terça-feira, novembro 29, 2005

Colo

'A Bola' publica hoje uma análise interessante sobre os erros de arbitragem nos jogos do Benfica este ano. Creio que esta lista deixa, sem qualquer margem para dúvidas, a conclusão inequívoca que estão cheios de razão aqueles que insistem em acusar o Benfica de ser levado ao colo pela APAF. Neste momento esse 'colo' está a dar um resultadão, já que nos ofereceu o brilhante sexto lugar da classificação. Aqui fica a lista, para aqueles que eventualmente não tenham tido a oportunidade de lê-la:

  • 1ª Jornada - Académica 0 Benfica 0
    Árbitro: Bruno Paixão
    Sem casos.

  • 2ª Jornada - Benfica 0 Gil Vicente 2
    Árbitro: Rui Costa
    "Assinalou um penalti (a favor do Benfica) em que merece o benefício da dúvida e deixou três por assinalar (a favor do Benfica). Como se não bastasse deveria ter expulso Carlitos no lance em que lesionou Ricardo Rocha".

  • 3ª Jornada - Sporting 2 Benfica 1
    Árbitro: Paulo Costa
    "Um único erro a legitimar discussão mais acesa: a expulsão de Ricardo Rocha. Numa entrada semelhante de Luís Loureiro a opção foi diferente: amarelo. Porém, é verdade que foi mais impetuosa e mais espectacular a acção do benfiquista" (na minha opinião, aceito o critério do árbitro nesta situação).

  • 4ª Jornada - Benfica 4 U.Leiria 0
    Árbitro: Elmano Santos
    Sem casos.

  • 5ª Jornada - Penafiel 1 Benfica 3
    Árbitro: Olegário Benquerença
    Expulsão perdoada a Barrionuevo.

  • 6ª Jornada - Benfica 2 V.Guimarães 1
    Árbitro: Nuno Almeida
    "Sem nenhum caso técnico para resolver, foi no plano disciplinar que manchou a actuação. A entrada de Petit a Targino e o pisão de Medeiros a Petit não justificavam, no mínimo, o cartão amarelo?" (na minha opinião justificavam ambas o vermelho directo).

  • 7ª Jornada - FC Porto 0 Benfica 2
    Árbitro: Lucílio Baptista
    Sem casos.

  • 8ª Jornada - Benfica 2 E.Amadora 0
    Árbitro: João Vilas Boas
    "Perdoou uma grande penalidade ao Estrela da Amadora. No lance do golo anulado ao Estrela fica o benefício da dúvida (se a bola tinha ou não saído pela linha final)".

  • 9ª Jornada - Naval 1 Benfica 1
    Árbitro: António Costa
    "Claramente prejudicado por um dos seus assistentes. Desatento nos foras de jogo. Um deles deu golo da Naval"

  • 10ª Jornada - Benfica 2 Rio Ave 2
    Árbitro: Paulo Pereira
    "No aspecto disciplinar foi muito condescendente, salvando de amarelos dois ou três jogadores do Rio Ave. Nos dois livres que resultaram nos golos de Petit esteve bem. A grande mácula haveria de sair-lhe por via indirecta: José Carlos Santos, seu assistente, depois de cortar duas jogadas de ataque ao Benfica, por foras de jogo inexistentes, deixou passar em branco o fora-de-jogo de Gaúcho no lance em que este haveria de assistir Chidi para o golo"

  • 11ª Jornada - Braga 3 Benfica 2
    Árbitro: João Ferreira
    "Os últimos minutos foram desastrosos. Um penalty descoberto do nada (a favor do Benfica) e um golo aprovado em fora-de-jogo (a favor do Braga)"

  • 12ª Jornada - Benfica 0 Belenenses 0
    Árbitro: Pedro Proença
    "Duas grandes penalidades por assinalar, contra o Belenenses, e um fora-de-jogo assassino tirado a Romeu foram nódoas importantes"

Resumo:
  • Benefícios:

    • 1 penalty inexistente

    • 1 expulsão perdoada

  • Prejuízos:

    • 6 penalties não assinalados

    • 3 golos obtidos em fora-de-jogo

    • 3 expulsões perdoadas a adversários
Obviamente que estes números são preocupantes, mas eu não tenho por hábito desculpar os maus resultados do Benfica com erros de arbitragens. Sei que há muita coisa que vai mal com a nossa equipa, e que apesar destes erros ajudarem a puxar-nos para baixo, se as coisas estiverem bem em nossa casa os erros perdem influência. Agora, perante estes números, não será altura de certas criaturas pararem com o disparate repetido vezes sem conta de que o Benfica é levado ao colo pela arbitragem? Enquanto vão vivendo obcecados com isto, se calhar outros vão seguindo, cantando e rindo alegremente sem que prestem atenção ao que se passa nos jogos deles. Ainda no jogo de ontem houve um caso que, a passar-se com o Benfica, decerto provocaria a choradeira do costume nas carpideiras do Lumiar.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Triste

Mais um mau resultado esta noite, e mais pontos desperdiçados. É certo que nos faltam jogadores importantes, mas a este ritmo quando eles regressarem é capaz de ser tarde demais.

Desta vez não se pode acusar o Koeman de inventar. Colocou em campo os jogadores de que dispunha para as posições necessárias, alinhando a equipa em 4-2-3-1. O Beto ocupou o lugar do Petit, atrás de um trio mais ofensivo formado pelo Geovanni, Nuno Assis, e Karyaka. Na frente o Nuno Gomes. Quanto ao Belenenses, nada de novo em relação ao que já estamos habituados nas equipas pequenas que nos visitam. Jogar para o pontinho como se as suas vidas dependessem disso, queimar tempo sempre que possível, simular lesões, defender com onze homens enfiados no próprio meio-campo, e esperar que um eventual contra-ataque ou um golpe de sorte resultem no golito caido do céu.

Apesar da qualidade do jogo não ser muita, achei agradável a exibição do Benfica no primeiro tempo. Os 'suplentes' Beto e Nuno Assis exibiram-se em bom nível, e o Geovanni, ao contrário dos últimos jogos, esteve bastante activo. Pela negativa no capítulo do passe esteve o Manuel Fernandes, a fazer inúmeros passes disparatados. Mas o domínio territorial do Benfica não se concretizava em oportunidades claras de golo, e até foi do Belenenses a melhor oportunidade, ainda que me tivesse parecido por acaso: um livre de muito, muito longe, e a bola a bater no poste, no que quase seria um frango monumental do Rui Nereu, enganado pela trajectória da bola. Apesar da boa vontade que os jogadores do Benfica pareciam ter, era muito difícil furar aquela muralha defensiva do Belenenses, em que até o Silas mais parecia um defesa esquerdo em marcação cerrada ao Nélson.

