domingo, maio 31, 2009

Futsal


Parabéns ao nosso futsal, após mais uma vitória na Taça de Portugal. A secção foi criada há oito anos, e esta é a quarta Taça conquistada neste período (metade das disputadas, portanto). Durante estes mesmos oito anos, a modalidade conquistou também já quatro Campeonatos Nacionais, estando ainda na luta por um possível quinto título (que, caso o logremos conquistar, será o tricampeonato). Podemos portanto dizer, e com toda a propriedade, que o futsal do Benfica honra os pergaminhos do nosso clube.

Parabéns também em particular ao nosso treinador André Lima, que com esta vitória conquistou o seu primeiro título como treinador, naquele que é o seu ano de estreia nestas funções. Que possa atingir pelo menos o mesmo sucesso que teve como jogador é o meu desejo. Uma palavra também para o 'histórico' Zé Carlos que, apesar de ter passado uma boa parte da época um pouco na sombra do Bebé, foi ontem um gigante após a expulsão do titular.

Ainda nas modalidades, o nosso basquetebol iniciou também ontem da melhor forma a final do playoff, batendo a Ovarense no primeiro jogo. Tendo em conta a qualidade já demonstrada esta época, e mesmo com a adversidade das lesões em jogadores chave, é legítimo ambicionarmos ver o regresso do título à Luz, título esse que anda arredado desde os já longínquos tempos do Carlos Lisboa (como jogador, que como dirigente temo-lo lá agora).

domingo, maio 24, 2009

Término

E pronto, lá chegou ao fim mais uma época, terminada com um frustrante terceiro lugar. No jogo de hoje, satisfação por ver o Benfica finalmente conseguir dar a volta a um resultado num jogo para o campeonato e, pelo menos pessoalmente, satisfação por ver também o Benfica assinar a sentença de despromoção do Belenenses. Agora podem sempre pedir aplausos para o 'Senhor Pinto da Costa' antes do início do próximo jogo contra o Freamunde. Tenho a certeza que os fiéis trezentos e cinquenta adeptos belenenses que encherem as bancadas do Restelo para assistir a esse jogo corresponderão ao apelo de forma entusiástica. Foi um jogo com um certo cheiro a despedida, o que aliás acontece quase sempre que uma época chega ao fim. Pelo menos costumo estar a ver jogos assim e a pensar que se calhar não voltarei a ter a oportunidade de rever alguns daqueles jogadores com a nossa camisola. Hoje, e face às notícias que circulam, também a nossa equipa técnica se juntou ao grupo das eventuais despedidas.

Não houve grandes surpresas no onze. Com lesões e suspensões à mistura, era previsível que alinhássemos com aqueles jogadores (e eu, sem ser nenhum mestre da táctica ou perito em adivinhações, até consegui prever a constituição da nossa equipa). Nova oportunidade para o Urreta jogar na direita, e em relação a Braga, o Di María deixou a posição de segundo avançado, voltando a encostar-se à esquerda face ao regresso do Aimar. Quanto ao jogo em si, não poderia ter começado da pior maneira. É que logo na primeira vez que o Belenenses subiu à nossa área, marcou, através de um grande remate do Silas que, pareceu-me, fez a bola passar entre as pernas do Luisão. Previ logo que isto pudesse desencadear mais um daqueles jogos horríveis, com a equipa adversária a queimar tempo de forma descarada, já que aquele era o único resultado que lhe servia. Mas o Benfica não se desconcentrou com o golo, e respondeu bem, sobretudo a partir do lado direito, onde um Maxi incansável e um irrequieto Urreta iam causando dificuldades ao adversário. No meio, e um pouco surpreendentemente face à presença do Carlos Martins em campo, era o Katsouranis quem mais se encarregava de distribuir o jogo, fazendo a bola chegar aos extremos através de bons passes em profundidade. Foi mesmo pela direita que, aos vinte minutos, acabou por surgir a jogada do golo do empate, quando após mais uma das suas incontáveis subidas, o Maxi foi solicitado pelo Aimar e, de primeira, fez um cruzamento perfeito para o cabeceamento não menos exemplar do Cardozo.

