sábado, fevereiro 27, 2010

Banho

Se há por vezes uma certa tendência para abusar do termo 'banho de bola', hoje foi um jogo em que esse termo se aplicou na perfeição. Foi mais do que um banho; foi um massacre, com uma grande exibição de toda a equipa e um recital do Di María (e tal como já disse num programa, é preciso ser-se muito burro ou o Eduardo Barroso para não se conseguir reconhecer que o argentino é um fora-de-série), que terminou numa vitória por quatro golos e que poderia ter sido ainda por mais.
Algumas surpresas no onze inicial, com as presenças do Airton e do Éder Luís nos lugares do castigado Javi García e do poupado Aimar. Isto resultou num Benfica algo diferente do habitual. O Saviola parecia ser o responsável por jogar na posição habitual do Aimar, mas trocava frequentemente de posição com o Éder Luís, e jogava também mais avançado do que o Aimar costuma fazer. Diferente ou não, a atitude é que interessava, e esta foi à Benfica. Os primeiros minutos deram logo a tónica daquilo que o jogo seria. O Benfica entrou a mandar no jogo, e não deixou de o fazer por um minuto que fosse até ao apito final do árbitro. A exemplo do que vimos contra o Hertha, o Benfica pressionou alto e manteve o Leixões quase sempre remetido ao seu meio campo, e com isso já estava uma boa parte do trabalho feito. O resto seria marcar golos, e logo aos quatro minutos foi dado o primeiro aviso, com o David Luiz a cabecear a bola ao poste, na sequência de um canto. O domínio continuou, e pouco depois dos vinte minutos conseguimos mesmo marcar. O Di María, a mostrar que estava inspirado, desmarcou-se após um bom passe do Cardozo, e meteu a bola na baliza. Mas o Lucílio (esse sacana) resolveu mostrar mais uma vez que é um árbitro amigo do Benfica, e ajudou-nos anulando um golo limpíssimo por um inexistente fora-de-jogo do Di María. Sabendo ele que em alguns jogos recentes o Benfica tem marcado cedo e depois desacelerado um pouco, acabando por sofrer dissabores, então resolveu anular o golo, de forma a obrigar os nossos jogadores a manterem-se concentrados e a manter a pressão sobre o adversário. O Lucílio é assim mesmo, e ajuda-nos à descarada.

Devido ao benfiquismo do Lucílio, tivemos portanto que esperar até aos vinte e sete minutos até obtermos a justíssima vantagem no marcador. Foi um remate desferido pelo Éder Luís ainda a alguma distância da baliza do Leixões, a beneficiar de um ressalto feliz num defesa adversário que fez a bola entrar junto ao poste da baliza. Mas como o golo não foi muito madrugador, a nossa equipa já não abrandou, e até ao intervalo continuou a pressionar e a exibir um domínio absoluto em campo, na procura do segundo golo. Ameaçámos por diversas vezes, e quase sobre o intervalo o Saviola esteve muito perto de o conseguir, mas o golo foi negado por uma boa defesa do Diego. Face à superioridade exibida, a vantagem mínima ao intervalo era injusta por ser tão escassa, mas a manter-se o mesmo cenário na segunda parte seria muito difícil que os números no marcador se mantivessem equilibrados.

E a verdade é que o cenário só se alterou após o intervalo para ficar ainda mais desequilibrado para o nosso lado. Logo a abrir, mais um passe fantástico do Cardozo a isolar o Di María, que teve o seu momento de maior desinspiração na noite ao não conseguir ultrapassar o guarda-redes do Leixões. O festival continuou, e o Benfica voltava a desperdiçar, desta vez com o Di María e o Cardozo a não conseguirem marcar num lance em que o David Luiz apareceu solto na área a tocar para trás. Face a intenção do Leixões em subir um pouco, O Jorge Jesus lançou o Carlos Martins no jogo, para o lugar do Éder Luís, de forma a aproveitar a sua capacidade de passe para explorar os espaços que se iam abrindo nas costas da defesa adversária, e esta alteração resultou em cheio. O segundo golo acabou por aparecer com naturalidade. Novamente o Di María, desmarcado sobre a esquerda a passe do Ramires, e desta vez ele optou por um remate por alto, com a parte exterior do pé, que só parou no fundo da baliza. a vencer por dois, foi altura de poupar o Saviola, entrando o Peixoto para lateral esquerdo, para subir o Coentrão e deslocar o Di María para segundo avançado. e mais uma vez esta alteração resultou em cheio, pois foi nessa posição que o Di María fez mais dois golos. O primeiro a um quarto de hora do final, após uma grande desmarcação a corresponder a um passe brilhante do Carlos Martins, que o deixou na cara do guarda-redes, tendo ele aproveitado para fazer o chapéu que tinha falhado logo no início da segunda parte. E o segundo num grande remate (um dos aspectos em que ele parece estar a melhorar a olhos vistos) de fora da área, que levou a bola ao ângulo da baliza e deixou o guarda-redes sem reacção. E entre estes golos, mais oportunidades falhadas, que justificam que se pense que os quatro golos marcados ainda poderiam ter sido mais.

