Abandono
Peço desculpa pelo relativo abandono a que por mim tem sido votado este blog. Mas tempo livre é algo que não tem abundado. Além disso, com a paragem do campeonato devido aos jogos da selecção (que por mais que tente, mesmo indo assistir ao último jogo ao vivo, nunca me consegue despertar o mesmo entusiasmo que o Benfica), poucos têm sido os acontecimentos no Benfica a merecer grande destaque. Durante a última semana e meia a imprensa tem-se limitado a especular sobre se os nossos jogadores lesionados recuperarão a tempo do jogo com o FCP ou não. O Rui Costa joga ou fica no banco? O Luisão recupera ou não? E joga o Quim ou o Moretto?
Surpreendentemente, dou por mim muito pouco preocupado com estas questões. Se calhar devido a uma confiança grande que vou sentindo, apesar de evitar exteriorizá-la. Jogue quem jogar, temos que vencer este jogo se queremos ser campeões. E se queremos merecer ser campeões. É nestes jogos que se vê se uma equipa tem de facto o chamado 'estofo' de campeã ou não. E tendo em conta a força que temos demonstrado em casa este ano, e o previsível inferno que a Luz, a transbordar de sócios (notável como se esgotou a lotação apenas com bilhetes vendidos aos sócios), deverá ser no próximo Domingo à noite, só posso sentir-me confiante. Nem sequer a perspectiva do Moretto ser titular me assusta (acho que a possibilidade do Vítor Baía também poder jogar de certa forma até anula este receio ;)). A única nuvenzinha negra que paira no horizonte surgiu ontem, quando foi nomeado o Pedro Proença para arbitrar o jogo. Este árbitro, de acordo com a vox populi antibenfiquista, é um fervoroso lampião. O problema é que nós já conhecemos o 'benfiquismo' dele de gingeira... Espero no entanto que no final não se fale do árbitro, que ele se esqueça que é benfiquista durante os noventa minutos, e não nos dê demonstrações cabais de benfiquismo como o fez em Penafiel no ano do título, ou na Luz contra a lagartagem, no único jogo grande em que nos arbitrou (depois da campanha feita pelo Sportém e o seu órgão não-oficial de comunicação durante toda a semana anterior ao jogo para anunciarem o seu 'benfiquismo' ao mundo).
Entretanto, e talvez para motivar a equipa e os benfiquistas em geral, o nosso presidente já fez declarações anunciando que conta com o Nandinho e com o Veiga para a próxima época. Claro que estamos a falar de futebol, e portanto declarações destas não devem ser levadas muito a sério. O Nandinho também recebeu um voto de confiança da direcção da lagartagem antes de seguir para a digressão de final de época aos EUA com a equipa, e mal voltou mandaram-no limpar o gabinete. De qualquer forma, caso se confirme a sua permanência, ao menos não haverá lugar para desculpas de 'ambientação', ou de adaptação a novos sistemas de jogo. O Benfica neste momento só não está a fazer uma caminhada triunfal para o título devido ao descalabro que foi o início da temporada. Se a próxima época for uma continuação do que têm sido estes últimos meses, então óptimo, e todo o crédito deverá ser dado ao treinador. Pessoalmente, continuo a achar que ao Nandinho ainda falta carisma para que me convença que é o homem certo no lugar certo. Quanto ao Veiga, é-me mais ou menos indiferente. Não gosto dele, nem me agrada muito vê-lo no Benfica. Mas interessa-me sobretudo que ele seja competente nas funções que desempenha, e se ele assim o conseguir, nada mais tenho a dizer. O que no fundo acaba também por ser mais ou menos a minha posição no que diz respeito ao Nandinho.
Estrelas
Estrela como adversário; estrelinha na forma como conseguimos uma vitória arrancada a ferros, num jogo com dois períodos distintos, em que 'demos' quase uma hora de avanço para depois irmos em força à procura da vitória na meia-hora final.
Afinal não entrou o João Coimbra no onze para o lugar do Katsouranis, entrou sim o Derlei, o que significou jogar numa táctica diferente da habitual, mais próxima do 4-3-3. O Benfica já tinha esta época alinhado com o Miccoli, Derlei, Nuno Gomes e Simão simultaneamente, sem grandes resultados práticos, pois nem sempre jogar com muita gente no ataque significa ser-se capaz de atacar muito. Foi o que voltou a acontecer hoje, em que a produção ofensiva do Benfica durante a primeira parte foi relativamente fraca para uma equipa que quereria aproveitar o resultado do Dragão e vencer o jogo. Quando o Benfica conseguia criar algumas dificuldades ao Estrela era sobretudo através de algumas iniciativas individuais do Simão e do Miccoli. Mas era pouco, tão pouco que dei por mim bastante irritado com a forma como o jogo estava a decorrer, chegando a duvidar se os nossos jogadores estariam na verdade com muita vontade de atacar. Também é verdade que do outro lado se apresentou um Estrela a jogar praticamente com nove ou dez à defesa, bastante organizado, interessado sobretudo em anular o Benfica, e arriscando muito pouco, pelo que a nossa tarefa não era fácil. Depois também me pareceu que os nossos jogadores, sem dúvida por causa da recepção ao FCP, abordaram este jogo de certa forma com 'pezinhos de lã', evitando lances divididos e pressionando pouco o adversário. Tendo em conta a importância deste jogo, estava à espera de um Benfica mais ameaçador e mandão no jogo, por isso talvez tenha sido mais essa a razão pela qual me irritei do que a real qualidade do nosso jogo. O certo é que o intervalo chegou com o marcador em branco, o que não nos interessava nada, e eu estava com bastantes dúvidas sobre como iríamos furar a defesa do Estrela, onde o Paulo Lopes e o Fonte iam dando nas vistas.