Pouco depois o Benfica substituiu o Carlos Martins, não sei se por algum motivo de ordem física, ou se foi mesmo opção do Quique (é verdade que ainda só tinham decorrido vinte e seis minutos de jogo, mas até então a sua produção em campo tinha sido bastante fraca). O que é certo é que a substituição acabou por ser inspirada, já que o Fellipe Bastos, que o substituiu, acabou por ter uma boa prestação no jogo, vindo mesmo a revelar-se decisivo. Por esta altura o Benfica mantinha a superioridade no jogo, embora o Belenenses conseguisse incomodar através de contra-ataques que exploravam a nossa defesa em linha, e mostrava ser possível causar mais alguma surpresa. Mas perto do intervalo um dos seus jogadores agrediu o Di María com uma patada e foi consequentemente expulso, sendo que a partir daí o Belenenses desapareceu de vez do jogo. O empate ao intervalo era algo penalizador para o Benfica, mas face ao que se tinha visto era previsível que, salvo alguma surpresa, o Benfica acabasse por dar a volta à situação na segunda parte.

E para esta segunda parte o Benfica entrou forte e decidido a alcançar a merecida vantagem rapidamente. No primeiro quarto de hora 'cheirámos' o golo em diversas ocasiões, a mais flagrante delas uma perdida escandalosa do Di María que, isolado após uma falha grosseira de um defesa adversário, conseguiu rematar por cima da baliza. O Aimar também esteve perto de marcar, assistido pelo Cardozo, mas atirou igualmente por cima, e até o Maxi teve um grande remate de fora da área, bem defendido para canto. O golo acabou, naturalmente, por surgir. Foi dos pés do Fellipe Bastos que saiu uma bomba indefensável, ainda de bem fora da área, que levou a bola a entrar no ângulo da baliza do Belenenses. Apesar da vitória ser o único resultado que interessaria ao Belenenses, a verdade é que na segunda parte eles pouco mais fizeram do que defender, e ainda assim mal, já que multiplicavam-se as brechas na defesa, e era previsível que o Benfica conseguisse voltar a marcar. Sobretudo pelo nosso lado direito, onde a velocidade do Urreta, apoiado pelo incansável Maxi, continuava a fazer estragos. Quando o Mantorras entrou a cerca de quinze minutos do final, não era difícil prever que a probabilidade dele marcar era elevada, o que se confirmou já em período de descontos, após uma cavalgada do Balboa (tinha entrado minutos antes para o lugar do Aimar) que terminou numa assistência para o remate de primeira do angolano. Terá sido para fazer jogadas destas (ganhar a linha e centrar, coisa que pelo menos já mostrou que sabe fazer bem) que o Balboa foi contratado. Pena que não o tenha feito com frequência durante a época, justificando assim o elevado investimento que fizemos nele. Tendo em conta os apontamentos positivos que tem vindo a deixar aqui e ali nos últimos jogos desta época, talvez seja conveniente não o despacharmos às três pancadas, e ver se nos poderá ser útil para a próxima época. Voltando ao jogo, este acabou por fechar em ambiente de festa devido ao golo do Mantorras, que deu a expressão final a um resultado justo.

O melhor do Benfica foi, para mim, o Maxi. Aliás, digo-o já, ele foi para mim o melhor jogador do Benfica durante toda a época. Se quiserem dizer que ele é uma adaptação a lateral (que não é; adaptação era quando ele jogava a médio ala) estão à vontade, mas duvido que se encontre um lateral direito melhor no nosso campeonato. Hoje voltou a fazer daquele corredor direito uma avenida, por onde correu incansavelmente durante os noventa minutos, não concedendo espaços na defesa e apoiando sempre o ataque. O cruzamento para o golo do Cardozo foi simplesmente perfeito. Foi muito bem secundado pelo Urreta, cuja velocidade e mobilidade foram sempre um quebra-cabeças para os adversários. Ainda comete de vez em quando alguns erros, mas tendo ele dezoito anos é natural, e tem tempo para aprender. Já vi alguém numa caixa de comentários comparar o estilo dele ao do Simão, e a comparação não me parece descabida. Por último, quero mencionar também o Katsouranis, naquele que poderá ter sido o último jogo com a nossa camisola. Neste jogo, fez por demonstrar a razão pela qual sempre o admirei, e terei pena de o ver partir. Conforme já referi antes, bom jogo também do Fellipe Bastos. Quanto a quem esteve menos bem, para mim foi o Di María. Foi demasiado individualista em algumas ocasiões, complicou em outras, e aquele falhanço é inacreditável.

