The Man
O capitão marcou uma mão-cheia de golos à rapaziada do Lumiar, sagrou-se o melhor marcador da competição, e o Benfica ganhou mais um campeonato. Este ano, dentro e fora dos pavilhões, ninguém nos parou no pontapé na bola.
Mercado
Como sempre, e à falta de notícias durante a silly season, os jornais desportivos vão-se entretendo a construir e destruir plantéis. No caso do Benfica, continuo a seguir o meu princípio de apenas acreditar numa contratação quando esta for oficial, ou seja, anunciada no site oficial do clube. Fora disso, para mim é tudo especulação. Portanto, para a próxima época, 'reforços' confirmados são o Anderson, o Beto, o Alex e, vindos da equipa B, o João Coimbra, João Vilela, Hélio Roque, e Tiago Gomes. Um dos reforços dado como certo é o russo Karyaka. Mas como ainda não vi nenhum anúncio oficial, continuo a não o considerar como contratado. Apenas o conheço de o ver no Europeu pela selecção russa, e não me pareceu mau jogador. Se na verdade vier, a grande vantagem para o Benfica será a de poder ter um jogador que possa assumir as funções do Simão em caso de necessidade. É uma lacuna que o Benfica teve esta época.
De resto, temos um exército de jogadores nos quais supostamente o Benfica está interessado (todos estrangeiros!): Kezman, Diego, Aliev, Ewerthon, Dedé, Zenden, Trabelsi, Kone... em relação ao facto de serem todos estrangeiros, não consigo deixar de pensar: quem foram os pilares da equipa que conquistou o campeonato? Se começarmos a pensar, vemos nomes como Miguel, Ricardo Rocha, Petit, Manuel Fernandes, Simão... grande parte das figuras da equipa são portuguesas, e apenas três estrangeiros têm lugar 'cativo' no onze: Dos Santos, Geovanni e Luisão (e falam todos português). Não sei se uma aposta tão grande em estrangeiros seria a melhor opção (como já tivemos a oportunidade de provar durante os últimos anos).
Nestes possíveis reforços, o caso do Diego parece-me absolutamente anedótico. Como é que um jogador pode estar a jurar a pés juntos que assinou contrato com o Benfica, e o José Veiga a dizer que não senhor, esse jogador não vem para o Benfica. Quem é que está a inventar? Na minha opinião, o que me parece é que o Diego terá assinado contrato com um empresário, que lhe terá dito que ele iria para o Benfica, mas as contas estão a sair-lhe furadas... Quanto aos outros, é claro que adoraria ver o Kezman na Luz (sou fã do jogador desde os tempos do PSV, e fiquei bastante surpreendido com o fracasso dele no Chelsea), mas sou realista e admito que a possibilidade de o contratarmos, mesmo que por empréstimo, é surreal. Não vejo qual seria o interesse de um jogador como ele vir jogar para o campeonato português. O mesmo se passa com o Dedé. Ele se viesse não seria, como afirmam, como substituto do Fyssas. Ele viria para ser titular indiscutível, porque é um jogador muito acima da média. Mas, mais uma vez, custa-me a acreditar que um jogador que é capitão de equipa do Borussia Dortmund, e que nos últimos anos tem sido consistentemente considerado o melhor na sua posição num campeonato como a Bundesliga pudesse vir para a Superliga.
Enfim, faltam cerca de duas semanas para o início dos trabalhos para a nova época. Até lá, resta-nos esperar para ver quem vem ou não. E desesperar com esta dança de nomes com que os desportivos nos presenteiam todos os dias, e que mesmo tentando ser o mais céptico possível, conseguem sempre pôr-nos a sonhar (sim, eu já dei comigo a imaginar o Kezman vestido à Benfica).
