quarta-feira, abril 29, 2009

Disciplina

A estranha disciplina da Liga voltou a actuar. Já sabemos que todas as semanas, mas todas mesmo, sem excepção, o Benfica é multado por esta ou aquela razão. Nem que seja porque os adeptos do Benfica apareceram no estádio. Se alguém se dedicar a fazer as contas, rapidamente concluirá que este ano tem sido o Benfica o maior contribuidor para pagar os ordenados àquela gente toda. Só esta semana, foram sete os castigos e mais €2.775 para os bolsos da Liga.

O caso mais recente foi o nosso Rui Costa, que foi mais uma vez multado e ficou suspenso por um mês (na prática, até ao final do campeonato). Isto devido a
"expressões, desenhos, escritos ou gestos injuriosos, difamatórios ou grosseiros para com membros dos órgãos da Liga e da Federação", actos estes que terão sido cometidos aquando da última recepção ao Marítimo. Bem, eu nem sequer digo que o Rui Costa não tenha tido alguma destas atitudes, até porque, como Benfiquista que é, perante a arbitragem 'competentíssima' do seu homónimo, acredito que tenha sido difícil conter-se. Eu bem sei o que se ia ouvindo nas bancadas. Agora o que eu acho estranho é que outros, que têm tido atitudes que se encaixam como uma luva nesta descrição, e que são visíveis por toda a gente, continuem impunemente a fazê-lo semana após semana, perante a complacência não só da Liga como dos próprios árbitros visados, que se 'esquecem' de incluir a descrição desses actos nos seus relatórios, ou que os desvalorizam vá-se lá saber porquê. Parece-me que neste caso a 'competência' do árbitro do nosso último jogo é capaz de se ter também estendido ao relatório que escreveu.

Entretanto, e porque nestas coisas da competência convém manter uma certa constância, para o próximo fim-de-semana já sabemos que poderemos contar com a competência do infalível bombeiro de serviço, Jorge Sousa. Este é tão competente que raramente falha.

domingo, abril 26, 2009

Compêndio

Um verdadeiro compêndio, foi aquilo que este jogo revelou ser. Um compêndio sobre como um projecto de árbitro, de forma extremamente competente e nada ardilosa, conseguiu equilibrar os pratos da balança de um jogo que, em futebol jogado, chegou a mostrar tamanho desequilíbrio que a única previsão possível para o resultado final era uma goleada, com um desnível comparável ao que vimos na primeira volta entre estas mesmas equipas.

No que diz respeito ao futebol, o Benfica apresentou pela terceira jornada consecutiva o mesmo onze, organizado num 4-4-2 clássico. Isto frente a um Marítimo que apareceu com um 4-3-3, apostando na velocidade de dois ex-jogadores do Benfica para os extremos (Manú e Paulo Jorge). Sem ter tido uma entrada brilhante no jogo, aos poucos o Benfica foi tomando conta do mesmo, e mostrando um futebol com mais alguns dos traços que lhe temos visto nos úiltimos tempos, em particular uma maior velocidade, capacidade de pressão sobre o adversário em terrenos mais adiantados, e bastante mobilidade/liberdade dos seus jogadores no terreno, sendo frequentes as trocas de posição. Quanto ao Marítimo, não me pareceu que se remetesse exclusivamente à defesa, resultando daí um jogo interessante de seguir, mesmo que nem sempre tenha sido bem jogado. Este 4-4-2 do Benfica, como disse, tem mostrado algumas características bastante interessantes, sendo a mais evidente a capacidade para criarmos oportunidades de golo e rematarmos frequentemente. Por outro lado, não é uma táctica isenta de riscos, já que com o meio campo entregue quase exclusivamente à dupla Carlos Martins/Rúben Amorim, parece-me que somos por vezes demasiado 'macios' nessa zona, sendo por vezes evidente o espaço exagerado que concedemos ao adversário para jogar nessa zona (na segunda parte, e face à muito menor disponibilidade do Di María para defender quando comparado com o Aimar, esse pormenor foi ainda mais visível).