Claro que o maior destaque vai direitinho para o Di María. Marcou três golos (ou melhor, marcou quatro, mas o benfiquismo do Lucílio tirou-lhe um), mas mesmo antes de ter marcado um só golo já eu enviava SMS a elogiá-lo. É um jogador fundamental, que desequilibra qualquer jogo, e está numa forma estupenda. Quarenta milhões já começam a parecer-nos pouco dinheiro. O Cardozo não marcou, mas merecia. E fez um grande jogo como referência no ataque. Está cada vez melhor a segurar a bola de costas para a baliza e a lançar os colegas. Elogios também para o nossos dois Senhores centrais. Finalmente, um dos factores de maior curiosidade para nós neste jogo seria ver o Airton, que fazia a estreia absoluta. E do que eu vi, só posso dizer: muito bom. Julgo que um dos maiores elogios que lhe posso fazer é que não sentimos a falta do Javi. Fez uma exibição muito personalizada, em que primou pela simplicidade. Acho que não estarei enganado se disser que não terá falhado um passe durante todo o tempo que esteve em campo. Mostrou bom sentido posicional e inteligência. Fiquei com vontade de ver mais deste jogador, acabadinho de completar apenas vinte anos.

Tal como dizia o Jesus na terça-feira, a equipa mostrou estar fresquinha como uma alface. O campo estava pesado, o tempo complicado, não jogaram dois jogadores nucleares (e que na terça-feira tinham sido dos principais responsáveis pela boa exibição contra o Hertha) e a equipa voltou a dar espectáculo, e a vender saúde física do princípio ao fim do jogo. Nem o benfiquismo do Lucílio nos atrapalhou. Entretanto, quem não gostar pode ir fazer vigílias, que nós ficamos à espera dos próximos.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Passeio

Foi um autêntico passeio. A nossa superioridade sobre o Hertha ficou de tal forma expressa em campo que a goleada por 4-0 até pareceu ter sido obtida com uma enorme facilidade, e ainda pecou por escassa. Mas para que isso acontecesse, foi importante termos voltado esta noite a mostrar muitos dos aspectos positivos do nosso futebol esta época. Mesmo que, durante vários períodos do jogo, tenha havido necessidade de impormos um ritmo elevado (quando o fizemos, o Hertha foi destroçado.


Apesar do péssimo horário do jogo e do mau tempo, mais de trinta mil espectadores na Luz. No onze titular, o lugar do castigado Ramires foi ocupado pelo Rúben Amorim, e de resto foi a equipa do costume. Era o Hertha quem precisava de marcar para conseguir seguir em frente, mas quem visse o jogo não ficaria com essa ideia. A jogar em 4-2-3-1, os alemães acantonaram-se no seu meio campo e ficaram a ver o Benfica ser dono e senhor dos acontecimentos. Acho, aliás, que no final do jogo alguém deveria ter ido exigir aos jogadores alemães que pagassem o dinheiro das entradas, porque no fundo eles passaram uma boa parte do jogo assistir à exibição do Benfica em lugares privilegiados. Mas conforme disse, para que isto acontecesse houve também mérito do Benfica, que voltou a mostrar muitos dos aspectos positivos que têm caracterizado o nosso futebol esta época: pressão alta sobre o portador da bola, que resultou em diversas recuperações ainda dentro do meio campo adversário, transições rápidas, grande mobilidade dos jogadores (neste aspecto em particular, gostei muito dos laterais), boa circulação de bola e muito futebol pelos flancos.

O Benfica dominava desde o primeiro minuto, mas ao fim do primeiro quarto de hora caiu sobre a Luz um autêntico dilúvio, que incluiu granizo, e isto pareceu espevitar ainda mais a equipa, que acelerou ainda mais na procura do golo. E foi recompensado aos vinte e cinco minutos, numa boa jogada de equipa. A finalização é argentina, mas a bola passou por oito jogadores nossos antes de entrar na baliza. Na fase final, o Di María passou para o Saviola, que descobriu o amigo Aimar a entrar pelo centro, tendo este ainda evitado um defesa antes de rematar cruzado para o golo. Este golo não alterou em nada a atitude do Hertha, que continuou simplesmente a defender (até ao golo não tinha feito um único remate, - aliás, quase nem tinha conseguido passar do meio campo - e só depois da meia hora, no espaço de um minuto, fez os dois únicos remates da primeira parte. Quanto ao Benfica, manteve-se sempre na mó de cima, tendo compreensivelmente abrandado um pouco nos minutos finais da primeira parte. Ainda ssim, conseguiu criar mais oportunidades para marcar, as mais flagrantes pelo Saviola (remate à barra) e pelo Rúben Amorim.