A segunda parte começou praticamente com uma grande defesa do Marco Aurélio a um remate do Manuel Fernandes. Para não variar, ele esteve inspirado contra nós. Só noutros jogos é que parece ter tendência para frangar desalmadamente. Cedo o Koeman fez entrar um segundo avançado, substituindo o Karyaka pelo Mantorras, passando o Nuno Assis para a esquerda. Mas curiosamente, após esta substituição o jogo entrou num ritmo absolutamente suporífero, só voltando a animar cerca de um quarto de hora mais tarde. A segunda parte não foi muito diferente da primeira: o Benfica tentava ganhar o jogo, e o Belenenses continuava a dar a ideia de que o empate lhes valeria o campeonato (foi nesta altura que começaram as simulações nojentas de lesões do costume). De resto, ficam as defesas do Marco Aurélio às oportunidades do Benfica, particularmente pelo Nuno Assis, Mantorras e Alcides. Quase no final o Belenenses quase que conseguia repetir o filme de injustiça que tantas vezes acaba por acontecer, quando poderia ter marcado em duas ocasiões, já perto do final (se não estou em erro, só conseguiram chegar à área do Benfica na segunda parte nos últimos cinco minutos, quando o Benfica já atacava quase desesperadamente): primeiro num cabeceamento que passou perto do poste, e depois numa jogada de contra-ataque em que o seu jogador falha o cabeceamento quase à boca da baliza.

Acho que o Benfica, e o seu treinador, tudo fizeram hoje para ganhar o jogo. Mas para ganhar a equipas que jogam como o Belenenses fez hoje às vezes é necessária uma pontinha de sorte, que não existiu. Para além disso apanhámos com um guarda-redes inspirado na segunda parte (a sério, eu detesto aquele Marco Aurélio - já o detestava quando jogava no Farense, e agora detesto-o porque lhe sai sempre tudo bem quando joga contra o Benfica, e depois anda por aí a frangar contra os outros). Hoje não estou por isso irritado com ninguém. Estou sim triste, como sempre fico quando vejo uma equipa jogar para não ganhar e ser recompensada por isso. Quanto aos nossos jogadores, gostei muito do Nuno Assis, que esteve bastante activo e foi o mais rematador da nossa equipa. O Manuel Fernandes parece estar com falta de confiança, e falhou passes de forma infantil.

Enfim, vamos esperar que a equipa levante a cabeça, e que os estragos enquanto esperamos pela recuperação total dos lesionados não sejam irreparáveis. Hoje, excepção feita ao período de cerca de 15 minutos da segunda parte, gostei da atitude da equipa, e quando isso acontece não me sinto tão desmoralizado com um mau resultado.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Palhaçada - Parte II

Pois é... os palhaços estão a tomar conta do circo. Não só foram fazer queixinhas à Liga que o Nuno Gomes andou a fazer gestos feios, como agora, para continuar com a comédia, fazem um comunicado em que se mostram indignados por apenas ter sido levantado um processo de inquérito ao nosso jogador (e não um sumaríssimo) e, mais ridículo ainda, dão lições de moral à direcção do Braga. Portanto já não chegava andarem a fazer as queixinhas: ainda se dão ao luxo de dizer à Liga e ao Braga (que, volto a dizer, seria o único clube com eventuais razões de queixa do sucedido) como é que se devem comportar. Ah, valentes! O que seria do pobrezinho Braga se não houvesse alguém como o PC e o FCP para defender os pequeninos, orientá-los, e zelar pelos seus interesses?

Claro que o Braga já respondeu ao FCP, e basicamente mandou-os pastar. Como aliás qualquer pessoa com dois dedos de testa faria. O que o PC não consegue admitir é que
o que lhe está atravessado é aquele gesto do Nuno repetido no Dragão a apontar para as quinas na camisola. Isso, e ter deixado o PC de mão estendida e a falar sozinho o ano passado, quando ele pensou que mandava na sala de imprensa da Luz.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Palhaçada

Já tinha mencionado este assunto num post anterior. Se na verdade isto for para a frente, e o Nuno acabar castigado então o nosso futebol já chegou ao nível da palhaçada total. Nem vale a pena comentar de quem partiu a iniciativa de fazer a denúncia. É a mesquinhez e a pobreza de espírito levadas a um novo nível de baixeza. Conforme disse, parece que mesmo por baixo, com jogadores chave lesionados, ainda os assustamos. Mas ai do CD da Liga que se lembre de instaurar um processo a algum jogador deles durante todo o campeonato. Cai logo o Carmo e a Trindade, e vai haver muita vociferação sobre a forma como somos levados ao colo.

terça-feira, novembro 22, 2005

Patética

É como eu classifico a exibição, e sobretudo a atitude do Benfica esta noite. Num jogo em que deveríamos ter jogado para a vitória, entrámos em campo com oito(!) jogadores defensivos, jogando claramente para o nulo, que só acabou por nos servir porque por sorte o outro jogo do grupo acabou também empatado.

Já se sabia que o Simão não estava disponível para este jogo (eu bem rezei para que ele não jogasse em Braga, porque já estava à espera disto). Por isso era previsível que o Koeman optasse pela solução habitual nesta situação, ou seja, subir o Léo e colocar o Ricardo Rocha como lateral esquerdo. A surpresa veio do outro lado, com o adiantamento do Nélson e a entrada do Alcides para lateral direito. No meio campo, mais uma meia surpresa, com a opção a recair no Beto em detrimento do Manuel Fernandes. Digo que é meia surpresa porque a verdade é que o Manuel Fernandes ultimamente tem estado em nítida quebra de forma. Mas sinceramente, eu à partida prefiro o Manuel Fernandes em má forma ao Beto em boa forma. Não quero com isto dizer que o Beto esteve particularmente mal, porque acho que ele esteve ao mesmo nível do resto da equipa.

Com uma equipa tão defensiva, aliada a um relvado em péssimas condições (a bola saltava para todos os lados devido aos buracos - provavelmente causados por algum jogo de rugby, dado que ainda eram visíveis as marcações), o Benfica foi uma nulidade em termos de construção de jogo. Praticamente não houve uma jogada com princípio, meio e fim. Só vi o Benfica chutar bolas para fora, ou a despejá-las para a frente (sem dúvida na esperança de aproveitar o poderio aéreo do Miccoli). Por falar em Miccoli, ele pareceu ressentir-se da lesão que teve... começo a ficar farto de ver jogadores postos em campo sem estarem em condições de jogar. Depois lesionam-se outra vez, e ficamos sem eles durante mais uma data de tempo. Estou para ver o que se vai passar com o italiano. Voltando ao jogo, este foi absolutamente horrível durante a primeira parte. Confesso que quase adormeci a vê-lo, porque o futebol de parte a parte era feito aos trambolhões, sem qualquer nexo, beleza ou interesse.