Parecia portanto ser bastante provável que o Benfica, quebrando a infeliz tendência desta época nos jogos caseiros, fosse capaz de marcar durante a primeira parte. E isso acabou por acontecer à meia hora de jogo, de uma forma fortuita: houve um cruzamento do David Luíz na esquerda, o Nuno Gomes e um defesa do Marítimo fizeram-se à bola sem no entanto lhe tocar, e esta acabou por descrever um arco, entrando ao segundo poste. Apesar de obtida de forma feliz, a vantagem já se justificava naquele momento, porque nessa altura o jogo já só dava Benfica. Como se costuma dizer muitas vezes, o que custa é o primeiro, por isso foi com uma aparente facilidade que, no espaço de oito minutos, marcámos mais dois golos. O primeiro pelo Cardozo, na conclusão de uma boa jogada em que o Carlos Martins desmarcou o Maxi na direita, e este centrou tenso e rasteiro para a emenda do paraguaio. Foi também da autoria do Cardozo o terceiro golo da noite, desta vez emendando à boca da baliza um cabeceamento vindo do outro lado, após livre do Reyes. Com isto, o Cardozo soma agora seis golos nos últimos quatro jogos. Hoje foram para mim evidentes os benefícios que ele tirou da companhia do Nuno Gomes, cuja mobilidade contribuiu para abrir bastantes espaços para o paraguaio. Conforme disse, nesta altura já cheirava a goleada, mas com a contribuição preciosa do senhor Rui Costa e uma série de livres por ele assinalados, o Marítimo ainda conseguiu finalmente acercar-se da nossa baliza, e marcar sobre o intervalo. Neste particular, confesso que me irrita o facto de defendermos este tipo de lances com onze jogadores dentro da área, e ainda assim ser desta forma que acabamos por sofrer grande parte dos golos. Voltando ao jogo, fiquei logo com a sensação de que foi este golo que evitou o descalabro do Marítimo, porque se fôssemos para o intervalo com três golos sem resposta, o jogo acabaria inevitavelmente numa goleada.

O segundo tempo trouxe-nos uma alteração importante, pois o Benfica surgiu com o Di María no lugar do Aimar. Não sei qual foi o motivo para esta alteração, mas na minha opinião ela reflectiu-se negativamente no nosso jogo. Fez-nos falta a capacidade do Aimar para segurar a bola no meio campo adversário, esperando pela movimentação dos colegas para depois combinar de forma inteligente com eles. Com o Di María as coisas passam-se de uma forma muito mais linear, e além disso ele não esteve numa noite particularmente inspirada, procurando quase sempre resolver as coisas demasiado depressa, com resultados invariavelmente negativos (centrar bolas para a área sem sequer levantar a cabeça para ver o posicionamento dos colegas - ou ver sequer se estão de facto colegas na área - não faz sentido nenhum). O jogo continuava a ser disputado a um ritmo elevado e de uma forma aberta, embora a qualidade do mesmo tenha sido inferior à primeira parte. O Marítimo mostrava vontade de discutir o resultado, lá isso mostrava, mas capacidade para ameaçar a nossa baliza é que nem vê-la. Não sei quantos remates terão eles feito, mas tenho a certeza de que os dedos de uma mão chegam e sobram para contá-los. Não me recordo de ver o Quim fazer uma única defesa.