O resultado ao intervalo era claramente escasso para tamanha superioridade demonstrada. E como voltámos a mostrar hoje novamente tantos dos aspectos que têm marcado positivamente o nosso futebol esta época, porque não mostrar mais um: as entradas demolidoras na segunda parte. Três minutos foi o tempo que tivemos que esperar para que o marcador voltasse a funcionar. Grande iniciativa individual do Di María, a passar pelo meio de quatro adversários e a fazer um centro perfeito para uma conclusão fácil de cabeça do Cardozo. Regra geral, quando temos esas entradas a matar na segunda parte e marcamos cedo, costuma sair goleada, e portanto fiquei à espera dos golos. Que surgiram com naturalidade. O terceiro pelo Javi García, ainda antes de findo o primeiro quarto de hora, a aproveitar uma sobra depois de um canto do Aimar. E três minutos depois, o quarto, novamente da autoria do Cardozo (pelo meio já o Saviola tinha estado perto de marcar). Mais uma (grande!) assistência do Di María, a encontrar o Cardozo solto na área, e este a dominar de peito e a marcar de pé esquerdo. Pouco depois o nosso treinador deve ter achado que já chegava, e decidiu retirar de campo o Aimar e o Saviola, seguindo-se pouco depois o Di María. Sem os argentinos em campo (em especial o Di María) o Hertha conseguiu finalmente descansar um pouco e até ter alguma posse de bola, mas nunca chegou sequer a ameaçar seriamente conseguir reduzir.

Foi um daqueles jogos agradáveis em que podia elogiar qualquer jogador da nossa equipa. Mas é inevitável destacar o Di María. Duas assistências, e imparável durante todo o jogo. Já o escrevi várias vezes: inspirado, ele consegue desequilibrar um jogo e desbaratar qualquer defesa, e hoje voltou a demonstrá-lo. A qualidade do nosso jogo hoje foi alta, e isso deveu-se muito ao trabalho de dois jogadores chave na nossa equipa: Javi García e Aimar. Se o Javi parecia nos últimos jogos dar alguns sinais de cansaço, isso não se viu hoje. Dominou a sua zona como de costume, e foi incansável nas dobras aos colegas e compensações (e o bom jogo dos nossos laterais também se deveu a isto). O Aimar foi 'El Mago'. Marcou um golo, jogou, fez jogar e até trabalhou defensivamente, pressionando e recuperando bolas. Cardozo marcou dois e teve muito trabalho à ponta-de-lança e, conforme já disse antes, muito bom jogo dos nossos laterais, em especial do Maxi na direita.

A Liga Europa pode não ser um objectivo para esta época, mas julgo que podemos ter ambições legítimas em chegar longe nesta prova. O Marselha (mais que provável próximo adversário) será um adversário teoricamente complicado, mas se passarmos, daí para a frente tudo será possível. Até porque ambição também não falta nos jogadores do nosso plantel.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Mínimos

Esta noite perdemos uma oportunidade flagrante para acabar de vez com a malapata na Alemanha. O empate final a um golo nem é, para uma competição europeia, um mau resultado, e não compromete minimamente as nossas aspirações em seguir em frente (ao fim dos primeiros noventa minutos da eliminatória estamos melhor do que antes dela ter começado). Mas acaba por saber a pouco, simplesmente porque fica-se mais uma vez com a sensação que neste jogo nos limitámos a apresentar os serviços mínimos.

Sem muitas alterações - Júlio César na baliza, Rúben Amorim na direita de defesa, e Carlos Martins a fazer de Aimar - começámos o jogo a ganhar. Logo aos três minutos o Carlos Martins, com um passe longo estupendo, descobriu o Di María na esquerda, que depois controlou a bola com o pé esquerdo, e com o direito prosseguiu e concluiu a jogada com aparente facilidade. Os dados pareciam estar lançados para uma noite tranquila, mas o Benfica não aproveitou grandemente este início ideal de jogo. Ainda controlámos as operações e pressionámos durante os primeiros vinte minutos, mas depois fomos progressivamente abrandando. A nossa qualidade de passe foi baixando (a que não será alheio o facto de progressivamente termos indo optando cada vez mais por passes longos), houve várias perdas de bola, e a intensidade com que pressionávamos o adversário também diminuiu. E o Hertha de repente terá começado a acreditar que afinal até seria possível obter alguma coisa deste jogo, sentimento que só se terá reforçado quando, ainda por cima, fizemos o favor de marcar um golo por eles. Foi uma infelicidade do Javi García, que desviou para a própria baliza um cruzamento rasteiro, sem que o Júlio César conseguisse deter a bola - diga-se no entanto que nessa altura (pouco depois da meia hora) já o Hertha tinha começado a oferecer uma maior oposição. E a seguir ao golo do empate, não mais conseguimos voltar a controlar o jogo.

A segunda parte foi sobretudo bastante mal jogada. Demasiados passes mal feitos e perdas de bola, e com maior ascendente do Hertha. Não chegou a haver sufoco, mas as melhores ocasiões para voltar a marcar pertenceram aos alemães (enviaram uma bola ao poste, e obrigaram o Júlio César a fazer uma boa defesa), enquanto que da nossa parte recordo-me apenas de um cabeceamento do Cardozo e pouco mais (pareceu-me que poderá ter ficado um penálti por assinalar, por falta sobre o Ramires). Ainda pensei que as coisas pudessem melhorar um pouco com a entrada do Aimar, já que por essa altura o Carlos Martins estava simplesmente desastroso em campo, mas pouco se alterou. Foi um daqueles jogos que me irritou simplesmente pela falta de qualidade que se via, ao ponto de ficar com a sensação de que os jogadores nem sequer conseguiam colar a bola ao relvado e controlá-la em condições (se calhar o piso mais duro por causa do frio fazia a bola saltar mais). Foi quase com um suspiro de alívio que vi o jogo terminar, não por recear um golo adversário, mas sim porque estava a ficar farto de ver aquele futebol.

