quarta-feira, maio 31, 2006

Geovanni

Parece que está confirmado: o Geovanni vai deixar o Benfica, e rumar ao Cruzeiro. Aqueles que visitam este espaço devem saber que eu nutro uma particular admiração pelo brasileiro, pelo que é com alguma tristeza que recebo esta notícia. O Geovanni é daqueles jogadores de quem eu espero sempre alguma coisa especial. Mas concordo que a regularidade não é o seu forte: tão depressa faz um jogo brilhante, como depois passa dois ou três completamente despercebido, e talvez por isso esta sua saída acabe por não ser uma surpresa. Se, conforme noticiam, o negócio ainda vai render cerca de um milhão e meio de euros ao Benfica, até nem é mau de todo, tendo em conta que ele só tinha mais um ano de contrato. Fico no entanto com a sensação que teremos perdido muito do melhor Geovanni ao colocá-lo frequentemente encostado à direita, e pergunto-me se o Benfica terá opções de sobra no plantel para a frente de ataque para se poder dar ao luxo de perder o Geovanni.

Enfim, dele guardarei na memória os melhores momentos com que ele nos presenteou durante estes últimos três anos e meio, como o golo em Alvalade, ou a exibição contra o Man Utd, além de ter sido parte importante da equipa que trouxe o campeonato de volta para a Luz ao fim de dez épocas. Obrigado, Soneca!

quinta-feira, maio 25, 2006

Maestro

Está confirmado: o 'nosso' número dez está de regresso à casa mãe. Um dos jogadores mais amados pela massa adepta benfiquista cumpre assim a sua palavra, e vem terminar a carreira no clube do seu coração.

Pela parte que me toca, esta é uma notícia que me enche de alegria. O Rui Costa sempre foi um dos jogadores que eu mais admiro, e julgo que ainda tem muito para dar ao futebol do Benfica, apesar da idade. Nem sequer me preocupa a questão física: ele veio do Milan, onde aparentemente a idade não é problema, dado que todos os seus jogadores parecem estar em excelente condição física, e nunca se vê a equipa ressentir-se fisicamente apesar da elevada quantidade de jogadores na casa dos trinta. O Rui Costa é um caso um pouco único no futebol actual, mantendo o cada vez mais raro amor à camisola. Talvez por isso tenha sido sempre idolatrado e respeitado em todos os clubes por onde passou. Agora chegou a vez de nos dar o prazer de voltarmos a ter um verdadeiro maestro no meio-campo, e de ele ocupar o lugar que nunca foi verdadeiramente preenchido nos últimos doze anos. Bem-vindo a casa, Rui!

segunda-feira, maio 22, 2006

Curioso

Estou curioso para ver qual será a margem de manobra de Fernando Santos à frente do Benfica. Em condições normais, desconfio que pode ser muito curtinha. É que a desilusão do universo benfiquista face à sua contratação parece ser generalizada. Claro que por enquanto a atitude normal é dizer 'Vamos lá dar tempo ao homem de mostrar o que é que sabe fazer, a partir do momento em que ele é treinador do Benfica, passa a ter todo o meu apoio'. Mas estou para ver quanto é que será esse tempo, findo o qual o nosso apoio terminará. A minha curiosidade prende-se com o facto de achar que a atitude dos benfiquistas neste aspecto parece ter mudado muito depois do campeonato conquistado por Trapattoni: a paciência mostrada para com Koeman, mesmo após diversos erros do holandês, surpreendeu-me (e surpreendeu-me até verificar esta paciência em mim próprio). Pode-se dizer que Koeman raramente foi alvo de demonstrações de antagonismo por parte do público da Luz durante a época. O italiano, por exemplo, e apesar de ter acabado campeão, foi muito mais contestado. O seu nome era assobiado de cada vez que se anunciava a constituição da equipa na Luz, e não foram poucos os lenços brancos que vi serem acenados na direcção do velhote no final dos jogos. Basta lembrarmo-nos que num jogo em casa com o Moreirense, à quarta ou quinta jornada, o Estádio da Luz em peso quase que comia o Trapattoni vivo quando ele retirou um avançado de campo para meter o Paulo Almeida. Nada disto se passou com Koeman.