A segunda parte iniciou com o Estrela um pouco mais atrevido no ataque, tendo disposto até de uma ou outra situação mais perigosa (por asneiras do Léo e do Anderson). Passados apenas alguns minutos o Nandinho resolveu alterar as coisas: fez uma substituição (logo aos 57 minutos!) e colocou o João Coimbra no lugar do Derlei, revertendo a equipa para o mais tradicional losango, com o Simão numa função mais livre e o Miccoli e o Nuno Gomes a formarem a dupla de ataque. A diferença foi quase da noite para o dia: a partir daqui praticamente só deu Benfica, e a bola rondava incessantemente a baliza do Estrela. Agora sim, já acreditava que seria possível chegar ao golo, mas a defesa do Estrela revelava-se um osso duro de roer. O Miccoli bem tentava (deve ter rematado à baliza neste jogo mais vezes do que nos últimos três ou quatro jogos juntos), e o Nuno Gomes bem complicava, enquanto que o Simão, Karagounis e João Coimbra (desta vez, e ao contrário do último jogo entrou bem) iam abrindo espaços na muralha defensiva amadorense. Mas teve mesmo que ser o Petit a rebentar com aquilo à bomba. Num livre ainda a uma boa distância da baliza, e quando não se esperaria um remate directo (até porque os outros livres que ele tinha tentado esta noite tinham saído mal), ele arriscou o remate, que saiu colocado e ainda acabou por ficar mais bem colocado depois da bola raspar na cabeça de um jogador adversário, entrando junto da base do poste. O mais difícil estava feito, mas mesmo assim o Benfica não desistiu de atacar, e durante os minutos finais conseguiu segurar o resultado mantendo a bola quase sempre em seu poder, longe da baliza, e até criou uma grande oportunidade para voltar a marcar, pelo Miccoli.
Gostei de ver o Miccoli esta noite, a jogar mais no centro do ataque em vez de encostado à esquerda e muito longe da baliza. Deve ter sido o jogador mais rematador do Benfica, e merecia um golo. O Simão não sabe jogar mal, e nas alturas em que me sentia mais irritado dava por mim a desejar que lhe metessem a bola nos pés para ver o que é que ele conseguiria inventar. Os médios Petit e Karagounis também não estiveram mal, e acabaram por ficar directamente ligados ao golo da vitória: um sofreu a falta, o outro marcou o golo a partir do livre resultante. Entretanto fiquei preocupado com o mau momento do Léo, que foi notório esta noite, porque cometeu erros que não são habituais nele. E já agora, acho que estava capaz de bater no Anderson quando ele me fez aquele atraso idiota para o Moretto, que o obrigou a chutar a bola de primeira quase em cima da linha de golo.
Agora só um ponto nos separa do primeiro lugar, quando já estivémos tão longe. Desde a 10ª jornada que não sabemos o que é perder, e em 36 pontos possíveis conquistámos 32. Dependemos só de nós, e recebemos em nossa casa os outros dois candidatos. Para além disso quando recebermos o FCP já deveremos poder contar com o Luisão e o Rui Costa, para além do regresso do Katsouranis. Temos tudo a nosso favor, e vamos ver se a onda vermelha de há dois anos (que hoje já começou a mostrar-se um bocadinho) regressa e também dá uma ajuda.
Sorte
Sim, ganhámos. Sim, estamos nos quartos-de-final da Taça UEFA. Mas esta noite tivemos sorte. Muita sorte, na minha opinião. Porque fomos tacticamente manietados durante mais de metade do jogo, e salvámo-nos in extremis de um prolongamento que provavelmente seria fatal para uma equipa que me pareceu esta noite, mais do que em qualquer outra ocasião, estar a jogar no seu limiar físico. Quando cheguei a casa depois do jogo reparei no quanto me sentia cansado, e este cansaço resulta do sofrimento que foi para mim ver a segunda parte do nosso jogo.
Ainda antes do jogo, estava eu na conversa com o Superman Torras perto das roulottes (no que já começa a tornar-se um ritual) quando recebo um SMS do S.L.B. a largar a 'bomba': "Vai jogar o Moretto!". A divulgação da notícia começou por provocar uma reacção geral de incredulidade entre os presentes, a que se seguiu a indignação. Houve quem exigisse a devolução do dinheiro do bilhete, houve insultos generalizados oa Nandinho e ao Moretto, previsões catastróficas, etc. Nada mais nos restava do que seguirmos para o estádio e fazer a confirmação da triste notícia. De facto, quando entrei, lá estava o Moretto a fazer o aquecimento pelo que, resignado e com a alma pesarosa, me dirigi ao meu lugar e fui rezando para que ao menos o homem hoje estivesse em dia sim. Claro que quando lá cheguei o tema de conversa entre os meus vizinhos habituais de bancada só podia mesmo ser esse mesmo: a titularidade do Moretto. Começo a suspeitar que em termos de popularidade entre os benfiquistas o guarda-redes brasileiro é capaz de conseguir superar os índices negativos do Beto nos seus tempos mais áureos da época passada. Entretanto a constituição da equipa foi anunciada, e a presença do Moretto era mesmo a única alteração em relação à equipa que tinha defrontado a U.Leiria na segunda-feira passada.