Época terminada, silly season iniciada (se bem que no nosso caso, esta silly season até parece ter começado antecipadamente, incluindo até personagens anormalmente cómicos que nem fazem parte do habitual circo de contratações e vendas). Agora vamos ver o que nos trazem os próximos meses. Como de costume, enterramos as frustrações de uma época mal conseguida e, quer queiramos, quer não, deixamos que a esperança se renove a cada nova época. Eu vou começar a riscar no calendário os dias que faltam até Agosto, que isto é muito tempo sem futebol e, sobretudo, sem futebol do Benfica.

domingo, maio 17, 2009

Brio

Até pareceu fácil. Foi uma equipa muito personalizada do Benfica que, em Braga, aproveitou as oportunidades que teve, e manteve quase sempre o adversário controlado, mesmo tendo de lutar na segunda parte contra a adversidade adicional de uma arbitragem horrorosamente caseira. Não sei se o Jorge Jesus (a propósito, ele anda a fazer madeixas negras no cabelo, ou está envolvido em algum projecto ultra-secreto que envolve a recombinação dos genes capilares do seu DNA com os de um guaxinim?) virá para o Benfica ou não, mas neste momento, tendo em conta as notícias que circulam, o Quique deverá estar com um sorriso irónico na cara, sorriso esse plenamente justificado face ao que se passou hoje.

Foi um Benfica com muitas alterações aquele que entrou hoje em campo. A começar pela baliza, onde surgiu o Moreira no lugar do Quim, reassumindo uma titularidade que tinha sido perdida sem razão muito aparente. Na defesa, regressou o Jorge Ribeiro à esquerda, 'empurrando' o David Luíz para a sua posição natural no centro, ao lado do Sídnei. E à direita surgiu o Miguel Vítor, isto porque o Maxi subiu para médio direito, evitando assim a habitual adaptação do Rúben Amorim, que ocupou o seu lugar no centro ao lado do Katsouranis. Na frente, coube ao Di María o papel de apoiar o Cardozo. O Benfica teve, ao contrário do habitual, uma entrada forte no jogo. Notou-se desde o início que havia vontade em pressionar logo os jogadores do Braga no seu meio campo defensivo, o que acabou por ser um dos factores chave deste jogo, pois foram diversas as perdas de bola provocadas nesse sector. E a boa entrada do Benfica em jogo foi rapidamente recompensada, já que aos sete minutos, aproveitando um óptimo passe do Katsouranis, o Cardozo isolou-se e aproveitou a saída precipitada do guarda-redes adversário para inaugurar o marcador. Logo a seguir, um momento de alguma infelicidade com a lesão do David Luiz, mas ainda assim isto não foi de todo negativo, já que o Urreta, que foi quem o substituiu (foi ocupar o lugar do Maxi na direita, regressando este à lateral da defesa e o Miguel Vítor ao centro) teve uma contribuição bem positiva no jogo (apesar de uma das suas primeiras intervenções ter sido desastrosa, quase oferecendo um golo - valeu-nos o instinto matador e habilidade do Rentería). Antes do primeiro quarto de hora, o marcador voltou a funcionar para as nossas cores, desta vez com o Di María a interceptar um mau passe do Eduardo e depois, com calma, a ultrapassá-lo e a marcar de ângulo apertado.