Tenho mesmo muita dificuldade em escolher um jogador do Benfica para destacar, porque em termos qualitativos (não no que diz respeito à entrega ao jogo, porque nisso parece-me que não tenho muito a apontar aos jogadores). Talvez o David Luiz? Vários houve, porém, que me desiludiram, pois esperava mais deles. Um caso flagrante foi o Saviola, que esta noite esteve muito longe do jogador que conheço e admiro. Quase nada lhe saiu bem.

Daqui a cinco dias teremos o tira-teimas. Não espero outro resultado que não seguir em frente para os oitavos-de-final.

sábado, fevereiro 13, 2010

Férias

Defrontámos o último classificado em casa, marcámos um golo logo aos dez minutos, e entrámos logo a seguir ao golo em férias de Carnaval, tendo isto sido suficiente para arrecadarmos os três pontos apenas porque o Belenenses é claramente a equipa mais fraca da Liga.

Posso até escrever algo mais sobre o jogo, mas o essencial está dito no primeiro parágrafo. Jogámos com a equipa-tipo, apenas com a ausência do castigado Di María (e que falta ele fez), que foi substituído pelo Coentrão. Sem forçar muito, logo aos dez minutos ficámos na frente do marcador, quando o Ramires teve uma boa iniciativa na direita que terminou com um cruzamento que foi mais de meio golo, permitindo ao Cardozo encostar de cabeça para um golo fácil. Depois entrámos de férias. Não sei se foi cansaço dos jogadores, ou sobranceria. Sei é que muito raramente imprimimos velocidade ao nosso jogo, e permitimos uma grande liberdade aos jogadores do Belenenses para receber e trocar a bola. Com isto, o Belenenses foi acredtando que até seria possível trazer algo da Luz, mas para nossa sorte eles mostraram claramente os motivos pelos quais estão no último lugar da classificação, criando apenas uma oportunidade flagrante, em que um seu jogador isolado frente ao Quim enviou a bola quase na direcção da bandeirola de canto. Só nos cinco minutos finais da primeira parte acelerámos um pouco mais, e isso foi o suficiente para o Belenenses abanar, mas o Coentrão, após tabela com o Saviola, desperdiçou a melhor oportunidade.

Para a segunda parte, veio o Weldon no lugar do César Peixoto (que diferença para a exibição que ele fez em Alvalade). O Coentrão recuou para lateral, e eu gostaria de poder dizer onde é que foi jogar o Weldon, mas não consigo. Ficou ali pela esquerda, mas não parecia ser nem avançado, nem extremo, nem médio, parecendo andar por ali um bocado perdido. Quanto ao jogo, manteve-se a tendência aborrecida da primeira parte. O Benfica a parecer não querer fazer muito mais
(criou algumas oportunidades, as mais flagrantes desperdiçadas pelo Weldon), e o Belenenses a parecer não conseguir fazer mais. Poucas ou quase nenhumas oportunidades de golo, e o facto de maior destaque acabou por ser a expulsão do guarda-redes do Belenenses, a doze minutos do final, por defender fora da área com as mãos um remate do isolado Cardozo, ainda a meio do meio campo. Mas a nossa vantagem numérica pouco se notou, já que apesar de termos carregado um pouco mais, a desinspiração hoje era muita. Foi até o Belenenses quem mais assustou, num remate de longe do Mano que não passou muito longe da nossa baliza.

Menos maus na nossa equipa (e isto hoje foi tão fraquito que nem sequer tenho coragem de eleger 'melhores') talvez o Maxi e o Coentrão. Cardozo, Ramires e Javi esforçados, mas a verdade é que no geral, esteve toda a gente muito desinspirada. Quanto ao pior (e o facto de conseguirmos eleger um pior no meio de tanta coisa que hoje não correu bem já diz algo sobre a exibição dele), julgo que não haverá grandes dúvidas que terá sido o Weldon, que andava arredado da equipa há muito tempo, e em má hora regressou. É verdade que entrou para jogar numa posição estranha, mas mesmo depois dos acertos que o colocaram na frente, ao lado do Cardozo, continuou a jogar mal. Se tivesse que lhe dar uma nota de 0 a 10, teria que inventar uma nota abaixo de zero porque ele não só não teve qualquer contribuição positiva no jogo, como ainda conseguiu atrapalhar os colegas. Mostrou uma natural falta de ritmo, mas isso não justifica tanto disparate e falta de empenho.

Salvou-se o resultado, e os três pontos conquistados (e no fundo, o que realmente conta e interessa é isto mesmo). Conforme disse, não sei se foi cansaço, se sobranceria por estarmos a defrontar o último classificado em casa e apanharmo-nos a vencer tão cedo, se uma mistura das duas coisas
que resultou nesta exibição mais descolorida. Eu sei que nem sempre podemos ter concertos de violino, e às vezes apanhamos com festivais de bombo (e custa mais quando andamos 'mal' habituados). Mas não podemos arriscar repetir exibições destas, porque um adversário mais forte não desperdiçará a oportunidade.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

O Maior

Ora bem, então poupando mais de meia equipa (Quim, Maxi, Coentrão, Aimar, Saviola e Cardozo), utilizando uma dupla de avançados que se estreava a titular, e a jogar durante alguns períodos quase em ritmo de treino, ainda assim deu para espetarmos quatro na patética equipa da lagartagem. E ainda assim, para o jogo que vimos, até podemos dizer que podiam ter sido mais. Foi uma abada dentro e fora do campo também, onde os seis mil benfiquistas presentes no Alvalixo praticamente silenciaram os macambúzios lagartos que se atreveram a sair de casa esta noite.

