por falta de jeito ou de vontade. O Anderlecht foi verdadeiramente ao tapete, e adiantou-se quase sem nexo no terreno, deixando-nos verdadeiras auto-estradas para explorar, mas faltou-nos o killer instinct para acabarmos de vez com a questão. em vez disso optámos por tentar congelar o jogo e gerir a vantagem, o que nos deixava obviamente ao alcance de um qualquer lance fortuito. Esta nossa opção ficou ainda mais evidente quando a primeira substituição feita retirou do campo o Gaitán, que estava a ser claramente um dos melhores em campo. Pagámos pela falta de ambição, e o Anderlecht chegou mesmo ao empate a treze minutos do final. Parecia que tínhamos mais uma vez deixado escapar uma vitória na Champions que estava completamente ao nosso alcance, e já perto do final retirámos ainda do jogo outro dos jogadores de maior rendimento - Enzo, para dar o lugar ao Rodrigo. Mas acabou por ser mesmo o Rodrigo a tirar partido do muito espaço que o Anderlecht deixava na retaguarda para, num contra-ataque em que foi lançado pelo Sulejmani, marcar aos noventa minutos e decidir o jogo a nosso favor.


Sem qualquer surpresa os jogadores em maior destaque foram o trio do costume: Gaitán, Enzo e Matic. São os jogadores em melhor forma neste momento, e aqueles que dão pormenores de classe à nossa equipa. Afastar o Enzo no centro do campo, como me pareceu que se tentou fazer durante o período inicial do jogo, prejudica bastante a equipa. O seu posicionamento nessa zona já deixou de ser uma adaptação: aquela é a posição natural dele, e é um desperdício vê-lo encostado à linha. O Matic parece sentir alguma atrapalhação quando tem alguém a jogar ao lado dele, ou até um pouco mais recuado, como aconteceu hoje com o Fejsa, mas fez um jogo sempre em crescendo, e voltou a marcar um golo. Quanto ao Gaitán, por vezes parecia ser o único com vontade de pegar na bola, ir para cima dos adversários e jogar com os olhos postos na baliza. Sem surpresa também os destaques negativos. O Lima continua a sua senda desinspiradíssima, deixando-nos com ainda mais saudades do Cardozo sempre que joga. Mas ainda pior do que ele foi o Markovic. Foi uma nulidade absoluta neste jogo, e não consegui perceber como é que aguentou tanto tempo em campo. Acho que se somássemos o número de passes errados e perdas de bola dele e do Lima durante este jogo, chegaríamos a um valor assustador.

O resultado desejado e exigido foi conseguido. Arrancado a ferros e com muito mais dificuldade que seria necessária, mas conseguido. Já não dependemos apenas de nós próprios para seguir na Champions, mas pelo menos a continuidade nas competições europeias está assegurada. Agora só quero é ganhar ao Rio Ave.

domingo, novembro 24, 2013

Sofrida

Vitória feliz e sofrida, num jogo difícil e após uma exibição sofrível do Benfica. Mas apesar da qualidade ter andado bastante arredada do nosso jogo, pelo menos a equipa nunca baixou os braços e manteve uma boa atitude, acabando por ser recompensada no final.


Algumas ausências na nossa equipa esta noite, a começar logo pelo banco, onde o Jorge Jesus não se pôde sentar por estar a cumprir suspensão. Alterações na defesa, onde o Siqueira regressou, empurrando assim o Sílvio para a direita e o André Almeida para fora do onze. Havia também a curiosidade sobre quem seria o escolhido para ocupar o lugar do Rúben Amorim, acabando a escolha por recair no Djuricic. Finalmente, no ataque, destaque óbvio para a presença do Lima, com o Cardozo a ficar fora dos convocados. Relativamente aos últimos jogos, pareceu-me que o Rúben e o Cardozo fizeram muita falta. O Cardozo pelos golos, obviamente, e o Rúben porque vinha sendo o principal municiador do ataque, com diversos passes de rotura para criar situações de perigo. O Braga não foi uma equipa nada fácil: apresentou-se sempre muito bem organizado, com as linhas fechadas em frente à sua área, dando muito pouco espaço para que o Benfica procurasse os caminhos para a baliza. O Benfica também ajudou a complicar: jogámos a uma velocidade que em nada ajudaria a desequilibrar a estrutura do Braga, e insistimos demasiado pelo centro, porque o Markovic passou o tempo todo a fugir para o centro, deixando-nos sem um verdadeiro ala direito - O Sílvio foi quem tentou assumir essa função, mas esteve perfeitamente desastrado na altura de centrar. Com dificuldades em construir jogadas de ataque, e quase sempre pouca gente na zona de finalização - o Djuricic passou ao lado do jogo, e o Lima teve mais uma exibição a dar sequência à desilusão que tem sido esta época - foram raríssimas as ocasiões de golo que criámos. Acho que contei apenas uma após um canto, em que o Matic, quase à vontade no meio da área, rematou para onde estava virado (para fora). A melhor ocasião pertenceu mesmo ao Braga, num remate do Éder que o Artur ainda conseguiu desviar para a barra. Resumidamente: muita posse de bola do Benfica sem grande produção ofensiva para mostrar.