Mas não nos podemos esquecer do competentíssimo Rui Costa, da família dos competentíssimos Costas, e a quem eu auguro um futuro bastante promissor, prevendo para breve a sua promoção a internacional. Pois este senhor, não contente com o critério estupidamente parcial na amostragem de cartões, e com o facto de decidir 99% dos lances a favor do Marítimo, descortinou numa queda desajeitada de um insular uma oportunidade dourada para assinalar penálti, e não se fez rogado. Ocasião de ouro para o Marítimo rematar à nossa baliza (já que de outra forma parecia ser impossível), e assim, de súbito, verem-se com a possibilidade de disputar o resultado de um jogo que, de outra forma, nunca pareceu estar ao seu alcance. E tanto que não estava que, apesar de dispormos de apenas um golo de vantagem, a meia hora que faltava até ao final decorreu de forma tranquilíssima, não sentido a nossa baliza ameaçada nem por uma vez que fosse. Pelo contrário, pareceu-me sempre que o quarto golo do Benfica poderia surgir a qualquer altura, houvesse cabeça fria suficiente para aproveitarmos as brechas que se abriam na defesa adversária, e concluir de forma satisfatória alguma das diversas jogadas de ataque que essas brechas proporcionaram. O único factor de nervos acabou mesmo por ser a actuação do senhor Rui Costa, que não contente com o que tinha feito até então, continuou a alardear a sua extrema competência e a anunciar a sua candidatura às insígnias de internacional durante o tempo que faltava. Infelizmente para ele, a falta de capacidade do Marítimo para chegar ao empate terá porventura prejudicado essa mesma candidatura.

Apesar de algo desajeitado nos passes longos, gostei da actuação do Carlos Martins esta noite, enquanto esteve em campo. O Maxi esteve no nível elevado que tem mostrado esta época, e o Cardozo continua a mostrar que terá sido um desperdício tê-lo no banco ou a jogar desacompanhado na frente durante tanto tempo. Não gostei francamente daquilo que o Di María fez. Acho que ficámos a perder com a troca do Aimar.

Nos últimos três jogos para a Liga jogámos com este onze, e esta disposição táctica, e em cada um deles conseguimos uma produção ofensiva bastante interessante, sempre com mais de vinte remates por jogo. Em comparação com o autêntico aborrecimento que foi ver diversos jogos do Benfica esta época, isto tem sido uma agradável mudança. Não sei se ainda vamos a tempo de melhorar a nossa classificação, mas espero que pelo menos se mantenha este nível até ao final da época. Uma coisa parece certa: o Zé da Bancada, que insiste que o Benfica tem que jogar sempre com dois avançados, parece neste caso estar a ver ser-lhe dada toda a razão.

domingo, abril 19, 2009

Passeio

Vitória muito tranquila esta noite, no que foi um autêntico passeio do Benfica a Setúbal. A atitude, mantida quase constante durante os noventa minutos, terá ajudado a que, para variar, não tenhamos tido sobressaltos, e acabássemos com um resultado volumoso a nosso favor que, quando muito, peca por escasso.

O Benfica insistiu no mesmo onze da semana passada, jogando mais uma vez num 4-4-2 em que o Aimar fica encostado à esquerda, enquanto que o Reyes fica encarregue do lado oposto e o Rúben Amorim e o Carlos Martins jogam no meio.O início do jogo até deixava antever dificuldades para o Benfica. Pouca velocidade e ausência de pressão sobre os adversários eram os traços mais evidentes do nosso jogo, com a honrosa excepção do Reyes, que mesmo durante esse período inicial mostrou sempre vontade de jogar em velocidade e empurrar a equipa para a frente. Mas após os primeiros vinte minutos, o Benfica mudou. A pressão começou a ser feita mais à frente, e as jogadas a sair mais velozes, com vários jogadores envolvidos nos lances de ataque. Cedo isto resultou no primeiro golo, quando, após desmarcado na direita pelo Reyes, o Sídnei centrou para a entrada de cabeça do Nuno Gomes ao primeiro poste, colocando a bola cruzada sem hipóteses para o guarda-redes. Nem foi preciso esperar muito pelo segundo, já que este surgiu apenas dois minutos depois. Aproveitando os ressaltos de um livre apontado pelo Carlos Martins, o Cardozo ficou à vontade na área para fuzilar de pé direito, deixando assim o Benfica na confortável posição de ter dois golos de vantagem ainda antes da meia hora de jogo. Não é algo que não tenhamos visto antes esta época, mas desta vez o Benfica não abrandou após a vantagem, e pelo contrário, aproveitando a completa desorganização do Vitória após os dois golos sofridos de rajada, continuámos a pressionar, a rematar, e a criar oportunidades de golo. Quem quer que assistisse ao jogo nesta altura só poderia mesmo adivinhar uma goleada no final do mesmo, tamanha era a superioridade do Benfica em campo e a impotência do Setúbal para travá-la. Os jogadores do Setúbal iam-se acantonando cada vez mais junto da sua área, o que resultava numa grande liberdade para os nossos jogadores, em particular os do meio campo, trocarem a bola e criarem jogadas de perigo. A estatística no final desta primeira parte mostrava que o Benfica tinha conseguido rematar vinte vezes durante esse período, contra apenas três remates do adversário. Todos este remates e toda esta superioridade acabaram por render apenas mais um golo, curiosamente obtido num lance de contra-ataque, desenhado pelo Cardozo, Nuno Gomes e Reyes, com este último a desmarcar o paraguaio para mais uma vez, com toda a calma do mundo, ele marcar de forma aparentemente fácil.