Na segunda parte, já com o Mantorras no lugar do Miccoli, as coisas melhoraram um bocadinho em termos de emotividade, mas a qualidade continuou a ser muito má. Por falar no Mantorras, acho inacreditável que ainda não lhe tenham ensinado que no futebol existe uma coisa chamada Lei 11, que ele insiste em infringir com a maior naturalidade do mundo. O Lille foi, durante largos períodos de tempo, a única equipa que parecia interessada em ganhar o jogo, enquanto que o Benfica só defendia (com tanto defesa em campo, era difícil fazer outra coisa). Fomos brindados com mais um 'festival de livres do Petit', em que 99% dos mesmos são cruzados para as mãos do guarda-redes, ou directamente para fora sem que alguém tenha a possibilidade sequer de chegar à bola. Houve uma pequena reacção do Benfica a cerca de 20 minutos do final, mas não passou disso, de uma 'pequena' reacção. Outra coisa que me irritou foi o facto de o Alcides ter conseguido em três ocasiões ficar completamente à vontade do lado direito do ataque, e em todas elas conseguiu sempre centrar a bola para onde não havia qualquer jogador do Benfica. Incrivelmente, podíamos ter acabado por ganhar o jogo, porque no último segundo do mesmo dispusemos da melhor oportunidade em toda a partida, que o Mantorras atirou por cima. Seria terrivelmente injusto, até porque o Lille tinha desperdiçado duas boas oportunidades poucos minutos antes.

Foi uma pena que o público fantástico que encheu o Stade de France para, na sua enorme maioria, apoiar o Benfica (foi batido o recorde da maior assistência de sempre de um clube francês nas competições europeias) tenha sido presenteado com um espectáculo tão pobre pela nossa equipa. Os melhores jogadores no Benfica foram, para mim, o Nuno Gomes e o Nélson a espaços na segunda parte. Na defesa o Luisão também esteve muito bem. Devido a uma sorte incrível, o outro jogo do grupo também terminou empatado, o que significa que ficou tudo em aberto, e agora 'basta' ganhar em casa ao Man Utd que ficamos apurados para os oitavos de final. Se empatarmos, teremos que rezar para o Villarreal vencer o Lille para que possamos ir à Taça UEFA. Mas sinceramente, se a atitude ultra-defensiva do Benfica hoje tivesse sido castigada com uma derrota, não ficaria escandalizado. Hoje sim, apontaria o dedo ao treinador por tudo o que corresse mal. Não gosto de ver o Benfica jogar assim, e era precisamente por isto que não simpatizava com o Trapattoni.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Tolos

Anda por aí uma cambada de tolos que parece estar sempre à espera, quais abutres, de uns deslizes do Benfica para tentarem ganhar alguma notoriedade como 'fazedores de opiniões'. São daquela espécie repelente de animais que espera que o adversário esteja em baixo para tentar dar-lhe umas bicadas, já que não têm coragem para o fazer quando o adversário está de pé, olhos nos olhos. Estou farto desta cambada que parece estar sempre a olhar por cima dos nossos ombros, à espera de uma prova de fraqueza da nossa parte para se fingirem fortes. Se calhar o que escrevo é um bocado exagerado para o que me é habitual, mas neste momento estou realmente irritado com isto.

Agora andam todos entusiasmados com a nova 'crise' do Benfica, e arengam opiniões e soluções para a mesma, ao mesmo tempo que, trémulos de excitação, apontam todos os erros básicos que o Benfica fez e que, conforme eles sabiam de antemão ser inevitável, levaram a que esta 'crise' se instalasse. E neste frenesim crítico vale dizer tudo, mesmo que sejam as maiores atrocidades. Por exemplo, hoje li um artigo que disseca os nossos problemas em que é dita a alarvidade de que foi 'um erro o Benfica não ter começado a época com três guarda-redes de qualidade comprovada.' Desculpem? Mas estão todos doidos ou quê? Qual é o clube de topo no mundo que, por norma, tem três guarda-redes de qualidade equivalente no plantel? Alguém planeia uma época a prever lesões prolongadas em dois dos guarda-redes do plantel principal? Se problema havia no início da época era precisamente que com dois guarda-redes de qualidade muito semelhante, a guerra pela titularidade iria ser forte, e implicaria que um bom guarda-redes passasse grande parte da época no banco.
Atente-se num exemplo flagrante: a Juventus teve uma lesão grave no guarda-redes titular (Buffon). Qual foi a solução? Não foi utilizar o segundo guarda-redes do plantel, mas sim recorrer ao empréstimo do Abbiati do Milan, que é um óptimo guarda-redes, e que o Milan não tinha interesse em manter parado durante muito tempo. Ainda em Itália, no Inter o brasileiro Júlio César ganhou a titularidade ao Toldo. Já se fala na saída deste último em Janeiro, porque nem o jogador nem o clube estão interessados em manter esta situação. O meu ponto é: quase nenhum clube no mundo mantém dois bons guarda-redes, de qualidade equivalente, no plantel principal, porque é uma situação muito difícil de gerir. E agora critica-se o Benfica por não ter três guarda-redes equivalentes no plantel?!? De facto, para se ter a oportunidade de criticar o Benfica dizem-se as maiores alarvidades. E ainda fica pior, porque no mesmo artigo aproveita-se para ainda bater nos nossos dois guarda-redes, insinuando que mesmo quando em forma nenhum deles tem tem o 'nível maior' a que o Benfica esteve habituado com outros guarda-redes. Por amor de Deus!

Estes 'sábios' são os mesmos que, mal lhes cheirou a sangue nas primeiras jornadas, desataram a opinar sobre tudo o que o Benfica fazia mal, e os erros de palmatória do nosso clube. Depois o Benfica começou a ganhar, e ou se calaram, ou, querendo continuar a ser notados por falarem no Benfica, inverteram as agulhas e de repente tudo passou a ser bom. Agora, qual cataventos, voltam a inverter a direcção em que olham, e podem continuar a ensinar a toda a gente como se gere um clube e uma equipa de futebol. No meio de tantas cambalhotas, às vezes duvido que eles próprios, ao acordar de manhã, saibam muito bem a opinião que têm sobre os assuntos nesse dia. Coerência é coisa que não abunda pelas redacções desportivas.