O Braga pareceu entrar melhor na segunda parte, e durante os primeiros minutos chegaram-se até a ouvir alguns assobios à nossa equipa - a única ocasião em que isso aconteceu durante toda a partida, pois de resto o apoio do público foi constante. Foi nesta altura que, pela segunda vez no jogo, vimos a bola embater na barra da nossa baliza, depois de um remate de fora da área do Rafa que não daria qualquer possibilidade de defesa ao Artur. Só depois o Benfica pareceu despertar um pouco, mas voltámos ao cenário da primeira parte, com o Braga muito bem organizado na defesa mas agora a parecer capaz de sair melhor para o contra-ataque, e o Benfica a mostrar pouca inspiração e capacidade para baralhar a organização adversária. Criámos uma boa ocasião, que o Markovic rematou disparatadamente por alto após centro rasteiro do Djuricic, e já com o Ivan Cavaleiro no lugar do primeiro criámos outra, numa tabela entre ele e o Siqueira, para uma grande defesa do Eduardo. Pouco tempo depois disso, quando já faltavam pouco mais de quinze minutos para os noventa, chegámos ao golo. Face à desinspiração colectiva, não foi por isso surpresa que tivesse surgido numa insistência individual: o Matic pressionou e recuperou a bola na zona defensiva do Braga, e depois entrou na área pela esquerda e rematou cruzado e rasteiro para o poste mais distante. Obtido o importante golo, o Benfica procurou diminuir o ritmo do jogo, mas sem grande sucesso, pois não fomos capazes de fazer uma gestão da posse de bola eficaz. Também fomos desastrados no aproveitamento dos espaços que o Braga passou a dar atrás na sua tentativa de chegar ao empate. Mas por outro lado o Braga também não conseguiu responder ao nosso golo, e pese um maior balanceamento ofensivo, nunca conseguiu colocar a nossa baliza em perigo.


O destaque do Benfica vai para o Matic por ter marcado o golo que decidiu o jogo, especialmente sendo numa jogada de sua exclusiva iniciativa. Gostei também do Enzo, apesar de por vezes ter demorado demasiado a soltar a bola. O Djuricic passou praticamente ao lado do jogo - não me parece que ele encaixe na nossa táctica, e parece passar grande parte do jogo algo perdido em campo. O Markovic fez um jogo péssimo: não se assumiu como extremo, ajudando a afunilar o nosso jogo, perdeu inúmeras bolas de forma quase infantil, e exibiu uma atitude competitiva que deixou muito a desejar, voltando as costas à bola por diversas vezes ou recuperando a passo de cada vez que a perdia. O Lima continua na sua senda desinspirada, e não sei se terá conseguido fazer alguma contribuição positiva durante todo o jogo.