O Braga parecia atordoado com os dois golos sofridos tão cedo, e só perto da meia hora começou a reagir, mas encontrou sempre pela frente uma equipa organizada e, em último caso, um Moreira atento. Entretanto, por essa altura, o árbitro do encontro resolveu começar a mostrar a sua motivação ao mostrar um amarelo ao mesmo Moreira por perda de tempo. Quem me dera ver este rigor em todos os árbitros que nos apitam em casa. Creio que nenhuma equipa terminaria um encontro na Luz com um guarda-redes na baliza. Mesmo com a reacção do Braga, o Benfica nunca se encolheu, e continuou a contra-atacar com perigo, pelo que nesta altura o jogo estava bastante agradável de seguir, adivinhando-se que poderiam surgir mais golos. O intervalo chegou com a nossa vantagem justa no marcador.

Para a segunda parte, previa-se uma entrada forte do Braga, na tentativa de marcar cedo para poder lançar alguma incerteza no resultado, mas quase nem deu tempo para ver o que quer que fosse. É que logo no reinício, após mais uma recuperação de bola no meio campo defensivo do Braga, o Di María assistiu de calcanhar (noutras paragens talvez isto fosse apelidado de 'magia') o Urreta que, com classe, entrou na área, ultrapassou um defesa, e marcou calmamente o terceiro golo. Se algumas dúvidas havia quanto ao vencedor, este lance dissipou-as. Mas ainda tínhamos mais de quarenta minutos pela frente. Só que o Benfica controlou sempre o jogo com relativa calma. O maior (e talvez único) susto foi dado numa jogada individual do Paulo César, que ultrapassou uma série de jogadores nossos e, isolado, atirou ao lado. Não fosse
um árbitro ou muito competente, ou muito estúpido a querer mostrar serviço, e o jogo teria sido ainda mais calmo. O recém entrado Luís Aguiar teve duas entradas animais sobre o Katsouranis (e ainda bem que não acertou a primeira), que eventualmente até forçaram a sua substituição, e nem um amarelo (quem levou foi o Amorim). O Yebda, que entrou para o lugar dele, conseguiu estar apenas onze minutos em campo, sendo que o segundo amarelo poderia consistir um case study para o que é um cartão a pedido. A falta do Yebda (se é que existe) é a meio campo, e perfeitamente inócua. O árbitro assinala a falta, e só passados vários segundos, após a gritaria do Braga, resolve mostrar o segundo amarelo. Ridículo. Faltas sobre jogadores do Benfica, quase nem vê-las, sobretudo se fossem perto da área do Braga (o Reyes que o diga). Já o contrário, era sempre falta. Culminou com um penálti rigorosíssimo assinalado sobre os noventa minutos, que permitiu ao Braga alcançar o golo de honra. O Quique Flores, que só agora deve ter começado a perceber como é que tudo funciona por aqui, e que ser cavalheiro nestas coisas não serve de nada (já na primeira parte se tinha revoltado pelo assinalar de uma falta inexistente ao Di María quando este ficava isolado), perdeu as estribeiras e disse ao quarto árbitro 'Es una vergüenza!'. Foi expulso. Para a próxima, ele tem é que fazer gestos sugestivos com as mãos, ou saltar como um macaco junto ao banco enquanto tem atitudes de doente mental. Assim não será castigado de certeza.

A equipa num todo esteve de parabéns, embora tenhamos fraquejado um pouco pelo lado esquerdo da defesa durante alguns períodos da primeira parte (não aponto o dedo ao Jorge Ribeiro, já que ele teve pouco auxílio do Reyes nessas ocasiões). Bom jogo do Cardozo - está a ter um final de época muito bom e, sinceramente, considero que seria um erro monumental não o mantermos no plantel. Muito bem também o Di María (um golo e uma assistência), a jogar numa posição (segundo avançado) em que me parece render mais do que quando encostado às alas. Conforme referi antes, o Urretavizcaya teve também uma boa entrada em jogo, e marcou um óptimo golo. Menção também para o óptimo jogo que o Ruben Amorim fez. Não terá dado muito nas vistas, mas de uma forma discreta esteve um pouco por toda a parte. Finalmente, menciono também o regresso do Moreira à baliza. Tudo o que teve que fazer, fê-lo bem. Hoje, para variar dos últimos jogos, não sofremos um golo em cada remate que foi à baliza, e não merecia ter sido traído por aquele penálti.