O jogo começou com o PSG surpreendentemente atrevido. Durante os primeiros dez minutos de jogo foram eles quem tomou conta das operações, e quem mais tentou o golo. Aliás, a primeira oportunidade de golo pertenceu-lhes, quando o Pauleta surgiu liberto de marcação na área, descaído para a direita, mas o Moretto correspondeu ao seu remate com uma boa defesa, o que pelo menos serviu para me deixar mais confiante que ele estaria numa noite positiva. Mas praticamente da primeira vez que o Benfica atacou a sério, colocou-se em vantagem no marcador e na eliminatória. Um passe excelente do Nuno Gomes deixou o Simão na cara do guarda-redes, e o golo surgiu com naturalidade. Este golo foi uma espécie de detonador para o melhor período do Benfica em todo o jogo. Apesar de já estar em vantagem na eliminatória, o Benfica lançou-se num assalto sem tréguas à baliza adversária, e começámos a ver oportunidades a surgir em catadupa. Ainda mal nos tínhamos sentado após os festejos do golo e já o Katsouranis estoirava à barra, para depois no seguimento da mesma jogada ser o Karagounis a proporcionar uma defesa ao Landreau que ainda levou a bola ao poste. O assédio continuou, e culminou num golo fabuloso do Petit (dois grandes golos em dois jogos consecutivos), que quando todos esperariam um remate em força à entrada da área optou por um chapéu ao guarda-redes adversário com as medidas exactas.
Naquela altura o PSG parecia ter ido ao tapete. Estavam arrumados, a eliminatória parecia estar completamente nas nossas mãos, e a expectativa seria mesmo saber quantos golos mais marcaria o Benfica. O problema foi que cinco minutos após o golo do Petit, cerca da meia-hora de jogo, tudo mudou. E mudou porque mais uma vez entrou em cena o Anderson, que se deixou antecipar pelo Pauleta (um avançado que todos nós sabemos ser extremamente rápido...) numa 'meia-oportunidade' do PSG, e depois o Moretto fez o resto. Não vou chamar aquilo de frango, mas sinceramente parece-me que aquele lance 'pedia' uma defesa simples, nem que fosse com os pés, e fiquei com a sensação que o Moretto tentou fazer o mais difícil, ou seja, agarrar a bola, e depois esta acabou por passar-lhe por baixo do corpo. Se calhar até podia chamar aquilo de frango, mas não quero bater mais no ceguinho, e para mim o maior culpado no lance até é o Anderson. Este golo adversário provocou um curto-circuito geral na nossa equipa, e não mais conseguimos atacar até ao intervalo. Pior ainda, o golo adormeceu o inferno da Luz, e o ambiente frenético que se viveu durante a fase de assalto à baliza francesa desapareceu. Perto do final da primeira parte, o momento mais feio de toda esta noite: o Moretto lesiona-se (num lance que foi uma grande oportunidade para os franceses chegarem ao segundo golo, e em que eu sinceramente nem sequer percebi o que é que aconteceu - se o Moretto defendeu a bola ou se foi o Nélson que a cortou) e alguns dos adeptos (felizmente pareceu-me que não foram tantos assim) começam a chamar pelo Moreira. Que fique claro: eu não gosto nada do Moretto. Sou um grande adepto do Moreira, e desagrada-me imenso sempre que vejo o Moretto na nossa baliza, além de que o associo sempre a um episódio, aquando da sua contratação, de que não me orgulho nada como benfiquista. Mas assim é que não, meus senhores! Em que é que isso ajuda o Benfica? Em que é que intranquilizar o nosso guarda-redes (sim, convém que não se esqueçam que a partir do momento em que o Moretto entra em campo com a águia ao peito ele é o NOSSO guarda-redes, e por isso o que queremos é que ele seja o melhor guarda-redes do mundo) nos ajuda? Eu devia estar tanto ou mais lixado do que qualquer outro adepto benfiquista pela sacanagem que o Nandinho fez ao Moreira, mas fiquei verdadeiramente furioso quando ouvi os nossos adeptos terem aquela atitude. Depois disto, e somando-o à exibição sorumbática do Benfica a partir do golo adversário, fui para o intervalo pior que estragado.