É mais um daqueles jogos em que se tem que dizer que o mais importante foi que ganhámos. E melhor ainda, esta vitória permitiu-nos recuperar dois pontos para o primeiro lugar. O resto, se jogámos bem, se jogámos mal, são pormenores. Prefiro que aconteça como hoje, em que a exibição foi sofrível e ganhámos, do que o que aconteceu em Atenas, onde demos espectáculo e perdemos.

domingo, novembro 10, 2013

Óscar

Nem sei o que escrever sobre este jogo. Talvez tenha sido um grande jogo, daqueles com muitos golos de que toda a gente gosta. Eu não me diverti nada, como é habitual nesta situação: não gosto de jogar contra esta gente, detesto tê-los em minha casa, e fico demasiado enervado durante todo o tempo que tenho que os aturar. Ainda estou, aliás, enervado. Estou satisfeito porque ganhámos e nos vimos livres deles, mas insatisfeito por não termos resolvido o jogo de forma mais convincente, em noventa minutos, e por termos desperdiçado uma vantagem de dois golos voltando a sofrer golos perfeitamente imbecis no seguimento de bolas paradas. O Benfica tem a obrigação de fazer muito mais frente a uma equipa com uma fracção do nosso orçamento, e que dispõe de menos qualidade e opções, posição por posição, no plantel.


Uma única mexida no onze de Atenas, mas sem alteração da táctica: André Almeida em vez do Maxi na direita da defesa. O jogo foi disputadíssimo e equilibrado desde o apito inicial, com a bola a andar longe das balizas, mas da primeira vez que o Benfica rematou à baliza, marcou. Foi um livre directo na zona preferida do Cardozo, perto da área e descaído para a direita, e o remate rasteiro deste passou sob a barreira sem deixar possibilidade de reacção ao guarda-redes. Quase de seguida ficámos perto do segundo golo, num lance em que o Enzo amorteceu para o remate de primeira do Cardozo, que foi correspondido com uma grande defesa do guarda-redes. Continuou o jogo na mesma toada, intensamente disputado, jogado a um ritmo elevadíssimo, mas com muito poucas ocasiões de remate para qualquer uma das equipas. Isto mudou no período louco que foram os últimos dez minutos da primeira parte. Primeiro sofremos o golo do empate, num grande cruzamento vindo da esquerda da nossa defesa que encontrou um jogador adversário solto do lado contrário para uma boa finalização de primeira, sem qualquer hipótese para o Artur. Depois foi uma boa reacção do Benfica ao golo sofrido, respondendo com dois golos de rajada, aos quarenta e dois e quarenta e quatro minutos. Ambos, inevitavelmente, da autoria do Cardozo. O primeiro numa jogada em que o Enzo desmarcou o Gaitán na esquerda, que com um cruzamento perfeito enviou a bola para o segundo poste, onde o Cardozo apareceu solto a cabecear de forma certeira. O segundo em novo cruzamento da esquerda, desta vez rasteiro, do Rúben, que o Cardozo se encarregou de finalizar com uma bomba de pé esquerdo. O jogo parecia (e deveria) ter ficado resolvido naquele momento. Mas muito mais estava para vir.


Entrou bem o Benfica na segunda parte. A vantagem dava confiança e o adversário parecia afectado por aqueles dois golos sofridos logo a seguir a ter chegado à vantagem. Era o Benfica quem tinha mais bola e se acercava mais da baliza adversária, deixando no ar a possibilidade de poder ampliar o resultado. Mas a situação alterou-se num instante, passados os primeiros quinze minutos. Primeiro, um remate muito perigoso ainda bem de fora da área obrigou o Artur a uma intervenção difícil, e no canto que se seguiu sofremos o segundo golo, com um dos centrais adversários a surgir na zona do primeiro poste para um cabeceamento cruzado. O golo relançou a incerteza no vencedor do jogo, o nosso adversário ganhou confiança, e o Benfica pareceu-me ter decidido arriscar menos no ataque, optando por tentar reter a bola e desacelerar o ritmo do jogo. A substituição forçada do Rúben, a vinte minutos do final, também não nos favoreceu, pois o Gaitán, que foi deslocado para o centro, não tem a mesma capacidade de luta e como tal perdemos alguma força nessa zona do campo. Mas de qualquer forma o tempo ia correndo a nosso favor, e a verdade é que ameaças às balizas (e nomeadamente, à nossa) eram quase inexistentes. Mais uma vez, tudo mudou nos minutos finais. Primeiro o Markovic, de cabeça e após livre do Gaitán, enviou a bola à barra; logo de seguida foi o Cardozo, depois de mais um grande cruzamento do Gaitán, que tirou o defesa da jogada e viu o quarto golo ser-lhe negado por uma grande defesa do guarda-redes; finalmente, e quase na resposta, foi o nosso adversário quem viu a bola ser devolvida pelo poste numa jogada em que o seu jogador se isolou frente ao Artur. E foi já no tempo de compensação que em mais uma bola parada consentimos o empate. Num livre marcado sobre a direita da nossa área o Garay não conseguiu cabecear e nas suas costas surgiu um adversário a cabecear para o golo e a levar o jogo para prolongamento.