O meu onze ideal (IV)
Defesa Central
Mozer
José Carlos Nepomuceno Mozer. Esta escolha não deve surpreender ninguém. Julgo que praticamente todos os benfiquistas da minha geração, e mesmo aqueles mais novos mas que tiveram a oportunidade de ver o Mozer jogar pelo Benfica (sobretudo durante a sua primeira passagem por cá) o considerarão um dos melhores defesas centrais que passaram por Portugal, e digno de figurar em qualquer selecção de jogadores do Benfica dos últimos 25 anos.
Chegou ao Benfica no início da época de 1987/88, para formar dupla com o Dito no centro da defesa e tirar o lugar ao Edmundo, naquela que tinha sido a dupla de centrais responsável pela dobradinha da época anterior. E ninguém mais se lembrou sequer que o Edmundo existia. Era um senhor em campo. Impunha respeito a colegas e adversários, quer dentro da nossa área, quer na adversária. Era quase imbatível nas alturas, e uma das imagens que me ficaram desses tempos era que na maioria das vezes os avançados já nem tentavam disputar uma bola por alto com ele. Se o Mozer estivesse no lugar certo, era escusado, que a bola era dele. Sabia sair a jogar, talvez até muito melhor do que à primeira vista poderia parecer para um jogador com o seu porte físico. Conseguia jogar de uma forma elegante, saindo com a bola controlada do meio das maiores confusões. Mas se fosse preciso, também dava chutões para a bancada, e batia forte e feio.
Na primeira época, fazendo parte de uma equipa em que poucos acreditariam, e que passou a ser orientada pelo Toni a partir do meio da época (naquela que foi a sua primeira experiência como treinador principal), chegou até à final da Taça dos Campeões Europeus, perdida ingloriamente na lotaria dos penalties (ele marcou um dos penalties) depois da equipa já estar psicologicamente destroçada pela perda do seu capitão e cérebro Diamantino. No jogo da segunda mão das meias-finais dessa competição lesionou-se gravemente nas costelas, quando o Benfica já tinha esgotado as substituições. O médico diz que não dá para continuar, mas 130.000 pessoas nas bancadas gritam em coro 'Mozer! Mozer!'. Segundo ele, ao ouvir isto esqueceu-se das dores, voltou para dentro do campo e jogou até ao fim. No dia seguinte, um raio X revelou três costelas fracturadas.
No final da época seguinte, em que se sagrou campeão pelo Benfica, soube-se ainda antes da época terminar que sairia para o Marselha. Custou muito saber que iríamos perder o nosso Mozer. Lembro-me de na Luz, nos últimos jogos do campeonato, se verem diversas faixas que apenas pediam 'Mozer Fica!'. Não ficou, não podia ser, e no ano seguinte, ironia do destino, jogou na Luz com uma camisola que não a do Benfica. E os nossos jogadores bem sentiram na pele o empenho dele na defesa das suas cores (Paneira e Magnusson, sobretudo, que o digam).
Regressou em 1992/93 para jogar mais três épocas, e ganhar mais uma Taça de Portugal e um campeonato. Já não era tão rápido, mas mantinha o sentido posicional, o forte jogo aéreo, e continuava duríssimo em campo. Ninguém se esquece da forma como, na segunda mão das meias-finais da Taça das Taças de 1993/94, ao fim de um quarto de hora já estava na rua por acumulação de amarelos. E também ninguém esquece a forma como 'ensinou' o 'menino' Fernando Couto a ir brincar com os da sua idade num Benfica x FC Porto. Nas palavras de Bobby Robson no final da partida: 'O resultado foi: Mozer 2, Fernando Couto 0'.