A segunda parte foi uma continuação do final da primeira parte. O PSG, tacticamente, tinha o jogo dominado. Eles jogavam em 4-4-2, com os médios-ala um pouco adiantados, e em relação ao jogo de Paris tinham colocado o Gallardo encostado à esquerda, e desviado (um pouco surpreendentemente, embora eu já tivesse lido que esta foi uma das inovações tácticas que o Paul Le Guen tem andado a implementar no PSG) o Rothen - um jogador que eu aprecio bastante - para o centro do terreno. Depois, e não sei se por reflexo da forma como marcámos o golo em Paris, eles atacavam quase exclusivamente pelo nosso lado direito, praticamente impossibilitando o Nélson de subir. Pior ainda, faziam-no de forma massiva: já lá estava o Gallardo, o lateral-esquerdo Drame subia para acompanhar o ataque sem que ninguém o acompanhasse, o Rothen também descaía para aquele lado, e até um dos avançados (o Pauleta ou o Luyindula, alternadamente) acabava por fugir sempre para aquela zona. Como resultado disso, o Nélson viu-se frequentemente confrontado por dois ou três adversários, sem ter qualquer tipo de auxílio. Quando ao intervalo o Karagounis deu o lugar ao João Coimbra, o Fernando Santos colocou o Katsouranis sobre a esquerda e o Coimbra na direita, mas o descalabro foi tal que teve que voltar a enviar o Katsouranis para a direita, embora sem grandes resultados práticos, porque o massacre por aquele lado continuou. Entretanto eu tinha que gramar com comentários de pessoal à minha volta que criticavam injustamente o desempenho defensivo do Nélson, quando o problema era mais táctico que individual (e como alguns sabem, eu não gosto nada que falem mal do Nélson, pelo menos quando acho que o fazem sem razão).
O domínio do PSG durante a segunda parte foi, para mim, mais que evidente. Mesmo sem os franceses criarem grandes oportunidades de golo, a verdade é que o Benfica raramente conseguia sair do seu meio-campo. Mais preocupante, a equipa parecia estar perto da falência física, sem capacidade de pressionar os adversários quando estes tinham a bola em seu poder. Pelo contrário, eles chegavam a pressionar o nosso portador da bola com dois ou três jogadores, recuperando-a rapidamente. O resultado disto foi que o Benfica começou a recorrer demasiado ao pontapé para a frente, em vez de tentar progredir com a bola pelo chão, e isto tem sempre o condão de me deixar profundamente irritado. Sinceramente, durante a segunda parte estive sempre com a sensação que os franceses estavam mais perto do segundo golo do que nós do terceiro, e dada a falta de capacidade física que evidenciávamos, encarava a perspectiva de um prolongamento com muito pessimismo. Foi por isso uma bênção quando a cinco minutos do fim, numa altura em que o Benfica já jogava em 4-3-3 com o Simão encostado à esquerda, uma das raras iniciativas atacantes do Benfica resultou num penalti idiota por parte de um defensor francês (que ainda por cima foi expulso). O Simão marcou-o sem espinhas e o jogo acabou aí, já que o Benfica, à melhor maneira Trapattoniana, encarregou-se de fazer com que não se jogasse mais futebol durante os minutos que faltavam para o fim do jogo.
É difícil estar a nomear grandes destaques individuais esta noite. Mesmo o Simão, que acabou por ser o herói da noite com dois golos, não esteve a um nível tão elevado como de costume. Bom jogo do Petit, talvez o mais regular dos nossos jogadores, e um dos poucos que conseguiu manter um ritmo mais ou menos elevado durante todo o jogo. O David Luiz mostrou mais daquilo que já vimos contra o Leiria, e cada vez mais parece ser um bom reforço. Em contraponto, o seu colega de sector supostamente mais experiente continua a acumular erros esta época, e ficou ligado a mais um golo adversário. O João Coimbra entrou mal no jogo, e não repetiu a exibição de Paris. Aliás, o seu desempenho quando foi ocupar o lado direito do losango foi de tal forma mau (por vezes parecia estar perdido em campo) que obrigou o Nandinho a retirá-lo daquela zona, por onde se desenrolava a maior parte do jogo atacante dos franceses. O Benfica perdeu com a saída do Karagounis (estava a ser um dos melhores enquanto esteve em campo), e espero que não tenha nenhuma lesão complicada.
Jogando melhor ou pior, com mais ou menos sorte, o que interessa é que estamos entre as oito equipas finais da UEFA, e agora todos os adversários são difíceis. Se pudesse escolher, acho que por uma questão de nostalgia quereria o Leverkusen (mas não seria capaz de assistir a outro jogo daqueles ;)). Evitaria, se possível, as equipas espanholas.
Decisão
Para o nosso treinador, a grande chatice da lesão do Quim deve ser que agora ele será forçado a tomar uma decisão que parece ter andado a adiar desde o início da época. Ou seja, terá que definir quem é o segundo guarda-redes do Benfica. Tenho alguma curiosidade em saber qual será a sua decisão. Não tenho dúvidas que a opção pelo Moreira será a mais popular entre os benfiquistas, como aliás a reacção à sua entrada em campo no último jogo o demontrou, mas o Nandinho também já mostrou que tomar decisões populares não faz parte dos seus hábitos ;)
Brilhante!
Melhor. Capa. De sempre.
Foi-me difícil conter o riso quando esta manhã fui comprar o jornal. A 'predilecção' do Paulo Bento por miúdos até é bem conhecida, mas também não era preciso exagerarem...
Sofrível
Foi melhor o resultado do que a (sofrível) exibição do Benfica esta noite - particularmente na segunda parte. Nem vou dizer que a U.Leiria tenha estado particularmente perto de entrar na discussão do jogo, mas pareceu-me que o Benfica resolveu tirar o pé do acelerador demasiado cedo, e limitou-se a gerir a vantagem mínima, sendo que nestes casos corremos sempre o risco de sofrer algum imprevisto. Da noite salvou-se sobretudo o resultado e os dois grandes golos que o fizeram.
