Uma excelente vitória frente ao Marítimo, por meia dúzia de golos sem resposta, e a melhor forma de mostrar que os mind games da treta que o carroceiro da Porcalhota insiste em tentar (mas que todos sabemos não passar da simples manifestação de um profundo ressabiamento pelo que ele considera ser uma afronta, já que a sua vaidade não lhe permite aceitar o facto de ter sido descartado) não têm senão o efeito contrário ao por ele desejado.
Mais uma vez um onze sem surpresas, onde o Fejsa parece estar a ganhar vantagem ao Samaris na luta pela titularidade - tem menor raio de acção, mas comete muito menos erros que o grego - e em que o Carcela foi o escolhido para ocupar o lugar do Gaitán. Na frente, o Jiménez continua a merecer a preferência. A primeira fase do jogo não fazia adivinhar o resultado com que terminaria. O Marítimo entrou decidido a causar dificuldades, e foi disputando o jogo quase em pé de igualdade com o Benfica, que voltava nesta fase a revelar as habituais dificuldades para imprimir maior velocidade ao jogo, com os jogadores do ataque quase sempre demasiado estáticos e entregues às marcações. Ao contrário do que tem acontecido muitas vezes em jogos anteriores quando o Benfica revela este tipo de dificuldades, não se via o Renato Sanches a jogar quase a par do Fejsa, mas quase o extremo oposto: deve ter tido instruções para se adiantar no terreno e levou-as demasiado à letra, surgindo muitas vezes a encostar-se aos defesas, como se de um avançado se tratasse. De qualquer forma, o problema do vazio entre os jogadores mais recuados e os mais avançados revelava-se, pois durante a fase inicial do jogo o Jonas esteve muito amarrado na frente e nenhum dos alas flectia para dentro na tentativa de ocupar esses espaços. O Benfica deu o primeiro sinal de perigo numa perdida inacreditável do Jiménez, que depois de um grande passe do Jonas ficou isolado e com tudo para marcar. Fez quase tudo bem, esperou até que o guarda-redes caísse, mas depois conseguiu chutar contra ele. O Marítimo respondeu com uma grande ocasião também, na qual foi um corte do Lisandro no limite que evitou males maiores. Estava o jogo neste pé quando de repente, à meia hora de jogo e no espaço de pouco mais de cinco minutos, ficou completamente decidido a nosso favor, pois três golos de rajada deixaram o Marítimo nocauteado. Os dois primeiros foram quase a papel químico, surgindo de cruzamentos na esquerda que foram desviados por jogadores do Marítimo na zona frontal da baliza (no primeiro foi um defesa, no segundo foi o guarda-redes) indo a bola cair na zona do segundo poste, bem a jeito para os remates do Pizzi. Na jogada do primeiro golo destaque para a tabela entre o Eliseu e o Carcela, a permitir a desmarcação deste último, e no segundo foi o Carcela a fazer o passe para a desmarcação e cruzamento do Jiménez. O terceiro golo surgiu na sequência da bola a meio campo depois do segundo golo. Pressão muito forte do Benfica, bola recuperada, passe do Pizzi para o Jonas, remate cruzado defendido pelo guarda-redes e a bola outra vez para a zona do segundo poste, onde o Jiménez só teve que encostar. O Marítimo ainda conseguiu ter um lance de algum perigo, mas o remate do Marega passou pouco ao lado do poste.
O segundo tempo previa-se tranquilo, e cedo mais tranquilo ainda ficou, com mais dois golos para o Benfica ainda antes de decorridos dez minutos, na sequência de dois penáltis. O primeiro foi assinalado depois do Jonas ter sido abalroado por um defesa, após um cruzamento vindo da direita e toque de cabeça do Jiménez. O segundo por uma rasteira ao Carcela, que se escapava pela esquerda. Em ambos os penáltis o Jonas atirou rasteiro para o lado direito do guarda-redes, que ainda conseguiu tocar na bola no primeiro. Jogo tranquilíssimo para o Benfica, com os jogadores a parecerem bastante mais soltos do que o habitual e em movimentações constantes, o que permitia ver jogadas em progressão com a bola a passar pelos pés de vários jogadores - os dois alas, Pizzi e Carcela, estiveram sempre muito interventivos no jogo e apareciam frequentemente em zonas mais interiores para proporcionar várias opções de passe. Aliada a isto, uma boa agressividade na zona central, dada pelo Renato e o Fejsa. Com o jogo perfeitamente controlado e mais do que decidido deu para poupar jogadores importantes como o Jonas e o Renato Sanches, que foram substituídos a pouco mais de vinte minutos do final. E como era uma noite em que quase tudo corria bem, o Talisca, acabadinho de entrar, na sua primeira intervenção fez o sexto golo. Foi mais uma recuperação de bola no meio campo, seguida de um toque de calcanhar do Pizzi, e depois o Talisca progrediu pelo centro, ultrapassou um adversário, flectiu ligeiramente para a esquerda, e rematou ainda bem de fora da área (numa altura em que eu reclamava porque queria que ele passasse a bola mais para a esquerda para o Carcela, que estava sozinho) para fazer a bola entrar junto ao poste mais próximo, obtendo um bonito golo. Minutos depois o Jiménez teve a segunda perdida escandalosa da noite, quando ficou completamente à vontade depois de uma escorregadela de um defesa, mas tentou picar a bola sobre o guarda-redes de forma tão desajeitada que esta deve ter passado uns dez metros por cima da baliza. Foi substituído logo de seguida pelo Mitroglou, que entrou a tempo de também ele desperdiçar uma boa ocasião para ampliar o resultado, optando pela iniciativa individual quando tinha colegas mais bem colocados e vendo depois o José Sá fazer uma boa defesa ao seu remate.
Houve vários jogadores com boas actuações esta noite, mas creio que é justa a distinção do Pizzi como o melhor em campo. Marcou os dois primeiros golos e esteve directamente envolvido nas jogadas de mais três. Atravessa um bom momento e é nesta altura um dos jogadores mais influentes na nossa equipa. O Carcela justificou plenamente a oportunidade que lhe foi dada. É um jogador que nos pode ser extremamente útil quando coloca a capacidade técnica que tem ao serviço da equipa em vez de explorar quase exclusivamente as acções individuais. Foi o que fez esta noite, e creio que para isso terá contribuído muito o facto de ter jogado a maior parte do tempo na esquerda em vez da mais habitual direita, onde acaba sempre por ter tendência para flectir com a bola para o centro. O Jonas esteve ao seu nível, o Renato e o Fejsa controlaram o meio campo, e mesmo o Eliseu fez um jogo bastante positivo (continuo a achar que ele leva mais 'porrada' do que a que efectivamente merece por parte dos benfiquistas, que não lhe perdoam absolutamente nada). O Jiménez poderia ter saído de campo com uma exibição memorável e um hat trick. Mas um avançado de nível não pode falhar duas ocasiões daquelas num jogo.
Foi uma vitória muito motivadora. Gostei muito de certos pormenores que foi possível ver quando a equipa jogou de forma mais solta. Esperemos que a nossa equipa consiga seguir neste rumo, até porque se perspectivam os regressos de jogadores que virão acrescentar qualidade às opções do treinador. Há umas semanas, depois do desapontamento do empate com o União, ficámos com doze pontos (7+5) para recuperar aos adversários mais directos, o que parecia uma tarefa hercúlea. Agora são quatro.