O que neste momento me preocupa é que após um período em que, após a entrada de LFV, o Benfica parecia ter algum juízo no reforço da equipa de futebol, ultimamente o número de contratações inúteis ou pouco mais que isso anda a aumentar assustadoramente. Em termos de treinadores, a regressão parece ser evidente: Camacho, Trapattoni, Koeman e Fernando Santos. Quanto a jogadores, depois de um período em que foram contratados jogadores como Simão, Tiago, Petit, Ricardo Rocha, Luisão, Nuno Gomes, etc, agora começam a aparecer demasiados jogadores como Beto, Moretto, Manduca, Marco Ferreira ou Marcel que, no mínimo, não me parecem ter qualidade suficiente para serem titulares numa equipa como o Benfica. Conforme já disse num comentário, só falta mesmo que o Fernando Santos traga para o Benfica o seu jogador de eleição, que leva atrás para tudo quanto é sítio: Chainho.

sábado, maio 20, 2006

Oh não...

Estou sem palavras... o anúncio do Fernando Santos como treinador é uma notícia para mim tão má quanto seria o anúncio do Carlos Queirós. Já o disse aqui antes: quando penso no Fernando Santos, penso no protótipo do loser por excelência. Ainda por cima é aquele tipo de loser que parece sempre conformado com a sua má sina, muito em parte graças ao carácter apagadíssimo que parece ter. No FCP ele conseguiu a proeza de vencer um campeonato em três anos, numa altura em que eles dominavam por campleto o nosso futebol, e tinham tudo a seu favor (inclusivamente o Jardel). Em Alvalade andou a arrotar postas de pescada, dizendo que jogavam mais e melhor do que o Porto de Mourinho, e depois acabaram em terceiro lugar. Na Grécia ficou-se sempre pelo 'quase' com o AEK, e quando tentou o Panathinaikos foi posto a andar ao fim de poucos meses. E é com o nome do 'Engenheiro do Penta' que querem motivar os benfiquistas? Mas em que é que andam a pensar os nossos dirigentes? Bem disse o Geovanni, que andavam a destruir a base formada pelo Camacho: a escolha do Fernando Santos é a machadada final nessa base, porque não há muitos treinadores que representem uma personalidade tão distinta da do espanhol como ele. Mal por mal, se queriam um treinador português e benfiquista mais valia terem ido buscar o Cajudic!

Enfim, resta-me esperar que os resultados venham mostrar que eu estou completamente errado. Mas confesso que este ano me vai custar muito renovar o meu cativo, porque já me sinto desmotivado ainda antes da época começar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Praia

Fiquei com pena do resultado da final da Champions League esta noite. O Henry já merecia um troféu destes (a nível de clubes, já que nas selecções já ganhou tudo o que havia a ganhar). Eu que nem gosto muito do Arsenal, dei por mim a torcer pela sua vitória, que até esteve tão perto de acontecer, não fossem as oportunidades falhadas. Durante grande parte do jogo, mesmo reduzidos a dez, conseguiram controlar o Barcelona, mas a entrada do Larsson acabou com eles, e praticamente morreram na praia. Infelizmente cumpriu-se aquilo que parecia já estar escrito há alguns meses, e ganhou a equipa que foi levada nas palminhas até ao Stade de France (independentemente do seu valor, a verdade é que vi demasiadas 'simpatias' e 'deferências' arbitrais para com eles durante esta edição da Champions para que não fique, no mínimo, com um certo amargo de boca ao vê-los levantar a taça). Enfim, a época de clubes acabou, para o ano há mais Champions, e esperemos que connosco lá.

P.S.- Espero que aquela avantesma (cujo nome desconheço) que comenta os jogos do campeonato na TVI tenha visto o jogo hoje, e em particular o Thierry Henry a marcar os pontapés de canto do Arsenal. É que no nosso jogo contra o Paços o referido cromo resolveu que uma boa maneira de embicar com o Benfica era criticá-lo por ser o Miccoli a marcar cantos, insistindo que o Benfica deveria ser a única equipa na Europa na qual era o ponta-de-lança a marcar os cantos. Provavelmente para ele o Miccoli seria mais útil no interior da área, a disputar as bolas aéreas com os adversários...

sábado, maio 13, 2006

Estranho

Agora é que o gajo resolve começar a marcar golos? E logo dois de uma vez? O que é que se segue? O Marco Ferreira a jogar bem? O Beto a fintar três adversários junto à linha e a centrar para um cabeceamento vitorioso do Marcel, provando que o Koeman é que tinha razão em pô-lo a médio ala? Se calhar a tentativa de garantir lugar no plantel da próxima época funciona como maior factor de motivação do que os jogos oficiais...