Para a segunda parte surgiu um Benfica um pouco mais relaxado, ao passo que o Vitória parecia querer evitar a goleada que se ia prevendo. A superioridade do Benfica manteve-se, mas já sem rematar ou criar oportunidades de golo ao ritmo exibido na primeira parte. Para isto também terá contribuido a saída do Reyes ainda antes de cumpridos os primeiros quinze minutos de jogo. Mesmo num jogo em que o Benfica jogou a um ritmo bem mais elevado do que o habitual, o espanhol parece quase sempre jogar a uma velocidade superior à dos restantes jogadores. O Benfica continuou no entanto a mostrar capacidade e a criar ocasiões para ampliar o resultado (e pelo meio o Setúbal ainda conseguiu, pela primeira vez no encontro, criar um par de oportunidades e dar a oportunidade ao Quim de fazer alguma coisa), o que acabou por acontecer aos setenta minutos, através do Nuno Gomes, que aproveitou bem um centro atrasado do Di María. Até final, contei pelo menos mais boas oportunidades de golo para o Benfica, uma do David Luiz e duas do Cardozo, sendo que a última foi mesmo a fechar o jogo, com o remate do paraguaio a proporcionar a defesa da noite ao guarda-redes do Setúbal.

Depois de uma vitória confortável toda a equipa está de parabéns. Claro que os jogadores mais adiantados merecem destaque. Reyes e Aimar estiveram em bom plano, e os dois avançados, com dois golos cada, destacaram-se. E diga-se que qualquer um deles poderia ter acabado o jogo com mais golos, já que foram diversas as oportunidades que tiveram para marcar. Mais atrás, destaco também a exibição do Rúben Amorim que, a jogar no centro, tem a oportunidade de mostrar o valor que lhe reconhecemos.

A volumosa vitória não permitiu no entanto a aproximação aos dois da frente. Pode ser que, pelo menos, nos permita uma semana mais ou menos tranquila. Ficam agora a faltar apenas cinco jogos para o final, e nada mais nos resta que tentar ganhá-los. Depois se verá.

domingo, abril 12, 2009

Injusta

O que posso eu escrever sobre um jogo assim (a verdade é que não me apetece escrever absolutamente nada, e só estou a conseguir fazê-lo depois de uma sessão prolongada de Robot Chicken)? Se na semana passada vencemos sem jogarmos bem, hoje sofremos uma derrota grotescamente injusta face ao que as duas equipas mostraram em campo. Parece que quando as coisas correm mal, é tudo a empurrar para baixo. É terrivelmente frustrante perder um jogo contra um adversário que durante os noventa minutos fez um, na melhor das hipóteses dois remates à nossa baliza. Um jogo em que acertámos duas vezes nos ferros, um guarda-redes semidesconhecido defende tudo o que lhe aparece à frente, e para piorar ainda nos deparamos com uma arbitragem infeliz.