Felizmente o Nandinho resolveu-se pela atitude lógica, ou seja, se temos um central lesionado vamos colocar a jogar o central que temos no banco, em vez de recuar o Katsouranis para a defesa e assim introduzir alterações em dois sectores diferentes da equipa. Para além disso, e em relação a Paris, regressou o Nuno Gomes para o lugar do Derlei. Quanto ao Leiria, apresentou-se na Luz com a táctica habitual do Domingos, jogando em 4-3-3, não recorrendo a nenhum 'autocarro', e notando-se a intenção do seu treinador em discutir a vitória. Eu confesso que até tenho uma certa admiração pelo Domingos como treinador; só foi mesmo pena ter borrado a pintura com aquelas declarações sobre a expulsão do Quaresma. Cedo no entanto a tendência do jogo ficou clara: o Benfica entrou com bastante força no encontro, e muito rematador, tentando (embora sem grande pontaria) atirar à baliza adversária sempre que possível. E este esforço acabou por ser recompensado à passagem do primeiro quarto-de-hora, quando o Simão (mais uma vez a jogar com grande liberdade no terreno) flectiu da direita para o centro e, de pé esquerdo, marcou um grande golo, rematando cruzado para o ângulo da baliza leiriense. Este golo dava expressão ao que se via em campo, já que a U.Leiria nem sequer conseguia aproximar-se da nossa baliza. Continuou o Benfica na mó de cima durante os minutos após o golo, tendo esta atitude durado até perto da meia-hora. Depois pareceu-me que desacelerámos nitidamente, e embora nunca tenhamos perdido o controlo do jogo, até ao final a U.Leiria lá conseguiu jogar um bocadinho mais no nosso meio-campo, tentando aproveitar os diversos livres assinalados a seu favor para despejar a bola para a nossa área. No entanto, e apesar deste pequeno crescimento, a verdade é que quase nunca os nossos adversários conseguiram criar oportunidades reais de golo.
No início da segunda parte o Benfica até pareceu vir com intenções de entrar no jogo de uma forma semelhante à que tínhamos visto nos primeiros minutos do primeiro tempo, mas depressa se viu que a intenção principal era mesmo gerir o esforço. Por isso foi mesmo a U.Leiria quem acabou por assumir as despesas do jogo, passando a ter mais posse de bola. Só que, a exemplo dos minutos finais da primeira parte, nunca conseguiram criar grandes ocasiões para marcar, ou sequer dar a impressão que o Benfica estava a ser empurrado para trás. A sensação que eu tinha é que eles iam jogando aquilo que o Benfica entendia que eles podiam jogar, e pouco mais. A situação mais perigosa acabou por ser um remate de bastante longe que o Quim largou para a frente, recuperando depois a bola mas ficando lesionado na jogada - o que pelo menos me proporcionou o prazer de assistir ao regresso do nosso número um à baliza (já o disse aqui e continuo a dizer, embora não desfazendo o Quim: sou um 'moreirista' convicto ;)). A prova que a U.Leiria era incapaz de causar perigo está no facto que o Moreira, durante os cerca de vinte minutos que esteve em campo, não terá efectuado uma única defesa.
O Leiria não ameaçava marcar, mas ia tentando sacar faltas perto da nossa área, ou até mesmo mais longe, para poder depois despejar a bola para perto da nossa baliza. Para nos colocarmos a salvo de qualquer imprevisto era conveniente que marcássemos o golo da tranquilidade, mas a verdade é que também não criámos grandes oportunidades para isso durante a segunda parte. Esse golo acabou por surgir já muito perto do fim, quando o Petit resolveu enviar uma bomba a grande distância, levando a bola a bater no poste e a entrar, garantindo assim mais uma importante vitória. No pormenor particular das tentativas de sacar faltas esteve em destaque o Harison, que andou a fazer macaquices praticamente desde o primeiro minuto do jogo, provocando os nossos jogadores, atirando-se para o chão a qualquer oportunidade, pedindo cartões para os nossos, etc. Conseguiu pelo menos que o Katsouranis acabasse por ver um amarelo, ao não devolver uma bola que o Simão tinha atirado para fora (eu no estádio vi-o mesmo a dizer ao Laranjeiro para não nos devolver a bola). Com este cartão o Katsouranis fica de fora do próximo jogo na Reboleira, mas pelo menos temos a certeza que pode jogar contra o FCP. Esperemos que para a semana não se passe nada de esquisito com o Simão - ele hoje, mesmo quando houve decisões claramente erradas da arbitragem em seu desfavor, não esboçou um único gesto de contestação, por isso espero que ele saiba manter o auto-controlo para a semana.