O jogo de pouco ou nada interessava, a não ser por uma questão de brio. E esse objectivo, julgo, foi cumprido. A vitória não merece contestação, e hoje até foi contra o adversário e contra a má arbitragem. Agora, para a última jornada, reservo o desejo de mandar um capacho crónico do Porto para a Liga de Honra.

domingo, maio 10, 2009

Fundo

Definitivamente, estamos a bater no fundo. Quando num jogo praticamente sem pressão, já que o segundo lugar antes do jogo já era utopia, não conseguimos vencer em casa o penúltimo classificado, que ainda por cima se trata de uma equipa limitadíssima como o Trofense, julgo que começa a ser difícil descer mais baixo. É verdade que se olharmos apenas para as estatísticas, elas dir-nos-ão que o Benfica dominou completamente o jogo. Mas para quem tenha visto o jogo, o empate não será uma surpresa. Não porque o Trofense tenha feito algo que o justificasse, mas sim porque o Benfica, e os erros crassos que insiste em cometer, proporcionaram as condições ideais para este empate.

No onze inicial do Benfica regressou o Luisão, sendo desta vez o Miguel Vítor a sair da equipa. Face à ausência do Reyes, surgiram o Di María e o Urreta nas alas, com o argentino a trocar frequentemente de posição com o Aimar, assumindo as funções de segundo avançado. Pela frente, e sem surpresas, surgiu-nos uma equipa interessada sobretudo no empate, e a mostrar ter pouca capacidade ofensiva para conseguir causar grandes embaraços em contra-ataques, já que estes raramente eram feitos com mais do que dois ou três jogadores. Perante isto, o Benfica entrou no jogo de uma forma descontraída, sem grandes correrias, tendo sofrido um pequeno susto logo no início, com um jogador do Trofense a surgir na nossa área solto de marcação, mas a rematar demasiado por cima. Só a partir dos quinze minutos parecemos resolver apertar um pouco mais, e as oportunidades de golo começaram a surgir. O primeiro sinal foi dado pelo Luisão, que na sequência de um canto cabeceou ao poste. A partir daí o Benfica instalou-se definitivamente no meio campo adversário, e foi dispondo de mais oportunidades, com destaque para um lance em que primeiro um defesa do Trofense sobre a linha, e depois o guarda-redes por duas vezes negaram o golo a remates do Cardozo, Aimar e Urreta. À meia hora de jogo, e quando nada o fazia prever, o Trofense marcou. Foi mais um lance típico em que uma equipa que pouco consegue atacar aproveita um livre a uma boa distância da baliza para despejar a bola para a área. E a nossa defesa correspondeu com a inoperância do costume, tendo o Luisão sido batido de cabeça para o primeiro golo do jogo. E claro que bastou que o cabeceamento do jogador do Trofense levasse a direcção da baliza para ser golo. Aliás, a bola até entrou a meio da baliza.

A resposta dada pelo Benfica foi a melhor possível. Mais uma vez, foi preciso o adversário marcar para que conseguíssemos mostrar melhor futebol num jogo, e sete ou oito minutos após o golo do Trofense já estávamos em vantagem. Foi com mais dois golos do Cardozo que a reviravolta foi dada, ambos após jogadas na direita. No primeiro foi uma combinação entre o Urreta e o Aimar, com este a centrar rasteiro para uma finalização fácil do paraguaio; no segundo foi um centro largo do Urreta para o Cardozo ganhar de cabeça ao defesa e cabecear cruzado para o golo. Apesar do susto, a boa resposta dada pelo Benfica permitiu-nos ir em vantagem para o intervalo, e deixar-nos boas perspectivas para a segunda parte.

Mas o Benfica não entrou para a segunda parte com a mesma qualidade que tinha mostrado antes do intervalo. Não que tenhamos entregue o domínio do jogo ao adversário: continuámos a ser a melhor equipa em campo, e o Trofense nada produzia em termos ofensivos, parecendo quase satisfeito com o resultado. Mas já não conseguíamos ser tão perigosos como na primeira parte, pareceu-me que por influência do apagamento do Urreta, que nos primeiros quarenta e cinco minutos, apesar de alguns erros básicos, tinha dado velocidade ao lado direito do nosso ataque. Agora estávamos dependentes do Maxi para isso, e a maior parte dos nossos ataques desenvolviam-se pelo outro flanco. Mas apesar de uma menor produção ofensiva, a verdade é que o jogo não parecia estar em perigo.