Depois de me escapar à tradicional organização apalhaçada da polícia nos nossos jogos no Alvalixo, que impediu que uma série de adeptos pudesse entrar no estádio antes do jogo começar, assim que entrei deu para ver a razão pela qual o sportém se recusou a ceder-nos os 30% de bilhetes. Os lugares estavam obviamente reservados para os amigos imaginários do Cabeça de Cotonete, para os piolhos da barba do Dias Ferreira, e para as namoradas do Salema, o que acabou por conferir um efeito colorido e interessante às secções dos adeptos da lagartagem, efeito esse comummente designado por 'às moscas'. O sportém apresentou-se com uma formação coerente com a mentalidade do Cientista que orienta a sua equipa, com dois trincos e deixando o Liedson sozinho na frente, jogando em 4-2-3-1 (e julgo que o Cientista até se deve ter sentido desolado por estar a arriscar assim tanto ao colocar um avançado em campo). O Benfica, conforme referido, deixou seis dos titulares de fora. Nos seus lugares surgiram o Júlio César na baliza, Amorim na direita da defesa e Peixoto na esquerda, Carlos Martins no lugar do Aimar, e a frente de ataque foi constituída pelo Éder Luís e pelo Alan Kardec.

Mal o jogo tinha começado, e já o Di María, que começou na direita, andava a fazer gato-sapato do patético Grimi. Aos cinco minutos, o João Pereira estava a ser posto na rua, depois de uma entrada animal às pernas do Ramires.

- NEM SEQUER LHE TOCOU! NÃO FOI FALTA NENHUMA!

Ao ouvir isto, voltei-me para trás e descobri que estava numa noite de sorte. O destino tinha-me proporcionado a experiência sociológica extremamente interessante de ter um lagarto empedernido sentado no camarote mesmo atrás de mim. Era uma oportunidade única de observar o lagarto no seu habitat natural, e a partir desse momento passei a prestar a máxima atenção aos comentários sábios e impregnados de saber futebolístico deste espécime de pedigree puro. Entretanto, na linha lateral, o Salema exibia a sua indignação
, e também orgulhosamente um cachecol que ilustrava o resultado prático das aulas de croché e macramé avançado que tem frequentado. Aos sete minutos (foi preciso esperar dois minutos para marcar o respectivo livre, já que primeiro o João Pereira teve que sair do campo debaixo dos aplausos da lagartagem, que entoava em coro o seu nome - estranha forma de vida, esta de ser lagarto), na sequência do livre, marcámos. O Carlos Martins apontou o livre para o interior da área, onde apareceu o David Luiz, marcado pelo 'Senhor seis milhões e meio' (conhecido entre os adeptos do At.Madrid por 'Sinalma-Singol') a cabecear imparavelmente para o fundo da baliza.

- FORA-DE-JOGO!! - comentário vindo do sítio esperado (eu escrevo em maiúsculas porque o personagem parecia ser incapaz de comunicar sem ser aos berros). A televisão ali colocada mostra a repetição, onde obviamente não se vê fora-de-jogo de espécie alguma. Mas o homem não se dá por vencido:

- FALTA!!! É FALTA!!

Mas ninguém quis saber das suas opiniões, e o Benfica ficou mesmo na frente do marcador. Na linha lateral o Salema, muito agitado, tentava incentivar a equipa, parecendo tão natural nesse papel quanto um cangalheiro a tentar incentivar uma interpretação espontânea do 'Walking on Sunshine' pelos presentes num velório (se calhar se prometesse aos jogadores que, caso eles corressem mais e jogassem melhor, ele deixaria de dormir com eles, teria mais sucesso). A partir do primeiro golo, o Benfica limitou-se a fazer aquilo que habitualmente se designa por 'dar baile'. O sportém mal conseguia cheirar a bola, e ficava quase sempre remetido ao seu meio campo, enquanto que nós a fazíamos circular pelos pés dos nossos jogadores, e mostrávamos que o segundo golo era apenas uma questão de tempo (o lagarto nesta altura limitava-se a gritar 'CARTÃO' de cada vez que era assinalada falta a um jogador do Benfica). Surpresa era apenas que estivesse a demorar tanto tempo a aparecer. O Cientista também deve ter achado isto estranho, e resolveu intervir, mostrando toda a sua sapiência no campo da ciência do desporto. O Adrien, com maior ou menor dificuldade, ia dando conta do recado na direita, mas o Cientista resolveu substituí-lo pelo campeão nacional de arremesso de medalha, ídolo efémero da lagartagem durante uma semana o ano passado. Quatro minutos depois (sobre a meia-hora de jogo), o César Peixoto passou por ele como quis, centrou tenso, e à boca da baliza o Ramires fez o segundo golo.