Será que ainda vale a pena destacar exibições do Simão? Claro que sim. Conforme já disse antes, ninguém classifica de 'magia' cada tropeção que ele dá na bola, ou cada passe para um colega dois metros ao lado, mas podem-me chamar de faccioso à vontade porque eu não tenho problemas em afirmar que ele, neste momento, é o melhor jogador da Liga portuguesa. O Benfica de hoje não é o Benfica de Trapattoni, mas o 'Graças a Deus que temos o Simão' continua a ser válido. Sem dúvida que esta está a ser a sua melhor época de sempre - com o golo de hoje passou a ser o melhor marcador da Liga. O Karagounis também esteve num nível bastante bom esta noite, e mesmo sem ter estando brilhante, tenho que mencionar o regresso do Katsouranis ao meio-campo, porque o nosso jogo ganha logo outra amplitude, dada a visão de jogo e qualidade de passe do grego. Depois, claro, tenho que mencionar a estreia a titular do David Luiz. Foi sempre bastante acarinhado pelos quase 35.000 espectadores presentes esta noite na Luz, que foram aplaudindo cada uma das suas intervenções, e a verdade é que ele correspondeu. Continua a mostrar qualidades - é bastante rápido, e parece gostar muito de jogar em antecipação, sendo que consegue desarmar frequentemente o adversário sem recorrer à falta. Para mim continua a ser válido aquilo que disse depois do jogo de Paris: acho que ele tem potencial para tirar o lugar ao Anderson, e provavelmente muito mais do que isso.
Mais um pequeno passo na luta pelo título foi dado, vamos agora ver como nos saímos na Reboleira sem o Katsouranis. Não nos servirá de nada o resultado que sairá do jogo no Dragão entre os outros dois se não formos capazes de somar os três pontos contra o Estrela. E previsivelmente será preciso jogar um pouco mais do que aquilo que jogámos nos nossos últimos três jogos (Aves, PSG e U.Leiria) para que tal aconteça.
P.S.- Não é um assunto de que eu goste particularmente de falar, mas confesso que começo a ficar preocupado face à qualidade das arbitragens nos jogos mais recentes do Benfica.
Pouco
Estava tudo a correr bem. O Benfica estava a ganhar, estava a jogar decentemente, e tudo indicava que poderíamos dar um passo decisivo nesta eliminatória. O Luisão lesiona-se (depois de uma asneira que ele próprio provocou), e sete minutos depois já o PSG tinha invertido o resultado. Até deu para o cepo do Pauleta marcar um golo sem saber ler nem escrever. Claro que o resultado final é perfeitamente recuperável na Luz, mas sabe-me a pouco, porque fico com a sensação que seria possível deixar Paris esta noite numa posição muito mais confortável. Ainda por cima fiquei com a nítida sensação, durante quase toda a segunda parte, que o Benfica estava satisfeito com o resultado, e nem sequer se esforçou grandemente para voltar a marcar, o que só aumentou a minha irritação.
Não sabia o que se tinha passado com o Katsouranis (e como vejo os jogos sem som continuei sem o saber ao longo do jogo), por isso fiquei surpreendido ao ver o João Coimbra de início no seu lugar. Depois na frente reparei que o Nandinho tinha resolvido apostar na ascensão de forma do Nuno Gomes, colocando o Der'zero à esquerda'lei no seu lugar (a sério, eu sei que o homem ainda tem que recuperar a melhor forma, e tudo mais, mas eu ainda não vi absolutamente nada vindo dele - tem sido um autêntico zero, e as suas funções em campo parecem ser fazer faltas sobre os adversários e levar um amarelo por jogo). De qualquer forma o Benfica nem começou mal o jogo, e logo aos dez minutos viu-se a ganhar. Foi após uma arrancada 'à Nélson' pela direita, culminada com um centro para a entrada de cabeça do Simão - acho que até esta época não me lembrava de ver o Simão marcar de cabeça, entretanto já marcou três dessa maneira esta temporada. E conforme disse antes, tudo parecia correr pelo melhor. O Benfica controlava o jogo, fazia posse de bola no meio-campo adversário e passava longos períodos a circular a bola entre os seus jogadores sem que o PSG a conseguisse recuperar, enquanto o Simão ia brilhando. Entretanto veio a lesão do Luisão, e pouco depois o chouriço do Pauleta (no qual o estreante e recém-entrado David Luiz não fica isento de responsabilidades). Logo a seguir veio o segundo golo dos franceses, cortesia de uma entrada idiota à bola do Anderson na direita (juro que este tipo este ano anda a dar-me cabo da paciência; parece que perdeu uma data de pontos de Q.I.).
Em desvantagem ao intervalo, o Benfica entrou para a segunda parte sem alterar nada, e esta foi-se literalmente arrastando. Os franceses pareciam estar todos contentes por estarem finalmente a ganhar um jogo, enquanto que o Benfica também não me pareceu especialmente incomodado com a desvantagem mínima. Os maiores sobressaltos foram uma cabeçada do David Luiz no seguimento de um canto que foi salva por um defesa parisiense em cima da linha, e um remate para as nuvens feito pelo Miccoli em plena área adversária. Em termos atacantes, passámos quase exclusivamente a recorrer a lançamentos longos inconsequentes, à procura de um Miccoli que andava perdido no meio dos defesas adversários, que invariavelmente lhe ganhavam as bolas altas todas, ou de um Derlei que pura e simplesmente não estava lá, já que passava a maior parte do tempo a vaguear pelo meio-campo. A troca do Derlei pelo Nuno Gomes (que foi estranhamente encostar-se à direita) nada mudou, e lá para o final até houve direito a assistirmos ao regresso do Beto aos relvados, numa altura em que a qualidade do futebol praticado fazia prever que ele e a sua capacidade técnica se sentissem como peixe na água naquele jogo.