E no prolongamento a sorte acabou por sorrir-nos. O jogo parecia estar de volta à toada de equilíbrio, mas um lançamento de linha lateral do Sílvio, na esquerda, resultou numa embrulhada entre o Luisão e um adversário, e já no chão o nosso capitão ainda conseguiu cabecear a bola, que de forma frouxa e enrolada passou por debaixo da pernas do guarda-redes, que já não conseguiu evitar que ela ultrapassasse a linha. Foi um frango enorme de um guarda-redes que durante o jogo já tinha evitado o nosso golo num par de ocasiões, e ainda viria a evitá-lo novamente até final. Este golo fez o jogo pender para as nossas cores novamente. Durante o prolongamento voltámos a ganhar alguma serenidade (a entrada do André Gomes sobre os noventa minutos e o regresso do Gaitán à esquerda trouxeram mais algum equilíbrio à equipa), o adversário foi obrigado a expor-se mais, e nós aproveitámos os espaços para criar algumas situações que poderiam ter resolvido o jogo mais cedo - as mais flagrantes nos pés do Ivan Cavaleiro e do André Gomes, que atirou ao poste. Do lado adversário, uma grande ocasião também, num cabeceamento que passou muito perto da nossa baliza quando quase parecia ser mais fácil marcar. Nos minutos finais, beneficiámos ainda de superioridade numérica após a expulsão de um dos centrais adversários.


Cardozo, indubitavelmente, o homem do jogo. Marcou um hat trick dos verdadeiros. O terceiro golo foi muito bom, pois o remate de primeira foi indefensável, mas gostei particularmente do segundo, pois toda a jogada foi bonita e o Cardozo apareceu no sítio certo a cabecear de forma exemplar e certeira - ainda para mais quando o jogo de cabeça até nem é um dos seus pontos mais fortes. Gostei muito, para não variar, do Enzo, que trabalhou imenso e saiu esgotado, e do Gaitán, que foi o nosso jogador mais criativo (ele por norma costuma jogar quase sempre muito bem contra o adversário desta noite). O Garay não esteve ao seu nível no seu centésimo jogo com a nossa camisola. Os dois golos sofridos de bola parada são prova disso.


Ganhámos, como devíamos ter ganho e era expectável que o fizéssemos. Mas podia ter sido melhor. Devia ter sido melhor. Eram dispensáveis o prolongamento e o sofrimento. O jogo estava ganho ao intervalo. Não podemos continuar a cometer erros estúpidos nas bolas paradas. Temos o mesmo treinador e os mesmos jogadores. Não há justificação para que de um momento para o outro tenhamos desatado a sofrer golos em catadupa desta forma.

terça-feira, novembro 05, 2013

Roberto

Aquilo que mais me irrita no resultado desta noite é mesmo o facto de termos perdido contra uma equipa que é claramente inferior à nossa. E foi possível verificar isso mesmo durante o jogo: eu vi o melhor Benfica da época, que foi imensamente superior ao adversário do primeiro ao último minuto, mas esbarrou de frente com um gigantesco Roberto, que resolveu exibir as qualidades que nos levaram a contratá-lo há três anos.