Entretanto esta tarde tive o prazer de assistir a um belo espectáculo, que foi a final da FA Cup. Seis golos, dois deles fabulosos do Steven Gerrard, e tudo decidido nos penalties (os penalties são sempre bons de ver, desde que a nossa equipa não esteja envolvida). Só fiquei com pena que a vitória não tivesse sorrido ao West Ham. Por tradição, costumo torcer sempre pelos underdogs, e para além disso o Liverpool sempre foi um clube com o qual nunca consegui simpatizar muito. Acho que é o reflexo de, quando era miúdo, ter visto em directo na TV aquelas imagens horríficas de Heysel. Desde essa altura que nunca mais consegui olhar o Liverpool com bons olhos, e gosto sempre mais do Everton. Até porque no mesmo ano eles encantaram a Europa, vencendo a Taça das Taças, e não deram hipóteses no Campeonato inglês.

P.S.- Confirma-se que algo de estranho se passa. Acabei de ver que o Benfica venceu o torneio em que participou em Moçambique com um golo do Ricardo Rocha... o outro foi do Manu, o que me deixa satisfeito, já que espero que ele seja incluído no plantel para a próxima época.

segunda-feira, maio 08, 2006

Fim

E pronto, chegou ao fim o curto ciclo de Ronald Koeman no Benfica. Era previsível que isto acontecesse, dado o fracasso desportivo que esta época acabou por ser, salva apenas pela boa carreira na Champions League. Confesso-me algo dividido em relação a esta saída. Não vou dizer que estou cheio de pena por ver o holandês pelas costas, porque a qualidade do nosso futebol nos jogos nestas últimas semanas deixou-me muito desiludido, mas por outro lado mudar de treinador pode significar um recomeço quase do zero. E haveria sempre a esperança que este ano tivesse servido de aprendizagem ao Koeman para ficar mais familiarizado com o futebol português, pelo que a probabilidade de erro na próxima época, com uma equipa porventura construida mais ao seu gosto, seria menor. Além disso, e conforme já foi discutido, o holandês não é o único a quem se podem atirar as culpas pela má época realizada. O responsável máximo pelo nosso futebol não pode passar incólume.

Bem, ainda estamos no princípio de Maio, e faltam uns dois meses para o início da época. Ou seja, devemos ter uma novela à volta do nosso próximo treinador que vai dar para especular muito, e vender muito papel. Até porque, em relação ao preferido pelos benfiquistas, e a julgar pela amostra dos comentários já feitos neste blog, 'cada cabeça sua sentença'.

domingo, maio 07, 2006

Vergonha

Foi com uma exibição paupérrima, e um resultado vergonhosamente condizente com a mesma que o Benfica se despediu deste campeonato. O Benfica foi dominado em todos os aspectos do jogo por uma equipa que lutava para não descer, e apesar do resultado praticamente não interessar para nada fiquei envergonhado com a forma como jogámos. Em termos qualitativos, aliás, não foi muito diferente do que se passou na jornada passada.

A táctica apresentada começou logo a ajudar à festa. Mais uma vez apresentámos o remaldito 4-3-3 no qual o Beto faz o papel de médio direito. Isto não é um ataque ao Beto: todos sabemos que ele é um jogador limitado, pelo que a melhor forma de tirar partido dele é pô-lo a fazer aquilo que ele sabe, não é estar a atribuir-lhe funções para as quais ele não está adequado. Depois, não aceito que o Manduca seja um titular de caras no Benfica. É um jogador com algumas qualidades, mas é também lento a executar e um dos jogadores mais burros que já vi nos últimos tempos no Benfica. O Miccoli voltou a ficar entregue ao deus-dará lá na frente, sendo solicitado sobetudo através de bolas pelo ar (brilhante!). A equipa foi praticamente incapaz de alinhavar uma jogada com princípio, meio e fim durante a primeira parte. Da primeira (e praticamente única) vez que isso aconteceu, chegou ao golo, um bocado até contra a corrente do jogo, já que era o Paços quem fazia mais pela vida, correndo e atacando mais do que o Benfica. A nossa vantagem ao intervalo era claramente injusta.