O Mozer é um caso de amor pelo Benfica totalmente correspondido. Diz ele que um dia, durante um jogo, saiu a jogar, correndo em frente ao terceiro anel da antiga Luz. E ao ver-se naquele estádio, com a camisola vermelha vestida, à frente daquele público, lembrou-se que um dia, muito antes de vir jogar para o Benfica, tinha sonhado com aquela imagem:
"Era ainda jovem, jogava no Flamengo, quando tive um sonho incrível: sonhei que um dia iria jogar num clube com equipamento encarnado e branco, e num estádio com as cadeiras também encarnadas e brancas. Quando acordei, aquilo fez-me confusão porque o meu sonho era jogar no Flamengo como profissional, mas o Flamengo vestia de encarnado e preto. Muitos anos depois, já eu era jogador do Benfica, defrontámos o Salgueiros no Estádio da Luz. Recuperei a bola na defesa e, quando partia para o contra-ataque, olhei de repente para as bancadas e vi as cadeiras encarnadas e brancas. Nesse momento revi o sonho de menino! Percebi, enquanto o jogo decorria, que o clube daquele meu sonho era o Benfica. Revi ali a imagem do sonho e achei que aquele clube seria o clube da minha vida. A partir desse momento fiquei benfiquista até à morte."
Um dos meus maiores ídolos de sempre no Benfica.
Comparação
Compare-se a diferença de comportamentos do Zahovic e do Argel, quando foram dispensados em Janeiro passado, com os de Rui Jorge e Pedro Barbosa (sobretudo este) agora, após a sua dispensa. Mas lá para as bandas de Alvalade é que era tudo um mar de rosas. Depois o Veiga é que é um mau gestor de homens.
Entretanto, o clube dos gentlemen continua a sua cruzada contra o Simão. Nunca estiveram interessados no seu regresso, tentaram à viva força lixar-lhe a vida e dificultar o seu ingresso no Benfica (numa atitude do género 'Não f... nem saio de cima'), e agora, cheios de maus fígados, continuam a tentar fazer-lhe a vida negra. O mais engraçado no meio disto tudo é que ficaram incredulamente indignados quando o Simão disse que não se importava nada de ir a Alvalade impedi-los de ganhar o campeonato (a frase exacta foi: "Se lhes tirarmos o título, melhor!"). Isto para eles foi uma traição indescritível, sem qualquer razão de ser.
P.S.- Para os mais esquecidos, recuperei as declarações do Simão que, de acordo com os nossos vizinhos, foram uma enorme falta de respeito para com o clube que o formou, e que demonstram que ele é um 'traidor' e um 'mau carácter'. Palavra de honra que nunca consegui inferir nada disso das palavras dele. Presumo que estariam à espera que o capitão do Benfica declarasse o seu amor eterno para com o clube do Lumiar, e que gostava era que eles fossem campeões? Sim, porque isso faria todo o sentido...
Treinador
E pronto, já temos treinador. Confesso que a escolha que mais me agradaria seria a de Camacho, por representar uma certa continuidade do trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos anos. Mas não me desagrada nada a escolha por Ronald Koeman. Em princípio deveremos voltar a ter o Benfica a jogar um futebol marcadamente ofensivo, o que confesso já tinha algumas saudades de ver. Para além disso, o nosso novo treinador gosta de trabalhar e apostar em jovens (se a memória não me falha, foi ele o responsável pelo lançamento de jogadores como John Heitinga, e Wesley Sneijder, para além da explosão do Rafael Van der Vaart), e como eu deposito algumas esperanças nesta nova geração de jogadores que temos na equipa B, pode ser que para o ano vejamos alguns deles na equipa principal. A grande maioria dos jogadores históricos do Benfica vieram precisamente dos nossos escalões de formação, e foram 'lançados às feras' ainda muito jovens.
Estou optimista para a nova época. Mas temos que esperar para ver o que é que Ronald Koeman trará de novo à nossa equipa campeã.
P.S.- A ser verdade o que se diz, Álvaro Magalhães vai abandonar o Benfica. Confesso que é com pena que o vejo partir. É um homem que tem um amor enorme ao clube, e que parece ser capaz de motivar quer os adeptos, quer os jogadores precisamente devido ao seu entusiasmo pelo Benfica.
