Soltas
Não tenho tido grande motivação para escrever durante os últimos dias. Para além da ausência na Alemanha, estamos em plena silly season do futebol nacional, em que todos os dias olho para as capas dos jornais e vejo mais um autocarro de potenciais reforços do Benfica, o que, ao contrário do que se calhar os jornais pensam, só me tira a vontade de lê-los. É verdade que durante estes dias decorreu o Europeu de futebol, mas nem isso me prendeu a atenção, já que fui assistindo à eliminação sucessiva das minhas equipas preferidas, até que no final só sobrou aquela de quem eu menos gostava.
Voltando aos 'reforços' dos últimos tempos, o único que está confirmado é o Balboa. Não posso opinar grandemente sobre ele, já que pouco o vi jogar. A única coisa que posso dizer é que ele é um médio direito, e isso por si só já representa uma diferença enorme na política de contratações do Benfica dos últimos anos. Precisávamos de um médio direito, e comprámos um médio direito. Seguindo o padrão das últimas épocas, o mais normal seria que, precisando-se de um médio direito, se fosse contratar mais um defesa central. Quanto aos reforços anunciados, bastariam as contratações do Miccoli e do Aimar para me deixarem satisfeito. Mas, a julgar pelas notícias que vão sendo veiculadas, andamos a discutir uma diferença de um milhão de euros no preço do Aimar, e depois por outro lado não teríamos problemas em pagar dois milhões e meio pelo terceiro guarda-redes do Real Madrid. São estas coisas que me fazem confusão.
Entretanto, leio hoje n'A Bola que o escorraçado Bergessio já está avaliado em cerca de dez milhões de euros, e fala-se de um possível regresso à Europa. Devo dizer que não me surpreende nada (e quem me conhece sabe que sempre fui um defensor dele, e que achei um disparate a sua dispensa precipitada), e que isto só abona a favor da imensa sapiência futebolística do nosso terceiro anel, sempre pronto a assobiar um novo jogador que tenha o azar de falhar uma meia dúzia de passes no seu primeiro jogo pelo clube.
Passando às modalidades, ontem sagrámo-nos bicampeões nacionais em futsal. Se calhar o timing desta vitória até é capaz de ter sido um tanto ou quanto incómodo para a direcção, em vésperas que estamos de uma Assembleia Geral que se prevê quente, e em que se discutirá precisamente a redução do orçamento das modalidades. Aliás, em relação às modalidades de pavilhão, não me parece que o Benfica tenha estado particularmente infeliz: campeão em andebol e futsal, finalista vencido no hóquei (que é mesmo o máximo a que podemos aspirar, dados diversos factores desportivos e extra-desportivos), e semi-finalista no basket e no voleibol (que, tendo em conta o investimento, terá sido a modalidade com o pior aproveitamento). Mas uma coisa que me continua a fazer alguma confusão é precisamente o comportamento que nós, benfiquistas, temos em relação às modalidades. Quase todos reclamam quando elas não apresentam resultados. Tenho quase a certeza que a grande maioria de nós é contra a proposta de redução dos seus orçamentos. Mas depois, quando eu vou assistir a jogos das modalidades, são quase sempre as mesmas caras que eu vejo nos pavilhões (excepção feita, claro, às finais). Onde é que está toda a gente que proclama tão veementemente o seu amor às modalidades? Pior ainda, se há tanta gente a querer modalidades fortes, porque é que tão poucos aderem à quota suplementar? Os últimos números de que ouvi falar apontavam para pouco mais de 5.000 sócios a pagá-la (este número não é de forma alguma oficial, estou apenas a citar aquilo que ouvi). Num universo de mais de 170.000 sócios, isto parece-me patético.