Não vou destacar nenhum jogador pela positiva neste jogo. Para mim não houve ninguém brilhante. Faço referência ao estreante David Luiz: para mim entrou mal no jogo (talvez por se estar a estrear assim, entrando a frio num jogo importante), mas depois pareceu-me assentar e melhorar ao longo do tempo. Ao ponto de acabar a melhor nível que o Anderson, que cada vez que disputa um lance consegue irritar-me, e que consegue fazer uma sucessão de asneiras em cada jogo. Quando o Luisão deixa o campo, e a defesa precisa de um líder, em vez de assumir esse papel ele desata a fazer asneiras. Uma palavra também para o João Coimbra, que não esteve nada mal e lutou bastante, não tendo receio de pedir a bola e progredir com ela. Mas a verdade é que o Katsouranis faz mesmo muita falta... Do Derlei já disse o que penso: neste momento, e a jogar como está, não acrescenta nada ao nosso jogo.
Só não estou mais chateado porque este resultado parece ser perfeitamente recuperável na segunda mão. Mas fico com a sensação que seria possível termos feito mais, muito mais do que esta derrota pela margem mínima. Só espero que a saída do Luisão tenha sido mais por precaução do que por gravidade de alguma eventual lesão, e espero também que, a exemplo do que já aconteceu esta época em Copenhaga, não nos venhamos a arrepender desta falta de ambição.
Antevisão
Confesso que me sinto bastante desconfiado em relação à nossa eliminatória com o PSG. Parece-me que há talvez algum excesso de confiança da nossa parte (adeptos), expresso em afirmações do género 'Eles estão quase em último do campeonato francês, por isso temos obrigação de ganhar'. É verdade que eles estão muito mal no campeonato, mas a UEFA é uma competição diferente, e uma oportunidade de uma equipa que parece andar pelas ruas da amargura limpar a face. E uma equipa que tem jogadores como Landreau, Gallardo, Rothen, Luyindula, Frau ou Kalou (não, não me esqueci do Pauleta, deixei-o fora da lista de propósito mesmo), e um treinador como o Le Guen não é uma equipa qualquer. Se eles tiverem um bom dia e resolverem começar a jogar, podem ser um caso sério. Isto não quer dizer que eu não esteja confiante que o Benfica possa passar esta eliminatória. Claro que tenho confiança, apenas acho que não serão propriamente favas contadas, e não consigo deixar-me contagiar por um optimismo excessivo.
Entretanto a boa notícia de ontem foi o facto das escutas do processo Apito Dourado terem sido consideradas válidas, e não ter sido considerada qualquer inconstitucionalidade na lei sobre corrupção desportiva. Ou seja, o Major Valentim viu o seu desejo realizado (isto de se ter um advogado de defesa que insiste em fazer o contrário daquilo que o seu cliente deseja deve ser muito chato), e vai mesmo a julgamento. Que a estes 24 arguidos de Gondomar se sigam muitos outros é o que eu desejo.
Suada
Foi uma vitória bastante suada a que conseguimos hoje, após uma exibição que ficou alguns furos abaixo daquilo que tem sido mais habitual nos últimos tempos, e que não será alheia às alterações tácticas efectuadas para suprir a ausência do Luisão.
O nosso treinador deverá ter tido algum receio de estrear o David Luiz, e portanto decidiu-se pelo recuo do Katsouranis para o centro da defesa, entrando na equipa o Derlei. Jogar com muitos avançados (esta noite jogámos com quatro de início) nem sempre é sinónimo de jogar ao ataque, ou mesmo garantia de que se criem mais oportunidades de golo. Foi o que, na minha opinião, se acabou por ver esta noite. O nosso meio-campo pareceu ressentir-se da ausência do Katsouranis (nem é tanto do Katsouranis especificamente, mas sim da presença de mais um jogador naquela zona do terreno) e como consequência o habitual domínio do Benfica na intermediária não aconteceu. Com apenas o Petit e o Karagounis a actuarem ali, embora com algumas ajudas esporádicas dos avançados, a verdade é que estivémos quase sempre em inferioridade face ao meio-campo do Aves. O resultado foi que nunca conseguimos fazer o nosso jogo habitual de circulação e posse de bola, e em vez disso houve um exagero de passes falhados, e o recurso demasiado frequente à progressão via lançamentos compridos na direcção dos avançados. Assim sendo, nossa primeira parte foi fraca, quase não criámos oportunidades de golo, e foi até o Aves quem dispôs da oportunidade mais flagrante, ao beneficiar de um penalti após toque com o braço na bola do Karagounis. Eu confesso que (e não sei porquê, mas palpita-me que não fui o único benfiquista a fazer ou pensar algo do género) quando o Hernâni partiu para a bola na marcação do penalti eu sussurrei para a TV 'Defende esta, Bento'. E o penalti foi mesmo defendido, poupando-nos assim a uma situação de desvantagem que, dada a forma como estávamos a jogar, duvido muito que fôssemos capazes de inverter.