Outro dos disparates das últimas horas é a cambada de pseudo-moralistas que insinuam que o Nuno Gomes deveria ter um sumaríssimo instaurado devido ao facto de ter sido apanhado pelas câmaras naquele gesto a insinuar que algum jogador (ou jogadores) do Braga estavam drogados. Quer dizer, já não os satisfaz que joguemos sem Moreira, Quim, Karagounis, Miccoli, ou Simão, que para satisfazer a sua sede de sangue ainda querem que o Nuno seja impedido de jogar? Mesmo em baixo, assustamos tanto que nos queiram suspender o nosso melhor marcador? Será que agora se um jogador for apanhado pelas câmaras a mostrar a língua a alguém (se for do Benfica, claro), também deve ser suspenso? Onde é que andaram esses moralistas durante estas duas últimas semanas, que se esqueceram de uivar por um sumaríssimo à entrada à jiu-jitsu do Nem no jogo contra o Nacional? Estavam fatigados de tanta ululação sobre o sumaríssimo do Petit?

Os 'problemas' do Benfica resolvem-se de forma simples. Dêem-nos o Miccoli, o Simão, o Karagounis e um dos guarda-redes de volta a 100%, e calamo-vos a todos outra vez, bando de abutres e sanguessugas. Assim podem tomar fôlego para trabalharem nas novelas sobre contratações do Benfica que vão inventar durante a reabertura do mercado em Janeiro.

domingo, novembro 20, 2005

Vizinhança

Fim-de-semana ao fim da tarde/princípio da noite. Jogo do FC Porto na TV. Golo do FC Porto: silêncio absoluto. Golo do adversário do FC Porto: silêncio absoluto. Jogo do clube do Lumiar na TV. Golo do clube do avozinho: ruído de festejos generalizados dos adeptos do Lumiar. Golo do adversário do clube do Lumiar: silêncio absoluto. Jogo do Benfica na TV. Golo do Benfica: ruído de festejos generalizados dos adeptos benfiquistas. Golo do adversário do Benfica: berraria generalizada dos adeptos de... Naval/Braga/Villarreal/Man Utd/FC Arrozais de Baixo? Não sabia que vivia numa vizinhança tão multiclubista. A mesquinhez de certa gente nunca deixará de me surpreender.

sábado, novembro 19, 2005

Mau

Mais uma vez estou demasiado irritado para conseguir escrever com clareza sobre o jogo desta noite. Perdemos bem, mas a forma como perdemos deixa-me terrivelmente irritado, porque a culpa parece-me ser exclusivamente dos jogadores.

Passando ao jogo propriamente dito. Afinal o trio a que me referi no último post foi convocado, e dois deles (Simão e Quim) acabaram por jogar de início. O Benfica arrumou-se no esquema habitual, mas o nosso treinador optou por colocar o Geovanni na posição de apoio ao ponta-de-lança, com bastante liberdade de movimentos, enquanto que o Beto voltou a ocupar aquela posição em que já sabemos o que consegue render. Nem vou estar a dizer que o Beto jogou particularmente mal, o que eu acho é que com ele ali, o lado direito praticamente não existe em termos ofensivos. Não compreendo o que o Koeman pretende provar ao insistir nisto. Só se quer demonstrar a carência de alternativas que há para aquela posição. Mas hoje ele até poderia ter colocado o Nuno Assis ou o Karyaka no meio, jogando o Geovanni na direita. Será que contava com as características defensivas do Beto para travar as subidas do Jorge Luiz? É que nem isso resulta, porque o Beto não tem velocidade para o acompanhar.

De qualquer forma, o Benfica acabou por conseguir ter um relativo controlo do jogo durante a primeira parte. Com um lado direito pouco produtivo, muitos dos ataques faziam-se mais pelo lado esquerdo, em iniciativas do Léo, já que o Simão não parecia estar com grande ritmo. O jogo estava equilibrado, e o Benfica chegou à vantagem através do Anderson, num cabeceamento ao segundo poste na sequência de uma movimentação que ele executa frequentemente. O mais difícil estava feito, que era bater a inviolabilidade do Braga em casa. E a verdade é que o jogo pareceu sempre estar sob controlo até ao intervalo, tendo a melhor oportunidade pertencido ao Benfica, em mais um cabeceamento do Anderson.

Após o intervalo regressou o Karyaka na posição do Simão, e pareceu-me que o Benfica estava apostado em adormecer o jogo, talvez para se poupar para a próxima terça-feira. Fiquei com a sensação de que as coisas estavam a correr a nosso favor, pois o jogo decorria numa toada morna, e sem grandes oportunidades de parte a parte. Até que, pouco depois dos 60 minutos, veio um período de cerca de cinco minutos absolutamente cretinos por parte da nossa equipa, que começaram a deitar tudo a perder. Tudo começou com um livre do Castanheira, a proporcionar uma boa defesa do Quim. A partir daí, e no espaço de pouco mais de cinco minutos, os nossos dois centrais ficaram amarelados, juntando-se-lhes depois o Petit (fica de fora na próxima jornada - lá vamos gramar com o Beto outra vez). A seguir, um desentendimento da nossa defesa a ceder um lançamento perto da área, e na sequência do mesmo, o Quim a compor o ramalhete com um frangalhão digno do Labreca, e que não ficou a dever nada ao do Nereu.

A equipa não se voltou a encontrar a partir daqui. O Braga passou a acreditar, e carregou sobre o Benfica, tendo enviado uma bola ao poste dois minutos a seguir ao golo. A verdade é que apesar de jogar pior, o Benfica ainda assim conseguiu suster este ímpeto do Braga, e até dispôs de uma oportunidade flagrante para voltar a ficar em vantagem, quando após um bom trabalho do Léo e do Karyaka na esquerda o primeiro colocou a bola no Beto, que sobre a linha da pequena área e com a baliza praticamente aberta conseguiu não acertar na bola. Quando o jogo parecia caminhar para o empate, o Braga chegou ao golo numa boa jogada na sequência de um canto. Apesar de tudo ainda voltámos a empatar, já três minutos depois da hora numa grande penalidade concretizada pelo Nuno Gomes que pareceu nitidamente não existir. Incrivelmente, a equipa revelou uma tal falta de concentração que ainda conseguiu consentir um terceiro golo ao adversário (e é isto que eu não perdoo), da autoria do Bevacqua. Eu estava mesmo à espera disto quando o argentino entrou. Eu considero-o uma nulidade como avançado, não tendo conseguido marcar sequer um golo para amostra durante todo o período em que era o único avançado disponível do plantel, e por isso jogava sempre. Mas contra nós tinha que se lembrar de marcar...