Quique continua a apostar no 4-4-2 que surgiu na final da Taça da Liga. Regressou o Sídnei à defesa, voltando o David Luiz à esquerda. No meio campo os habituais Katsouranis e Yebda ficaram de fora para dar lugar à dupla Rúben/Carlos Martins, com Aimar na esquerda e Reyes na direita. Na frente Nuno Gomes e Cardozo. Não foi uma entrada particularmente inspirada do Benfica, mas foi no entanto a suficiente para tomar conta do jogo. Logo aos cinco minutos vimos o Aimar isolado ser travado por uma bandeirola traiçoeira. O Benfica mostrava vontade de vencer, mas apesar de se jogar quase exclusivamente no meio campo da Académica, faltava alguma inspiração ofensiva. O David Luiz, por exemplo, isolado conseguiu falhar o golo por centímetros. Só nos primeiros vinte minutos fizemos mais remates do que provavelmente em toda a partida da semana passada. Quanto ao nosso adversário, pouco mais conseguia fazer do que tentar alguns tímidos e desorganizados contra-ataques, na base do pontapé para a frente. Perto dos vinte e cinco minutos, numa dessas jogadas, cedemos um pontapé de canto inútil, e na sequência do mesmo, no primeiro remate que fizeram à nossa baliza, os nossos adversários marcaram. O Benfica acusou naturalmente o golpe durante os minutos que se seguiram, mas conseguiu pouco depois criar nova oportunidade, com o remate do Cardozo a ser defendido pelo inspirado guarda-redes adversário. Já perto do final, novamente a falta de sorte a aparecer, com o Aimar a acertar na barra.

Sem alterações no onze, o Benfica surgiu na segunda parte transfigurado, a exemplo daquilo que já vimos diversas vezes esta época. Talvez tenhamos até apresentado, em alguns momentos, uma das melhores atitudes que vi a equipa ter esta época. Mas sempre, sempre desinspiração na hora de finalizar ou falta de sorte a negarem-nos o mais que justificado empate. Mais uma vez a bola foi aos ferros da baliza, desta vez pelo Cardozo. Depois foi o Aimar quem, quase em cima da linha, rematou fraco, permitindo o corte de um defesa. E ainda antes do primeiro quarto de hora desta segunda parte ter passado, o Aimar conseguiu mesmo marcar, mas depois fiquei a saber que se um guarda-redes empurrar repetidas vezes o Nuno Gomes (de costas para ele) e depois se atirar para o chão é falta contra nós. A pressão continuou, julgo que se podem contar pelos dedos de uma mão as vezes que a Académica passou do meio campo durante a segunda parte, mas à medida que o tempo avançava as coisas iam-se fazendo cada vez mais com o coração. Ainda assim, oportunidades mais do que suficientes para ganhar. David Luiz, Maxi e Mantorras poderiam ter marcado. Mas hoje não era o nosso dia. O Benfica terminou o jogo com cinco avançados, com o Aimar nas costas deles, e apenas três defesas. Mas zero golos no marcador, e uma derrota injusta que vem acentuar a fase negativa que atravessamos.

Não posso criticar a atitude dos jogadores num jogo como este. Todos deram o que podiam, mas o esforço não foi recompensado, por isso só posso agradecer-lhes o esforço. Aimar, Reyes e David Luiz pareceram-me os melhores, O Miguel Vítor acabou por ficar indelevelmente ligado à derrota, já que foi ele quem cedeu um pontapé de canto perfeitamente inútil, e na sequência do mesmo foi batido no ar pelo marcador do golo.