Mas na segunda parte, quando se esperava que o Benfica gerisse a fortuna que era a vantagem no marcador, eis que surge São Moretto em auxílio dos pequeninos, dando um perú tão grande que até os meus olhos foram enganados. Eu só percebi o que é que se tinha passado quando vi a bola na baliza, porque pensava que ela estava nas mãos do Moretto e que este iria lançar o contra-ataque. Se a primeira parte tinha sido má, a verdade é que ela foi um autêntico recital de futebol benfiquista quando comparada com o que foi a segunda parte. Foi um desastre completo. Os jogadores pareceram esquecer-se que havia uma táctica, e andavam quase todos aos encontrões a correr atrás da bola pelo campo fora. Não foi surpresa quando o Paços marcou o segundo, e mesmo nessa altura eu pensei para mim mesmo que aquilo não ia ficar por ali. As substituições feitas também não ajudaram em nada. Quando se mete o Beto a médio direito, mesmo antes do jogo começar já sabemos todos que a primeira substituição vai ser exactamente aquela - o problema é que entrou o Marco Ferreira, que ainda foi pior que o Beto. Depois quando se quer marcar golos, tira-se o Miccoli e mete-se o Marcel, bem, isto é para mim um verdadeiro tiro no pé. Nem é apenas pela qualidade ou não do Marcel, é sim pelo facto de se estar em desvantagem e, ao fazer isto, estar-se praticamente a gritar a plenos pulmões para avisar a equipa que está em vantagem e defende essa vantagem: 'Ei! Nós vamos desatar a fazer chuveirinho para a área, OK?'. O Paços marcou o terceiro, conforme esperava, perdemos o jogo, e perdemo-lo bem. Se quiser escolher algum jogador que se tenha safo do descalabro total, só mesmo se for o Léo. Acho que o depósito da minha paciência com o Koeman está a acender a luz de reserva. Ou o homem ainda anda genuinamente às aranhas, ou então está deliberadamente a facilitar a vida ao LFV e ao Veiga para o porem a andar.

Os únicos factores positivos desta última jornada da liga acabaram por ser a descida do Guimarães (ou melhor, do palerma do Vítor Pontes) e do capacho do FCP em Lisboa (embora o FCP não deva estar muito preocupado, uma vez que já se assegurou que arranjou um novo capacho, que até lhe faz salamaleques depois de ser pisoteado e de limparem os pés na sua cara). Curiosamente estas duas equipas que desceram assumiram-se no início da época como candidatas à Europa.

quarta-feira, maio 03, 2006

And now...

Como admirador incondicional dos Monty Python, é com especial satisfação que verifico que mesmo passados que estão 35 anos sobre o fim do Flying Circus, há quem orgulhosamente mantenha a sua gloriosa tradição humorística. Mal cheguei à banca de jornais esta manhã, olhei para a capa d'A Bola e fiquei logo com um enorme sorriso na face. É bom haver quem ainda nos consegue fazer rir assim, e um alívio verificar que nem tudo está perdido após o afastamento do Avô Cantigas, a prévia eminência do anedotário futebolístico nacional. E em todos os sentidos, porque este senhor parece até partilhar dos sintomas de Alzheimer (embora neste caso induzidos pelo álcool) do seu antecessor, já que por exemplo nem sequer se deve recordar daquela anedota que fez quando resolveu falar sobre o passivo do Benfica para desviar as atenções do passivo do seu próprio clube. Tenho que rever uns DVDs do Flying Circus logo à noite. Desconfio que já vi Filipe Jameson's Franco na série, provavelmente como o pantomime horse, ou como o Mayor de Derby. Depois meto umas imagens.

terça-feira, maio 02, 2006

Estúpido

Assim que ouvi o Koeman fazer referência aos golos no jogo de Vila do Conde pensei logo 'Lá está este gajo a arranjar lenha para se queimar'. Eu até acredito que ele tenha não tenha sido mal intencionado, e que as declarações dele tenham sido mais uma espécie de expressão de desalento pelos erros básicos que estiveram na origem dos golos (embora não lhe custasse nada ver também para o outro lado, e reparar no autêntico monumento aviário que o Frango do Montijo erigiu), algo do género 'Se eles conseguem ganhar tão facilmente pouco mais podemos fazer'. Mas ele não tinha nada que dizer aquilo, porque ao fazê-lo demonstra uma enorme falta de tacto. Em primeiro lugar, porque não foi por causa daquilo que estamos em terceiro. Bastava que ele não se tivesse lembrado de inventar nos dois jogos contra o clube do Lumiar que se calhar não estaríamos atrás deles. Depois, porque ao fim de um ano em Portugal ele já deveria saber a forma como a imprensa desportiva anda à caça de declarações destas para as empolar e montar autênticas novelas à volta delas. Agora já temos o Danielson a responder, o Rio Ave a exigir pedidos formais de desculpas por um eventual atentado ao brio profissional dos seus atletas, e o Shreck do Lumiar a gaguejar sobre o assunto.