O terceiro golo do Braga foi obtido em fora-de-jogo. Tendo em conta que o nosso segundo golo foi obtido num penalty inexistente, não nos podemos queixar, ou sentirmo-nos particularmente prejudicados pela arbitragem. Além de que a derrota é um castigo justíssimo para a falta de atitude e desconcentração reveladas pela equipa durante a última meia-hora de jogo. Mas a verdade é que me preocupa o facto de, nas últimas três jornadas, termos sofrido três golos em fora-de-jogo. Eu acredito em coincidências, mas três jogos seguidos começa a ser bastante incómodo, e muito difícil de engolir. É que ainda por cima foram sempre golos decisivos.

Mas com isto não quero colocar em causa a vitória do Braga, que se aceita perfeitamente. Estou apenas irritado com esta sequência de erros em nosso prejuízo. E ainda mais irritado com o que os nossos jogadores fizeram durante aquela meia-hora fatídica. Para mim isto não é culpa do treinador, é dos próprios jogadores. Não posso aceitar que aquele descalabro tenha sido apenas porque o Simão já não estava em campo. Nem sei por onde pegar para escolher o melhor. Hoje dei por mim a berrar para a televisão e a injuriá-los. Nem vou repetir o que disse sobre o Quim na altura do primeiro golo do Braga, ou o que chamei ao Beto quando ele falhou aquele golo. Talvez o melhorzito tenha sido o Léo.

Enfim, vamos ver o que se passa na terça-feira. Se perdermos, é o adeus à Champions, e podemos ter um caso sério de falta de confiança a resolver na nossa equipa.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Lesões

Hoje é Quinta-feira. Estamos a cerca de 48 horas do importante jogo de Sábado em Braga, e o trio Simão, Miccoli e Quim continuam a não treinar com a equipa, ou a treinarem-se limitados. Para piorar as coisas, o Karagounis lesionou-se outra vez e vai ficar indisponível durante algum tempo. No entanto continua-se a especular se o referido trio irá ou não jogar em Braga. Sinceramente, estou a torcer para que não joguem. Claro que nos arriscamos a mais um resultado negativo, mas para mim não faz sentido colocar a jogar jogadores que não se treinaram uma única vez com a equipa durante toda a semana, e que tão perto do referido encontro ainda não estão em condições físicas suficientes para se poder sequer prever se poderão ser ou não convocados. O melhor é não repetirmos a asneira feita com o Simão contra o Villarreal, ou com o Quim contra o Estrela, porque ainda acabamos por ficar sem os referidos jogadores durante muito mais tempo. E vêm aí os dois jogos decisivos da Champions League.

terça-feira, novembro 15, 2005

MEC

Hoje estou sem grande inspiração, por isso apetece-me recordar um texto que o Miguel Esteves Cardoso escreveu sobre o Benfica. Até porque as crónicas dele no Expresso e n'O Independente eram uma companhia habitual nos fins-de-semana da minha adolescência:

"É por não gostar de futebol que sou do Benfica. Tal como compreendo como é que há portugueses que conseguem ser de outros clubes.
O Sporting, o Porto podem jogar bem e o Belenenses e a Académica podem calhar bem em sociedade, mas só o Benfica, como o próprio nome indica, é o próprio Bem. Que fica. Só o Benfica pode jogar mal sem que daí lhe advenha algum mal. Basta olhar para os jogadores para ver que sabem que são os maiores, que não precisam de esforçar-se muito, porque são intrínseca e moralmente a maior equipa do mundo inteiro. Porquê? Ninguém sabe. Mas sente-se. Quando perdem, não se indignam, não desesperam. Eusébio só chorou quando jogou por Portugal.
Quem joga no Benfica tem o privilégio e o condão de estar sempre a sorrir. Não conseguem resistir.

O Benfica, a bom ver, nem sequer é uma equipa de futebol. É um nome. É como dizem os brasileiros, uma "griffe". Têm uma cor. Antes de entrar em campo, já têm um mito em jogo, já estão a ganhar por 3-0, graças só à reputação. Quando o Benfica perde, parece sempre que quis perder. Essa é a força inigualável do Sport Lisboa e Benfica - faz sempre o que lhe apetece. O problema é que lhe apetece frequentemente, perder. Qual é o segredo do Benfica? São os benfiquistas. São do Benfica como são filhos de quem são. Ninguém "escolhe" o Benfica, como ninguém escolhe a Mãe ou o Pai. Em geral, aliás, os benfiquistas odeiam o Benfica e lamentam-no no estádio e em casa, mas pertencem-lhe. Quanto mais pertencemos a uma entidade superior, seja a Família, a Pátria, Deus - ou o Benfica, mais direito, temos de criticá-la e blasfesmá-la. Não há alternativa.

Em contrapartida, os sportinguistas e portistas parecem genuinamente convencidos que apoiam as equipas deles porque são as mais dignas ou as melhores. Desgraçados! Se fossem coerentes, seriam todos adeptos do Real Madrid, AC Milan, etc, etc. No Benfica, não se exige qualquer lealdade. Só se pede, em relação aos adeptos de outros clubes, caridade e comiseração. O Sporting, por exemplo, tem a mania e a pretensão de ser "rival" do Benfica, um pouco como o PSN se julga crítico parlamentar do PSD. Mas, se se tirasse o Benfica ao Sporting, o Sporting deixaria de existir. O Benfica é um grande clube porque tem história e talento suficientes para não dar importância aos resultados. Tem uma tradição de "nonchalance" e de pura indiferença que não tem igual nos grandes clubes europeus. O Benfica não joga - digna-se jogar. Não joga para vencer - vence por jogar.

Odeio futebol. Mas amo o Benfica. As opiniões de quem gosta de futebol são suspeitas. Claro que os sábios são do Benfica. Mas a força deste grande clube está nos milhões que são benfiquistas apesar do Benfica, apesar do futebol, e apesar deles próprios. Em contrapartida, aposto que a totalidade de pessoas que são do Sporting ou do Porto, por infortúnio pessoal ou deficiência psicológica, são sócios. A força do Benfica, meus amigos, está em quem não paga as quotas, quem não vai a jogos, quem não sabe o nome dos avançados - isto é, no resto do mundo.