Para quem via o jogo, começava a perspectivar-se uma goleada, talvez até de contornos históricos. Aliás, isto era visível mesmo para alguma lagartagem, já que depois deste segundo golo houve vários que se levantaram e começaram a abandonar o estádio. Só que estranhamente, depois do golo a nossa equipa deixou-se adormecer numa estranha sobranceria. O futebol colectivo desapareceu, passámos a apostar em futebol mais directo e iniciativas individuais, e o sportém, que estava praticamente a ir ao tapete, conseguiu voltar a respirar. Até porque, a meio desse período de menor concentração da nossa parte, o inevitável Liedson conseguiu inventar um golo numa iniciativa individual em que correu praticamente metade do campo sozinho (aproveitando um mau passe atrasado do Ramires), terminando com um remate rasteiro muito colocado, que entrou junto ao poste. O remate não foi muito forte e foi desferido ainda de longe, e isso deixou alguma sensação de que poderia haver algumas culpas do Júlio César no lance, mas na minha opinião o remate foi mesmo muito colocado e entrou pelo buraco da agulha. Este golo deu ainda mais ânimo ao sportém, e até ao intervalo os nossos adversários tiveram o seu melhor período no jogo - o que quer dizer que conseguiram fazer um ou dois remates dignos desse nome, e terem a bola em seu poder mais de 30% do tempo (e deu ainda para ouvir um grito de 'PENÁLTE! É PENÁLTE!' da parte do lagarto quando o Liedson se atirou contra as costas do Luisão). Ao intervalo, a crescente influência do Salema no sportém voltou a mostrar-se, quando no meio das cheerleaders da Carlsberg surgiu um gajo todo contente a dançar e a fazer piruetas ainda mais acrobáticas que as do Liedson quando se atira para o chão.

Na segunda parte, a tesão do sportém durou pouco mais de cinco minutos. Acabou com um remate do Liedson às malhas laterais da baliza, e a partir daí voltou o baile. Foi mais uma vez o sportém remetido ao seu meio campo, e a bola quase sempre nos pés dos nossos jogadores. E portanto, mais uma vez se ficou com a sensação que seria apenas uma questão de tempo até marcarmos o terceiro golo e resolvermos de vez o jogo. E isto, diga-se, sem que o Benfica parecesse sequer estar a forçar muito, limitando-se a fazer tudo de forma muito natural. Depois de alguns ameaços e asneiras (remates quando o passe era a melhor opção, alguns excessos de individualismo) ele chegou mesmo, quando estavam decorridos pouco mais de vinte minutos. Canto do Carlos Martins (segunda assistência no jogo) e o Luisão a entrar de cabeça de forma fulgurante para o golo. E pronto, se alguém ainda tinha dúvidas, elas dissiparam-se ali. Mesmo o lagarto, que já pouco estrebuchava na segunda parte, calou-se de vez com aquele golo e não chiou mais até final (para grande pena minha).


Logo a seguir entraram os 'consagrados' Saviola, Cardozo e Aimar, para se juntarem ao baile, e a festa continuou até final. Deu para gritarmos pelo sportém, pelo Patrício, deu para se cantar 'Vão para a segunda! Olé, olé vão para a segunda!', deu para o repertório todo. O Di María ia inventando jogadas e falhando golos por pouco, e o quarto golo teimava em não surgir. Aos noventa minutos de jogo, o público benfiquista pediu em coro só mais um. Poucos minutos depois, na última jogada do encontro, o Cardozo fez-nos a vontade. E -lo da melhor maneira: com um golão. Descaído para a esquerda, ainda longe da área e sem opções de passe, deram-lhe demasiado espaço e ele inventou uma bomba do meio da rua que fez a bola passar sobre o Rui Patrício e só parar no fundo da baliza. Fecho com chave de ouro de um jogo em que nem sequer foi preciso sermos brilhantes o tempo todo para vencermos confortavelmente este ridículo sportém, a jogar como qualquer uma das outras inúmeras pequenas equipas já orientadas pelo Cientista jogavam.


Podia destacar vários jogadores. Um deles o Di María. Sim, podem-me dizer que foi demasiado individualista em alguns lances (e foi-o), que falhou golos (e falhou; um golo foi o que faltou para coroar a sua exibição), mas caramba, um tipo destes desbarata e põe a cabeça em água a qualquer defesa, dá ao jogo as acelerações que outros não conseguem, e é um perigo constante. Muito, muito bom jogo do César Peixoto na esquerda. Seguro a defender, e útil a apoiar o ataque (com uma assistência). Muito bom também o jogo do Javi García, uma parede no meio campo defensivo, e um dos principais responsáveis por manter o sportém remetido ao seu meio campo. Posso também mencionar as duas assistências do Carlos Martins, ou os golos de cada um dos nossos centrais, que fizeram ambos um bom jogo. Fiquei aliás muito contente com os golos marcados pelo David Luiz e pelo Cardozo, dois dos 'réus' do empate em Setúbal. Mereceram esta felicidade depois da desilusão do fim-de-semana. Quanto aos menos inspirados, foram na minha opinião os dois avançados recém-chegados. É importante que se vão adaptando aos poucos, mas neste momento ainda mostram estar pouco integrados e não estiveram em bom plano esta noite (sobretudo o Éder Luís).