Só que à passagem do primeiro quarto de hora, e mais uma vez quase caído do céu, apareceu o golo do Trofense. Mais um livre muito longe da área, mais um despejo, e mais um golo sofrido desta forma. Não percebo o porquê de defendermos estes lances com onze jogadores dentro da área se depois sofremos golos de toda a maneira e feitio. Aliás, não me lembro de nenhuma época em que o Benfica sofresse tantos golos na sequência de cantos e livres laterais. E nunca defendíamos com onze. Sofrer golos assim só indica falta de trabalho de casa, ou então que este está a ser mal feito. Estas situações ensaiam-se nos treinos. Não é possível ter toda a equipa dentro da área a defender contra cinco ou seis adversários, e ainda assim surgir um completamente sozinho ao segundo poste para marcar. Se a defesa à zona nestes lances não funciona (e, tendo em conta os resultados, claramente não funciona) então que se passe a defender em marcação individual. Se já tinha sido irritante sofrer o primeiro golo do Trofense daquela forma, este segundo golo foi profundamente estúpido. A facilidade com que o autor do golo sai da marcação, enquanto que dois jogadores do Benfica ficam completamente parados a ver a bola cruzar a área é patética. Depois, e apesar de faltar ainda meia hora para o final, começámos a atacar cada vez mais, mas também cada vez pior, já que tudo era feito mais com o coração. Mencione-se o facto do Balboa ter tido uma boa entrada em jogo, tendo revitalizado o flanco direito, mas foi insuficiente para marcarmos um golo que daria alguma justiça ao resultado. O empate final penaliza-nos, mas por outro lado uma equipa não pode continuar a sofrer golos quase iguais de forma consecutiva. Se não consegue aprender com os próprios erros, então é profundamente burra.

Como melhor escolho obviamente o Cardozo. Dois golos à ponta-de-lança, e sempre o mais perigoso da nossa equipa. Como pior nem sei. A equipa a defender, e num todo, não só os defesas, merecem essa distinção. Dois golos ridículos, que se calhar nem uma equipa dos escalões jovens conseguiria sofrer no mesmo jogo.

Há que terminar o campeonato com a dignidade que o Benfica merece, mas esta ponta final está a ser penosa de ver. Mesmo sem qualquer objectivo por que lutar a não ser a dignidade, é doloroso ver uma ponta final de época em que os erros que eram cometidos em Agosto continuam a ser cometidos. O que me deixa a pensar que ou a evolução desta equipa foi praticamente nula, ou então evoluiu em aspectos que me são invisíveis.

domingo, maio 03, 2009

Desperdício

Não falha. Basta que um dos nossos adversários directo se lembre de perder pontos numa determinada jornada, que nós fazemos questão de, na melhor das hipóteses, igualar a sua performance. Isto quando não resolvemos fazer ainda pior, como foi o caso desta noite. Bastou que, minutos antes, o sportém tivesse empatado em Coimbra para que entrássemos em campo para atacar o segundo lugar, e saíssemos mais preocupados em preservar o terceiro. Este ano parece que, para esta equipa, os maus hábitos são para se manter.