O Benfica, é o Benfica.
E o que tem de ser - e é - tem muita força."

sexta-feira, novembro 11, 2005

Cintra

Eu sei que isto não tem nada a ver com o Benfica, mas eu não resisto. Com certeza que quase todos já ouviram falar da famosa cena do Sousa Cintra a partir o vidro da janela do seu próprio carro, quando tentou atirar uma garrafa fora pela mesma. Eu tive a sorte de ouvir isto na altura (o que teve o efeito de me pôr a rir incontrolavelmente no meio de um autocarro da Carris, já que o ouvi no meu Walkman), mas nem todos tiveram essa sorte. Por isso, e para quem quiser ouvir este momento histórico do dirigismo desportivo português (ou recordá-lo), aqui fica a oportunidade.



As saudades que eu tenho deste tipo... nunca mais houve outro dirigente capaz de dar o toque pythoniano que ele dava ao nosso futebol.


P.S.- O meu muito obrigado ao asulado, por me ter fornecido este mp3 depois de eu ter manifestado no Algarve Desunited o desejo de o voltar a ouvir.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Capitão dos Campeões


Porque, conforme já afirmei noutro post, tenho particular afeição por esta imagem (tanto que a escolhi como header do meu blog). Porque o José Águas, a par do Senhor Coluna, sempre foi para mim um dos nomes míticos dos capitães do Benfica, por quem eu mais respeito nutro. Porque a Laura, simpaticamente, mo recordou num comentário. E porque gosto sempre de recordar os grandes homens que no passado ajudaram a fazer do Benfica o clube que todos nós amamos, fica aqui esta modesta homenagem.

O Capitão dos Campeões Europeus faria hoje 75 anos.

terça-feira, novembro 08, 2005

Uff!

Ter um adepto destes seria quase tão mau como ter o Vale e Azevedo como presidente. Ainda bem que o fizeram mudar de ideias ;)

Arrepio

Eu não gosto mesmo nada de lhe prestar atenção, mas a verdade é que não consigo evitar sentir um arrepio desagradável na espinha quando ouço Pinto da Costa falar sobre árbitros e afins. Não é só o ridículo e mesmo o surrealismo da situação de darem tempo de antena a um dos primeiros dirigentes de topo do futebol nacional a ser constituido arguido num processo de corrupção activa que envolve a arbitragem (reparem, na notícia do link, o uso do termo que nos é tão familiar em todas as notícias subservientes a esse senhor: "ironicamente"). O que me arrepia mesmo é constatar que este homem, depois do período low profile que se seguiu às acusações do processo Apito Dourado, já se sente suficientemente seguro para nos brindar novamente com a sua verborreia habitual sobre as arbitragens nos jogos dos outros clubes. Eu sei que vivemos num país em que arguidos em processos de corrupção se passeiam livremente pelas ruas, se candidatam em eleições autárquicas, e ainda por cima vencem-nas. Por isso se calhar é utópico da minha parte imaginar que o nosso futebol possa ser outra coisa que não um espelho daquilo que o resto do país é, e que o processo Apito Dourado chegue a alguma conclusão.

domingo, novembro 06, 2005

Fraco

Não tenho grande vontade de escrever sobre o jogo de hoje. O Benfica empatou em casa por 2-2 com o Rio Ave, e o resultado acabou por ser um prémio justo para a eficácia dos nossos adversários, que concretizaram praticamente as oportunidades de golo de que dispuseram, e igualmente um castigo merecido para a má exibição dos nossos jogadores.

No Benfica, e face à ausência do Simão (o que mostra que ele não estaria nas melhores condições para ter jogado na passada quarta-feira), o nosso treinador decidiu baralhar e voltar a dar. Na defesa, o Anderson terá pago pelas más exibições dos últimos dois jogos, e cedeu o lugar ao Ricardo Rocha. No meio campo, a surpresa maior, com o Beto a jogar no lugar do Manuel Fernandes. Digo desde já que não me parece muito correcto que num jogo em que um dos nossos jogadores nucleares fica de fora, se aproveite para poupar outro jogador que considero fundamental. No lado direito, jogou o João Pereira, enquanto que o Geovanni ocupou o lugar do Simão. No apoio ao Nuno Gomes, jogou o Karagounis. Quanto ao Rio Ave, apresentou um 4-4-2 sem excessivas cautelas defensivas. Os vilacondenses sabem preencher bem todas as zonas do terreno, e efectuam uma zona pressionante de forma bastante eficaz, que conseguiu emperrar o jogo do Benfica.

A primeira parte do Benfica foi muito má. Não gostei mesmo nada da qualidade do jogo, e sobretudo do que me parecia ser uma apatia generalizada da equipa. O Beto não é capaz de fazer o nosso jogo fluir como o Manuel Fernandes. Tem tendência a afunilar o jogo, e é pouco dado a variações de flanco como o Manuel Fernandes costuma fazer. O Geovanni até pareceu mais mexido do lado esquerdo do que tem estado ultimamente na direita, mas alternava estes períodos mais activos com outros de total apatia. O João Pereira do outro lado fez apenas aqulio que lhe conhecemos, pois ele não é um extremo direito, e não tem capacidade para desequilibrar. Junte-se a isto uma noite desinspirada do Nélson em termos ofensivos, e daquele lado não houve praticamente produção de ataque digna de realce. Quanto ao Karagounis, começa a parecer-me que ele tem mesmo uma certa dificuldade em jogar rápido e libertar-se da bola ao primeiro toque. Além disso complicou sempre muito em alturas em que tinha ganho uma boa posição para rematar, e acabou por perder os lances. O golo do Rio Ave não me surpreendeu muito, e na verdade até me surprendeu mais termos conseguido chegar ao empate a jogar como estávamos, através de um livre directo do Petit (que no estádio me deu a sensação de ter sido penalty).

Na segunda parte, mais do mesmo. O jogo arrastava-se penosamente, até que surgiu o segundo golo do Rio Ave, num lance em que me pareceu no mínimo suspeita a posição do Gaúcho. E digo isto porque na primeira parte aquele mesmo auxiliar mostrou ser o exemplo perfeito do infelizmente famoso auxiliaris lusitanus, que parece desconhecer por completo a lei do fora-de-jogo, e levantava a bandeirola a torto e a direito (normalmente sempre que um defesa do Rio Ave levantava o braço). Não costumo ficar particularmente incomodado quando sofremos um golo em fora-de-jogo (a não ser que seja de muitos metros), porque sei que é fácil errar-se em lances tão rápidos e com decisões a terem que ser tomadas instantaneamente. O que me chateia mais neste caso é a dualidade de comportamentos do auxiliar e, caso o Gaúcho estivesse mesmo deslocado, o facto de serem duas jornadas seguidas em que perdemos pontos com decisões destas. Mas independentemente disto, o golo era, na minha opinião, um castigo justo para a falta gritante de qualidade do nosso jogo, e de atitude dos nossos jogadores. Foi já muito perto do fim, numa altura em que já tinham entrado o Karyaka, Mantorras, e Nuno Assis, que chegámos ao empate, em mais um livre directo do Petit (ele hoje acertou dois, portanto ganhou o direito de marcar todos os livres até ao final do campeonato, e obviamente que não vai acertar mais nenhum).