Silly Season
Já entrámos na habitual silly season do nosso futebol. Apesar de ainda termos o jogo da selecção amanhã, os jogos competitivos dos clubes já acabaram, e agora está na altura de começar com a especulação sobre entradas e saídas de jogadores. O Benfica ainda não apresentou o novo treinador, por isso vai-se especulando sobre quem assumirá o cargo. Outros acham que, não sendo suficientes os seis defesas centrais que o Benfica tem por enquanto no seu plantel (Amoreirinha, Ricardo Rocha, Luisão, Alcides, André Luís e Anderson), o melhor é especular sobre o nosso interesse num sétimo. Enfim, está na altura de levar ainda menos a sério as notícias que saem nos desportivos, e aguardar calmamente pelas certezas que sejam anunciadas pelo clube.
Entretanto, e para descontrair, deixo aqui os dois filmes da série 'Everyone's a Football Manager' (Parte 1 e Parte 2), publicados pela Sports Interactive, autores da série Championship Manager (agora denominada Football Manager), sem dúvida o meu jogo de computador preferido de todos os tempos. Embora não tenha um cão para gritar com ele, confesso que às vezes o jogo me consegue pôr a gritar assim para o monitor...
Jantar (II)
É bom sinal quando praticamente cinco horas passam quase sem se dar por isso. E a conversa ainda podia ter continuado. É bom conhecer pessoas simpáticas, e que ainda por cima partilham da mesma paixão clubística. Pessoas que se lembram que o Benfica teve um jogador chamado Samuel Okunowo (que até marcou um golo ao Estrela da Amadora), ou que se recordam do resultado do jogo Desp.Chaves x Benfica da época de 1997/98. E quando são jogos mais antigos (daqueles que só o JRD viu), nós não vimos mas já lemos sobre o jogo. Descobrimos também como somos importantes nas vitórias do nosso Benfica. Nunca ganharíamos sem a preciosa ajuda da camisa do JRD, ou do cachecol e dos amigos 'místicos' do Hmémnon. Infelizmente a nossa euforia pela conquista da Superliga fez com que ficássemos desleixados, ignorássemos os rituais, e por nossa culpa perdemos a Taça.
Cinco horas passam a correr quando se fala do nosso clube, mas não só. Dá para falar de outros blogs, de Kalkitos, Pasta Medicinal Couto e Bombokas. Ou da violência emocional do Marco, da Heidi e do Jackie. O que leva à razão pela qual as crianças deviam ser proibidas de ler Hans-Christian Andersen. E ainda explicar que o Ming tinha muito mais pinta que o Flash Gordon.
Foi pena não termos sido mais, mas pode ser que para a próxima o quorum aumente. Até prometi tentar arrastar o Harry Lime comigo, para podermos andar à porrada. Mas, como se pode concluir do que já escrevi, os poucos que foram, foram bons. Deu para ficar a conhecer o JRD, o HMémnon, o S.L.B., o Ry e as Catarinas, o que só por si já fez valer muito a pena. Esperemos poder repetir a iniciativa em breve. Por exemplo, no início da próxima época, que aí vamos ter as novas contratações para discutir, e o plano de assalto à Champions League.
Jantar
É já amanhã que, numa iniciativa do HMémnon, a blogosfera benfiquista se vai reunir num jantar, a realizar em plena Catedral (a da Luz e a da Cerveja). Conto lá estar, e conto encontrar muitas das pessoas que durante esta época contribuiram para avivar a chama do meu benfiquismo.
Entretanto, o Benfica confirmou a primeira contratação para a próxima época: Beto, ex-Beira Mar. Sinceramente, é uma contratação que não me entusiasma por aí além. Vem para uma posição para a qual dispomos de Petit, Manuel Fernandes, Bruno Aguiar, Paulo Almeida e Everson. Pelo que já vi dele, não me parece que venha acrescentar alguma mais valia de relevo, mesmo em comparação com os jogadores suplentes para esta posição. É um jogador lutador, com boa resistência física, mas parece-me que será apenas mais um para fazer número no nosso plantel. Oxalá me engane. Presumo que esta contratação signifique o fim da estadia de Paulo Almeida no Benfica.