A maior novidade para mim foi que, num jogo teoricamente de dificuldade mais elevada, o nosso treinador optou por não entregar logo a abrir a superioridade numérica no centro do terreno. Três médios de início, com a titularidade do Rúben Amorim junto dos habituais Matic e Enzo. Na esquerda da defesa surgiu o Sílvio, e no ataque foi o Markovic a ocupar o lugar que nos últimos jogos tinha sido do Ivan Cavaleiro. Não houve inferno nenhum em Atenas - o Benfica entrou a todo o gás, a jogar de forma completamente descontraída e a empurrar o adversário para junto da sua área. Os primeiros dez minutos foram o modelo perfeito daquilo que viria a ser o jogo inteiro: ataque constante do Benfica, com o Olympiacos praticamente a não passar do meio campo, e duas enormes oportunidades de golo, ambas negadas de forma sublime pelo Roberto. Primeiro num remate rasteiro de primeira do Cardozo, e depois na cara do isolado Markovic. Não marcar duas oportunidades claras como estas num jogo da Champions já seria uma situação suficientemente lamentável, mas aquilo foi apenas uma amostra do que estava para vir. Pior ainda, praticamente da primeira vez que o Olympiacos subiu à nossa área (acabaram por fazer dois remates à nossa baliza durante todo o jogo), marcou. Nós defendemos os cantos à zona, mas quando a bola é enviada para uma 'zona de ninguém' há sempre o risco de acontecer o que aconteceu, que foi um dos centrais adversários aparecer livre de marcação, vindo do limite da área, para cabecear para o golo. Já disse antes que tenho alguma embirração com o Artur, por isso eu próprio darei o devido desconto à opinião com que fiquei do lance, mas a verdade é que acho que o Artur poderia ter feito melhor do que defender a bola para dentro da baliza. Ao contrário do que já vimos esta época, a nossa equipa não reagiu mal ao golo sofrido, e continuou a jogar exactamente da mesma forma, dominando o jogo e o adversário e tentando chegar ao golo de todas as formas. Foi já perto do intervalo que voltámos a ter uma grande oportunidade, e desta vez (talvez a única durante todo o jogo) não foi o Artur o responsável por não a concretizarmos. Foi mesmo desconcentração ou displicência do Matic, que se apanhou sozinho em frente à baliza após um canto, e provavelmente pensou que estaria em fora-de-jogo, tendo por isso tentado um toque displicente com o calcanhar.


A segunda parte começou exactamente na mesma toada da primeira. Com mais uma defesa do Roberto, desta vez a remate do Markovic. Foi apenas o mote para uma exibição ainda mais memorável do nosso antigo guarda-redes. É que a superioridade do Benfica foi ainda maior durante o segundo tempo. Foi um ataque constante à baliza grega, com tentativas de vários dos nossos jogadores, mas sempre com um denominador comum: Roberto intransponível. A verdade é que à parte a concretização (com a devida parte de 'culpa' do Roberto), pouco ou nada tenho a apontar à nossa equipa ou aos nossos jogadores. Eu gostei sinceramente daquilo que vi hoje. Jogámos com uma velocidade e uma vontade como há algum tempo não via, tivemos criatividade e variedade de argumentos para construir diversas ocasiões de golo, mas no final o resultado foi-nos, de forma extremamente injusta, desfavorável. O velho chavão de que ganha quem marca voltou a aplicar-se, e vitórias morais de pouco nos servem. A verdade é que na segunda parte foram pelo menos meia dúzia de oportunidades claras de golo, todas elas negadas de forma brilhante pelo Roberto. Se tivermos má vontade ou estivermos particularmente irritados podemos sempre cascar na equipa e nos jogadores por as terem falhado, mas eu sinceramente prefiro dar o mérito a quem o mereceu, que foi o Roberto.


Nem vou fazer destaques individuais. Gostei de toda a equipa em geral, achei que os 'estreantes' titulares Rúben e Sílvio fizeram boas exibições, e senti-me mais tranquilo com a presença de um terceiro médio em campo. O resultado foi péssimo, mas em termos exibicionais não tenho dúvidas de que este foi o melhor jogo que a nossa equipa fez esta época, e merecia muito melhor sorte. Espero que seja isto que retenham do jogo de hoje, e que o resultado negativo não tenha efeitos negativos. Em relação ao jogo da Taça que se segue, gostaria muito que a estrutura táctica que apresentámos neste jogo se mantivesse.

sábado, novembro 02, 2013

Três

Jogo resolvido com dois golos no espaço de três minutos, e vitória por três a zero no final. Mais um pequeno passo dado na tentativa de recuperação dos níveis exibicionais e de confiança da nossa equipa. Hoje tivemos o seguimento natural do último jogo, frente ao Nacional, com nova exibição segura e o triunfo mais claro e tranquilo da época.