Conforme disse, considero o resultado um prémio justo para a eficácia do Rio Ave, e também para a forma organizada e leal como defenderam (não é preciso andarem a atirar-se para o chão a cada cinco minutos para se defender um resultado). É um castigo para os nossos jogadores, que estiveram mal, e demonstraram falta de atitude, sobretudo até ao segundo golo dos adversários. Ao contrário de outros jogos, em que até não ganhámos e eu fiquei satisfeito com a equipa, hoje saí da Luz bastante irritado e desiludido.

Felizmente vamos ter uma pausa de duas semanas antes do próximo jogo do campeonato, que será a difícil deslocação a Braga. Este tempo deverá permitir-nos a recuperação do Simão, Quim e Miccoli, que serão fundamentais. Num jogo como o desta noite, fiquei com a impressão de que o italiano fez uma falta danada.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Momentos

Às vezes a meio do dia dou comigo a sonhar acordado. Ou melhor, não é exactamente a sonhar, mas sim a rever na minha mente golos, jogadas, e momentos especiais que o Benfica me proporcionou. Isto pode parecer obsessivo, mas parece-me que não deve ser assim tão incomum no dia-a-dia de um adepto de futebol. Se bem me recordo, julgo que o Nick Hornby mencionava este tipo de situações no seu livro 'Fever Pitch', que na minha modesta opinião é leitura recomendada para qualquer pessoa que goste de futebol, apesar de ser dedicado ao Arsenal - equipa da qual eu não gosto muito (ainda hei-de fazer um post dedicado a este livro). Ele até tem uma menção ao Benfica, já bem perto do final:

"There was a little hiccup at the beginning of the season, but the team had found their form by the time the European Cup started in the middle of September: they crushed the Austrian champions 6-1, a magnificent performance which we believed would scare the rest of the continent rigid. We drew Benfica of Portugal in the next round, and I travelled on one of the two supporters' club planes to Lisbon, where we hung on for a creditable 1-1 draw in front of eighty thousand Portuguese in the intimidating Stadium of Light. In the return at Highbury, however, we got stuffed, overrun, outplayed, and it was all over, maybe for another twenty years."

Mas deixando de lado este jogo de Highbury, e a brilhante exibição do Isaías nessa noite, que deixou o campo sob os aplausos dos adeptos ingleses, voltemos ao assunto original deste post, que até é um momento que me foi proporcionado pelo mesmo Isaías, e que eu nunca esqueci (tal como o golo do Ricardo Gomes). Neste início de noite chuvoso, quando vinha no táxi para casa depois de sair tarde do trabalho, deixei como habitualmente os meus pensamentos divagar, já que por norma prefiro manter-me alheado no banco de trás, na esperança que o motorista não deseje explicar-me como é que este país deveria ser governado. E acabei por recordar este momento. A ocasião é uma eliminatória da Taça de Portugal (oitavos-de-final) contra o FC Porto, na época de 1992/93.

O resultado do sorteio ditou que visitássemos o Estádio das Antas. E foi um jogo muito complicado. O Mozer foi expulso nesse jogo, o Kostadinov foi disparado para o fiscal-de-linha depois de lhe ser assinalado um fora-de-jogo e enfiou-lhe uma 'peitada' que o atirou ao chão (claro que não foi expulso), e quando o Benfica perdia por 1-0, e tudo parecia indicar a derrota e a consequente eliminação, praticamente no último lance do jogo o Mostovoi, de livre directo, empata a partida (redimindo-se assim do falhanço de baliza escancarada que tivera no jogo das Antas para o campeonato). Apesar da desvantagem numérica, aguentámos o empate e trouxemos a decisão da eliminatória para a Luz.

O jogo do desempate ficou marcado para uma quarta-feira à tarde. Apesar de ser dia de trabalho, estavam cerca de 90.000 pessoas na Luz. E foi na primeira parte que o tal momento se deu. O Isaías recebe a bola no meio-campo portista, e fica frente a frente com o Fernando Couto. Faz um compasso de espera, e depois, com um único toque, num momento brilhante, 'parte' os rins ao Fernando Couto, ficando com o caminho aberto para a baliza. Depois foi 'só' correr uns metros, e fuzilar o Baía. O momento que me marcou mais nem foi o golo. Foi aquele toque sublime, aquela simplicidade com que, com um simples toque, eliminou da jogada aquele que já era um dos melhores defesas portugueses. Sempre tive uma relação de amor-ódio com o Isaías. Ele punha-me a arrancar cabelos na bancada quando decidia, parafraseando o Toni, 'matar uns pombos' com remates disparatados que quase iam parar ao terceiro anel. Mas de vez em quando proporcionava aos benfiquistas momentos de rara beleza no futebol, e golos monumentais. Esta finta ao Fernando Couto foi um desses momentos que guardei.

O Benfica acabou por vencer o jogo por 2-0 (julgo que o segundo golo foi do Yuran), e acabou por conquistar essa Taça, após esmagar o Boavista na final por 5-2. Mas para mim, será sempre aquele toque do Isaías que nos deu a Taça.


P.S.- Esta recordação não pretende, de forma alguma, fazer concorrência ao Memórias Encarnadas, uma das minhas leituras habituais devido às boas recordações que me desperta, trazendo muitas vezes à superfície imagens que julgava estarem perdidas para sempre nos recônditos da minha memória :)

quinta-feira, novembro 03, 2005

Injusto

Tive que esperar um pouco antes de escrever este post, já que cheguei a casa demasiado irritado com o que vi esta noite, e muito frustrado com o destino da nossa equipa.

