Mais uma oportunidade para recuperar um lugar de acesso à Champions League, e mais uma vez a desperdiçámos. E sinceramente, a julgar pelo que vi esta noite na Reboleira, chego a duvidar seriamente da motivação da nossa equipa para conquistar esse mesmo lugar, dada a qualidade do nosso futebol e a atitude demonstrada em vários períodos do jogo. O que eu sei é que me parece que tenho que deixar de ir ver o Benfica jogar fora, porque este ano ainda não consegui ver um jogo em que ganhássemos.
A recuperação do Petit e fim do castigo do Maxi, juntamente com a suspensão do Katsouranis, significaram infelizmente um regresso dos dois primeiros à titularidade no meio campo. Na frente o Nuno Gomes, pese as inenarráveis exibições dos últimos jogos, continua a ser recompensado com o seu lugar cativo no onze. E do lado esquerdo da defesa, a indisponibilidade física do Léo permitiu a estreia do Sepsi a titular no campeonato. Tudo isto resultou numa primeira parte indescritivelmente má do Benfica - e já agora, do Estrela também, porque todo o jogo foi mau demais. Mas não era o Estrela quem tinha a obrigação de jogar; o Benfica é que deveria ter interesse em lutar por um dos três primeiros lugares, só que praticamente não conseguiu criar uma jogada ofensiva com princípio, meio e fim. O único safanão na mediocridade foi dado pelo Cardozo, que inventou um remate fabuloso de primeira do meio da rua e que só parou na barra da baliza do Estrela. Muito, muito pouco para uma equipa a quem se exigia uma vitória. De resto, o que se viu foi um meio campo demasiado complicativo e com falta de ideias, e um ataque quase estático e apático. Se do Maxi e do Petit eu já não espero grande inspiração ofensiva, o mesmo já não posso dizer do Rui Costa e do Rodríguez. Este último pareceu sentir-se quase coxo por não ter um apoio ofensivo como o que é habitualmente proporcionado pelo Léo, já que o Sepsi mostrou-se muito tímido durante estes primeiros quarenta e cinco minutos, e raramente arriscava subir no terreno. Das poucas vezes que o fez, acabou por fazer centros disparatados.
Exigia-se que algo mudasse para a segunda parte, e entrou o Di María para o lugar do Nélson, indo o Maxi ocupar o posto de lateral - eu sinceramente, e dada a produção dele na primeira parte, achava que o Maxi é que deveria ter saído. À entrada do argentino seguiu-se a do Mantorras para o lugar do ausente Nuno Gomes, e estes dois jogadores tiveram o condão de, pelo menos, movimentar mais o nosso jogo, e permitirem abrir mais espaços na defesa adversária. O Benfica pareceu estar mais perto de conseguir marcar, e dispôs de duas oportunidades flagrantes: numa o Luisão, sobre a linha da pequena área e completamente à vontade, conseguiu rematar por cima; e na outra, após um remate do Mantorras defendido em dificuldade pelo guarda-redes adversário, o Edcarlos falhou escandalosamente a recarga, rematando contra o guarda-redes ainda no chão. A verdade é que foi do Benfica grande parte do domínio do jogo durante este segundo tempo, mas muito foi feito sem cabeça nenhuma, faltando maturidade e inteligência à nossa equipa para chegarmos ao golo. No final o público benfiquista (em larguíssima maioria na Amadora) mostrou o seu descontentamento, despedindo a equipa com uma enorme assobiadela.
Melhor no Benfica talvez o Luisão, pese a oportunidade falhada. Mas teve, sobretudo durante a má primeira parte que fizemos, vários cortes oportunos, e mostrou-se sempre seguro. Quanto aos piores, haveria muito por onde escolher. Mas menciono mais uma aparição indescritível do Nuno Gomes, na linha do que tem vindo a fazer nos últimos meses. Nada contribui no ataque, está quase sempre fora dos lances - porque fica na expectativa e reage tarde demais, em vez de tentar antecipá-los - tem medo de rematar e, aliás, parece ter medo de receber a bola. Custa-me ver um jogador num momento de forma destes continuar a ser atirado para dentro do campo, no onze titular do Benfica, quando para quem está de fora até chega a dar a impressão de que ele não quer estar ali. Outra desilusão esta noite foi o Rui Costa. É que desta vez nem sequer a clarividência e qualidade de passe, que são as qualidades que mais aprecio nele, lá estiveram. Teve opções erradas, falhou inúmeros passes, e por mais que uma vez se agarrou demasiado à bola, o que resultou invariavelmente na sua perda.
Agora só mesmo um grande golpe de sorte poderá dar-nos o acesso à Champions League na última jornada. Mas também, depois do que vi esta noite, apetece perguntar: E será que estes jogadores merecem sequer esse prémio?