E pronto, para o mês que vem lá estaremos no Algarve para a final. Deixem passar o Maior de Portugal, o Maior de Portugal, o Maior de Portugal...

P.S.- Estive a rever a gravação do jogo, transmitido na SIC. A azia e facciosismo dos comentadores é simplesmente grotesca.

domingo, fevereiro 07, 2010

Tropeção

Foi um tropeção inesperado, muito por culpa nossa, já que para além de não termos conseguido mostrar muitas vezes o nosso futebol habitual, ainda juntámos a isso alguns tiros nos pés, que nos impediram de chegar à vitória.

A única alteração no onze inicial foi a entrada do Carlos Martins no lugar do Ramires, sendo o resto da equipa constituída pelos mesmos jogadores que alinharam na última quarta-feira frente ao Leiria. Do outro lado, o Setúbal organizou-se em campo da mesma forma que o seu treinador já o tinha feito com o Leiria, quando nos defrontou na altura, com três centrais mais dois trincos, e mais uma vez criou grandes dificuldades para que conseguíssemos apresentar o nosso jogo habitual. O jogo iniciou-se sem qualquer tendência definida, desinteressante e sem grande qualidade, com muitos passes falhados. Logo aí fiquei com a ideia de que seria um jogo difícil. Mas pouco depois, pensei que me teria enganado, já que perto do primeiro quarto-de-hora, e sem que tivéssemos criado oportunidades até então, vimo-nos em vantagem no marcador, após um autogolo do Ricardo Silva. Podia ser um sinal de que tínhamos a sorte do nosso lado, e para além disso este golo poderia alterar o figurino do jogo, obrigando o Setúbal a arriscar mais no ataque e proporcionando-nos espaços para surpreender no contra-ataque. Mas nem o Setúbal não acusou o golo, nem nós o aproveitámos para melhorar a nossa forma de jogar. Era, aliás, o Setúbal quem ia ameaçando a nossa baliza de vez em quando, quase sempre em contra-ataques, e muitos deles a entrar pelo nosso lado direito, aproveitando a menor propensão do Carlos Martins para defender. E o pior acabou mesmo por acontecer, quando o David Luiz teve uma intervenção desastrada a um cruzamento e marcou na própria baliza, empatando o jogo, e sendo este o resultado com que se saiu para intervalo.

Na segunda parte, o Benfica pareceu entrar em campo disposto a meter mais velocidade no jogo, e tentando chegar cedo ao golo, mas mostrava grandes dificuldades em furar a organização defensiva do Setúbal. E o Setúbal, apesar de mais remetido ao seu meio campo, continuava a criar perigo em contra-ataques. Mas o nosso adversário foi perdendo progressivamente o fôlego, e a segunda metade desta segunda parte foi praticamente toda passada no meio campo adversário, com a bola quase sempre na nossa posse. A organização defensiva do Setúbal nesta altura já era quase inexistente, e limitavam-se a acantonar jogadores no último terço do terreno, mas o Benfica, apesar de ter aumentado a pressão e atacado mais, quase sempre empurrado pelo Di María, não conseguia criar grandes ocasiões de golo, isto apesar de chegar ao ponto de jogar com quatro avançados. Até que, já em tempo de descontos, o golpe de teatro: o Jorge Sousa, que minutos antes não tinha marcado um penálti flagrante sobre o Di María (que ainda por cima viu o amarelo), incrivelmente assinalou desta vez um penálti por falta (clara) do Zoro sobre o Kardec. Encarregado de o marcar, o Cardozo acertou na barra, e deixou assim fugir ingloriamente a possibilidade de conquistarmos os três pontos.

Quando não ganhamos, o mais natural é ficarmos aborrecidos com a equipa em geral, e é por isso difícil fazer destaques. Gostei do jogo do Javi García, que foi sempre importante a travar os ataques do Setúbal, sobretudo na altura em que o Benfica pressionava mais, e ele ficava mais recuado. O Di María também foi dos melhores, sendo dos mais dinamizadores do ataque, e o principal impulsionador da nossa equipa durante aqueles minutos finais em que procurámos o golo com maior intensidade. Pela negativa, fica o Cardozo, quanto mais não seja por ficar marcado ao falhar um penálti que não poderia falhar.

Foram dois pontos perdidos, e mal perdidos. Vêm numa altura inesperada, colocando fim a uma sequência de cinco vitórias consecutivas para a Liga. Podemos não ter feito uma exibição ao nível que nos é habitual, mas a sorte também não quis muito connosco, e julgo que mesmo assim jogámos o suficiente para justificar a vitória. Outros dias mais felizes virão.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Natural

Naturalíssima a vitória do Benfica esta noite. E digo que foi natural porque a nossa superioridade no jogo foi de tal forma evidente desde o apito inicial, que nem foi preciso carregarmos muito ou termos sequer uma noite particularmente inspirada para que a vitória parecesse impossível fugir-nos. A classe dos nossos jogadores chegou e sobrou para decidir este jogo.