Começando pelo início. Afinal, o nosso capitão estava em condições de alinhar de início, o que significou o regresso ao onze habitual, mas na 'versão europeia', ou seja, com o Karagounis a ocupar o lugar do Karyaka. Eu já o escrevi aqui: não me parece que o grego seja o jogador ideal para ocupar o lugar nas costas do ponta-de-lança, quando alinhamos nesta táctica de 4-2-3-1 (chamem-lhe 4-3-3 se quiserem, mas quem olha para o campo e vê o Nuno Gomes completamente sozinho durante grande parte do jogo, e depois um espaço de quase duas dezenas de metros entre ele e o resto da equipa não pode acreditar que jogamos com três avançados). Voltando ao grego: ele tem boa técnica, sabe segurar a bola, passá-la em condições, etc. O problema não está na qualidade do jogador, está na forma habitual como joga: joga muito mais recuado que o Karyaka, o que deixa o ponta-de-lança sozinho, e no caso do Nuno Gomes, deixa-o quase sempre sem um jogador com quem possa tabelar ao primeiro toque como gosta. Além disso, continuo a achar que o Karagounis não está bem fisicamente, e por isso agarra-se demasiado à bola, sofrendo com isso a velocidade dos ataques do Benfica. Muitas vezes durante a primeira parte acabava por ser o Simão ou o Geovanni (sobretudo este) a fugirem para o meio e a jogarem mais perto do avançado (o que, no caso do Geovanni, criava um problema extra pois deixava o Sorín sem opositor directo).

Quanto ao Villarreal, jogou num 4-4-2 'esquisito'. Esquisito porque o Riquelme andava quase sempre muito adiantado, colando-se aos avançados e formando uma espécie de 4-3-3 (por vezes alternava com o Sorín nestas funções). Talvez a intenção de deslocar o Riquelme fosse libertá-lo um pouco da marcação que os nossos médios defensivos lhe moveram durante a primeira parte do jogo em Espanha, em que ele foi eficazmente anulado. Além disso era um 4-3-3 desequilibrado. Isto porque o Senna, que jogava mais pela direita, tinha tendência a encostar-se ao Josico para fechar o meio, deixando um buraco enorme à frente do Léo, que podia e devia ser explorado, porque o Jose Mari raramente tentava acompanhar o nosso defesa-esquerdo.

Mas a primeira parte do Benfica foi fraca (ou posso dizer que foi forte por parte do Villarreal). Eles cedo mostraram que não estavam ali para enganar ninguém: o empate era o objectivo. Por isso, sustido o ímpeto inicial do Benfica, trataram de manter o jogo sob controlo, o que conseguiram com uma certa facilidade devido a uma superioridade grande na zona do meio-campo. Os jogadores do Benfica pressionavam muito pouco o Villarreal, que trocava bola de jogador para jogador quase ao primeiro toque. Houve alturas em que eles conseguiram estar a fazer isto durante períodos bastante prolongados, sem que o Benfica parecesse ter capacidade para recuperar a bola. Durante a primeira parte houve poucas oportunidades de golo de parte a parte. O Benfica tentava chegar ao golo sobretudo através de livres, mas ainda teve uma boa oportunidade depois de um falhanço do guarda-redes adversário, que saiu à toa e deixou a bola nos pés do Geovanni que, descaído para a direita, optou pelo cruzamento em vez de tentar o golo.

A segunda parte começou melhor para o Benfica. O Léo começou finalmente a aproveitar o espaço que lhe era concedido, e passou a apoiar muito mais o ataque. O Benfica passou a estar muito mais em cima do adversário, e começaram a surgir oportunidades de golo a sério (quase todas pelo lado esquerdo, e com o Léo envolvido). Houve mesmo um golo anulado, por fora-de-jogo, e uma oportunidade do Nuno Gomes isolado, mas infelizmente não conseguimos quebrar o nulo. A vinte minutos do fim o nosso treinador decidiu arriscar mais, e tentar ganhar o jogo: tirou o Karagounis (já tinha desaparecido do jogo há um bocado) e o desinspirado Geovanni, colocando o João Pereira na direita, de forma a permitir maior liberdade ofensiva ao Nélson, e o Mantorras como ponta-de-lança, recuando o Nuno Gomes para as suas costas. A verdade é que estas alterações surtiram pouco efeito, e o Benfica já tinha perdido o gás dos primeiros vinte minutos. Quanto ao Villarreal, pouco se via. Teve um lançamento perigoso para o Figueroa (tinha entrado para o lugar do Forlán) que obrigou o Nereu a uma boa saída, e depois um remate de longe do Riquelme, que o mesmo Figueroa recargou para golo, mas estava deslocado.

E quando parecia que o jogo caminhava a passos largos para o empate, o Marcos Senna decide-se por mandar um charuto a uns bons quarenta metros da baliza, ao qual o Rui Nereu correspondeu com um enormíssimo perú, daqueles cheios de penas. Tendo em conta a distância a que o remate foi feito, e que ainda por cima foi quase para o meio da baliza, não há desculpa nenhuma para ele não ter defendido aquela bola. Teve muito mau tempo de reacção, e quando se lançou apenas conseguiu tocar ao de leve na bola. A partir daqui o jogo ficou um caos táctico. O Villarreal defendia com onze, e o Koeman ainda fez uma última substituição, passando a jogar com apenas três defesas. Só que passado pouco tempo o Luisão também estava no ataque, o Léo e o Nélson eram extremos, e na prática o Benfica defendia apenas com o Petit e o João Pereira. Mas apesar de alguns momentos mais ou menos perigosos (sobretudo um do Léo, mesmo a acabar), aparecia sempre um pé espanhol a cortar a bola, ou a desviar o remate, e o jogo acabou com uma derrota que pode revelar-se desastrosa para as nossas ambições.

Não sei quem posso destacar na equipa do Benfica. O Léo fez uma óptima segunda parte, mas esteve discreto na primeira. Aliás, quase toda a equipa esteve bastante mal na primeira parte. Mas houve jogadores que estiveram muito desinspirados, casos do Geovanni, ou do Anderson. Do Nereu, não vale a pena falar muito. É jovem, é o que temos neste momento, e pronto. Infelizmente teve uma única falha durante toda a partida, e por causa disso perdemos. Assim como ele foi o herói em Villarreal, esta noite para nosso azar foi o vilão. Mas obviamente que ele não é o único culpado pela derrota.

Eu sei que o futebol são onze contra onze, ganha quem marca mais golos, não há vitórias morais, e essa treta toda. Mas eu sou um bocado lírico, e fico sempre exasperado quando vejo injustiças num jogo de futebol. E a injustiça maior de todas, para mim, é quando vejo a equipa que menos quer ganhar ter a vitória a cair-lhe do céu. Chateado com uma derrota do Benfica, eu fico sempre. Mas quando o adversário é superior, isso passa-me mais depressa. Agora derrotas destas, passo semanas a digeri-las.