Faltam apenas seis jogos para o final do campeonato, e cada vez mais parecemos estar arredados até da luta pelo segundo lugar. Estamos a passar por uma fase muito má e, conforme disse no início, parece que ainda por cima aparece tudo a empurrar-nos ainda mais para baixo. Confesso que neste momento não consigo imaginar uma forma simples para inverter esta situação.

sexta-feira, abril 10, 2009

Bagão

Na minha opinião, as declarações de Bagão Félix são as normais numa pessoa que se esteja a 'pôr a jeito' para ser candidato. E por normais quero dizer que apresentam um balanço relativamente sensato entre a crítica e a ponderação. Não concordo, no entanto, com qualquer posição que defenda a realização de eleições antecipadas. Já o disse várias vezes no passado, e esta continua a ser a minha posição. É utópico pensar que se se realizarem eleições em Junho, isso dará tempo a uma eventual nova direcção de preparar a época que aí vem; essa época já está a ser preparada há muito tempo, e acho até uma mentalidade completamente amadora pensar-se que se consegue preparar uma época do Benfica em um mês e meio. Com eleições em Junho nem a actual direcção terminaria a preparação da nova época, nem a nova conseguiria começar a prepará-la. Quando os sócios benfiquistas decidiram que as eleições se realizariam em Outubro, sabiam perfeitamente quando é que as épocas futebolísticas começam. E uma direcção que entre nessa altura, tem então tempo mais do que suficiente para preparar a próxima época, beneficiando sempre da 'tolerância' dos adeptos durante a época que decorre.

Respeito o benfiquismo do Bagão Félix pela forma como se tem comportado, evitando normalmente cair na crítica fácil e demagógica (embora confesse que não tenho grande simpatia pela pessoa por outros motivos - mas isso já são contas de outro rosário, e preferências pessoais). Se ele quer ser candidato, que avance, e aí conseguirei ouvir as suas declarações de outra forma, porque até lá, para mim, pouco ou nada as distingue daquelas que vão sendo ditas por um Jaime Antunes, um Guerra Madaleno, ou por mim, ou por qualquer comentador deste espaço, não sendo por isso linhas de orientação ou projectos de um candidato. Quando eu vou depositar os meus 20 votos numa eleição do Benfica, conforme já o disse diversas vezes, eu deposito-os não num nome, mas numa equipa. Por isso, ficarei à espera para ver qual é a equipa que o Bagão Félix poderá apresentar. Não sei porquê, mas cheira-me que o Veiga ainda é capaz de aparecer por ali. E esse, garanto que não me entusiasma.

segunda-feira, abril 06, 2009

Pobreza

Dois golos de vantagem à passagem dos primeiros quinze minutos de jogo. Um adversário que na semana que antecedeu o jogo treinou apenas uma vez. Adeptos benfiquistas em larga maioria nas bancadas. O que mais será necessário para que possamos fazer uma boa exibição e obter uma vitória tranquila?

Apresentámo-nos no mesmo esquema de 4-4-2 da final da Taça da Liga, em que o Aimar aparece encostado ao lado esquerdo. Várias alterações no onze, quase todas forçadas, mas a mais sonante por opção, aparecendo o Quim na baliza em vez do Moreira. Na defesa, face à ausência forçada do Luisão, a opção foi pelo Jorge Ribeiro na esquerda, passando o David Luiz para o centro, onde formou dupla com o Miguel Vítor. No meio campo, sem Reyes, o Ruben Amorim regressou à direita, entrando o Yebda para o meio, e na frente foi o Cardozo quem, obviamente, ocupou o lugar do Suazo, com o Nuno Gomes a seu lado. Conforme disse, cedo chegámos à vantagem. Numa jogada que foi quase uma constante durante grande parte do jogo, o Cardozo ganhou a bola de cabeça e lançou o Nuno Gomes, sendo este derrubado e o penálti assinalado (incorrectamente, já que a falta foi cometida ainda fora da área). O Cardozo fez a sua obrigação e transformou-a no primeiro golo. O jogo, apesar de tão poucos minutos terem passado, já mostrava aquilo que iria ser: bastante disputado, mas pouco interessante de ver, já que a qualidade do futebol apresentado foi quase sempre bastante fraca. À passagem dos quinze minutos, novamente o Nuno Gomes a disputar uma bola na área do Estrela, desta vez com o Vidigal, e este a tocar a bola com o braço, provocando o segundo penálti da noite. Mais uma vez o Cardozo marcou-a sem problemas, e o Benfica, num jogo em que praticamente não tinha havido nenhuma oportunidade de golo para qualquer das equipas, apanhava-se a vencer por dois golos. Poderia e deveria ser o prenúncio de uma noite tranquila na Reboleira, mas nós benfiquistas já sabemos que normalmente as coisas não se passam assim.