Onze de Benfica sem surpresas, com o Coentrão a manter a titularidade na esquerda, e o Ramires a regressar à sua posição, aproveitando o castigo do Carlos Martins. Do outro lado, a União surgiu num esquema de cinco defesas, com um deles a jogar claramente a libero, e a querer apostar na contenção. Foi talvez das equipas mais defensivas e menos atrevidas que vi jogar este ano na Luz (com a eventual excepção do indescritível Marítimo que o cientista Carvalhal apresentou na primeira jornada), acantonando os seus onze jogadores atrás da linha do meio campo, mas sem apostar em marcações individuais, preferindo jogar à zona. Mas até isto fez mal, pois os espaços não foram eficazmente ocupados, houve sempre muito espaço entre linhas (que diferença, por exemplo, para o último jogo contra o Guimarães) e daqui resultou uma grande facilidade e tempo para os nossos jogadores receberem e trocarem a bola entre si. Em termos ofensivos o Leiria praticamente não existiu, e juro que, para além de alguns eventuais cantos, não me lembro de nenhuma jogada ofensiva deles digna de registo.

A facilidade com que vencemos este jogo cedo veio ao de cima. Foi logo aos dez minutos que marcámos o primeiro golo, após uma boa jogada do Saviola na esquerda, combinando com o Aimar para depois centrar para um golo fácil do Cardozo, a finalizar de cabeça na pequena área. E julgo que os próprios jogadores perceberam logo aí que a vitória só muito dificilmente fugiria. Daí para a frente nem foi preciso forçar muito, correr muito, apenas jogar o nosso jogo com toda a naturalidade, exercer alguma pressão sobre o Leiria quando tinha a bola, e toda a gente que assistia ao jogo percebia que mais cedo ou mais tarde novo golo surgiria. No fundo, foi uma oportunidade para mostrar que a nossa máquina está bem oleada, e que as vitórias são uma consequência natural daquilo que jogamos. viram-se algumas jogadas interessantes, e as oportunidades foram surgindo. A melhor delas foi do Luisão, que finalizou uma jogada muito bonita feita pela direita entre o Di María e o Maxi, mas o guarda-redes do Leiria negou-lhe o golo com a defesa da noite. A vantagem mínima ao intervalo era escassa face ao domínio claríssimo do Benfica (a diferença de posse de bola deve ter sido abismal), mas não era motivo de grande preocupação.

A segunda parte foi a continuação da primeira. Era mais ou menos previsível que o Benfica fosse forçar um pouco mais no reinício, para resolver as coisas de vez, e isso aconteceu. Podíamos ter marcado logo poucos minutos depois da segunda parte ter começado, quando o Maxi teve mais uma incursão pela direita e fez um passe fantástico de calcanhar para o Saviola, para que este finalizasse, mas a bola embateu num defesa do Leiria (e pareceu-me que este lance seria penálti, já que o corte terá sido feito com o braço). Foi preciso esperar quinze minutos pelo golo da tranquilidade, que surgiu por um dos suspeitos do costume. O Saviola fugiu mais uma vez para um dos flancos (o esquerdo) e aproveitou um passe para as costas da defesa para se isolar e, quando talvez se esperaria um centro, bater o guarda-redes colocando a bola entre ele e o poste. Jogo resolvido, e a única dúvida era mesmo quantos mais conseguiria marcar o Benfica - até porque a nossa tarefa ficou ainda mais facilitada com a expulsão de um adversário quando faltavam quinze minutos para o final. Poderiam ter sido de facto alguns mais, não fosse a incompetência do árbitro auxiliar que acompanhou o nosso ataque nesta segunda parte, que conseguiu assinalar pelo menos dois foras-de-jogo inacreditáveis quando o Cardozo e o Di María se isolavam. Acabou por ser apenas mais um golo, marcado pelo Rúben Amorim num remate colocado de fora da área, a passe do Maxi, já sobre os noventa minutos. Na altura o guarda-redes do Leiria estava em inferioridade física, mas não sei se mesmo que não estivesse nessas condições conseguiria chegar à bola, já que esta foi muito bem colocada junto ao poste.

Não preciso de recorrer ao meu conhecido facciosismo pelo Saviola para dizer que ele fez mais um bom jogo. Assistiu o Cardozo no primeiro golo, marcou o segundo golo, e regra geral foi sempre a maior ameaça à baliza do Leiria, fugindo com facilidade às marcações. Grande jogo do Maxi Pereira, que fez o que quis pelo lado direito, e tentou por várias vezes oferecer o golo aos colegas, conseguindo-o mesmo sobre o final, na assistência para o Rúben Amorim. Aimar também a demonstrar que está a regressar a boa forma do início do campeonato, e já se sabe que com o Aimar em forma o nosso jogo melhora exponencialmente. Quanto a exibições menos conseguidas, julgo que apenas o Ramires esteve algo abaixo daquilo que é normal para ele.

E pronto, enfim sós no primeiro lugar. O Braga tem um jogo a menos, mas primeiro tem que ganhá-lo. Sabe sempre bem olharmos para a tabela e vermo-nos no topo da tabela, e o factor psicológico é também importante (além de que isto irrita os antis). O que mais me agradou no jogo de hoje foi mesmo a forma como a vitória foi obtida. Esta equipa ganha jogos tranquilamente como se fosse uma rotina.