Aliás, a questão é que o holandês até já sabe como é que as coisas se passam, porque já chegou a deixar de falar à imprensa para evitar que as suas declarações fossem mal interpretadas (este ano já lhe arranjaram uma suposta guerra com o Adriaanse, outra com o Cajuda, e já o acusaram de atirar a toalha no campeonato, entre outras coisas), por isso ainda mais incompreensível é este comportamento. Falar do vizinho é o modus operandi habitual do outro lado, não o nosso, por isso só consigo classificar estas declarações como estupidez pura. Eu não sou apologista da substituição do treinador, mas confesso que ele parece estar a fazer os possíveis para esgotar a paciência dos benfiquistas. Será que a tal notícia sobre a ida para o PSV é verdade, e ele anda a preparar o caminho para a saída? Se assim for, resta-me sonhar que o substituto dele seja um senhor nórdico que tem uma casa ali para os lados de Cascais.

segunda-feira, maio 01, 2006

Bocejo

Um longo... e enorme... bocejo. É como posso classificar o jogo de ontem ao fim da tarde entre o Benfica e o Setúbal. Para mim foi uma enorme barafunda táctica jogada ao ritmo de peladinha. Um autêntico cartaz ao futebol de fim de estação.

Koeman resolveu mais uma vez baralhar e voltar a dar, apresentando uma táctica com três defesas. Mas confesso que tive uma certa dificuldade em perceber a manobra táctica do Benfica. Quando em posse de bola, o desenho assemelhava-se a uma espécie de 3-4-3, que revertia para um 3-3-3-1 quando perdíamos a bola, mas em que certos jogadores variavam radicalmente de posição (caso por exemplo do Manduca, que no 3-4-3 assumia a ponta esquerda e no 3-3-3-1 se ia colocar nas cosras do ponta-de-lança, ficando o lado esquerdo entregue ao Léo e ao Manuel Fernandes. Não sei se aquilo foi um tentativa de implementação da táctica do 'futebol total' holandês ao Benfica, mas que foi uma enorme confusão, isso foi.

Ainda por cima os jogadores estavam muito pouco inspirados: passes a curta distância eram falhados, não conseguiam controlar bolas fáceis, perdiam a posse de bola de forma estúpida, etc. O que valeu foi que do outro lado estava uma equipa a jogar ainda pior, pelo que mesmo jogando mal e em ritmo de passeio o Benfica foi capaz de criar oportunidades mais do que suficientes para construir um resultado confortável. Quando ao Setúbal, creio que a única 'meia-oportunidade' de que dispôs foi um remate de longe do Carlitos na primeira parte, que o Moretto não conseguiu segurar. O golo do Anderson ainda espevitou um pouco a equipa durante uns dez minutos (empurrada pelo público da Luz - mais de 51.000 espectadores - que mesmo perante o fraco espectáculo não se cansou de apoiar a equipa de forma entusiasmada), mas depois voltou tudo ao mesmo, ou melhor, ficou ainda pior, porque o ritmo abrandou de tal forma que antes de se chegar ao intervalo até parecia que já estavam à espera do final do jogo.

Na segunda parte as coisas pouco se alteraram. O jogo continuou a ser disputado em ritmo de fim de época, o Setúbal continuou a ser inofensivo, e o Benfica a teimar em não colocar um ponto final no resultado. Como tantas vezes aconteceu esta época, já que o Benfica não marcava o segundo o adversário foi acreditando que seria possível empatar, e o seu treinador foi metendo avançados, o que fez com que o nosso treinador a vinte minutos do fim ajustasse a táctica, passando o Ricardo Rocha para a direita e recuando o Léo para a lateral esquerda, regressando assim à defesa tradicional de quatro homens. O mau espectáculo foi-se arrastando no entanto até final, mas felizmente o público ontem estava animado, e foi fazendo a festa quando o que seria normal naquelas condições seria a equipa ser assobiada, tal era a má qualidade do futebol apresentado e, sobretudo, a falta de empenho que era demonstrada por alguns jogadores.

Se tivesse que escolher o melhor jogador ontem, a minha escolha seria o Luisão, já que esteve sempre bem na defesa, cortando quase todos os lances aéreos - e o Setúbal teve várias bolas despejadas para a área, já que foram vários os livres a seu favor assinalados a meio do nosso meio-campo, que eles aproveitavam para colocar a bola nas imediações da nossa baliza.

Foi uma má despedida da Luz esta época, que se salvou pelo menos pela vitória, que nunca me pareceu estar em causa. Mas enerva-me muito ver-nos jogar assim.