Não quero ser injusto, e desatar a acusar os jogadores de falta de ambição ou vontade de lutar pela vitória. Não foi isso que vi. O que vi foi falta de qualidade no nosso jogo, e uma exibição bastante abaixo das que tinha visto ultimamente. Simplesmente jogámos mal, e perdemos principalmente por causa disso. Quando soube que o Aimar não tinha sido convocado, comecei a temer o pior. E o pior seria, para mim, o regresso à famigerada táctica do Amorim a médio ala, que foi exactamente o que aconteceu. É que eu temia que com isto nos afastássemos bastante da dinâmica que tínhamos visto nos nossos jogos anteriores. Ao sair um jogador do onze acabámos por mudar quase todo o meio campo, já que para além da deslocação do Amorim para a direita, o Reyes mudou de flanco, e entrou o Katsouranis para o meio. São três alterações em quatro posições. Teria preferido uma troca directa do Aimar. O Benfica pareceu entrar tímido em campo. Isto perante um adversário que, ele próprio, também pareceu entrar no jogo satisfeito com o empate. Foram por isso desperdiçados os minutos iniciais do jogo, até que o Benfica decidiu aproveitar o recuo excessivo do adversário para começar a pressionar mais alto e a jogar no meio campo do Nacional. Mas hoje faltou ao nosso jogo a velocidade que lhe vimos anteriormente, e também bastante inspiração aos nossos jogadores. Vi demasiados passes errados, e nesse particular o Carlos Martins esteve muito desinspirado, sobretudo nos passes mais longos. Nos últimos jogos tinha sido ele um dos responsáveis pela organização do nosso jogo ofensivo, e com ele a não acertar tudo se complicou. Apesar de algum ascendente nosso durante esta primeira parte, o nulo ao intervalo aceitava-se.

A segunda parte caminhava para ser mais do mesmo, até que o Quique decidiu apostar na fórmula que tinha dado bons resultados recentemente, retirando o Katsouranis para fazer entrar o Di María. Coincidência ou não, o Benfica logo de seguida sofreu dois golos quase de rajada
(o primeiro dos quais surgiu após uma recuperação de bola devido a mais um passe comprido imbecil do Carlos Martins). Mas paradoxalmente, a nossa qualidade de jogo melhorou, e foi após esses dois golos do Nacional que, na minha opinião, acabámos por ter o melhor período no jogo. Conseguimos reduzir pouco depois, através do Reyes, e continuámos a espreitar o golo. O David Luiz acertou na barra, com um remate muito semelhante a um outro que, na primeira parte, quase deu golo; o Nuno Gomes falhou isolado, e ainda houve uma situação de possível penálti a nosso favor, por mão na bola de um jogador do Nacional, mas o árbitro era o Jorge Sousa e fez o que lhe competia. Já no tempo de descontos, com o Benfica completamente balanceado para a frente, fomos mais uma vez surpreendidos num contra-ataque e sofremos o terceiro golo. Uma das diferenças no jogo desta noite foi esta: o Nacional terá feito talvez quatro remates perigosos na direcção da baliza. O Quim defendeu um do Nené, desferido a alguma distância, e os outros três entraram. Do outro lado, nós fizemos pelo menos meia dúzia deles (dois do David Luíz, outros dois do Cardozo, um do Nuno Gomes e outro do Reyes), e um tal de Braccali só deixou passar um.

Melhor jogador do Benfica em campo, para mim foi indiscutivelmente o David Luiz. Foi dos que mais lutaram, esteve próximo do golo por duas vezes, nunca virou a cara à luta, e tendo em conta que na altura já estávamos numa fase de desespero até fecho os olhos ao facto do terceiro golo adversário ter surgido pelo seu lado. O Reyes também foi dos que mais lutou, mas foi perdendo lucidez e em mais de uma ocasião tentou, erradamente, fazer tudo sozinho. No outro extremo, sobretudo os dois médios centrais. Quase sempre disparatado o Carlos Martins na organização (dando-se ainda ao trabalho de reclamar com os colegas em diversas ocasiões em que falhou passes), e muito pouco influente o Katsouranis, jogando num raio de acção reduzidíssimo. Mal também, ao contrário dos últimos jogos, o Nuno Gomes. Aquele falhanço na cara do guarda-redes foi demais.
E por amor de Deus, alguém que proíba o Carlos Martins de se aproximar da bola quando dispomos de um raríssimo livre em posição de rematar à baliza. Foi-se embora o Petit, que tinha a enervante mania que era especialista em livres, e agora veio um ainda pior. O Cardozo está proibido de marcar livres ou quê?

E pronto, faltam três jornadas para o final e é como se estivessemos no defeso. Pouco mais há para lutar do que pela dignidade nos últimos três jogos. Esta época vai deixar-me, sobretudo, uma enorme sensação de desperdício. Tanto, tanto potencial que eu vejo nos jogadores do nosso plantel, e a maior parte dele foi desaproveitado.