Apenas duas alterações no onze do Nacional: Lima e Cortez em vez de Siqueira e Rodrigo. As recordações que tenho dos nossos últimos jogos em Coimbra não eram as melhores: dois empates, com forte influência da arbitragem, e exibições pouco conseguidas. O jogo desta noite também não começou de forma muito promissora. Não é que jogássemos mal, porque desde o início que o Benfica me pareceu jogar com alguma segurança e manter o adversário muito bem controlado. O maior problema pareceu-me ser a velocidade que imprimimos ao jogo - demasiado lenta para que parecesse provável chegarmos ao golo. As jogadas mais promissoras surgiam invariavelmente quando o Gaitán deixava a ala esquerda para aparecer no meio, nas costas dos avançados, onde podia criar lances de maior perigo, tendo sobretudo a colaboração do Enzo nas tentativas de imprimir maior velocidade. Até que um pouco depois da meia hora a qualidade individual dos nossos jogadores acabou por fazer a diferença. Logo a seguir a um remate perigoso do Gaitán, que obrigou o guarda-redes da Académica a aplicar-se, o Cardozo desferiu um remate cruzado e rasteiro ainda de fora da área, que inaugurou o marcador. Talvez o Benfica não estivesse a ser propriamente brilhante até então, mas estava claramente a ser a melhor equipa no jogo e a única que merecia chegar ao golo. Três minutos depois, após um centro do Gaitán, dois defesas da Académica embrulharam-se com o Cardozo na disputa da bola, que acabou por cair sobre a cabeça de um dos defesas e entrar na baliza. Com esse segundo golo, e face ao que tinha visto até então, fiquei com muito poucas dúvidas sobre o desfecho final do jogo, pois apesar do muito tempo que ainda havia para jogar achei que só mesmo uma hecatombe poderia evitar a nossa vitória.


A segunda parte encarregou-se de confirmar esta ideia. O Benfica, tranquilo sobre a vantagem de dois golos, teve sempre o jogo controladíssimo, e pareceu-me que a nossa equipa fez uma óptima gestão de esforço e da posse de bola, sobretudo considerando o jogo europeu que se segue. Mesmo a jogar sem grande intensidade, tive sempre a sensação de que o terceiro golo estava mesmo ali ao nosso alcance e poderia surgir a qualquer momento. A subida de rendimento da dupla Enzo/Matic foi notória neste jogo, e os resultados práticos disso também. O controlo do Benfica no jogo ficou ainda mais evidente nos minutos finais, quando o meio campo foi reforçado com a entrada do Rúben para o lugar do Lima. Chegámos a ver o Benfica trocar a bola entre os seus jogadores, a toda a largura do campo, durante largos períodos de tempo, sem que a Académica fosse capaz de recuperá-la. E quando era o adversário a ter a bola, as linhas de pressão mais subidas com que o Benfica jogou permitiam a rápida recuperação da mesma - isto já esteve bem mais próximo daquilo a que esta equipa me habituou a ver. A recompensa surgiu a quatro minutos do final, num bom passe do Rúben para a desmarcação do Markovic, que depois, com um simples toque na bola, concluiu a jogada com classe para assinar o golo mais bonito da noite, colocando a bola sobre o guarda-redes à saída deste. Pareceu-me que houve alguma vontade de classificar o resultado como exagerado, mas para mim foi uma expressão perfeitamente natural daquilo que se passou em campo. O Benfica foi claramente superior, controlou o jogo como quis e sem grande esforço, e o resultado avolumou-se de forma natural.


Matic a subir de forma, Enzo mais uma vez em bom plano e o Cardozo outra vez decisivo. Gostei também do Gaitán e da segurança dos nossos centrais. Ainda não consego partilhar do entusiasmo geral em relação ao Ivan Cavaleiro. É um jogador esforçado, mas por enquanto ainda não me parece pronto para a equipa principal do Benfica, e deverá perder o lugar assim que os lesionados recuperarem.

Vitória importante, quer pelos números, quer pela exibição segura associada. Ainda por cima num campo que ultimamente vinha a ser problemático para nós. Não está a ser um processo fácil, mas creio que é notória alguma evolução no estado anímico da equipa e na qualidade do nosso jogo nos últimos tempos. Apesar do pouco interesse que a competição me desperta, espero que em Atenas possamos manter esta tendência.