O Benfica no início da segunda parte melhorou um pouco. Não muito, mas o suficiente para ter a supremacia no jogo e começar a ameaçar mais a baliza adversária. Em vez do quase caos táctico da primeira parte, agora o Benfica parecia jogar num 4-2-4 mais bem definido, com o Simão encostado à esquerda e o Derlei na direita, tendo o Miccoli liberdade para se movimentar um pouco por toda a frente de ataque. O Nuno Gomes esteve perto de marcar, após um remate de fora da área que foi bem defendido pelo guarda-redes adversário, e à passagem do primeiro quarto-de-hora acabou por marcar mesmo, após uma incursão do Nélson pela direita, culminada com um centro rasteiro para a entrada da pequena área, que foi finalizado pelo Nuno. Foi o reaparecimento de uma dupla (Nélson/Nuno Gomes) que foi responsável por bastantes golos a época passada e mesmo já esta época. Pouco depois o Sérgio Nunes foi expulso, e o Aves ficou reduzido a dez. Inexplicavelmente, o Benfica apagou-se. A jogar contra o último classificado reduzido a dez, foi incapaz de serenar e assumir um claro controlo da partida. Também estranhamente, e face à supremacia dos avenses a meio-campo, o Fernando Santos manteve-se fiel ao seu princípio de apenas fazer substituições nos últimos minutos dos encontros, mantendo o Derlei em campo (para mim continua a ser uma espécie de corpo estranho na equipa) e apenas o Petit e o Karagounis a meio-campo. É verdade que o Aves foi incapaz de criar uma oportunidade de golo digna desse nome, mas o Benfica também não fez praticamente mais nada desde que ficou em superioridade numérica. E confesso que ao ritmo que os jogadores do Aves iam caindo nas imediações da nossa área e os livres iam sendo assinalados, ainda temi que acontecesse algum lance de infortúnio para nós.
Felizmente nada disso aconteceu, e fomos capazes de ganhar um jogo no Norte, com o equipamento 'azarado', e mesmo jogando mal, o que é um bom sinal. No início da época provavelmente as coisas teriam corrido de outra maneira. Não sou capaz de fazer grandes destaques na nossa equipa, já que não me pareceu que houvesse algum jogador que estivesse muito acima da média geral. Menciono apenas o à vontade com que o Katsouranis pareceu assumir a função de defesa-central. Definitivamente (e temos que dar todo o mérito ao Fernando Santos por isso) o grego é uma das melhores contratações do Benfica dos últimos anos. A parte negativa é que para além de ainda termos o Simão 'tapado' nos amarelos, agora juntou-se-lhe o Petit nesta condição. É preciso gerir isto com muito cuidado antes do jogo com o FCP. O que se passou com o Miccoli na primeira volta deve servir de aviso.
P.S.- Sem ter nada que ver com este jogo, não posso deixar de saudar os adeptos do FCP e verdadeiros adeptos do futebol que tentaram calar a vergonha que foi a atitude dos energúmenos da claque organizada do clube durante o minuto de silêncio em memória do Bento. Aliás isto não foi nada que não se esperasse. Lembro-me aliás de atitudes iguais tomadas por essa gentalha num jogo disputado na Luz logo a seguir aos atentados do 11 de Setembro. Mas as atitudes ignóbeis que fiquem com quem as pratica. Conforme disse num comentário, o Bento era e é demasiado grande para que precise de homenagens ou demonstrações de respeito vindas da escória da sociedade.
Bento
Ontem o Benfica esteve em festa, na comemoração do seu 103º aniversário. Hoje é um dia de luto e tristeza para os benfiquistas. Morreu O guarda-redes, perdemos o nosso Bento. Não sei se foi o melhor guarda-redes de sempre do Benfica, mas seguramente que foi O Maior. Porque não há ninguém que não se recorde dele, não há ninguém que não se lembre das fantásticas defesas do 'maluco' do Bento. Quando, ainda muito miúdo, comecei a ligar ao futebol e ao Benfica, um dos primeiros nomes que fixei foi 'Manuel Galrinho Bento', que desde logo se tornou um dos meus ídolos. Porque numa equipa onde não havia falta de 'nomes', o Bento conseguia ser uma estrela, e um dos porta-estandartes da nossa mística. A notícia do seu desaparecimento, que me foi dada mesmo agora pelo S.L.B., colheu-me de surpresa e deixa-me imensamente triste, porque vejo assim desaparecer uma parte da história viva do 'meu' Benfica, da geração que me cativou e ensinou a amar e respeitar este clube.
Julgo que para qualquer benfiquista da minha geração o Bento estará sempre associado às primeiras recordações e memórias que temos do Benfica. Podemos dizer que ele nos 'empurrou' a todos um pouquinho mais para a nossa paixão clubística, e nos fez um bocadinho mais benfiquistas. Naqueles tempos de miúdos, nos jogos entre os amigos, quem ia para a baliza só podia sentir-se um nadinha como o Bento, e desejar ser como ele. Senão ir à baliza não tinha piada nenhuma. Número um como o Bento é difícil que volte a haver. Nas balizas e nos corações benfiquistas. Gostava de saber e poder escrever mais, mas neste momento invade-me uma imensa saudade, e não me sinto capaz de escrever algo que faça justiça ao que o Bento significava para mim como benfiquista. Paz à sua alma.