Enquanto os golos pouco ou nada pareceram mudar do lado do Benfica (a nossa equipa pouco mais parecia fazer do que apostar no futebol directo para o Cardozo assim que recuperava a bola), após alguns minutos o Estrela começou a reagir bem ao golpe. A pouco e pouco foram conseguindo ganhar algum ascendente na confusão que foi sempre a luta no meio campo (o número de perdas de bola e passes errados de ambas as equipas nessa zona deve ter sido assustador), e mesmo sem jogar de forma particularmente inspirada ou conseguindo criar muitas oportunidades, pareceu-me que eram eles quem mandava no jogo. Perto da meia hora foi a vez do Estrela beneficiar de um penálti. Sinceramente, o lance não me pareceu ser faltoso (aceitaria mais facilmente um penálti no lance imediatamente anterior, em que o David Luiz toca na bola com a mão), mas tendo em conta que o árbitro estava em noite de marcar penáltis, não fiquei surpreendido. E assim o Estrela reduziu, num jogo francamente parvo em que, quase sem haver oportunidades de golo, já havia três golos marcados. Após mais quinze minutos de mau futebol, chegou-se ao intervalo.

O Estrela entrou melhor na segunda parte, conseguindo ser a primeira equipa no jogo a construir algo a que se poderia chamar uma jogada de futebol. Mas, e isto foi uma constante para as duas equipas ao longo de todo o jogo, houve sempre uma falta de jeito enorme na altura do remate, e mesmo puxando pela memória, só me consigo lembrar de um remate decente à baliza por parte das duas equipas. Foi do Estrela, aos setenta minutos, e o Quim correspondeu com uma boa defesa. Apesar de ter mais posse de bola, o Estrela foi sempre incapaz de aproveitá-la e entrar na nossa área com perigo, tendo então optado por remates de longe, quase sempre com má direcção. Com um jogo assim, nem sequer me senti particularmente nervoso com a possibilidade de podermos não ganhar, porque a probabilidade de ver um golo sem ser de penálti parecia ser extremamente remota. Senti-me sim progressivamente irritado com a incapacidade da nossa equipa para jogar alguma coisa que se pudesse assemelhar a futebol. As coisas melhoraram (muito ligeiramente) com as entradas do Di María e do Carlos Martins, e sobretudo por acção deste último consegui, nos últimos dez minutos do jogo, ver o Benfica trocar a bola no meio campo adversário. Mas a nossa produção ofensiva na segunda parte foi praticamente nula, e a única coisa positiva que saiu deste jogo foi mesmo o resultado.

Hoje é muito difícil escolher quem foi o melhor jogador do Benfica no jogo. A frequência com que isto tem acontecido nos últimos tempos é um indicativo da qualidade do futebol que temos apresentado. O Cardozo fez uma primeira parte aceitável, e depois nem dei por ele na segunda (embora não lhe atribua grande culpa nisto, porque era difícil ele aparecer se a bola raramente lhe chegava em condições). O Miguel Vítor continua a dar nas vistas pelo número de cortes e intercepções que faz no jogo, mas de vez em quando faz faltas desnecessariamente perigosas nas imediações da área.

Chateia-me estar de mau humor depois de uma vitória do Benfica, mas irrita-me profundamente ver a equipa fazer jogos destes. É claro que se me derem a escolher entre ganhar um jogo a jogar mal, ou jogar bem e perder, eu escolherei sempre a primeira alternativa. Mas quando eu olho para os jogadores que temos neste plantel, as expectativas que tenho não conseguem ser satisfeitas com uma produção em campo com a pobreza que vimos esta noite. É natural esperar algo mais.